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A Fé Bahá'í - Uma Introdução
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Gloria Faizi : A Fé Bahá'í - Uma Introdução
A Fé Bahá'í Uma Introdução
Glória Faizi
A FÉ BAHÁ'Í
"Uma nova vida está, na época atual,

revolvendo por dentro de todos os povos da Terra..."

Tradução de
PAULO PEÇANHA DE FIGUEIREDO, jr.

Título da Edição inglesa: The Bahá'í Faith an introduction

O CONGRESSO MUNDIAL

Em abril de 1963, no Albert Hall, em Londres, foi realizado um grande Congresso. Milhares de homens e mulheres acorreram de todos os recantos da Terra. Eram americanos, mexicanos e brasileiros, africanos, indonésios e australianos. Veio gente de todo o vasto continente da Ásia; e europeus desde a Lapônia até a Espanha eram vistos neste congrassamento inusual.

Fitando-os do balcão, percebi que todas as nações, todas as cores e todas as origens religiosas estavam ali representadas; mas, a mais maravilhosa das coisas é que esse povo todo estava unido em suas opiniões e trabalhando para uma só meta - a unidade da espécie humana!

Pela primeira vez na história da humanidade, pessoas de todas as partes deste planeta se reuniram para trabalhar em acordo integral, em vez de para resolver diferenças.

Parecia um sonho, um milagre. Será que as diferentes raças aceitaram-se uma às outras, como se fossem um só povo? Poderiam cristão e hindu, muçulmano e judeu, zoroastriano e budista, trabalharem juntos como filhos de um só Deus?

O sonho havia de fato se tornado realidade; o milagre havia ocorrido. Essa gente que se reunia no Albert Hall, em 1963, provava que uma Nova Era havia descido por sobre o nosso mundo, e que a Irmandade do Homem poderia, agora, se tornar em realidade.

Caminhei por entre esses milhares de seres humanos, nos intervalos das sessões, e vi que eram oriundos de todos os níveis sociais.

Alguns eram altamente intelectualizados, e pessoas amplamente conhecidas; outros eram pessoas simples, como Tio Fred, um aborígene australiano, ou como Andrés Jachakollo, orignário dos altiplanos da Bolívia.

Entre eles havia prósperos negociantes e trabalhadores comuns, alguns profundamente interessados em diferentes religiões, e outros que haviam sido agnósticos ou ateus; dividiam todos, agora, as mesmas crenças, e encontraram um caminho no qual colocar seus altos ideais em ação. Eram todos eles Bahá'ís!

Nas páginas seguintes tentarei explicar, tão simplesmente quanto me for possível, como a Fé Bahá'í começou, no que é que os Bahá'ís acreditam, e como é que trabalham em conjunto.

GLORIA FAIZI
PARTE I
A HISTÓRIA
O ARAUTO

O ano era o de 1844. Um viajante, empoeirado e exausto, chegou às portas de Shiraz; seu coração tinha sido atraído, como que por um ímã, à esta pequena cidade ao sul da Pérsia, e ele viera certo de que Deus o haveria de guiar até o Objeto de sua busca.

Por muitos e longos anos o viajante devotara tempo ao estudo dos prenúncios e das datas ligadas ao aparecimento de um grande Mestre, cuja vinda fora predita nos Livros Sagrados do passado; quando, por fim, o tempo viera, lançara-se à procura d'Ele, pois sabia que O que apareceria, chegaria de modo diferente do que muita gente esperava.

Os sinais, contidos nos Livros Santos, eram simbólicos, e nenhum evento miraculoso anunciaria o Seu aparecimento aos povos da Terra; nasceria entre os humanos, tal como os demais Mensageiros de Deus nasceram antes d'Ele, e tão somente aqueles cujos olhos interiores estivessem bem abertos, haveriam de conhecer-lhe a posição.

A maioria O haveria de negar, de persegui-Lo, porque Ele traria uma nova mensagem destinada a abalar os padrões aceitos em Seu tempo.

Antes de partir em sua busca, o viajante retirou-se para um local isolado a fim de orar e meditar por mais de um mês. Libertou-se de todas as ligações terrenas e pôs sua inteira confiança em Deus, já que sabia que, sem a ajuda de Deus, jamais encontraria Aquele a quem procurava.

Foi depois deste período de oração e de meditação que sentiu-se irresistivelmente atraído para a Pérsia e para essa vila em cujas portas acabava de chegar. Ao olhar em direção das portas, sua mente se enchera de estranhos pensamentos. Para onde ir depois daqui? Por quanto tempo, ainda, haveria de durar essa busca?

Subitamente viu uma maravilhosa figura. Era a de um jovem avançando para cumprimentá-lo, com um sorriso na face radiante, como se esperasse pela chegada do viajante. O forasteiro estava estupefato. Quem era o jovem e como soubera Ele de sua chegada?

Desde o momento em que percebeu-lhe a presença inesperada, tomou-se de emoções inexplicáveis; a dignidade da presença e a doçura de Suas maneiras causaram-lhe uma imediata e permanente impressão.

O jovem saudou o viajante como se houvessem sido amigos de toda uma existência, e convidou-o para que chegasse até a Sua casa; impossibilitado de resistir ao encanto do jovem, e ainda sob o impacto da confusão que lhe causara o estranho encontro, o viajante seguiu-O pela cidade, até à porta de uma residência modesta.

Lá, num dos quartos de cima, cheio com perfumes de flores frescas, o anfitrião deitou água por sobre as mãos do viajante e lavou-lhe o pó dos caminhos; e aqui, no transcorrer de uma tarde memorável, registrada com palavras do próprio viajante, ele veio a reconhecer seu hospedeiro como Aquele a quem procurava.

Sentado aos pés do Mestre pela noite afora, inconsciente das horas que se esvaiam, o primeiro dos discípulos da novel Dispensação teve um vislumbre das maravilhas que estavam por vir. - 'Esta noite' - disse-lhe o jovem - 'esta mesma hora, será, nos anos que virão, celebrada como um dos maiores e mais significativos dos festivais. Dê graças a Deus por haver Ele, graciosamente, lhe assistido para que você pudesse satisfazer o desejo do e coração... Dezoito almas deverão, inicialmente, aceitar-Me espontaneamente, e, por decisão própria, aceitar a Mim e reconhecer a verdade de Minha Revelação; sem aviso, e sem convite, cada um destes deverão, independentemente, procurar por Mim e Me encontrar.'

(BD págs. 61-63)

Dentro de um curto espaço de tempo, os primeiros dezoitos discípulos, cada um deles de um modo diferente, independentes uns dos outros, procuraram e identificaram o Mestre cujo advento aguardavam; assim que o número completou-se, saíram a divulgar a boa nova pela terra afora.

O Mestre disse-lhes que era o Báb (a Porta), através de Quem as pessoas saberiam do advento de um outro Mensageiro de Deus, muito maior do que Ele próprio, o Qual viria com a finalidade de reunir os diversos povos e nações da Terra, e para estabelecer a união da humanidade, tal como fora prometido em todas as sagradas escrituras.

Sua própria missão, disse Ele, era a de preparar o caminho para a vinda deste grande Mensageiro. A Seus discípulos, o Báb disse antes que partissem para divulgar as boas novas da Dispensação:

- 'Vocês são os portadores do nome de Deus neste Dia; os próprios membros dos corpos de vocês deverão testemunhar a sublimidade das metas que deverão ser atingidas, a integridade da vida de cada um, a realidade da fé, e o exaltado caráter da devoção de vocês. Eu os estou preparando para o advento de um poderoso Dia. Espalhem-se por toda a extensão da Terra, com pés firmes e com os corações santificados, e preparem o caminho para o advento d'Ele!

(BD págs. 92-94)

A mensagem do Báb criou grande comoção; embora Ele freqüentemente se referisse a Aquele que O seguiria, a própria vida santificada do Báb e seus lindos ensinamentos, inspiraram maravilhosa devoção nos corações de milhares de pessoas que O conheceram, ou que ouviram falar d'Ele.

Sua mensagem espalhou-se por todas as partes do país e atraíram a pessoas de diferentes camadas sociais. Nem mesmo o Rei poderia ignorar o fluxo de informações que chegava à Corte, e decidiu enviar o mais sábio entre os dignatários religiosos de sua confiança, a fim de investigar as afirmações do Báb.

O grande sábio reconheceu a posição do Báb, e remeteu, de volta ao Rei, uma mensagem dizendo que havia decidido passar o resto de sua vida servindo ao novel Mestre que acabara de descobrir. A maioria do clero, porém, levantou enérgica oposição ao Báb, cujos ensinamentos ameaçavam-lhes a posição e revelavam a hipocrisia de que estavam tomados.

Denunciaram-nO dos púlpitos como herético e inimigo de Deus e da religião. Falaram, incansavelmente, até que conseguiram levantar a massa de fanáticos, cheia de ódios e preconceitos, contra Ele; alguns milhares de Seus seguidores foram supliciados, e até mesmo o próprio Báb, depois de sofrer inúmeras perseguições, durante os seis anos de Seu ministério, foi executado, publicamente, com trinta anos de idade.

Calmo e firme até o fim, o Báb de boa vontade entregou a própria vida para a Causa que abraçara, tranqüilo com o fato de que o grito fora dado e que muitos estavam prontos a aceitar ao Prometido, cujo Arauto havia sido Ele mesmo.

Bahá'u'lláh

As perseguições que sucederam ao advento do Báb prosseguiram depois que Bahá'u'lláh declarou sua Missão, em 1863. Nascera Ele na nobreza persa. O pai, Ministro de Estado, foi o primeiro a notar que o Filho era diferente das demais crianças; cedo, entretanto, outros vieram a perceber a mesma coisa, os muitos sintomas de grandeza n'Ele.

Bahá'u'lláh era ainda uma criança quando se tornou famoso por uma sabedoria singular, e conhecido por sua percepção extraordinária nas mais difíceis passagens das Sagradas Escrituras. As pessoas traziam-Lhe seus problemas, e as mais reputadas autoridades em religião ouviam suas ponderações, maravilhados com a sabedoria com que se defrontavam.

O que parecia mais estranho, era o fato de que Bahá'u'lláh jamais havia tido qualquer professor, ou freqüentado escolas. Mas, além da sabedoria, sua natureza amável e encantadora modéstia atraíam todos os tipos de pessoas e conquistava os corações de quantos O conheciam.

Ao crescer, Bahá'u'lláh foi se tornando conhecido como defensor dos oprimidos e refúgio dos pobres; estava sempre cercado de gente, e as crianças eram-Lhe extremamente devotadas. Apesar de ter crescido entre riquezas e conforto, jamais mostrou qualquer atração pelas abundâncias que O cercavam, e distribuía Seus haveres aos necessitados. Amava a beleza das coisas naturais e, com freqüência, errava solitário pelos campos.

Quando morreu-Lhe o pai, o governo ofereceu-Lhe a vaga de Ministro. Bahá'u'lláh, entretanto, recusou-a, fato que nenhuma surpresa causou ao Primeiro Ministro, que comentou:

- 'O cargo é digno dele' - disse o Primeiro Ministro - 'não posso compreendê-Lo, mas estou convencido de que Ele está destinado à uma carreira sublime. Os pensamentos d'Ele são diferentes dos nossos.'

(BNE pág. 38)

Bahá'u'lláh estava em Teerã quando o Báb declarou Sua missão aos primeiros de Seus discípulos, em Shiráz; a mensagem, porém, atingiu Bahá'u'lláh por intermédio do primeiro discípulo do Báb, e Bahá'u'lláh aceitou-a sem a menor excitação, muito embora jamais houvesse visto o Báb em pessoa. Contava, então, vinte e sete anos.

Havendo Se identificado com a Causa do Báb, Bahá'u'lláh apareceu para promulgar Seus ensinamentos, e para participar dos sofrimentos de Seus seguidores; bem cedo seus haveres foram confiscados, e Ele próprio foi atirado em um cárcere subterrâneo chamado "A Cova Negra", onde estavam presos cento e cinqüenta assassinos e salteadores, e cuja única abertura era a porta por onde entravam.

Nesta prisão imunda Bahá'u'lláh passou quatro meses e as pesadas cadeias que trazia ao pescoço marcaram-Lhe o corpo pelo resto de Seus dias; ainda assim, foi nesse calabouço tenebroso que Bahá'u'lláh tornou-se integralmente consciente da Revelação que deveria fluir, através d'Ele, para o restante da humanidade.

O gentil Báb havia sido martirizado, e muitos milhares de Seus seguidores já tinham sacrificado suas vidas pela Causa. Os poucos que sobraram, sem lar e com o coração estraçalhado, estavam sendo caçados por seus cruéis inimigos; mas Bahá'u'lláh sabia que o sangue dos mártires havia irrigado a poderosa árvore da Causa de Deus, e que coisa alguma poderia interromper-lhe o crescimento, até que houvesse ajuntado os povos todos do mundo em sua sombra.

Depois dos primeiros quatro meses, quando Bahá'u'lláh estava tão doente que já se supunha que morreria, foi solto do cárcere e banido de sua terra natal. Tão grande, porém, era o amor que havia despertado nos corações de Seus amigos, que vários deles seguiram-nO, voluntariamente, ao exílio.

Sua jovem esposa, e dois de Seus filhos, participaram do exílio com Ele; o mais jovem foi deixado para trás, em companhia de amigos. Era tão pequeno que ninguém imaginava que pudesse suportar os rigores de uma longa e temível viagem como a que os aguardava, através de montanhas cobertas de neve, bem no meio do inverno, com roupas inadequadas e com a comida insuficiente.

Bahá'u'lláh permaneceu exilado, em Bagdád, por dez anos. (Esta cidade, que se encontra hoje na República do Iraque era, na época, parte do Império Turco.) Lá chegara com a saúde abalada, destituído de quaisquer recursos materiais e estigmatizado como herege.

Em breve, porém, pessoas das mais variadas origens e denominações procuravam-Lhe a presença; chegavam de longe e de perto, esquecendo as próprias diferenças de classe, cor e de religião para se sentarem em conjunto e para ouvirem Seus ensinamentos.

Em uma época em que o fanatismo religioso estava no ápice, e que pessoas de diferentes credos jamais se misturavam como amigos, na casa de Bahá'u'lláh reuniam-se como irmãos, prenunciando a aurora de uma nova Era. Esses fatos contavam com a intolerância dos inimigos de Bahá'u'lláh, que esperavam haver arrancado, pela raiz, o movimento iniciado pelo Báb. Usaram dos mais variados meios, até que conseguiram persuadir o Governo que mandasse Bahá'u'lláh para mais longe ainda de Seu país natal.

Uma ordem foi emitida, banindo-O para Constantinopla, na Turquia. No dia de sua partida de Bagdád, centenas de pessoas se ajuntaram, frente à Sua casa, com os olhos marejados de lágrimas, tentando captar sua última visão d'Aquele que lhes havia dado tanto, sem pedir-lhes nada de volta.

Antes de partir para Constantinopla, Bahá'u'lláh esteve por doze dias em um lindo jardim, nos arredores de Bagdád; uma tenda foi-lhe armada em um lindo recanto, cercado pelo aroma das rosas e pelo trinar dos rouxinóis. Os muitos amigos, que apareciam para desejar-Lhe boa viagem, enchiam-se de angústia pela partida, ignorando as novas calamidades que O aguardavam e o que deveria acontecer a eles mesmos, uma vez isolados d'Ele.

Essas penas, entretanto, seriam breves, já que agora, em um momento em que parecia que o mundo inteiro O rejeitara, chegara a hora em que Bahá'u'lláh poderia levantar o véu do ministério que Lhe cercava e, assim, aparecer em toda a Sua glória.

Era, anunciou Ele, o Grande Mestre prometido em todas as Sagradas Escrituras do mundo inteiro, para cujo advento o Báb abrira caminho, e por Quem havia Ele (o Báb) sacrificado a própria vida. A Declaração de Bahá'u'lláh efetuada ante circunstâncias tão inusitadas, foi um marco miliário na história da Causa.

Agora, finalmente, a promessa do Báb se cumprira, e o Dia da Unidade da Humanidade fora introduzido, e nenhum poder na Terra poderia perturbar-lhe a evolução. O exílio de Bahá'u'lláh, em Constantinopla, durou quatro meses, durante os quais um número dentre os notáveis da cidade caiu sob a influência de Seus ensinamentos.

Aí, foi ele mandado para mais longe ainda, para Adrianopla, onde ficou por quase cinco anos, e de onde proclamou Sua missão aos Reis e governantes da Terra, assim como aos líderes eclesiásticos de todas as religiões.

Conclamou-os a ouvirem a Mensagem de Deus, a se reunirem para solver suas diferenças, e para trabalharem para promover a paz no mundo. Ao falharem à resposta a Seus apelos, preveniu-os das conseqüências de seus atos. Predisse a queda das instituições que representavam, e lamentou os terríveis sofrimentos que a humanidade, esquecida do seu Deus, e oprimida por líderes embriagados de orgulho, haveriam de infringi-la.

Podia ver, entretanto, a humanidade emergindo destes sofrimentos, humilhada, mas espiritualmente revificada, pronta para se voltar à mensagem de Deus; a revelação de Bahá'u'lláh, que nascera no calabouço, em Teerã, e declarada na véspera de sua partida de Bagdád atingiu o ápice em Adrianopla.

A força da revelação tinha que ser percebida por estadistas e clérigos, seus cruentos inimigos; em um desesperado atentado para esmagar a Fé nascente, cujos seguidores eram atraídos de todos os níveis sociais e de todas as religiões, tornaram a banir Bahá'u'lláh, desta vez para uma remota colônia penal do Império Turco, a cidade-prisão de Acra, na Terra Santa.

Mandaram-nO para lá a fim de morrer, pois era sabido que poucos eram os que resistiam aos rigores de um emprisionamento naquele lugar imundo e hostil; em uma carta, ao despótico governo que O perseguia, Bahá'u'lláh escreveu:

- "Ó Rei, Eu vi de Deus o que nenhum olho jamais viu e o que nenhum ouvido ouviu... Quantas calamidades foram sofridas, e quantas serão sofridas ainda...! Meus olhos vertem lágrimas que encharcam Minha cama, mas a minha pena não é para Mim... Sim, porque vejo a humanidade se perdendo na própria intoxicação, sem saber disso. Exaltam os prazeres e afastam-se de Deus, como se encarassem as ordens divinas como simples gracejos, um folguedo, uma brincadeira. E ainda acham que fazem bem, e que se acham protegidos pela cidadela da segurança. O importante não é o que supõem, já que amanhã verão aquilo que hoje renegam.

Estamos a ponto de sermos removidos deste remoto local de exílio (Adrianopla) para Acra; segundo o que dizem, lá é a mais desolada das cidades de todo o mundo, a mais feia de todas em aparência, a mais detestável em clima e a de pior água. É como se fosse a metrópole das corujas já que lá nada mais se escuta do que o crocitar delas.

É lá que pretendem encarcerar este Servo, e fechar-Nos na face as portas da lemência, e tirar de Nós as boas coisas da vida mundana, durante o remanescente de Nossos dias. Por Deus, ainda que a debilidade me enfraqueça, e que a fome me destrua, ainda que meu leito tenha que ser feito de rochas, e meus companheiros tenham que ser as feras do deserto, Eu não recuarei mas serei paciente, assim como os resolutos e determinados o são, no poder de Deus...

É através da aflição que terei Sua luz a brilhar, e Seu louvor manterei aceso incessantemente; este tem sido seu método pelos tempos dos tempos, e pelas idades das idades."

(BNE 46)

Os seguidores de Bahá'u'lláh foram, uma vez mais, tomados de pesar por essa nova calamidade e cruel sofrimento infligido ao bem amado Mestre. Mas Bahá'u'lláh assegurou-lhes que as portas do cárcere seriam abertas e que a Mensagem de Deus seria levada da Terra Santa para todas as partes do mundo, tal como profetizado nos Livros Sagrados.

E assim haveria de ser. Bahá'u'lláh e Sua família, assim como vários de Seus seguidores, que haviam se recusado a se separar d'Ele, tiveram que suportar terríveis sacrifícios em Acra, mas a seu tempo, a população inamistosa e os grosseiros guardas da prisão, e até mesmo os oficiais encarregados, foram lentamente se impressionando com os ensinamentos do nobre Prisioneiro que fizera o próprio lar entre eles.

As ordens, repetidamente recebidas em Acra, recomendando severas medidas que deveriam ser tomadas contra Bahá'u'lláh foram sendo gradativamente relaxadas pelos encarregados da prisão, e os viajantes, chegados de enormes distâncias, freqüentemente a pé, a fim de visitar Bahá'u'lláh, cessaram de ser impedidos de entrar pelas portas da cidade.

Chegou, então, o tempo em que, depois de nove anos de confinamento, a mais alta autoridade religiosa do local pediu que terminasse a pena que Bahá'u'lláh cumpria dentro dos muros de Acra, e que fosse residir no interior onde uma linda mansão havia sido alugada para Ele.

Apesar do fato de que o Governo jamais anulou a pena de prisão, o fim da vida de Bahá'u'lláh transcorreu sob condições bastantes diversas do que haviam esperado seus inimigos; uma vez mais, renovou-se o caudal de peregrinos, gente de todas as origens e descrições apareciam oriundas das províncias limítrofes para ouvir Seus ensinamentos.

Os Seus sempre mais numerosos seguidores, agora conhecidos como Bahá'ís, levaram a Mensagem da Vida, desde a Terra Santa até ao mundo exterior; entre os que vieram para visitar Bahá'u'lláh naquela época, constava o famoso orientalista professor Edward G. Browne, da Universidade de Cambridge, que registrou as impressões que teve no encontro. Escreveu ele:

- Jamais poderei esquecer a face que fitei, embora me seja difícil descrevê-la. Aqueles olhos prescrutadores pareciam ler na alma da gente; poder e autoridade se Lhe assentavam na fronte ampla... Seria desnecessário indagar na presença de quem é que me encontrava, já que me inclinava ante Aquele que é objeto de devoção e amor de tal monta que fariam inveja a reis, e pelas quais os imperadores suspirariam em vão!

Uma voz suave pediu-me que me sentasse, e prosseguiu assim:

- Louvado seja Deus que permitiu vossa presença...! Vós viestes ver um prisioneiro no exílio... Nós desejamos nada mais do que o bem do mundo e a felicidade das nações, mas ainda assim Nos acusam de disseminar a discórdia e a sedição, o suficiente para merecermos limitação e banimento...

Que todas as nações se tornem uma na Fé e que todos os homens se tornem irmãos; que os laços da afeição e da unidade entre os filhos dos homens sejam fortalecidos, que a diversidade entre as religiões cesse, e que as diferenças entre as raças se anulem - que mal haverá nisso...?

De qualquer modo assim será. Essas lutas infrutíferas, essas guerras ruinosas cessarão para sempre e a 'Grande Paz' sobrevirá... Que os humanos deixem de se glorificar pelo amor da pátria e passem a se valorizar pelo amor ao próximo...!

Tais foram, tão longe quanto possa confiar em minha memória, as palavras, além de muitas outras, que ouvi de Bahá. Que aqueles que s lerem considerem bem se tais doutrinas merecem prisões e execuções, ou se o mundo terá maiores probabilidades de ganhar ou de perder, com a difusão delas."

(B 62)

Através de toda Sua turbulenta vida, Bahá'u'lláh achou tempo para escrever obras que preencheriam uma centena de volumes. Entre elas se acham as famosas cartas aos Reis e dirigentes do mundo, Suas lindas orações e meditações, Suas leis sociais e espirituais. Antes de falecer, em 1892, Bahá'u'lláh protegeu Sua Fé do risco de se pulverisar numa pluralidade de seitas, indicando Seu filho, 'Abdu'l-Bahá como Aquele para quem todos os Bahá'ís deveriam se voltar para as orientações que precisassem.

Ele seria a única autoridade e o único intérprete das escrituras de Bahá'u'lláh, e o Exemplar da Sua Causa.

O MODELO EXEMPLAR

'Abdu'l-Bahá significa "O Servo da Glória". Este título pelo qual Ele próprio escolheu ser chamado, é a súmula da vida do Exemplar da Fé Bahá'í. Desde seus mais tenros anos quando, como criança, foi levado a ver Bahá'u'lláh no cárcere de Teerã, até quando, depois de uma vida de sofrimento e de triunfos, repousou pela eternidade nas encostas do Monte Carmelo, ele teve apenas um desejo - o de servir à Causa de Bahá'u'lláh.

Contava oito anos quando Bahá'u'lláh foi atirado à Cova Negra. Todas as suas propriedades foram confiscadas, e até mesmo seus amigos mostravam-se temerosos de Lhes estar por perto. Na casa vazia, a mãe de 'Abdu'l-Bahá punha-Lhe nas mãos um punhado de farinha, a única alimentação que podia encontrar.

Se saia à rua, era apedrejado como filho de hereges. Mais tarde seguiu ao Pai no exílio e, de boa vontade, partilhou com Ele de cada sofrimento, ao ser banido de lugar a lugar até a Prisão de Acra. Ao se aproximar da condição de adulto, 'Abdu'l-Bahá veio a ser encarado como a corporificação de todas as virtudes que os Bahá'ís desejariam atingir.

Era gentil e cortês, generoso e bravo; sabia combinar grande sabedoria com tocante humildade, e Seu amor a Deus e aos homens desconhecia limites. Passava cada um de seus dias servindo aos outros e trazendo alegria à vida daqueles que O rodeavam. Os pobres e os doentes eram objeto de seus especiais cuidados, e os órfãos olhavam para Ele como a um verdadeiro pai.

Seus amigos o amavam ao ponto de adoração, e seus inimigos não encontravam mácula alguma no seu lindo caráter. Seu status não era o de um Mensageiro de Deus, mas Sua vida foi um autêntico exemplo de perfeição humana.

Durante a vida de Bahá'u'lláh, 'Abdu'l-Bahá foi-Lhe o companheiro mais chegado. Jamais poupou-se de qualquer sacrifício a fim de trazer um pequeno conforto à vida de Seu Pai. Tomou a Seu cuidado as tediosas tarefas diárias para que Bahá'u'lláh pudesse devotar Seu tempo à coisas mais importantes.

Muitos daqueles que lotavam a casa da família, em Bagdád, sentiam-se perfeitamente satisfeitos em propor suas questões e dúvidas a 'Abdu'l-Bahá, embora estivesse Ele, ainda, em sua adolescência. Com o correr do tempo, o próprio Bahá'u'lláh era Quem encorajava aos seguidores para que levassem os problemas a 'Abdu'l-Bahá, a Quem ele chamava, carinhosamente, de "O Mestre".

Após o falecimento de Bahá'u'lláh, os Bahá'ís voltaram-se para 'Abdu'l-Bahá como líder e como guia. Sua devoção altruística à Causa de Deus foi uma inspiração a todos, e sob Sua orientação a nova Mensagem foi levada às diferentes partes do mundo.

'Abdu'l-Bahá era, ainda, prisioneiro em Acra; com o falecimento de Bahá'u'lláh os inimigos da Fé, cheios de novo zelo, renovaram os ataques a 'Abdu'l-Bahá, o Qual, uma vez mais, voltou a ser confinado intra muros. Através da vasta correspondência porém, conservou-se em constante contato com os Bahá'ís de todos os cantos do mundo, respondendo-lhes as questões, guiando-lhes as atividades, encorajando-os nos trabalhos, e levantando-lhes o ânimo, quando perseguidos por causa da Fé.

Perseguições, de uma espécie ou de outra, foram infligidas a 'Abdu'l-Bahá por muitos anos. Apesar disso tudo, permaneceu feliz e calmo.

Sua alegria de viver, e Seu senso de humor jamais O abandonaram:

- "Meu lar é uma casa de alegria e de jovialidade." - costumava dizer.

Quando as pessoas se admiravam, imaginando o que seria capaz de mantê-lo tão feliz ante condições hostis, costumava responder a todos que a única prisão autêntica é aquela em que nos prendemos a nós mesmos.

Finalmente o levante dos Jovens Turcos libertou a todos que eram mantidos prisioneiros em Acra, e o confinamento de 'Abdu'l-Bahá, chegou a um fim. Seu cativeiro, na Terra Santa durou quarenta anos! Entrou para a prisão como um jovem e saiu dele como ancião.

Embora cambalido pela doença, Seu espírito permanecia inabalável e, tão cedo fora-Lhe concedida a liberdade de movimento, decidiu levar a Mensagem de Bahá'u'lláh ao Mundo Ocidental. A Fé Bahá'í, que inicialmente se espalhara pelo Oriente Próximo, pelo Extremo Oriente e pelo norte da África, estabelecia-se, agora, na Europa e na América.

Alguns Bahá'ís ocidentais já haviam vindo visitar 'Abdu'l-Bahá e voltaram, da Terra Santa, ardentes de entusiasmo e determinados a divulgar a Mensagem por todas as partes do ocidente; as extensas viagens de 'Abdu'l-Bahá, através da Europa e da América, aos setenta anos de idade, levaram à Fé a atenção de milhares de pessoas.

Foi convidado a falar em igrejas e em sinagogas, em templos e em mesquitas, universidades e em instituições de caridade. Milhares de pessoas, entre as quais se contavam funcionários de alta posição, cientistas e filósofos, até ao mais jovem dos trabalhadores e ao mais pobre dos desempregados, procuravam vê-lO desde bem cedo até tarde da noite.

'Abdu'l-Bahá dava-lhes, de graça, toda a Sua sabedoria e todo o Seu amor, e quem O procurava, de lá saia com o moral levantado, inspirado com novas esperanças e maravilhados de ver que Ele, apesar de haver passado tantos e tantos anos na prisão, tinha, ainda, um tal entendimento dos problemas dos demais povos, e um tão vasto conhecimento dos assuntos mundiais.

Milhões de outros, que jamais se defrontaram com 'Abdu'l-Bahá, ouviram falar d'Ele e da Mensagem que lhes trouxera, através da leitura de artigos publicados pela imprensa, às centenas. Pelo exemplo de Sua própria vida, 'Abdu'l-Bahá mostrou como é possível se por em prática os mais altos objetivos espirituais sob quaisquer espécies de circunstâncias, e em situações tão contrárias quanto as com as quais se defrontou. Veja-se a diferença que vai entre uma colônia penal e as maiores cidades da civilização.

'Abdu'l-Bahá faleceu, na Terra Santa, no ano de 1921, servindo à Causa que tanto amara até aos últimos dias de vida. Dissera Ele uma vez:

- "Vejam só a vela, como é que espalha a luz; acaba com a própria existência, lágrima por lágrima, a fim de poder alimentar a própria chama." ("An Early Pilgrimage", p. 42)

Quão bem foram essas palavras aplicadas à própria vida de 'Abdu'l-Bahá, o Qual deu-se a Si mesmo, dia e noite, a fim de iluminar o caminho dos demais!

O GUARDIÃO DA CAUSA

Lá pelo fim do ministério de 'Abdu'l-Bahá, a Fé Bahá'í havia atraído um grande número de seguidores, judeus, cristãos, muçulmanos, hinduístas, budistas, zoroastrianos e ateus. Oriundos das mais diferentes nações, raças e culturas do mundo e, na qualidade de Bahá'ís, tiveram que aprender a trabalhar, em harmonia, como um só povo.

Durante a vida de 'Abdu'l-Bahá, dirigiam-se a Ele para orientação a cada passo, e Ele os ensinara e os guiara, protegendo-os como o faz um pai amoroso; sob Sua paciente orientação, começaram a lançar as bases das instituições administrativas, cujo esquema fora traçado pelo próprio Bahá'u'lláh, em pessoa.

Através destas instituições, a serem estabelecidas pelo mundo inteiro, os seguidores de Bahá'u'lláh, onde quer que vivessem, estariam ligados uns aos outros, como se fossem uma só pessoa para a promoção dos princípios sociais e espirituais da Fé. Mas os Bahá'ís já começavam a perceber o como seria essa Ordem Administrativa, tão diferente de qualquer outra que houvessem tomado conhecimento anterior, e que deveria coordenar-lhes as atividades, assim que 'Abdu'l-Bahá falecesse.

Muitos eram os que se punham a imaginar como é que os componentes dessa Fé, ainda infanta, tendo vindo de tão variadas fontes, poderiam continuar juntos depois que a magnética personalidade de 'Abdu'l-Bahá havesse sido removida do meio deles. Mas os seguidores sabiam, por uma promessa de Bahá'u'lláh, que a Causa jamais se dividiria em seitas, que fossem quais fossem as provações pelas quais passasse, a nova Fé cresceria em poder e em unidade até que houvesse cumprido sua missão no mundo.

Os Bahá'ís do Oriente e do Ocidente, enlutados pelo falecimento de 'Abdu'l-Bahá, encontraram no testamento d'Ele a orientação de que necessitavam para o próximo estágio de desenvolvimento. Neste importante documento, 'Abdu'l-Bahá indicou o neto, Shoghi Effendi, como Guardião da Causa de Bahá'u'lláh, pedindo aos Bahá'ís que nele pusessem sua confiança e lhes oferecessem sua lealdade indivisível.

Durante os trinta e seis anos do ministério do Guardião, os Bahá'ís do mundo inteiro, trabalhando sob sua direção, e em íntima colaboração mútua, estabeleceram suas instituições administrativas pelo planeta afora, em fundações suficientemente sólidas para permitir um trabalho uníssono e harmônico.

Shoghi Effendi descendia de ambos ( Báb e Bahá'u'lláh); sua mãe era filha de 'Abdu'l-Bahá, e seu pai um parente próximo do Báb desde a infância que sua devoção a 'Abdu'l-Bahá chegava a ser tocante, quando se tornou adulto, sua maior alegria era a obediência ao avô.

Embora houvesse decidido dedicar sua vida inteira ao serviço da Causa, o conteúdo do testamento de 'Abdu'l-Bahá causou um choque em Shoghi Effendi; contava apenas vinte e quatro anos, e a idéia de carregar semelhante responsabilidade jamais lhe havia ocorrido. Inicialmente, sucumbido à dor causada pela súbita morte de 'Abdu'l-Bahá, em uma hora em que se achava estudando, longe da Terra Santa, e abalado pela extraordinária tarefa a ele delegada pelo Testamento de 'Abdu'l-Bahá, isolou-se por algum tempo.

Depois de um longo período de preparação, voltou pronto para arcar com as responsabilidades do papel de Guardião da Causa. Daquele momento em diante, jamais se poupou por um instante que fosse. Satisfeito com comida escassa e repouso mínimo, trabalhava todas as horas do dia e pela noite adentro, atendendo às muitas necessidades de uma crescente comunidade.

Os esquemas pormenorizados que elaborou para o progresso da Fé no ocidente e no oriente, as inumeráveis cartas que escreveu, as volumosas traduções dos escritos do Báb, de Bahá'u'lláh e de 'Abdu'l-Bahá, ao mesmo tempo que inúmeros e notáveis livros que pessoalmente escreveu, são eternos tributos à colossal quantidade de trabalho que deixou.

Como pessoa, Shoghi Effendi reunia uma rara combinação de notáveis qualidades, que o diferenciava dos demais, e que inspiravam grande amor e admiração em todos aqueles que o conheceram; como Guardião da Causa, liderou os Bahá'ís através de provas que, freqüentemente, pareciam intransponíveis, de vitória em vitória, até que a Ordem Administrativa da Fé estivesse bem implantada no mundo inteiro, até que as instituições, através das quais suas forças pudessem ser combinadas a serviço de Deus e do próximo estivessem erigidas, e a unidade dos seguidores de Bahá'u'lláh assegurada através da Dispensação Bahá'í.

Em Seu Testamento, 'Abdu'l-Bahá assegurou aos Bahá'ís que o Guardião estaria sob especial cuidado de Deus, e que seria protegido e orientado para líderá-los em suas metas. Os anos de Guardiania provaram o significado da promessa de 'Abdu'l-Bahá!

PARTE II
OS ENSINAMENTOS DE Bahá'u'lláh

Os homens sempre foram sensíveis a uma Força misteriosa no universo. Algumas vezes identificaram essa Força com fatos e coisas que podiam ver mas sobre as quais conheciam pouco, tal como o Sol e as estrelas; algumas vezes pensavam no Mistério como se fosse algo individual, uma pessoa invisível, ou como se fosse um grupo de indivíduos, bem parecidos com eles próprios, mas com poderes nitidamente superiores.

Em outros momentos, suas idéias se tornaram mais complicadas e abstratas a respeito da Causa Primeira, através da qual a Criação de materializou, e cuja presença sentiram instintivamente, ou racionalizavam. Gente que vive em diferentes partes do mundo, discordam da natureza desse Mistério mas há um ponto em que estão de acordo entre si - é que o tal Mistério existe.

Albert Einstein, o famoso cientista do século vinte, expressa a sua crença, nestes termos

- "Minha religião consiste na humilde admiração do ilimitável espírito superior que se revela nas menores coisas que nos são dadas a perceber, por intermédio de nossas mentes frágeis e insuficientes. Essa convicção, profundamente emocional, da presença de uma força superior e racional, revelada pela incompreensibilidade do universo, forma a minha idéia de Deus." Lincoln Barret, "The Universe and Dr. Einstein" (New York: William Morrow and Company, Inc., 1949), p. 106.

Os Bahá'ís concordam com o cientista, onde ele diz que nos será impossível compreender, em toda sua extensão, essa "...força superior e racional", com o tipo de mente que possuímos. É por isso que o conceito de Deus tem mudado, e continuará a mudar.

Embora nosso conhecimento de Deus seja limitado, o Seu amor jamais nos faltou. Bahá'u'lláh diz que Deus comunicou esse amor em todas as eras, através de Homens Escolhidos para serem o Seu porta-voz na terra. O Mensageiro de Deus entre nós transmite em termos compreensíveis (através de Suas obras e de Suas vidas), o ilimitado amor de Deus por Sua própria criação.

Chega no momento em que mais se precisa d'Ele, embora nós, em nossa ignorância, dificilmente tenhamos consciência dessa necessidade; e Ele vem preparado para sofrer as indignidades que fazemos acumular sobre Ele, em pagamento do amor que despeja sobre nós, e da orientação que, graciosamente, nos dá para encontrarmos a felicidade.

Ao darmos crédito ao Mensageiro de Deus, diz Bahá'u'lláh, estamos dando crédito Àquele que fala pela boca d'Ele:

- "As portas do conhecimento do Ser Primeiro jamais se abriram (e continuarão fechadas) à face do homem. Nenhuma compreensão humana jamais terá acesso à Sua santa corte. Como prova de sua mercê, entretanto, e da Sua amável bondade, manifestou-se Ele aos humanos através das Estrelas Matutinas de Sua orientação divina, os Símbolos de Sua divina unidade, e ordenou que o conhecimento destes Seres santificados fosse idêntico ao Seu próprio conhecimento. Quem Lhes fugir a voz, estará fugindo a voz de Deus."

(GWB 4950)
DAS MANIFESTAÇÕES DE DEUS

Os Mensageiros de Deus são os Fundadores das maiores religiões do mundo. É preciso distingui-los dos profetas menores, santos ou reformadores cuja inspiração eclodiu do Fundador da respectiva Fé. Para se dar um exemplo, Cristo é o Fundador do Cristianismo, que é uma das religiões independentes do mundo.

Dentro da Cristandade, entretanto, existem, agora, centenas de diferentes denominações; a posição dos fundadores de cada uma dessas seitas, por mais importante que sejam, não se pode comparar com o supremo status de Cristo, cujos ensinamentos eles procuram divulgar.

Os Mensageiros de Deus apareceram em diferentes momentos da história, entre povos diferentes. Na realidade, pareceria incrível que um amável Criador reservasse Sua orientação para, apenas, uma parte da humanidade.

Estes divinos Mensageiros manifestam, no transcorrer de suas próprias vidas, atributos de Deus, tais como o amor, misericórdia, justiça e poder, em grau bem acima das capacidades do ser humano comum. Bahá'u'lláh os chama de "Manifestantes de Deus".

Se compararmos Deus com o Sol, um Manifestante de Deus seria como um perfeito espelho que reflita a luz, o calor e os poderes de gerar a vida, que são características do Sol. O Sol e o espelho são coisas diferentes e, por isso, seria inadequado se disséssemos que o espelho é o Sol mas, se carecêssemos de qualquer outro modo de ver o Sol, poderíamos olhar ao espelho e nele ver uma perfeita reflexão. Bahá'u'lláh, diz:

- Estes santificados espelhos são, um e todos, os expoentes, na terra, d'Aquele que é o centro da órbita do universo, a própria Essência, e a derradeira Finalidade. É d'Ele que procede a sabedoria que refletem e o poder que detém, é d'Ele que emana a sabedoria que possuem. A beleza de seus semblantes nada mais é do que o reflexo da imagem de Deus e suas revelações um sinal de Sua glória imortal... Através deles transmite-se uma graça infinita, e por eles é revelada uma Luz que jamais fenecerá."

(GWB 41)

Os Manifestantes de Deus têm um status bidimensional. Cada um deles é, em qualquer tempo, o Porta Voz de Deus na terra. Neste aspecto são iguais, sem que qualquer diferença possa ser estabelecida entre eles. A outra característica diz respeito às limitações do mundo humano.

Cada um deles tem um nome diferente, e uma individualidade toda própria, e uma missão definida. Quando se dirigindo ao mundo, o Mensageiro de Deus fala, às vezes, com a voz e a autoridade do próprio Deus enquanto que, em outras ocasiões, fala como um homem encarregado de transmitir uma mensagem de Deus ao seu semelhante. Como se lê nas palavras de Bahá'u'lláh:

- "Se qualquer um dos Manifestantes de Deus declarasse 'Eu sou Deus' estaria, sinceramente, falando a verdade e, sem dúvida, ligado a Ele. Pois tem sido repetidamente demonstrado, através das revelações deles, de seus atributos e de seus nomes que a Revelação de Deus, os atributos de Deus e os nomes de Deus são manifestados ao mundo... E se dissessem eles 'Nós somos os servos de Deus', seria uma realidade manifesta e indiscutível. Pois eles se manifestaram no mais completo estado de servidão, de um tipo e espécie inatingível pela espécie humana."

(GWB 54-55)

A maioria das pessoas está preparada para aceitar o Fundador da própria Fé como o porta-voz de Deus na terra mas, de outro lado, está convicta que a posição d'Ele é única, e que os Fundadores das demais religiões não se comparam com O da sua. Bahá'u'lláh ensina que os Mensageiros e Deus jamais deveriam ser colocados na posição de rivais, competindo, uns contra os outros, pelas homenagens que a espécie humana Lhes pudesse prestar.

São como professores de uma só escola. Tal como o professor sábio adapta seus ensinamentos à capacidade dos alunos, os divinos Educadores ministraram, cada um d'Eles, de acordo com a capacidade das pessoas e do povo entre os quais aparecem.

As lições preparadas para serem dadas a uma classe de crianças, têm que ser diferente das que são endereçadas a estudantes mais amadurecidos, ainda que os professores de ambos os grupos hajam sido treinados na mesma Universidade, e tenham a mesma quantidade de conhecimento.

Do mesmo modo, os Educadores da humanidade, embora tenham as respectivas inspirações oriundas da mesma Fonte, ensinaram o que era melhor para aqueles a quem vieram ajudar. Muito do que ensinaram é idêntico. São as eternas leis espirituais, que são repetidas de era a era, e que formam as fundações da Religião de Deus, onde quer que seja ela ensinada.

Os Mensageiros de Deus ensinaram a seus seguidores, todos eles, a serem meigos e generosos, humildes e fiéis, a se ocuparem de suas próprias faltas em vez das faltas alheias, e a devolverem o mal com o bem. Estas são algumas das leis eternas que jamais se modificam, de modo que as pessoas que vivem nos confins do mundo, sem qualquer conhecimento das crenças uns dos outros, guiam-se pelos padrões que lhes foram comunicados por um ou outro dos Mensageiros de Deus.

Outros de Seus ensinamentos divergem um pouco. Referem-se às leis sociais, tal como as do casamento e do divórcio, ou as da alimentação e da higiene. Como os povos, entre os quais apareceram, eram de condição social diversa, cada um dos Divinos Mestres emitiram as leis necessárias para o tempo e para o local em que apareceram.

Mas, os Mensageiros de Deus são mais do que apenas legisladores; embora tragam novas leis, e cancelem as antigas, têm, também, o poder de modificar o coração das pessoas. A graça de Deus flui através deles, trazendo vida nova ao mundo moribundo e acabado.

Eles abrem os olhos dos humanos para a Verdade, quando se encontram cegos pela ignorância ou pelo preconceito, e inspiram a seus seguidores com fé inabalável e com uma devoção que transforma os mais humildes seres em santos e em heróis. A influência das palavras de um Mensageiro de Deus é sentida por todos - mesmo por aqueles que descrem d'Eles!

O aparecimento de cada um destes Mensageiros é como a chegada da primavera, que traz crescimento novo e movimento à terra, e afeta à todas as plantas com seu poder vivificante, mesmo àquelas que permanecem às sombras, sem jamais Ver ao Sol. A primavera divina provoca dois diferentes movimentos no mundo.

De um lado faz dogmas de origem puramente humana, rituais e tradições que passam a ser imitadas cegamente por gerações, e que vão sendo, uma a uma, discutidas e alijadas; a humanidade, passando por estados de transição, experimenta todas as formas de ideais, na esperança de encontrar o caminho para fora do caos gerado pela derrocada da ordem anterior.

De outro lado, os poderes trazidos para a nova ordem pelos Mensageiros de Deus, vão penetrando a sociedade, e as almas que forem receptivas começam a emitir o eco de Suas palavras, ainda que jamais tenham ouvido falar d'Ele!

Seus poucos seguidores, que O reconheceram como Porta Voz de Deus, enchem-se de tamanha devoção que acabam por transcender às barreiras e limitações humanas, unindo-se em autêntica fraternidade. Uma nova fase, no plano de Deus, é desdobrada aos seus olhos e, na sofreguidão de desempenhar o respectivo papel, levantam-se acima das considerações puramente egoísticas.

Embora inicialmente ridicularizados e perseguidos, os seguidores da nova Fé crescem em número até que a atmosfera espiritual e social que os cerca se modifique por completo; a unidade que assim se estabelece, entre pessoas que viveram e trabalharam em campos opostos, abre o caminho para uma nova civilização, na qual as artes e a ciência se desenvolvem e os humanos atingem maiores alturas de desenvolvimento espiritual.

No plano físico, a primavera é sucedida pelo verão, pelo outono e pelo inverno. Na vida espiritual da humanidade, o ciclo também começa pela vinda de uma Divina Manifestação, lentamente acelera-se ao se mover para a frente, até que a missão daquela particular Manifestação seja preenchida e que os seus melhores frutos sejam oferecidos à humanidade.

Depois, suas forças, gradualmente, se desvanecem, e a decomposição se implanta. A força de coesão, que mantinha as pessoas unidas, desaparece e o espírito que o Mensageiro de Deus infundiu em seus seguidores arrefece e morre. Seus lindos ensinamentos, que serviram, inicialmente para unir os seguidores, passam a ser interpretados de mil modos diferentes; formam-se seitas e divisões que pregam diferentes mensagens, a letra se torna mais importante do que o espírito da palavra, e a intolerância e o ódio substituem o amor entre as pessoas que, anteriormente, haviam adorado em conjunto.

Muita gente, desiludida pelas superstições, e pelos argumentos irracionais, apresentados em nome da religião, e desencorajados pelo fanatismo e pela intolerância que observam entre as muitas diferentes seitas, fogem da religião como um todo. Materialismo, seguido de egoísmo e concupisciência se introduz em cada uma das partes de uma sociedade em decomposição, e os humanos se abaixam ao nível das bestas.

Em épocas assim, até mesmo o mais sábio e sincero entre os homens se recusa a receitar o remédio espiritual, imprescindível ao corpo doente da humanidade. Somente um outro Manifestante de Deus, refletindo Seus poderes curadores, pode se tornar o Salvador do mundo.

Quando a derradeira porta é cerrada, aparece o Mensageiro de Deus como o único caminho, o refúgio último, a luz solitária nas trevas que se abateram; este drama enorme já se repetiu em diversas latitudes, e esses mesmos termos já foram usados nos vários livros sagrados da antiguidade.

Em eras passadas, entretanto, por causa das barreiras geográficas, as pessoas que habitavam uma parte do planeta ignoravam o que se passava na outra, e os seguidores de cada religião supunham ter o domínio da verdade. Nem mesmo lhes ocorria que Deus pudesse se ocupar pelos antípodas que, ao que se supunha, de nenhum meio dispunham para saber da existência da Grande Figura que eles reconheceram como Representante de Deus na terra.

Agora é possível saber o que se passava; mas as grandes religiões da terra, nesse meio tempo, tanto se distorceram, e se pulverisaram em tantas seitas conflitantes que é impossível atingir-lhes a Fonte, assim como liberar-lhes as Mensagens originais da interpretação de seus seguidores.

Muito dos ensinamentos dos Fundadores perdeu-se por completo. Nos Livros Sagrados muitas expressões perderam o significado original e passaram a significar algo de inteiramente diverso, nos idiomas atuais. Outras passagens, puramente simbólicas, geraram a discórdia quanto as interpretações.

A despeito do grande conflito existente entre as idéias daquelas pessoas que professam fés diferentes, há similaridades entre as maiores religiões do passado, óbvias em demasia para serem desprezadas. Todas elas crêem em um Criador, chamem-no A Causa Primeira, Deus, ou qualquer outro nome que seja.

Todas elas têm uma figura central - um homem só - cujo amor modificou a vida de milhões de pessoas, e cujas palavras são, ainda, fonte de inspiração séculos e séculos depois de proferidas. Cada um deles profetizou que mais haveria de vir; assim como prometeram que, a seu tempo, quando as pessoas houvessem perdido a fé, e quando o amor tivesse arrefecido, Outro haveria de aparecer para ajuntar os filhos do homem, dos quatro cantos do mundo afim de introduzir o Dia da Fraternidade Universal.

DA INVESTIGAÇÃO DA VERDADE

Bahá'u'lláh é uma da seqüência de sucessivos Mensageiros de Deus na terra. Tal como os demais Fundadores de Religiões antes d'Ele, foi-Lhe confiada uma particular Missão que guiará a humanidade a um estágio superior de desenvolvimento espiritual e social.

Ele nem é o primeiro, nem será o último d'Aqueles que trouxeram os Ensinamentos de Deus aos homens, mas é Aquele que foi o escolhido para transmitir a orientação de Deus, nessa era atual. Os Mensageiros de Deus, no passado, transmitiram tanto quanto os humanos eram capazes de compreender, no momento, mas cada um deles preveniu Seus seguidores para o dia em que lhes seria possível receber mais ainda. Chegaria o tempo, prometiam Eles, quando o apelo de Deus seria levantado para que a inteira humanidade ouvisse, e as pessoas haveriam de responder de todos os cantos da terra. Bahá'u'lláh diz ter vindo para cumprir aquela promessa:

- "Em verdade Eu digo que este é o dia em que a humanidade poderá ver a Face, e ouvir a Voz, do Prometido. O Apelo de Deus foi feito, e a luz de sua Face levantou-se por sobre os homens. Cabe ao homem apagar os traços de todas as palavras vãs da taboleta do seu coração, e fitar, com a mente aberta e sem preconceito aos sinais da Revelação Divina, das provas da Sua Missão, e das dádivas de sua glória."

(GWB 10-1)

A afirmação de Bahá'u'lláh nada tem de ordinária, e Ele pediu que a aceitassem depois de séria investigação. Na realidade, um de Seus mais importantes Ensinamentos refere-Se à investigação independente da verdade. Nos dias de Bahá'u'lláh, as pessoas aceitavam as coisas que lhes eram ensinadas em nome da religião e sem questionar o que quer que fosse, tal como acontece, ainda hoje em dia, com gente sem conta.

Mas Bahá'u'lláh afirmou que cada homem e mulher são inteiramente responsáveis pelas coisas nas quais acredita, e deve evitar a imitação cega dos demais. Uma das razões porque os povos são tão divididos nas suas diferentes vistas da religião, repousa no fato de que foram criados dentro de uma ou e outra das variadas tradições que existem por aí, e as seguem sem maiores raciocínios.

Se as pessoas abandonassem seus preconceitos, e investigassem a verdade com a mente aberta, acabariam por se unir, uma vez que a verdade é uma só, onde quer que seja ensinada. 'Abdu'l-Bahá diz assim:

- "Cuidado como preconceito! A luz é boa, qualquer que seja a lâmpada em que esteja brilhando! Uma rosa é linda, qualquer que seja o canteiro em que floresça e o brilho da estrela é o mesmo, quer apareça no Ocidente, quer no Oriente!"

Poderemos aprender muita coisa dos erros cometidos no passado se pararmos para meditar sobre os motivos que levaram os Fundadores a serem rejeitados pelos Seus respectivos coevos; Seus status se reconhecem bem mais tarde, em geral, quando Príncipes de sangue e renomados filósofos passam a se orgulhar pelo fato de serem reconhecidos como Seus seguidores.

No começo muitos são o que Os acusam de serem falsos profetas e que tudo fazem para suprimir Seus ensinamentos: Porque será tão difícil às pessoas reconhecerem estes Divinos Educadores, assim que aparecem? Algumas das razões são as seguintes:

a - Eles têm sempre vindo por ocasião do início de um inverno espiritual, ocasião essa quando as pessoas que estão convictas da necessidade de uma nova orientação de Deus são muito poucas.

b - A maioria das pessoas confiam na possibilidade de resolver seus próprios problemas sem a ajuda d'Ele.

c - Existem aqueles que perderam inteiramente qualquer interesse pelos poderes super-humanos, ou que estão bem preparados para esperar até a hora da morte, a fim de verificar se tal coisa realmente existe.

d - Essas mesmas pessoas acham que, até que lhes chegue o momento da morte, sabem como se conduzir aqui na terra, sem interferência outras.

e - Há quem creia que Deus já providenciou todos os Ensinamentos que devem ser conhecidos; é lhes difícil compreender a necessidade de uma repetição ou de uma renovação de mensagem a cada idade. Se houver qualquer lição a ser ainda apreendida, poderá ser encontrada nas escrituras das respectivas religiões.

O fato de haver centenas de interpretações conflitantes entre si nenhuma espécie parece causar a essa gente, ainda que cada uma delas tenha tido origem em estudiosos que procuraram, com toda a sinceridade, interpretar as Escrituras. Outros existem, ainda, que tomam os Livros Sagrados ao pé da letra, esperando que Deus Se manifeste de modos bizarros, com sinais exteriores e miraculosos.

Jamais se aprestariam a analisar as reivindicações de quem quer que seja que apareça de modo diferente de suas expectativas e, o que é mais eloqüente, esperam que, quando o seu Prometido aparecer, confirmará aquilo em que atualmente acreditam, e que punirá o resto do mundo que recusou a dar-lhes ouvido.

Pouco há do que se admirar, então, de que os Mensageiros de Deus hajam sido recusados pelos seus coevos; nem aparece como esperavam e nem dizem o que gostariam de ouvir. É bem verdade que seria leviano tomar a qualquer um por Mensageiro de Deus, sem estar absolutamente certo de seu status.

Sempre houve falsos profetas, e sempre haverá; entretanto, o que se pode aprender das lições do passado é que dificilmente poderemos esperar reconhecer um verdadeiro Mensageiro se, por alguma razão, estivermos despreparados para investigar Suas proclamações, ou, tendo decidido a analisar o que Ele diz, esperarmos que os Seus Ensinamentos correspondam aos nossos pontos de vista.

Aquele que procura a verdade deve partir sem idéias pré-concebidas; precisa estar preparado a encarar quaisquer proposições que lhe forem apresentadas com a mente em estado de inquirição, sem rejeitar, automaticamente, pelo simples fato de conflitar com suas próprias crenças.

Precisa ser justo em seus julgamentos, usando a íntegra do intelecto que Deus lhe deu, e de suas possibilidades de raciocínio, em vez de se apoiar em idéias herdadas alhures; acima de tudo é necessário que seja humilde porque, sem humildade, jamais chegará à meta que se propôs.

Concluído que sua compreensão é limitada, por mais escolaridade que tenha, evitará medir as orientações divinas através do prisma de seus limitados padrões; quão freqüentemente, no passado, analfabetos (mas puros de coração), tiveram suficiente sensibilidade espiritual para reconhecer o Mensageiro de Deus, enquanto os sábios de seu tempo foram privados desse conhecimento.

Tão longe quanto nos é dado perceber, existem sintomas bem definidos que distinguem um verdadeiro Profeta dos muitos falsos; O Mensageiro de Deus está preparado para enfrentar grandes sofrimentos por amor daqueles a quem veio salvar. Seu ilimitado amor é semeado por sobre amigos e inimigos, do mesmo modo.

Seus ensinamentos transformam criminosos em santos, e covardes em heróis que, seguindo-Lhe os passos, esquecem-se de si mesmo para servirem ao próximo. Seus conhecimentos são muito superiores aos dos sábios de Seu tempo mas, ainda assim, é Ele quase sempre humilde e afável. Enfrenta sozinho as forças todas de um mundo descrente, e acaba triunfante em meio a todos.

Se esses sintomas todos forem encontrados em um só homem, é aconselhável atentar para Ele, pois é possível que seja quem afirma que é!

Os Livros Sagrados do passado, que nos precavêm contra falsos profetas, fornecem, também, um infalível padrão através do qual reconheceremos o Genuíno; reconhecê-Lo emos pelos frutos de Sua vida e de Seus ensinamentos, já que é impossível colher-se bons frutos em cerrado de espinhos!

SELEÇÕES DOS ESCRITOS DE Bahá'u'lláh

"Será, em verdade, um verdadeiro crente na unidade de Deus aquele que, neste dia, o encarar como O exaltado incomensuravelmente acima de todas as comparações e semelhanças com as quais os humanos O têm comparado: erra, gravemente, quem toma essas comparações pela real aparência do próprio Deus."

(GWB 336-37)

"Cuidai, ó crentes na unidade de Deus, para que não sejais tentados a fazer distinções entre os Manifestantes de Sua Causa, ou discriminar contra os sinais que acompanharam e proclamaram Sua revelação; assegurem-se, ainda, de que as obras e as palavras de cada um desses Manifestantes de Deus, são ordenadas por Deus, e são o reflexo de Sua Vontade e Propósito."

(WB52)

"Todo Profeta genuíno encarou a própria Mensagem como fundamentalmente idêntica às Revelações de cada um dos que O precederam. Se alguém, por conseguinte, falhar na compreensão dessa verdade e, em conseqüência indulgir em linguagem vã e impertinente, que ninguém que tenha os olhos abertos e a compreensão aguçada, se deixe perturbar, ou permita que tal tagarelice abale a sua crença. A medida da revelação dos Profetas de Deus neste mundo deve, entretanto, ser diferente. Cada um deles foi o portador de uma mensagem distinta, e recebeu a delegação de se revelar através de uma conduta especifica. É por esse motivo que parecem divergir, em Suas grandezas."

(GWB 78-79)

"Nenhuma dúvida pode haver de que qualquer povo que seja, de qualquer raça ou religião, deriva sua inspiração de uma Divina Fonte e que sejam submissos a um só Deus. A diferença das condições e ordenações sob as quais habitam, devem ser atribuídas aos diversos requerimentos e exigências da época em que foram reveladas; Levantem-se, e com o poder da Fé, pulverizem os deuses de vossas vãs imaginações, e os semeadores de dissensões entre vós!"

(GWB 217)

"A finalidade fundamental que anima a Fé de Deus, e Sua Religião, é a de salvaguardar os interesses e promover a unidade da espécie humana, desenvolver o espírito de amor e de companheirismo entre os homens. Impeçam que elas se tornem em fonte de discórdia, de dissenção, de ódio e de inimizade."

(GWB 215)

"Cabe a vós refrescar e reviver vossas almas através dos graciosos favores que, nesta Divina, nesta Primavera que inebria, são espargidas sobre vós. A Estrela d'Alva da Grande Glória abriu a radiação sobre vós e as nuvens de Sua ilimitada graça, refrescou-vos com suas sombras. Quão grande será a recompensa daquele que não se privou de tão grande bondade, nem falhou no reconhecimento da beleza de Seu Bem Amado, em Sua nova veste."

(GWB 167)

"O tempo previsto para os povos e raças da terra, chegou; as promessas de Deus, tal como registrado nas Sagradas Escrituras, foram todas cumpridas."

(GWB 12-13)

"Ó vós que esperais, não mais tardeis, pois Ele chegou. Fitai o Seu Tabernáculo e Sua Glória, que nele habitam. É a mesma Antiga Glória, com nova Manifestação."

(BNE 37)

"Esta é a imutável Fé em Deus, eterna no passado e eterna no futuro. Que aquele que A procura, acabe por encontrá-lA; e, quanto aquele que recusou procurá-lA... a verdade é que Deus é auto-suficiente e acima de qualquer necessidade de suas criaturas."

(GWB 136)

Considerem o passado. Quantos foram aqueles que, grandes ou humildes, e em todos os tempos, aguardaram o advento das Manifestações de Deus nas santificadas pessoas de Seus Escolhidos. Quão freqüentemente aguardaram a sua vinda quão freqüentemente oraram suplicando que a brisa da Divina Misericórdia soprasse, e a prometida Beleza se adiantasse, saindo por detrás do véu que A velava, e se manifestasse ao mundo. E, quando os portais da graça se abriram, e as chuvas das divinas bênçãos choveram por sobre a humanidade, e a luz do Invisível brilhou acima do horizonte do poder celestial, todos O negaram, e voltaram-se de costas à Sua Face... à Face do Próprio Deus...!

Reflitam nas eventuais causas de um tal procedimento! O que poderia ter gerado uma conduta assim, em relação aos Reveladores da beleza do Todo Glorioso? Qualquer que haja sido, naqueles dias que já se foram, o motivo da negação e da oposição dessas pessoas, são elas que levaram à perversidade do povo da época atual.

(GWB 17-18)

"Considerem as gerações passadas. Testemunhem como que todas as vezes que a Estrela Matutina da Misericórdia Divina espalhou a luz de Sua Revelação por sobre o mundo, o povo de Seus dias levantou-se contra Ele, e Repudiou a Sua Verdade. Aqueles que eram tidos como líderes das gentes, procuraram, invariavelmente, impedir a seus seguidores que se voltassem para O que era o Oceano das bênçãos de Deus."

(GWB 56)

"Os líderes religiosos, em todos os tempos, têm dificultado o povo chegar às margens da salvação eterna, enquanto mantêm as rédeas da autoridade nos punhos poderosos; alguns por desejar sofregamente o comando, outros por carência de conhecimentos e de compreensão têm sido causa da privação dos povos. Por sansão deles cada um dos Profetas de Deus bebeu do cálice do martírio. Que indescritíveis sacrifícios os que ocupam as sedes da autoridade e do conhecimento infligiram sobre os autênticos Monarcas do Mundo, essas Gemas de Divina virtude!"

(BWO 63)

"A Antiga Beleza consentiu em ser acorrentado em cadeias para que a humanidade se livrasse da escravidão, e aceitou ser feito (prisioneiro) no interior dessa Fortaleza altamente poderosa para que o mundo todo pudesse conseguir a liberdade genuína. Verteu até às fezes o cálice da dor para que os povos da Terra pudessem conseguir uma alegria duradoura, e se enchessem de satisfação."

(GWB 99)

"Fostes Vós, ó meu Deus, Quem comandou que Eu me levantasse, e que ocupasse o Vosso assento, e que congregasse todos os homens à Corte da Vossa misericórdia. "Fostes Vós Quem Me ordenou que proclamasse as coisas que Vós reservastes para eles, nas taboletas dos Vossos decretos, inscritas com a pena da Vossa Revelação, e Quem implantou em mim o dever de ativar-lhes no coração o lume do Vosso amor, e de levar os povos da Terra para o recinto onde se encontra o Vosso trono...

Nenhuma vontade tenho, senão a Vossa vontade, ó meu Senhor, e nem acalento qualquer desejo além dos Vossos desejos. De minha pena fluem somente aqueles apelos que a Vossa própria pena traçou, e minha língua nada mais balbucia do que o Espírito Maior, pessoalmente, proclamou no reino da Vossa eternidade. Nada me comove além dos ventos da Vossa vontade, e nem murmuro palavras outras, que aquelas permitidas por Vós, ou as que a Vossa inspiração Me leva a pronunciar.

Louvado sejais vós, ó Vós que sois o Bem Amado de quantos Vos conheceram, e que sois o Desejo dos corações daqueles que são devotados, ainda que eu seja, feito por Vós, o alvo dos males que sofro pelo Meu amor a Vós, e o objeto dos assaltos lançados contra Mim, no transcurso de Vossas veredas."

(BWF 89-90)

"Eu juro pela Vossa glória! Concordei em ser experimentado através de inúmeras vicissitudes, sem qualquer outra finalidade além de regenerar todos aqueles que estão no Vosso paraíso e na Vossa terra. Quem quer que seja que Vos amar, jamais poderá sentir-se preso a si próprio, a menos que seja com a finalidade de promover o progresso de Vossa Causa; e aquele que Vos reconhecer, nada mais poderá reconhecer, exceto a Vós, e jamais poderá se virar para quem quer que seja, exceto para Vós.

Permiti que Vossos servos, ó meu Deus, descubram as coisas que Vós reservastes para eles em Vosso Reino. Familiarizai-os, ainda mais, com aquelas coisas que Ele, que é a Origem de Vossos mais excelentes títulos, tem, em Seu amor por Vós, desejado sofrer a fim de favorecer a regeneração de suas almas, que eles se apressem a atingir o Rio que é realmente a Vida, e que voltem suas faces na direção de Vosso Nome, o mais Misericordioso. Não os abandoneis, ó meu Deus! Trazei-os, através do Vosso abençoado favor, ao paraíso da Vossa inspiração. Eles são como indigentes, e Vós sois Aquele que tudo possui, o Todo Misericordioso, o Cheio de Compaixão!"

(BWF 92-93)
DO INDIVÍDUO

A missão de Bahá'u'lláh é a de estabelecer a unidade (é Ele quem diz):

"Aquilo que o Senhor ordenou como soberano remédio, e o mais poderoso instrumento para tratar o mundo inteiro, é a união de todos os povos em uma só Causa universal e uma Fé comum. Isso só poderá ser alcançado com o poder de um Médico hábil e inspirado."

(GWB 255)

A unidade da espécie humana é o cumprimento da promessa feita por todos os Mensageiros de Deus, do passado, e deve ser baseada nas fundações espirituais, que eles próprios lançaram, e que foram renovadas, para a atualidade, por Bahá'u'lláh.

A humanidade é formada por elementos femininos e masculinos e a fim de se implantar quaisquer modificações na sociedade humana é imprescindível começar com seus componentes; a menos que a vida dos indivíduos se modifique, a Fraternidade do Homem jamais poderá se tornar uma realidade.

Ao se fitar um indivíduo, vê-se que foi criado para ter uma vida diferente da que levam os irracionais; quando os humanos dão vasa aos instintos animais, procedem pior do que uma besta. É só quando cultiva as virtudes essencialmente humanas é; que se torna digno do rótulo. Bahá'u'lláh, falando como Porta-Voz de Deus, diz:

- "Ó Filho do Espírito! Eu vos criei nobre, e vós vos rebaixastes. Levantai-vos, pois, à posição para a qual fostes criados."

(HW 9)

Tudo, no universo, é governado por leis bem definidas. Em nossa terra, vemos um padrão seguido pelas estações que se sucedem, e nas vidas das plantas e dos animais que nos cercam. A nenhum deles é dado se recusar de obedecer às leis da natureza. Só aos humanos é dado o poder de escolher entre obedecer ou desobedecer às leis que devem governar suas vidas. É dessa escolha que dependem a felicidade na Terra e seu futuro progresso ao abandonar a presente vida.

Os instintos físicos de que os humanos participam, junto com o resto do reino animal, são necessários para a vida mas, enquanto que os animais são inteiramente governados pela natureza, impossibilitados de transgredir os limites por ela impostos, os humanos podem escolher entre conservar-se dentro de sadios limites, ou de abusar deles, tal como nenhum irracional jamais o faria.

A inteligência humana pode ajudar ao homem se tornar o senhor do ambiente; usando a mente, modificou, completamente, o mundo em que vive. Mas, a inteligência, por si só, em nada o torna melhor do que o selvagem, já que, através da invenção de armas, pode ele se tornar mais perigoso do que anteriormente.

Além da inteligência, há um mistério nos humanos que pode relacioná-lo ao Mistério, maior ainda, por trás do universo. Nos Livros Sagrados, esse mistério é chamado 'alma humana', ou o seu 'ser verdadeiro'; quando essa característica espiritual da natureza humana é treinada e cultivada, começa o homem a se elevar acima dos animais e a refletir os atributos de Deus.

Daí, ambos os poderes, físico e mental, começam a ser empregados no desenvolvimento de uma civilização autêntica, e na conquista de uma felicidade genuína; por isso mesmo vamos examinar, brevemente, algumas dessas leis eternas que regulam a vida espiritual e sobre as quais repousa todo o progresso.

DO AMOR

Há diferentes formas de amor. Quando discutimos o amor da criação pelo Criador, talvez seja de algum auxílio se começarmos por considerar o relacionamento existente entre a planta e o Sol. A vida da planta depende do Sol, e todo o seu ser reage aos raios que levam os poderes portadores de vida, desde o Sol até a Terra.

Por isso mesmo poderemos afirmar que a planta ama o Sol. A vida espiritual do homem depende de sua relação com Deus. Mas, como o homem é mais do que uma simples planta, é necessário que compreenda o relacionamento entre si mesmo e seu Criador e que reaja, conscientemente, aos poderes espirituais que lhe auxiliam o desenvolvimento.

À planta é impossível mover-se até à luz do Sol se, por acaso, estiver em um local escuro. Os humanos, entretanto, são dotados da capacidade de sair de um estado de privação espiritual. Mas, se carecer da consciência da necessidade de efetuar a mudança, permanecerá onde se encontrar, enquanto seus poderes espirituais forem se debilitando até que parem de operar de uma vez por todas. É, por conseguinte, essencial sentir a necessidade de aprender a 'amar' a Deus, dentro do coração.

A alma de todos os humanos é sôfrega por Deus, do mesmo modo que a planta é sôfrega pelo Sol. É por isso que os homens são incapazes de encontrar a paz interior, e a felicidade, até que hajam reconhecido que tem necessidade de Deus, e que tentem alcançar, para além de si próprios a Fonte do seu ser.

O conforto material e o prazer físico podem lhe dar uma sensação passageira de satisfação mas, em breve, achar-se-á novamente insatisfeito. Bahá'u'lláh diz que Deus está perenemente apelando aos humanos:

- Ó Filho da Maravilhosa Visão! Soprei para dentro de Vós o sopro de Meu próprio Espírito, para que Me amásseis. Por que Me abandonastes e procurastes outro a quem amar?"

(HW 8)

Muitas são as pessoas que ignoram o fato de que são atraídas para qualquer coisa que possa estar acima do plano puramente humano; outros suprimiram esse sentimento a uma extensão tal que, somente nos grandes momentos de suas vidas, quando as superficialidades do viver quotidiano cessam de lhes atrair a atenção, é que vislumbram as importantes verdades que se acham sepultadas nos corações; enquanto que outros se sentem quase com pudor de confessar a existência de qualquer relacionamento entre si mesmos e Deus, O Qual transmutou-se em uma idéia arcaica, pouco digna de uma atualidade moderna como a nossa.

É evidente que não mais estamos em condições de nos inclinarmos ao Sol ou às estrelas, ou pensarmos em termos de um cavalheiro idoso, sentado por sobre nuvens do firmamento mas, será que nos seria impossível prestarmos homenagem ao "... ilimitado espírito superior", ante o qual o moderno cientista se inclina em humilde admiração?

Assim como o Sol atinge as plantas, através de seus raios, também Deus se comunica conosco por intermédios de Seus Mensageiros, aos quais podemos compreender e amar com toda a devoção de nossos corações. Mas é perigoso venerarmos a personalidade humana de qualquer dos Mensageiros de Deus porque uma tal atitude será um obstáculo ao reconhecimento da mesma Divina Realidade quando aparecer sob um novo nome, em outra parte do mundo e sob diferentes condições.

É como se ficássemos de tal modo ligados a uma determinada forma e moldura de um determinado espelho, que nos recusássemos a ver a mesma luz quando refletida por outro espelho diferente. Mas, se formos atraídos pelas qualidades divinas que diferenciam o Mensageiro de Deus dos demais humanos, então sim, estaremos aptos a reconhecê-lO onde quer que venha Ele a reaparecer.

Quando o coração do homem for atraído por Deus, através de Sua Manifestação na Terra, estabelecerá então, uma ligação de amor com seu Criador. E, com o fortalecimento desse laço, acabará por sentir um transbordante amor por todas as coisas criadas por Deus.

'Abdu'l-Bahá, uma vez, ilustrou esse princípio com a idéia da carta, amassada e suja, que chega às mãos de um dos amantes, oriunda do outro. A carta, disse Ele, não é menos preciosa por causa da condição em que chegou.

Ao contrário, é carinhosamente bem recebida porque veio de alguém a quem se ama. Do mesmo modo, poderemos aprender a amar ao nosso próximo, seja lá quem for, porque ele é uma criatura de Deus.

DO SERVIÇO

O amor pela humanidade é o resultado natural de nosso amor por Deus. Ao amarmos ao nosso próximo, nossa vontade e desejo é o de servi-lo. Bahá'u'lláh recusa permissão à uma solitária vida de asceta. Diz Ele que é nosso dever passarmos a vida entre os demais humanos, participando de suas alegrias e tristezas, e tentando servi-los no que nos for possível.

Um dos modos em que podemos servir é através do nosso trabalho diário, qualquer que seja o nosso ofício ou profissão. Se fizermos o nosso trabalho com o sincero desejo de sermos úteis aos demais, a nossa labuta será, em si mesma, um ato de adoração. É 'Abdu'l-Bahá que explica:

- "Aquele que faz um pedaço de papel, empenhando o melhor de suas habilidades, com toda a consciência, concentrando suas forças em aperfeiçoar sua tarefa, estará dando graças a Deus. Em outras palavras, qualquer esforço desenvolvido pelo homem, do fundo do próprio coração, é como uma adoração, se as razões que o movem forem as mais altas, e se houver intenção de ser útil à humanidade. Isto é adoração: o servir à humanidade e o tratar das necessidades dos demais."

(BNE 90)
DA ORAÇÃO

Os homens podem adorar e dar graças a Deus através do trabalho diário. Mas apenas isso é insuficiente. É preciso que se comunique também conscientemente com o seu Criador. A oração é a própria alimentação da alma.

Quando alguém passa fome por algum tempo, deixa de sentir o mal estar que estamos acostumados a ligar à ela, ainda que seja impossível permanecer vivo sem alimento. O mesmo é verdadeiro no que diz respeito à alma. Se cessarem suas comunicações com Deus, através da oração, pode ser que jamais venha a sentir a necessidade; mas sua alma se ressentirá da falta dessa nutrição a fim de permanecer forte e saudável.

No passado a oração era feita porque se desejava alguma coisa ou porque se temia o que pudesse acontecer, se fosse recusada uma homenagem à Grande Força. Bahá'u'lláh diz que os homens devem aprender a amar a Deus, e a se comunicarem com Ele, através da oração, do mesmo modo eu uma pessoa amante se comunica com a pessoa amada.

Evidentemente que a pura e simples repetição de palavras é despida de qualquer valor; mas, ao aprendermos a orar com dedicação torna-se possível, para nós, banharmo-nos com as bênçãos espirituais que fluem da Fonte de amor e misericórdia.

A oração, na Fé Bahá'í, é desacompanhada de qualquer ritual. O que importa é a sinceridade de coração, a concentração da mente, coisas que são regularmente conseguidas depois que se faz um hábito da oração.

A fim de nos ensinar como fazer uma oração, Bahá'u'lláh escreveu inúmeras preces lindas que têm sido úteis a milhares de pessoas embora a oração possa ser, também, sem palavras. Abaixo vai uma das orações de Bahá'u'lláh:

- "Cria em mim um coração puro, ó meu Deus, e renova uma tranqüila consciência dentro de mim, ó minha Esperança! Com o espírito do poder, confirma-me em Tua Causa, ó meu Bem-Amado, e pela luz da Tua glória revela-me Teu caminho ó Tu que és a Meta de meus desejos! Com o poder de Tua transcendência Fortaleza, ergue-me aos céus de Tua Santidade, Ó Fonte de meu ser, e com as brisas de Tua eternidade, alegra-me, ó Tu que és o Meu Deus! Que as Tuas eternas melodias soprem sobre mim tranqüilidade, ó meu Companheiro, e permite que as riquezas de Tua Antiga Beleza me afastem de tudo que seja estranho a Ti, ó meu Mestre, e que as boas novas da revelação de Tua incorruptível Essência tragam-me alegria, ó Tu que És o mais manifesto dos manifestos e o mais oculto dos ocultos!"

(BP 76)

Bahá'u'lláh solicita a Seus seguidores que orem todos os dias. Além das muitas diferentes orações que podem ser usadas, Bahá'u'lláh revelou três preces obrigatórias, entre as quais o Bahá'í poderá escolher para seu uso diário.

DO JEJUM

O jejum é uma lei que se encontra presente em todas as Dispensações; embora possa parecer, inicialmente, uma lei física (e, na realidade o corpo muito se beneficia com o jejum), suas finalidades são essencialmente espirituais.

Durante o jejum, muito tempo deverá ser dedicado à oração e à meditação; de outro lado, a abstinência da alimentação deve ser um perene momento da mais importante das abstinências, que é a do desejo carnal e egoísta. Devemos desenvolver energias especiais no combate a hábitos indesejáveis, devemos verificar nossos pensamentos e nossa motivação, assim como cultivar aquelas qualidades espirituais cuja tendência seja a de fazer de cada um de nós uma pessoa melhor ainda.

O Jejum, na Fé Bahá'í, é facultativo aos enfermos, às gestantes e às mães que amamentam, às crianças e aos idosos, assim como aos viajantes.

DO SOFRIMENTO

O sofrimento pode ser considerado de dois ângulos. Há aquele sobre o qual inexiste controle. Por exemplo, uma pessoa pode ser amplamente devotada aos pais mas, apesar disso, é-lhe impossível protegê-los da velhice e da morte. A separação, entre eles, trará tristeza, mas essa espécie de sofrimento faz parte do esquema da vida e é imprescindível para o desenvolvimento espiritual. Bahá'u'lláh escreveu:

- "Não se entristeçam se, nesses dias e neste plano terreno, as coisas mostrarem-se contrárias aos seus desejos, pois assim foram por ordem e manifestação de Deus; dias de abençoada alegria, de paradisíaco deleite estarão, certamente, aguardando por vocês. Mundos santos e espiritualmente gloriosos a seus olhos serão desvendados. Vocês foram destinados, por Ele, neste mundo e daqui por diante, a participar desses benefícios, a dividir com eles as alegrias, e a obter uma porção da graça perene. A todas e cada uma dessas coisas vocês, sem dúvida, terão acesso."

(GWB 329)

Talvez nos seja impossível compreender a sabedoria do sofrimento neste mundo, mas é fácil compreender que os que encaram a experiência e percalços da vida com a devida coragem e fortaleza de ânimo, acabam por se fortalecer. Os santos e os heróis deste mundo beberam até o fundo, no cálice do sofrimento.

Existe outra sorte de sofrimento, entretanto, que colide com os planos de Deus para a espécie humana, e acontece porque os homens desobedecem às leis que deveriam seguir. A guerra, a pandemia da fome, e as doenças, entram nessa categoria. Em vez de aceitar a essa categoria de sofrimento, é nosso dever exercer o máximo de nossas capacidades a fim de eliminá-la. E isso nos será exeqüível, na medida em que nos unirmos em nossos esforços e seguirmos as orientações que Deus nos enviou, para nossa época.

DA VIDA DEPOIS DA MORTE

As boas coisas da vida aí estão para que nós nos aproveitemos delas, e não seria por recusá-las que nos aproximaríamos mais de Deus. É nosso dever, entretanto, compreender que estamos aqui com uma finalidade, e não apenas para vivermos como os animais, que se limitam a ocupar-se do próprio bem-estar material.

A nossa vida na terra poderá ser comparada com a vida da criança, no útero da mãe. Ainda que, nesse estágio, a criança esteja polarizada com a absorção de alimento, ela está, ao mesmo tempo, desenvolvendo olhos e ouvidos, pulmões e membros, imprescindíveis para a vida no mundo exterior. Também conosco acontece coisa análoga e aqui nos encontramos para nos preparar para uma vida tão diferente desta, quanto é diferente a vida do mundo da vida do útero.

Para que possa aproveitar, na íntegra, a vida exterior, a criança precisa se desenvolver, completamente, antes de nascer; em caso contrário, seu progresso poderá ser desacelerado e, conforme a situação, nulo. No próximo mundo teremos necessidade de nossas faculdades espirituais, sem as quais também sofreremos.

Mas há uma diferença decisiva entre a criança que se prepara para este mundo e um ser pensante sendo preparado para seu próximo estágio de jornada. A criança carece de qualquer controle sobre o seu próprio desenvolvimento e, portanto, é irresponsável pelo sadio crescimento de seus membros, enquanto que, nesta vida nós podemos, e devemos, nos preparar, com toda a consciência para o próximo mundo.

Nossos corpos nos foram dados para que possamos viver na terra, enquanto nos preparamos para o estágio seguinte da existência. Assim que essa verdade for assimilada, haveremos de cessar de nos comportar como se os prazeres físicos fossem tudo o quanto importa. O corpo será desnecessário ao próximo estágio, e nos livramos dele do mesmo modo que o viajante abandona o veículo que o levou ao término de sua jornada.

A única coisa que será importante, então, será a condição de nossa alma que prosseguirá existindo. Se tivermos tido o bom senso de cuidarmos dela, teremos oportunidade de aproveitarmos o mundo seguinte, e nosso progresso ali será saudável e rápido. É isso que significam as expressões 'ir para o céu', ou 'conquistar a vida eterna', e outras ao longo dessa mesma linha.

De outro lado, ao negligenciarmos os necessários preparativos, durante a vida atual, nosso progresso será grandemente retardado, e nos encontraremos naquele infeliz estado, qualificado como ´inferno', especialmente porque estaremos conscientes da oportunidade desperdiçada, por havermos nos recusado a fazer qualquer coisa a respeito.

É importante, pois, que atentemos constantemente para o nosso aperfeiçoamento espiritual agora, porque será tarde demais quando a nossa vida aqui estiver extinta, e quaisquer bênçãos que possamos obter estarão na dependência das graças de Deus (apenas) em vez de ser resultado de nossos esforços durante a vida atual.

Quando alguém deseja proteger sua saúde física, procura a orientação de um bom médico, mas, por curioso que pareça ser, no atendimento às necessidades de seu espírito, acredita-se apto a encontrar as respostas adequadas, embora a verdade seja que ele conhece o corpo muito mais e melhor do que à própria alma.

A conduta adequada seria a de pedir auxílio ao Mensageiro de Deus que é o Médico Divino, preocupado, antes de mais nada, com a saúde espiritual da humanidade; ao contrário do médico humano que poderá eventualmente estar desinteressado em nosso caso, ou ser incompetente para nos proporcionar o alívio que procuramos, o Divino Médico está amplamente a par das condições com que nos defrontamos, e tem receitas infalíveis para oferecer-nos.

Mais ainda do que isso, Ele está sôfrego para nos auxiliar e, para isso, preparou-se para aceitar qualquer espécie de sofrimento que o mundo tenha guardado; como nos seria possível deixar de atender aos apelos de um tal Médico, e nos recusarmos a tomar os remédios que Ele nos receitou?

Se desejarmos saúde espiritual, é necessário, primeiro reconhecer ao Mensageiro de Deus, depois obedecer-Lhe as instruções. Seria pretencioso supor que temos condições para sanar nossas próprias carências e, tendo conhecido Aquele que poderia nos auxiliar, o nosso conhecimento passará a ser útil na medida em que aceitarmos Sua orientação, e a pusermos em prática.

O Mensageiro de Deus afirma que o reconhecimento de seu status e a obediência a Seus Ensinamentos, nos trará uma tal alegria que, se pudéssemos ter apenas uma rápida visão do que ela significa, estaríamos preparados para deixar tudo quanto possuímos, se necessário fosse, para obtê-la (e isso tudo está ao alcance de qualquer humano).

A experiência, a que chamamos morte, leva a uma vida incomensuravelmente mais rica e mais linda do que qualquer coisa que possamos imaginar neste mundo. Devemos ser sábios o bastante para nos prepararmos para ela, e esperarmos por ela com esperança, lembrando-nos de que o amor de Deus não se limita a esta vida na terra, mas que nos haverá de cercar por toda a eternidade. Bahá'u'lláh diz:

- "Ó Filho do Supremo!

Tenho feito da morte a mensageira de teu júbilo. Por que lamentas? A luz, Eu a fiz derramar sobre ti o seu esplendor. Por que te ocultas diante deste esplendor?

(HW 11)

Depois de haver discutido algumas das leis espirituais, renovadas pelos Mensageiros de Deus em todas as idades, vamos mencionar alguns dos ensinamentos específicos de Bahá'u'lláh, para esta Dispensação, especificamente.

DO TRABALHO

O trabalho é alguma coisa de necessário para todos os que forem fisicamente aptos. Não se justificam os ricos ociosos que sobrevivem à custa do labor alheio, nem mendigos que, para se manter, pedem esmola. Bahá'u'lláh escreveu:

- "Cada um de vós deve se ocupar de alguma coisa, seja arte ou trabalho (ou equivalente); a ocupação está equiparada, por Nós, à adoração de Deus...

Não percai vosso tempo em indolência ou ócio, mas ocupai-vos com aquilo que vos seja útil, e aos outros, além de vós...

O mais desprezível dos homens, aos olhos de Deus, é aquele que senta e pede."

(ESW 26-27)
DA AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO

Grande ênfase é dada por Bahá'u'lláh ao treinamento nas artes e nas ciências, assim como em outras profissões. Diz Ele:

- "O conhecimento é como asas para a vida humana, e uma escadaria para se subir. Sua aquisição é obrigação de todos. O conhecimento das ciências entretanto, deve ser adquirido na medida em que beneficiar os povos da terra devendo se excluir aqueles que começam com palavras e terminam com palavras...

Na verdade, o conhecimento é um genuíno tesouro, e uma fonte de glória, de benefícios, de alegria, de exaltação, e da mais pura alegria para os homens."

(ESW 26-27)

- "A faculdade de raciocinar é um repositório de ofícios, artes, e ciências. Procurem se aperfeiçoar, a fim de que gemas do conhecimento eclodam desta mina ideal e conduzem à tranqüilidade e à união das diferentes nações do mundo."

(BWF 185)
DAS LEIS DE ALIMENTAÇÃO

Os Bahá'ís são encorajados a cuidar do próprio físico, assim como da saúde mental e espiritual. O interrelacionamento do corpo com a alma e com a mente é tão grande que nos seria conveniente manter todos os três bem saudáveis, se quiséssemos gozar uma vida feliz e bem equilibrada.

No passado, alguns dos Mensageiros de Deus pediram a seus seguidores que observassem regras estritas no que diz respeito às comidas e às bebidas.

E, ao olharmos às condições em que essas regras foram propostas, e aos tempos em que foram feitas, compreenderemos a sabedoria de cada uma delas. Hoje em dia, por causa do crescente conhecimento a respeito de comidas e de dietas, assim como do modo de preservar a alimentação, Bahá'u'lláh dá, a seus seguidores, uma liberdade quase total nesse campo.

Os costumes sociais de alguns povos, entretanto, ainda os impedem de compreender os efeitos indesejáveis de drogas formadoras de hábitos e de bebidas alcoólicas, tanto no corpo quanto na mente humana. Ambos são proibidos por Bahá'u'lláh, com exceção feita à prescrição médica.

DO CASAMENTO

Bahá'u'lláh desencoraja o celibato. O casamento é o estado natural e contribui para a saúde do indivíduo e da sociedade. Completa castidade antes do casamento, e absoluta fidelidade depois dele são essenciais. A Monogamia é a receita, e o casamento deve ser encarado como uma união tanto física quanto espiritual. 'Abdu'l-Bahá explica isso:

- "O casamento Bahá'í é união e cordial afeição entre duas pessoas. Devem elas, por conseguinte, conduzir-se com o máximo cuidado, assim como procurar se inteirar da índole uma da outra.

Esse laço eterno deverá ser assegurado por um acordo firme, e a intenção deverá ser a de ser incrementar a harmonia, o companheirismo e a unidade para se conseguir uma vida duradoura...

Em um casamento verdadeiramente Bahá'í, ambas as partes devem tornar-se completamente unidas, espiritual e fisicamente, para que consigam união eterna através dos mundos de Deus, melhorando a vida espiritual uma da outra.

Assim é um matrimônio Bahá'í."
(BNE 183)

Para um Bahá'í, por isso mesmo, o casamento é um assunto por demais sério. Deve se basear no amor de duas pessoas; aos pais é vedado 'arranjar' casamentos para os filhos, como era costume em muitas partes do mundo, nos tempos de Bahá'u'lláh, e como ainda o é, em diversos países, hoje em dia.

Ainda assim, o consentimento dos genitores vivos precisa ser obtido pelo noivo e pela noiva, antes que o casamento possa se realizar regularmente. Essa medida visa facilitar a união entre as duas famílias, ao mesmo tempo que evita que as pessoas se precipitem ao casamento porque se supõem apaixonadas, sem compreender que, eventualmente poderão ter dificuldades em se adaptar e que, ipso fato, o matrimônio possa ter lugar por sobre bases pouco sólidas.

Como Bahá'u'lláh veta qualquer discriminação de classe, cor, ou de religião, é vetado aos pais que neguem permissão por causa de preconceitos da parte deles mas, que se assim o fizerem, que tenham, apenas a felicidade do par em mente.

Um casamento que for baseado no amor de duas pessoas, e que for abençoado pelo consentimento dos pais de ambos, tem muito mais oportunidade de ser bem sucedido, do que se for efetuado de outro modo; esse é o motivo que torna tão raro o divórcio entre os Bahá'ís. Além disso, Bahá'u'lláh censura o divórcio em termos claros, embora não chegue ao ponto de proibi-lo, no caso de duas pessoas desenvolverem uma ponderável aversão mútua.

DA COOPERAÇÃO

Pouco importa a qualidade de vida que um indivíduo leva; a realidade é que suas finalidades só serão cumpridas, aqui na terra, na medida em que aprender a viver e a trabalhar em harmonia com o restante da humanidade.

É indubitável que hajam pessoas sinceras, entre as muitas milhares delas que lutam por reformas religiosas e sociais no mundo de hoje. Mas, como inexiste cooperação e unidade entre essas mesmas pessoas sinceras, muito do esforço delas é desperdiçado. Na realidade, é comum ver-se o melhor das gentes, lutando uma contra as outras, em grupos antagônicos.

Entre os princípios propugnados por Bahá'u'lláh, por conseguinte, estão os que devem governar a sociedade, para que as pessoas possam se dar as mãos, e trabalhar juntas, em direção a um ideal comum. Quando as pessoas aceitarem o Plano de Deus para a idade atual, estarão em condições de unir esforços, em vez de caminhar em caminhos opostos, desperdiçando os mais preciosos dias de suas vidas na procura do que cada um supõe ser de mais importante.

O indivíduo é, por conseguinte, instado a além de viver do melhor modo que lhe for possível e, também, cooperar com o próximo na luta pela criação de uma sociedade melhor. Os princípios que Bahá'u'lláh deu para uma sociedade serão considerados a seguir:

EXCERTOS DOS ESCRITOS DE Bahá'u'lláh

- "Tendo criado o mundo, e tudo o quanto nele se move, Ele escolheu ao homem para lhe conferir as distinção e capacidade únicas de conhecê-lO e de amá-lO."

(BWF 102)

- "Quão sublime seria a posição que o homem poderia atingir, escolhesse ele a decisão de preencher seus altos destinos! A que profundidade de degradação poderá naufragar, profundidades que a mais perversa * das criaturas jamais atingiu! Ó amigos meus, aproveitem a oportunidade que este Dia lhes oferece, e não se privem das liberais efusões de Sua graça."

(GWB 206)

- "Considerem a insignificância da mente humana. Suplica aquilo que a injúria, e deita fora o que lhe aproveita. Encontramos os que desejam liberdade, mas que estão cheios de orgulho no íntimo. Tais homens estão na profundeza da ignorância.

A tendência da liberdade é levar à sedição, cujas chamas ninguém apaga. Saibam que a liberdade está incorporada no, e simbolizada pelo, animal. O que serve ao homem é a submissão a limitações tais que o protejam da própria ignorância, e o guardem contra os perigos do malfeitor."

(GWB 335-36)

- "Levantai-vos, ó povo, e pelo poder de Deus, decidir ganhar a vitória sobre vós mesmos, para que a terra possa ser eventualmente libertada e santificada da escravidão que a prende aos deuses de suas próprias fantasias ociosas..."

(GWB 93)

- "O que quer que seja que o impeça, neste Dia, de amar a Deus é nada mais do que o mundo... Se alguém quiser se adornar com os ornamentos da terra, envergar seus equipamentos ou participar dos benefícios que deles se possa tirar, nenhum mal lhe atingirá, se ele impedir que qualquer coisa se anteponha entre ele e Deus."

(GWB 276)

- "O mundo é como um espetáculo, vazio e fútil, um simples nada, revestido da aparência de realidade; não ponhais vossas afeições por sobre ele."

(GWB 328)

- "Este é o Dia quando o Oceano da misericórdia divina manifestou-se aos homens, o Dia em que a Estrela Matutina de Sua amável bondade emitiu seu brilho por sobre eles, o Dia em que as nuvens de Seu favor, pleno de bênçãos, lançou sombra por sobre a humanidade.

Esta é a hora de animar e confortar aos que caíram através da brisa reconfortante do amor e da fraternidade, e da água viva da amizade e da caridade..."

Procurai o Verdadeiro Deus para assegurardes que sentireis o sabor dos atos que são desempenhados em Suas veredas; esquecei-vos de vós próprios, e voltai vossas vistas para o vosso próximo."

(GWB 79)

- "Abençoado seja aquele que der preferência a seu irmão, antes de a si mesmo."

(BWF 185)

- "Ó povos do mundo! A religião de Deus é criar amor e união, e não ser causa de inimizade e discórdia."

(BWF 209)

- Associai-vos a todos os homens, ó povo de Bahá, em espírito de amizade e camaradagem; se conhecerdes uma determinada verdade, se possuirdes uma jóia, de que os demais estejam privados, dividi com eles em uma linguagem da maior bondade e boa vontade. Se for aceita, se preencher as finalidades, a sua meta estará atingida. Se alguém a recusar, deixai-o consigo mesmo e suplicai a Deus que o guie. Cuidai para não tratá-lo sem bondade."

(GWB 289)

- "Bendito seja o sábio que não se orgulha de suas realizações; e também o justo que não se ri dos pecadores mas, na medida do possível, oculta-lhe as falhas, para que, assim, suas próprias faltas fiquem veladas aos olhos dos homens."

(GWB 315)

- "Embelezai vossas línguas, ó gentes, com a verdade, e adornai vossas almas com a honestidade. Velai, ó gentes, para que não trameis contra quem quer que seja!"

(GWB 297)

- "Nós em verdade escolhemos a cortesia e dela fizemos o sinal daqueles que estão ao pé d'Ele. A cortesia é em verdade um ornamento que serve a qualquer pessoa jovem ou velha. É bom que cada um adorne seu templo com ela..."

(PBL 26)

- "Sejai a essência da própria limpeza para a humanidade e sob circunstância alguma perdei vossas maneiras refinadas..."

(BNE 103)

- "Sejai generosos na prosperidade e gratos na adversidade. Sejai dignos da confiança de vosso próximo e fitai-o com uma face brilhante e amistosa. Sejai um tesouro para o pobre um admoestador para com o rico, uma resposta para o grito dos necessitados, um preservador da santidade do vosso compromisso. Sejai justos nos vossos julgamentos, e cautelosos naquilo que disserdes.

Jamais sede injustos com qualquer pessoa, mas mostrai amabilidade e meiguice para com todos. Sejai como lâmpadas para os que ambulam nas trevas, como uma alegria para os tristes, um mar para os sedentos, um paraíso para os desvalidos, um defensor para as vítimas da opressão.

Que a integridade e a retidão distingam cada um dos vossos atos. Sejai um lar para o estranho, um bálsamo para o sofredor, uma torre de poder para o fugitivo. Sejai olhos para o cego, e uma luz para os pés errantes. Sede como um ornamento para a face da verdade e como uma coroa para a fronte da fidelidade, um pilar para o templo da retidão, um sopro de vida para o corpo da humanidade, um lábaro para as hostes da justiça, uma luminária por sobre os horizontes da virtude, como o orvalho para o solo do coração humano, uma arca no oceano do conhecimento, um sol no paraíso das mercês, uma gema no firmamento da vossa geração, e um fruto na árvore da humildade."

(GWB 285)

- "A fonte de todo o bem é a confiança em Deus, submissão às Suas ordens, satisfação em Sua Santa vontade e prazer."

- "A essência do amor é para o homem o voltar-se para o coração de seu Bem-Amado, e a libertação de todas as coisas estranhas a Deus, e nada mais desejar, salvo aquilo que for o desejo do seu Senhor."

- "A essência da Fé reside na escassez das palavras e na abundância de feitos..."

- "Uma autêntica perda é para aquele que teve seus dias gastos na ignorância do seu verdadeiro ser."

- "A essência de tudo quanto vos revelamos é a justiça, é a libertação de modismos ociosos e da imitação, é o discernimento da unidade da gloriosa obra de Deus, e o olhar às coisas com olhos de pesquisador."

(BWF 140-142)
EXCERTOS DE "AS PALAVRAS OCULTAS"
DE Bahá'u'lláh
(O eterno chamado de Deus aos homens)
- "Ó FILHO DO ESPÍRITO!

Meu primeiro conselho é este - Possui um coração puro bondoso e radiante, para que seja tua uma soberania antiga, imperecível e eterna."

"O FILHO DO ESPÍRITO!

A mais amada de todas as coisas, a Meu ver, é a Justiça; não te desvies dela, se é que Me desejas, nem a descures, para que Eu em ti possa confiar. Nela te apoiando, verás com teus próprios olhos e não com os alheios; saberás pela tua própria compreensão e não pela compreensão de teu semelhante. Pondera isto em teu coração: como deverás ser. Em verdade, a Justiça é Minha Dádiva a ti e o sinal de Minha misericórdia. Guarda-a, pois, antes os teus olhos."

"Ó FILHO DO HOMEM!

Contenta-te Comigo e não busques outro para teu amparo, pois ninguém, senão Eu, jamais há de te satisfazer."

"Ó FILHO DO SUPREMO!

Ao eterno, Eu te chamo, mas tu buscas o que perece. O que te afastou de Nosso desejo e te fez buscar o teu próprio?

"Ó FILHO DO HOMEM!

Nem sequer sussurres os pecados alheios enquanto tu próprio fores pecador. Fosses tu transgredir este mandamento, mal aventurado serias, e disto dou testemunho."

"Ó FILHO DO SER!

Não atribuas a nenhuma alma o que não desejarias a ti fosse atribuído, nem digas o que não cumpres. É este Meu mandamento a ti; observa-o."

"Ó FILHO DO SER!

Examina-te a ti mesmo, cada dia, antes de seres instado a prestar contas, porque a morte, sem prenúncios, haverá de te sobrevir e serás chamado a responder por teus atos."

"Ó FILHO DO ESPÍRITO!

Com as jubilosas novas da luz. Eu te saúdo; exulta! À Corte da santidade, Eu te chamo; ali permanece a fim de poderes viver em paz para todo o sempre."

"Ó FILHO DO SER!

Teu coração é Meu lar; santifica-o para Minha descida. Teu espírito é a sede de Minha Revelação; purifica-o, para que nele Eu possa me manifestar."

"Ó FILHO DO HOMEM!

São muitos os dias que por ti passaram enquanto te ocupavas com tuas vis fantasias e imaginações.

Quanto tempo haverá de permanecer sonolento em teu leito? Levanta tua cabeça do sono, pois o Sol já subiu ao zênite; talvez faça brilhar sobre ti a luz da beleza."

(HW 3-18)
DA SOCIEDADE:

Os princípios humanitários e espirituais, enunciados décadas atrás na escuridão de um oriente remoto, por Bahá'u'lláh, e moldados por Ele em um esquema coerente, estão, um após outro, sendo adotados por um mundo inconsciente da fonte como verdadeiros marcos de uma civilização progressiva. - SHOGHI EFFENDI

O mundo, nos dias de Bahá'u'lláh, era um lugar muito diferente do que é hoje. Mesmo com os problemas com que nos defrontamos, neste século, quando olhamos para trás, no estado de coisas vigentes na primeira parte do Século XIX, teremos que agradecer a Deus o fim daqueles dias.

Naquela época, a maior parte dos países do mundo era governada por déspotas poderosos. As riquezas estavam nas mãos de uns poucos escolhidos, enquanto que a massa da população medrava em miséria, a mais abjeta. As condições sanitárias eram indescritíveis, as terríveis doenças que varriam as cidades e as vilas, a mais negra das ignorâncias das massas, pelo mundo afora, a crueldade do tratamento recebido pelos menos privilegiados, as supertições e os ódios gerados pelo fanatismo religioso que abundavam em todos os lugares - eram sinais, todos eles, das trevas que envolviam o mundo, quando Bahá'u'lláh declarou Sua Missão e trouxe Seus Ensinamentos para a humanidade.

A Mensagem de Bahá'u'lláh não se dirigia ao indivíduo, em si, embora grande ênfase fosse posta na vida que cada um leva. Ele dedicou, também, muitos ensinamentos práticos à reconstrução da sociedade. Conclamou os reis e os dirigentes do mundo, os líderes religiosos da humanidade para que se unissem para produzir as modificações necessárias.

Disse-lhes que o plano de Deus para a nossa época era a unidade da espécie humana, e que os complexos problemas que o mundo enfrentava, na época, jamais poderiam ser resolvidos até que uma unidade geral fosse firmemente implantada. Repetidamente os preveniu de que, se os que detinham as rédeas do poder recusassem por em prática os princípios ditados por Deus para essa nova época, acabariam por atrair indescritíveis tormentos sobre si próprios e sobre seus súditos.

Em linguagem majestosa e comovente, dirigiu-se a vários monarcas de Seu tempo. A outros, dirigiu-Se coletivamente em Seus muitos escritos. Aos líderes das diferentes religiões do mundo que, naqueles dias, exerciam imenso poder sobre a vida das massas, anunciou que Ele era O Esperado, e os aconselhou a esquecerem os preconceitos que os separavam, a reconhecerem a unidade da religião e que liderassem os povos à unidade.

Quando, tanto os Reis, quanto os líderes religiosos, cheios de orgulho do poder que detinham, se recusaram a ouvir ao apelo de Bahá'u'lláh, Ele, cheio de pesar, predisse as calamidades terríveis que se abateriam por sobre o mundo, e que afligiriam a humanidade, e dos grandes sofrimentos que a espécie deveria atravessar, antes que lhe fosse possível compreender a própria loucura, e que estivesse preparada para aceitar a orientação de Deus.

Embora nenhum dos grandes de Sua época estivesse preparado para levantar o pendão da Causa, Bahá'u'lláh assegurou a Seus seguidores que Deus haveria de trazer, gradualmente, com seus próprios e misteriosos meios, a transformação necessária ao mundo, e que os Seus Ensinamentos seriam, um a um, aceitos por todos, em todos os lugares.

Nas páginas seguintes exporemos alguns dos princípios que Bahá'u'lláh deu para sanar os males da sociedade, e para sobre eles fosse construído o alicerce onde a civilização mundial repousaria.

DA EDUCAÇÃO COMPULSÓRIA

Os ensinamentos de Bahá'u'lláh, são bastante explícitos no que diz respeito à educação. Em uma época em que a educação das massas era completamente desconhecida, mesmo nos países mais adiantados, Bahá'u'lláh animou Seus seguidores a educar os filhos.

Disse Ele:

- "Fica decretado que cada pai deverá educar seus filhos e filhas... Aquele que educar o filho, ou qualquer outra criança, é como se educasse um de Meus próprios filhos."

(BWF 200)

Bahá'u'lláh grifava, especialmente, a importância da educação das meninas, por que elas, como futuras mães, teriam, por sua vez, enorme importância na educação dos respectivos filhos. Mas Bahá'u'lláh explica que a educação é mais do que a pura e simples aquisição de conhecimento acadêmico.

Deve-se ensinar às crianças também os padrões espirituais, e uma grande atenção deverá ser dedicada ao treinamento do caráter delas:

- "As escolas devem treinar as crianças primeiro nos princípios da religião..., mas em medida tal a evitar que as crianças sejam prejudicadas com a implantação do fanatismo ignorante e do farisaísmo."

(PBL 25)

Quando aos pais for impossível arcar com as despesas de educação, a comunidade deverá fornecer os meios, do fundo público.

DOS DIREITOS IGUAIS PARA
HOMENS E MULHERES

A Fé Bahá'í ensina que homens e mulheres são iguais perante Deus, e que nenhum dos sexos é superir ao outro. Cada um deles tem o que contribuir para o desenvolvimento da humanidade, e ambos devem ter os mesmos privilégios na sociedade. No passado, a humanidade sofria porque as mulheres eram tratadas como inferiores, e lhes era negada a oportunidade de desenvolver suas habilidades.

Quando as mulheres tiveram igual oportunidade de se educarem, também elas terão possibilidade de cultivar seus talentos potenciais e de oferecer uma participação integral no progresso da humanidade. Falando sobre esse assunto, 'Abdu'l-Bahá diz:

- "O mundo, no passado, foi governado pela força e os homens se sobrepunham às mulheres por suas qualidades mais agressivas de corpo e de mente. Mas os pratos da balança começam a mudar de posição. A força começa a perder o domínio, e a agilidade mental, a intuição e as qualidades espirituais de amor e de serviço - nas quais a mulher é forte - estão ganhando ascendência.

Daí o fato de que a nova era será menos masculina, e mais permeada de idéias femininas ou, para ser mais exato, será uma idade em que os elementos femininos e masculinos serão mais igualmente equilibrados."

(BNE 156)
DA LINGUAGEM UNIVERSAL

Entre os ensinamentos de Bahá'u'lláh está o que diz que uma língua deverá ser inventada, ou escolhida entre as existentes, a fim de ser ensinada como um segundo idioma nas escolas do mundo inteiro. Cada criança aprenderia, então, além da própria, uma língua que seria universal, através da qual a comunicação se tornaria exeqüível entre todos os povos. A esse respeito, Bahá'u'lláh escreveu:

- "O dia se aproxima quando todos os povos do mundo terão adotado uma língua e um alfabeto comum. Ao acontecer isso, seja qual for a cidade para a qual uma pessoa viaje, será como se estivesse entrando na própria casa."

(BR 76)

A Fé Bahá'í tem como objetivo a unidade na diversidade. As diferentes línguas e culturas devem manter as respectivas individualidades, mas deve ser criado um elo de ligação entre elas, que possa gerar uma completa compreensão.

DA RELIGIÃO E CIÊNCIA

Um dos importantes princípios propugnados por Bahá'u'lláh é de que a verdadeira religião, e a verdadeira ciência devem caminhar em completo acordo. Este ensinamento foi dado em um tempo quando um grave conflito grassava entre clérigos e cientistas, e as pessoas eram como que forçadas a tomar um dos dois lados.

De conformidade com a Fé Bahá'í, a religião verdadeira jamais poderá ser colocada em oposição à ciência e Deus, que deu aos humanos o dom do intelecto, dificilmente esperaria que o deixasse de lado, ao investigar uma verdade religiosa. Nem sempre as teorias científicas mostraram-se procedentes, mas isso está longe de exigir que se aceitem afirmações contrárias à Lógica, só porque foram ditas em nome da religião.

Tanto a ciência quanto a religião foram vítimas, vez por outra, de abusos, mas a verdadeira ciência, que descobre as leis do universo e que auxilia o desenvolvimento material e mental, jamais poderá se opor à verdadeira religião, que revela verdades espirituais.

Os Bahá'ís são ensinados a encarar a ciência e a religião como duas asas da humanidade. A menos que ambas sejam fortes, será difícil atingir as alturas de qualquer progresso. A ciência nos fornece equipamentos e meios, e a religião nos ensina como usar, a ambos, do melhor modo possível.

A ciência, sem a religião, leva ao materialismo e à destruição, e a religião, sem a ciência, gera o fanatismo e a superstição. Diz 'Abdu'l-Bahá:

- "Quando a religião, depurada de suas superstições, tradições e dogmas ininteligíveis, mostrar sua conformidade com a ciência, haverá uma grande força unificadora e saneadora no mundo, que terminará com todas as guerras, discórdias e lutas, e a humanidade se unirá no poder do amor de Deus."

(BNE 214)
DA LIMITAÇÃO DA RIQUEZA E DA MISÉRIA

Igualdade absoluta, no que diz respeito à posse de riquezas é impossível, já que as capacidades e os gostos das pessoas variam muito. A ordem mundial seria subvertida, se todos fossem constrangidos a viver do mesmo jeito. Mas Bahá'u'lláh ensina que a sociedade deve impedir a existência de extremos, quer de um lado, quer de outro.

Com referência a esse assunto, Ele ensinou alguns princípios econômicos que, tal como tantos de seus outros ensinamentos, foram se infiltrando na aceitação de muitas pessoas de raciocínio. Já foi feita menção da importância que tem o trabalho para qualquer pessoa capacitada fisicamente.

Para os Bahá'ís o trabalho é uma obrigação religiosa e, quando é desempenhado com o espírito de servir ao próximo, é considerado adoração; a sociedade deve impedir que ociosos, sejam eles ricos ou pobres, vivam do fruto do trabalho alheio. Bahá'u'lláh ensina o princípio da taxação progressiva.

Quando uma determinada pessoa estiver ganhando apenas o suficiente para permitir-lhe um viver confortável, deverá ser isento de taxas; mas se sua receita exceder suas necessidades, deverá pagar aos fundos públicos uma taxa que crescerá na proporção do excesso sobre as necessidades.

De outro lado, se alguém por causa de doença, ou de uma colheita insatisfatória, ou por outra qualquer razão, pela qual não seja o responsável, estiver incapacitado de prover os necessários meios para seu conforto, e o de sua família, deve ser ajudado pelo erário. A nenhum ser humano deveria ser permitida uma vida abaixo de um determinado padrão.

Bahá'u'lláh também deixou algumas regras, com respeito a capital e trabalho. Diz Ele que o trabalhador deve receber, além do salário, uma percentagem sobre os lucros. 'Abdu'l-Bahá explica, assim:

- "Os proprietários de minas, fábricas e similares, devem repartir suas receitas com seus empregados, e distribuir um razoável percentual de seus lucros com os trabalhadores, de modo que cada um deles receba, além do salário, parte dos proventos gerais da empresa a fim de que o assalariado se dedique, de coração, ao trabalho que executa." (BNE 153)

Os governos do mundo devem organizar comissões especiais para estudar o assunto; essas comissões devem levar em conta a íntegra dos direitos inerentes tanto ao capital quanto ao trabalho:

- "Devem planejar com sabedoria e poder, a fim de que os capitalistas não sofram perdas ponderáveis, nem os trabalhadores venham a passar necessidades. As leis devem ser elaboradas com a maior moderação e, depois, anunciar ao público que os direitos dos trabalhadores serão efetivamente protegidos.

Quando tais leis forem adotadas, de acordo com a vontade de ambas as partes, os governos do mundo todo deverão impedir o aparecimento de greves."

(BNE 153)

Ainda que sejam necessárias leis sociais para que haja uma regulamentação das riquezas, Bahá'u'lláh ensina que o problema econômico é essencialmente espiritual. Quando o povo começa a perecer de fome, é sintoma de que, em algum lugar, existe tirania. É preciso que os ricos se disponham a dar, voluntariamente, de sua abundância, por amor e compaixão do próximo, em vez de dar por ser constrangido.

Quando as pessoas se tornam conscientes dos valores espirituais existentes na vida, e quando passam a sentir laços genuínos com o resto da humanidade, cessam de acumular excessos enquanto os demais sofrem de escassez. 'Abdu'l-Bahá nos assegura que essa conduta voluntária se tornará uma realidade:

- "Será impossível, no futuro, o acúmulo de grandes fortunas a custa do trabalho alheio. Os ricos dividirão suas posses com satisfação. Naturalmente que chegarão a esse ponto gradualmente, mas por vontade própria. Jamais será conseguido pela guerra ou pelo derramamento de sangue." (BNE 152)

DA COMUNIDADE MUNDIAL

Há mais de um século, Bahá'u'lláh exortou aos Reis e governantes do mundo que acomodassem suas diferenças, e que trabalhassem em conjunto para o bem da humanidade; disse-lhes que a época de se formar grandes nações e impérios havia chegado a um fim.

A humanidade, ensinava Ele, havia passado pelos estágios de tribo, de cidade-estado e de nação. Havia chegado a hora de se estabelecer uma comunidade mundial. Em épocas quando se mostrou necessário unir tribos guerreiras e clans para formar nações, o amor pela pátria era meritório e considerado como a mais alta forma de lealdade. Hoje em dia, quando o nacionalismo extremado interfere na união dos povos do mundo, Bahá'u'lláh diz:

- "Não deve orgulhar-se aquele que ama a seu país, mas o que ama ao mundo."

(GWB 95)

Na Nova Ordem Mundial não haverá nações fracas. Os povos do mundo encontrar-se-ão como iguais; cada governo será representado em um parlamento mundial, dedicado à prosperidade de todas as nações e à felicidade da espécie humana como um todo.

A comunidade mundial do futuro preservará a autonomia de cada nação e protegerá a liberdade pessoal das gentes, mas exigirá que os governos nacionais entreguem seus armamentos, exceto os necessários para manter a ordem dentro das respectivas fronteiras.

Um executivo mundial, amparado pela força internacional, implementará as leis que garantam o que for preciso, e que ajustem o relacionamento entre as nações; um tribunal mundial julgará as disputas que, eventualmente, apareçam, mesmo quando as partes afetadas não solicitarem intervenção.

Os vastos recursos do planeta serão controlados para uso em conjunto em benefício de todos os povos, e um sistema uniforme de moeda, pesos e medidas simplificará e facilitará o intercâmbio entre as nações.

A humanidade unida, e libertada da maldição da guerra, empregará seus meios e energias para metas como a elevação do padrão de vida, o avanço da educação, a eliminação das doenças, o desenvolvimento da ciência, o cultivo das artes, promovendo, assim, o progresso material e espiritual da espécie.

Uma civilização mundial tomará, então, lugar, para a qual cada uma das raças e das nações contribuirá com o que de melhor tiverem ou puderem.

DA PAZ MUNDIAL

Quando o povo do mundo aceitar a Mensagem de Deus, e conscientemente cooperar na obra da construção de uma nova sociedade, fundamentada nas leis espirituais e sociais, dadas por Ele, uma profunda e perene paz virá, e a Idade do Ouro da justiça e da paz, predita pelos Mensageiros do passado, terá se materializado.

Antes disso, entretanto, Bahá'u'lláh predisse que o armamento acabará por atingir proporções tão terríveis que os governos se verão constrangidoso a entrar em acordos no sentido de abolir a guerra. Quando este estágio for atingido, disse Ele, a Pequena Paz será estabelecida - uma paz que servirá como introdução ao tempo quando o Plano de Deus para a humanidade será aceito completamente e o governo de Deus universalmente reconhecido.

III

Se quisermos conhecer a íntegra do significado da Mensagem de Bahá'u'lláh, e o impacto que provocou no mundo nos últimos cem anos, é conveniente que nos lembremos do tempo em que Seus ensinamentos foram dados e, daí veremos o quanto já nos adiantamos.

O próprio Bahá'u'lláh afirmou aos Seus seguidores que os meios materiais, tanto quanto as necessidades sociais e políticas, em breve pavimentariam a estrada da unidade mundial.

A invenção de modernos meios de viagem, e de comunicação, no prazo de uma vida, praticamente removeram as barreiras existentes, fisicamente, no mundo inteiro; a necessidade de compreensão e, hoje em dia, amplamente aceita, e a grande dependência das nações no auxílio uma da outra, já forçou a criação de uma organização internacional, todos esses passos, ainda que frágeis, em direção do estabelecimento da Comunidade Mundial, prevista por Bahá'u'lláh.

Mas a humanidade, como um todo, ainda está inconsciente do seu glorioso destino e prende-se a ideais que já pertencem ao passado; o resultado, como Bahá'u'lláh predisse algumas vezes, é desastroso. As guerras e as catástrofes que, uma após a outra, tem nos dominado em rápida sucessão, a partir dos avisos e admoestações de Bahá'u'lláh, foram insuficientes para abrir nossos olhos.

Terríveis calamidades, disse Ele, continuarão a atormentar o mundo até que voltemos nossas faces para Deus e aprendamos a por a nossa confiança n'Ele.

SELEÇÃO DOS ESCRITOS DE Bahá'u'lláh

- "A Terra é só um país, e os seres humanos seus cidadãos."

(GWB 250)

- "O tabernáculo da unidade já foi levantado; não mais vos olheis como estranhos. Vós sois como os frutos de uma mesma árvore e como folhas de um só ramo."

(GWB 218)

- "Ó povos e raças contendores! Voltai vossas faces para a unidade, e deixai que a luz que dela emana brilhe sobre vós. Juntai-vos em comunhão e, pelo amor de Deus, resolvei arrancar pela raiz as causas de polêmica entre vós, quaisquer que sejam elas."

(GWB 217)

- "Os homens foram criados para levar avante uma civilização em perpétuo progresso; comportar-se como as bestas do campo é indigno de seres humanos. As virtudes que lhe compõem a dignidade são a paciência, a compaixão, e uma amorosa bondade para com todos os povos e raças da terra."

(GWB 215)

- "Os seguidores da sinceridade e da confiança devem se associar com todos os povos da terra com alegria e fragrância, uma vez que a associação sempre conduz à união e à harmonia, e a união e a harmonia são a causa da ordem do mundo e da vida das nações."

(BWF 168)

- "Homem de fato é aquele que, hoje, dedica-se ao serviço da inteira espécie humana."

(GWB 250)

- "A vitalidade da crença do homem em Deus está morrendo em todos os países; apenas seus saudáveis remédios poderão restaurá-la. A corrosão do ateísmo está destruindo as entranhas da sociedade humana; o que, além do Elixir da Sua potente Revelação, poderá limpá-la e revivê-la?"

(GWB 200)

- "O Médico Onisciente tem o dedo no pulso da humanidade. Ele notou a doença, e prescreveu, em Sua infalível sabedoria, o remédio. Cada uma das idades tem o seu próprio problema... O remédio de que o mundo está necessitando, para as aflições do momento presente, jamais poderá ser o mesmo que uma subseqüente era possa requerer. Concentre-se, ansiosamente, nas carências da época em que você vive, e centralize suas deliberações em suas exigências e requerimentos."

(BWF 36)

- "Veja como o mundo se aflige com uma nova calamidade a cada dia que passa. Suas tribulações se aprofundam cada vez mais... A doença se aproxima do estado de total desesperança, ainda mais que o autentico Médico está impedido de administrar o remédio, uma vez que curiosos, despreparados, são encarados com favor, e a eles é dada inteira liberdade de ação."

(BR 38)

- "É dever daqueles que detém autoridade o exercício da moderação em todas as coisas. Qualquer coisa que exceda os limites da moderação cessará de exercer influências benéficas. Considere, por exemplo, tais coisas como liberdade, civilização e adjacentes. Ainda que homens de compreensão possam encará-las favoravelmente, elas acabarão por exercer perniciosa influência sobre as pessoas. Por quanto tempo, ainda, permanecerá a humanidade nos seus desvios de conduta? Por quanto tempo, ainda, prevalecerá a injustiça? Por quanto tempo, ainda, o caos e a confusão reinarão soberanos entre os homens? Por quanto tempo, ainda, a discórdia agitará a face da sociedade? Os ventos do desespero sopram, ai de nós, de todos os quadrantes... Os sintomas de eminentes convulsões podem ser percebidos, ainda mais que a ordem prevalecente parece ser lamentavelmente deficiente."

(GWB 216)

- "Tempo virá em que será universalmente reconhecida a imperativa necessidade de se manter uma vasta e completa assembléia de homens. Os governantes e Reis da Terra precisarão participar dela e, contribuindo para suas deliberações, terão que considerar meios e modos que sejam úteis à construção dos alicerces da Grande Paz. Essa Paz exige que as grandes potências resolvam, para a tranqüilidade dos povos, se reconciliar. Se alguma delas tomar armas contra outra, as demais devem se unir para impedir que isso aconteça. Se isso for feito, as nações do mundo prescindirão de quaisquer armamentos, com exceção aos utilizáveis na manutenção da ordem interna e à preservação da segurança. Isso haverá de assegurar paz e tranqüilidade a cada um dos povos, governos e nações."

(GWB 249)

- "Ó vós que sois eleitos representantes do povo, em qualquer que seja a nação! Reuni-vos e consultai, mas que a vossa atenção volte-se, tão somente, àquelas coisas que beneficiem a humanidade e que lhe melhorem as condições, se sois daqueles que sabem selecionar cuidadosamente."

(GWB 254)

- "Não deixai de lado o temor de Deus, ó Reis da Terra, e cuidai para evitar ultrapassar os limites fixados pelo Todo Poderoso... Velai para que nenhuma injustiça seja cometida contra quem quer que seja, ainda que seja apenas do tamanho de um grão de mostarda...

Componde vossas diferenças, e reduzi vossos armamentos, a fim de que o fardo de vossas despesas possa ser aliviado...

Temei a Deus, e cuidai para que não ultrapasseis os limites da moderação, para que não sejais chamados de extravagantes.

Não descanseis sobre vossos exércitos, poderes e tesouros. Depositai vossa total confiança em Deus, que vos criou, e procurai n'Ele o auxílio para todos os vossos problemas...

Sabei que os pobres são como uma delegação do Senhor em vosso meio; velai para não trairdes a confiança d'Ele em vós, tratando-os com injustiça...

Se recusardes atentar para os conselhos que revelamos nesta Epístola, o Castigo Divino vos assaltará de todas as direções, e a sentença da sua justiça será pronunciada contra vós. Tende piedade de vós mesmos, e daqueles que estão por baixo de vós."

(GWB 250-52)

- "O Verdadeiro e Único Deus é minha testemunha, e Suas criaturas testemunharão que, nem mesmo por um instante sequer, Eu Me permiti Me esconder dos olhos dos homens, nem mesmo proteger-Me contra as injúrias deles... Meu objetivo é nenhum outro além do aperfeiçoamento do mundo e da tranqüilidade de seus povos. O bem-estar da humanidade, sua paz e segurança, serão inalcansáveis até que sua unidade seja firmemente estabelecida. E a unidade estará fora de cogitação enquanto os conselhos revelados pela Pena do Altíssimo passarem desapercebidos."

(GWB 286)

- "Deus concede que a luz da unidade possa envolver toda a Terra, e que o selo que diz - O Reino é de Deus! - seja aposto na fronte de todos os povos."

(EWB 11)
PARTE III
A ADMINISTRAÇÃO BAHÁ'Í

"Em breve a ordem presente passará, e uma outra será estendida em seu lugar." - Bahá'u'lláh.

O apelo à unidade foi lançado. O meigo Báb, jovem arauto da nova era, ofereceu sua própria vida a fim de preparar-lhe o caminho; Bahá'u'lláh, que foi O predestinado para ser o Portador da mensagem, sofreu toda forma de humilhação e perseguições que dois déspotas, com os respectivos e poderosos cleros, puderam cumular por sobre Ele.

Mais de vinte mil homens e mulheres foram supliciados até a morte por acreditarem na nova Causa e por se desligarem das milenárias superstições e preconceitos que os mantinham afastados do próximo. E 'Abdu'l-Bahá, aclamado como a própria incorporação das virtudes humanas por quantos O conheciam (no Oriente e no Ocidente), foi constrangido a passar a maior parte de Sua preciosa vida como um prisioneiro, por ser o destemido defensor da Causa da unidade.

Defrontando com toda a espécie de oposição, desde o nascimento, a Mensagem de Bahá'u'lláh foi gradualmente se enraizando nos corações humanos pelos países do mundo afora; pessoas que encaravam com desespero as inúmeras barreiras raciais, políticas e religiosas com que a humanidade se defrontava, e que já haviam aberto a mão das esperanças de uma genuína união, encontraram, nos ensinamentos de Bahá'u'lláh a mensagem que os encheu de renovadas esperanças, e que os inspirou a agir.

Menos de um século depois que Bahá'u'lláh declarou Sua Missão, uma cabeça coroada escreveu:

- "Se alguma vez o nome de Bahá'u'lláh, ou de 'Abdu'l-Bahá, chegar à sua atenção, não ponha de lado as obras dele. Leia os livros d'Eles, e permita que Suas palavras, gloriosas, cheias de paz e de amor, aprofundem-se em seu coração, do mesmo modo que desceram ao meu..." (Maria, Rainha da Rumânia. Do Toronto Daily Star, 4 de maio de 1926)

E ainda mais, da mesma Real Pessoa, palavras escritas na cidade de Wilmette, Estado de Illionois, em 1934, e publicadas, posteriormente, na obra chamada Appreciations of the Bahá'í Faith, editada por The Bahá'í Publishing Committee, em 1947, página 13:

- "Os ensinamentos Bahá'ís trazem paz e compreensão; são como um amplo abraço que junta todos aqueles que há muito procuram por palavras de esperança."

Este amplo abraço já ajuntou, agora, gente de todas as nações, raças e religiões do mundo inteiro, unindo-os em uma Fé comum a todos. Bahá'u'lláh os admoesta a provar a Fé, não por palavras, mas pela conduta:

- "De todos os homens, o mais negligente é o que discute sem proveito e procura se colocar por sobre seu irmão. Dize: Ó Irmãos, que feitos, em vez de palavras, sejam o vosso adorno!" (HW 23-24)

Se o resto do mundo se recusasse a se mexer e trabalhar em favor da unidade, ainda os seguidores de Bahá'u'lláh nenhuma dúvida teriam, com respeito à tarefa que os espera; teriam que construir suas instituições, nos níveis locais, nacionais e internacionais, a fim de trabalharem juntos, como um corpo único.

Os princípios da Administração Bahá'í foram expostos pelo próprio Bahá'u'lláh, de modo que o sistema não pode ser comparado com o de outras organizações religiosas, cujos seguidores decidiam os módulos a serem seguidos pelas respectivas instituições, depois que o Fundador da Fé houvesse falecido.

Existe, ainda, uma outra importante característica, sui generis, na Fé Bahá'í, que a torna diferente das demais. É que Bahá'u'lláh durante o transcorrer da própria vida, apontou 'Abdu'l-Bahá como o Centro de Seu Convênio. Declarou, explicitamente, por escrito, que depois de Seu falecimento, todos os Seus seguidores deveriam se voltar para 'Abdu'l-Bahá para dirimir eventuais dúvidas que surgissem entre eles.

Enquanto que os Bahá'ís são encorajados a discutir os Ensinamentos da Fé, e a expressar seus pontos de vista sobre qualquer assunto, é-lhes vedado, por instruída ou santificada que seja a pessoa, afirmar que suas opiniões sejam as únicas certas, assim como esperar que seus companheiros de Fé aceitem a sua interpretação da Palavra de Bahá'u'lláh.

Só a 'Abdu'l-Bahá foi dada a autoridade de expor ou de interpretar o que Bahá'u'lláh escreveu; deste modo, a Fé Bahá'í ficou a salvo dos riscos do aparecimento de seitas e de cismas. 'Abdu'l-Bahá, em seu Testamento, fez um Convênio semelhante com os Bahá'ís; depois d'Ele, deveriam aceitar a Ordem Administrativa de Bahá'u'lláh, e voltarem-se para Shoghi Effendi como Guardião da Causa.

Outras medidas, para proteger a integridade e a unidade da Fé foram tomadas por ambos, Bahá'u'lláh e 'Abdu'l-Bahá; trataremos de cada uma delas, ao olharmos, com mais profundidade, nas diversas funções das instituições Bahá'ís.

As medidas preliminares, dessas instituições, foram lançadas ao tempo de 'Abdu'l-Bahá, mas foi sob a direção da Guardiania que se estabeleceram firmemente, pelo mundo agora. Nas próximas páginas, veremos como os Bahá'ís se dão as mãos para trabalhar em prol dos ideais nos quais acreditam.

"A ordem Administrativa Bahá'í, ao se expandir e ao se consolidar, além de ser considerada como o núcleo, será tida como um autêntico modelo da Nova Ordem Mundial, destinada a abarcar, com o correr do tempo, a humanidade inteira."

Shoghi Effendi (PBA-1)
RELIGIÃO SEM CLERO

Bahá'u'lláh disse que o dia do sacerdócio profissional já passou; antigamente era necessário que um grupo de pessoas se especializasse em administrar os assuntos religiosos da comunidade, e os sinceros esforços de inúmeros monges e sacerdotes, altruístas e devotados jamais devem ser esquecidos, nem minimizados, uma vez que dedicam suas vidas ao auxílio da massa ignorante, familiarizando-a com a religião.

As necessidades da época atual, entretanto, diferem das anteriores. Hoje em dia, a educação acadêmica e moral são apanágios de cada um, e todos devem ser encorajados a analisar os ensinamentos religiosos sem preconceitos, e a aceitar integral responsabilidade por suas crenças e por sua conduta.

É por isso mesmo que a Fé Bahá'í opera sem a presença de um clero profissional. Cada um dos membros, seja homem ou mulher, é chamado a contribuir com sua parte na condução dos negócios da comunidade. Deveres, tais como a cerimônia do casamento e os rito do funeral, são desempenhados sob os auspícios das Assembléias Espirituais.

DAS ASSEMBLÉIAS ESPIRITUAIS LOCAIS

Em qualquer localidade onde houver nove Bahá'ís, com vinte e um anos (ou mais), eles formam uma Assembléia Espiritual Local; se o número exceder a nove, nove dos membros são eleitos, anualmente, por voto secreto. Cada Bahá'í com vinte e um anos, ou mais, homem ou mulher, pode votar e ser votado para a Assembléia.

Em hipótese alguma poderá haver nomeações para a Assembléia, e nem mesmo amigos íntimos, ou cônjuges, podem influenciar ao outro com referência a quem deva ser votado. Durante o ano, os Bahá'ís têm ampla oportunidade de ficar conhecendo uns aos outros e, no momento da eleição, cada um deve, em atitude de oração, considerar cuidadosamente quem acha que deva estar mais habilitado para servir na Assembléia Local.

Os Bahá'ís de todo o mundo formam, ou elegem, suas Assembléias Locais Espirituais, no dia 21 de abril, quando se comemora o dia em que Bahá'u'lláh declarou Sua Missão.

DOS DEVERES DA ASSEMBLÉIA ESPIRITUAL

É preciso termos em mente que a Administração Bahá'í é um meio através do qual as metas espirituais, e os princípios de Bahá'u'lláh devem ser expressar para o mundo. Os representantes eleitos, em cada localidade, por conseguinte, têm uma obrigação sagrada para com a humanidade, como um todo.

Entre esses deveres, estão:

A - Levar a Mensagem de Bahá'u'lláh à atenção dos que ainda a ignoram.

B - Preservar a Fé contra as intenções dos que, eventualmente, queiram distorcer-lhe o significado.

C - Promover o amor e a unidade entre os membros da comunidade.

D - Estender auxílio aos pobres, aos doentes, aos inválidos, ao órfão e à viúva, sem limitações de cor, casta ou credo.

E - Promover o aperfeiçoamento material e espiritual dos jovens.

F - Prover meios para a educação das crianças.

G - Manter correspondência regular com outros centros Bahá'ís, pelo mundo a fora, trocando notícias e impressões a respeito das atividades desenvolvidas, e transmitindo as boas novas recebidas para seus companheiros de trabalho.

H - Encorajar e estimular o desenvolvimento das várias publicações Bahá'ís.

I - Promover reuniões regulares entre os Bahá'ís, e organizar congraçamentos com a finalidade de promover os interesses sociais, intelectuais e espirituais do próximo.

Estas são algumas das obrigações mais expressivas de cada Assembléia Espiritual. Em muitas localidades, onde a Fé se expandiu o suficiente, a Assembléia poderá requerer o auxílio de vários comitês.

Estes comitês são designados pela Assembléia e preenchidos pelos Bahá'ís da comunidade local; a Assembléia traça o esquema das tarefas de cada comitê, e supervisiona a execução. Os jovens, com menos de vinte e um anos, podem servir nos comitês.

DOS MEMBROS DA ASSEMBLÉIA

Os membros da Assembléia têm, a seu encargo, importantes deveres a cumprir, mas nenhum privilégio especial, dentro da comunidade; ao explicar a conduta e a responsabilidade dos membros da Assembléia, escreveu o Guardião:

- "A função deles não é a de ditar, mas de indagar, de consultar, não somente entre si mas, tanto quanto possível, entre os Amigos (os Bahá'ís) a quem representam. Devem se considerar sob nenhum outro aspecto, a não ser o de instrumentos escolhidos para uma apresentação eficiente e digna da Causa de Deus.

Jamais devem se levar a supor que sejam o ornamento central do corpo da Causa, intrinsecamente superiores aos demais, quer em capacidade, quer em mérito, e que sejam os únicos promotores dos ensinamentos e princípios.

Devem encarar suas tarefas com extrema humildade e procurar, com suas mentes abertas, com alto senso de justiça e de dever, com sua candura, modéstia e com integral devoção ao bem-estar e aos interesses dos Amigos, da Causa, e da humanidade, ganhar a confiança, o apoio genuíno, o respeito daqueles a quem servem e, além disso, conquistar-lhe a estima e uma real afeição.

Devem, a qualquer custo, evitar o espírito de exclusividade, a atmosfera de segredo, libertar-se de eventuais atitudes de domínio, e banir qualquer forma de preconceitos e paixões de suas deliberações.

E, quando for necessário chegar a alguma decisão, devem deliberar com calma, desapaixonadamente, e com toda a cordialidade e, depois, voltar-se para Deus em oração, e com firmeza, coragem e convicção, depositar seu voto e obedecer a vontade da maioria..."

(PB 43-44)
DAS CONSULTAS

A consulta entre os componentes da Assembléia é da mais relevante importância. Na realidade, a Administração Bahá'í não poderá funcionar sem a Consulta. Há dois fatores de liminar importância que devem estar perpetuamente na lembrança dos Bahá'ís:

1 - Cada indivíduo tem o direito de se expressa; é livre para declarar sua consciência e emitir suas opiniões pessoais.

2 - Uma vez expressada sua opinião, nem por isso deve se ater a ela, com desatenção para o que dizem os demais.

Deve, isso sim, estar preparado para analisar as idéias propostas, trocar opiniões com seus companheiros e deliberar cada assunto com espírito de sincera fraternidade e camaradagem. Quando o princípio da deliberação é levado à frente nas Assembléias, as decisões finais são, freqüentemente, muito diferentes de (e muito superiores a) qualquer coisa que os membros, individualmente, tinham em mente, ao se iniciarem as deliberações.

Depois de ouvir os pontos de vista de cada um, e de deliberar em conjunto, a Assembléia chega, com muita freqüência, à uma decisão unânime. Se acontecer de modo diferente, o voto da maioria torna-se a decisão da Assembléia. Essa decisão é, então, apoiada com firmeza, e de boa vontade, pelos componentes da Assembléia e pela Comunidade Local.

A ninguém é dado o direito de criticar a Assembléia, ou de se comportar de modo contrário às decisões dela; a sabedoria dessa decisão é evidente, uma vez que, se cada Bahá'í quisesse dirigir os assuntos da comunidade, de acordo com o seu próprio julgamento, em breve se implantaria a discórdia e o espírito de unidade acabaria por se desintegrar.

Há, porém, a salvaguarda do direito de cada um requerer à Assembléia a reconsideração de uma dada decisão, se estiver convicto de que um grave erro foi cometido; 'Abdu'l-Bahá explica os requisitos de uma consulta genuína, entre os componentes da Assembléia:

- "Os componentes devem trocar idéias de tal modo que nenhuma ocasião para mau estar, ou discórdia, apareça; essa condição se dará quando cada participante possa expressar a sua opinião com absoluta liberdade, expondo seus argumentos com franqueza.

Se alguém se opuser, de modo algum essa oposição deverá ferir o autor da proposição, uma vez que o que é direito será revelado depois que o assunto for inteiramente discutido. A brilhante centelha da verdade aparece somente depois da colisão de opiniões divergentes.

Se, depois de uma discussão, uma proposição qualquer for aprovada por unanimidade, muito bem, mas, (que Deus nos perdoe...!) caso uma diferença de opinião aparecer, a maioria dos votos será a decisão final.

- "A primeira das condições é a de que deve reinar absoluto amor e harmonia entre os componentes da Assembléia; a segunda é a de que, quando se reunirem, voltarem-se para o Reino dos Céus, e pedir o auxílio do Altíssimo. Depois disso, devem prosseguir e, com a maior devoção, cortesia, dignidade, tato e moderação, expressar seus pontos de vistas.

Devem, em qualquer assunto, investigar a verdade, e não insistirem em suas opiniões, já que a teimosia e a persistência podem levar à discórdia e à polêmicas, fazendo com que a verdade permaneça escondida. Os respeitáveis membros devem expor seus pensamentos com integral liberdade e, de modo algum, menosprezar os dos demais.

Se diferenças de opinião aparecerem, a maioria deverá prevalecer, e todos deverão se submeter e obedecer à voz da maioria.

Os debates devem se limitar aos assuntos espirituais que dizem respeito ao treinamento das almas, à instrução de crianças, ao alívio dos necessitados, ao auxílio aos fracos de todas as classes do mundo, bondade para com todas as pessoas, a difusão das fragrâncias de Deus, e a exaltação de Sua Santa Palavra.

Se eles (os componentes) se esforçarem para preencher essas condições, a Assembléia (a que pertençam) se tornará o centro das Divinas Bênçãos, e inúmeras serão as confirmações Divinas que virão em seu auxílio e, dia a dia uma nova efusão de Espírito os abençoará."

(PBA 41-43)
DA FESTA DOS DEZENOVE DIAS

Os Bahá'ís de uma comunidade, reúnem-se, à intervalos regulares, a fim de orar, de trocar idéias a respeito das tarefas que desempenham, e para fortalecer os laços de amizade; essas reuniões se chamam Festa dos Dezenove Dias, porque se repetem a cada dezenove dias.

A Festa se divide em três partes. A primeira delas consiste de um programa devocional de orações das Escrituras Bahá'ís. Durante a segunda parte, a Assembléia Espiritual dá um relatório de suas atividades à Comunidade, e troca idéias com todos, a respeito de suas tarefas e demais problemas.

O coordenador deve cuidar para que a cada um dos presentes à reunião seja dada a oportunidade de se expressar e de tomar parte nas deliberações. As sugestões oferecidas durante a Festa, devem ser cuidadosamente registradas pelo secretário, a fim de passar por cuidadoso escrutínio, durante às reuniões da Assembléia.

Deste modo, cada Bahá'í, individualmente, poderá contribuir para a direção da comunidade, ainda que não seja componente da Assembléia, embora as decisões finais repousem nos ombros do corpo de representantes eleitos. Cartas, notícias e relatórios recebidos de outras partes do país, ou do mundo, devem também ser lidos e discutidos durante esse período.

A terceira e última parte da Festa é puramente social. Sua finalidade é a de promover união e fraternidade entre os membros da comunidade. Milhares desses encontros acontecem, no mesmo dia em modernas residências e em taperas de barro, em arranha-céus e em cabanas feitas de pele, em igloos ou sob o céu, em uma clareira da jangal, ou nos salões de recepção de um edifício elegante.

Onde quer que possam se reunir, qualquer que seja a cor da pele, idioma ou posição social, os que tomam parte da Festa dos Dezenove Dias estão plenamente conscientes do papel que representam em uma grande Unidade que nada poderá destruir.

DO CALENDÁRIO BAHÁ'Í

Antes de prosseguirmos com a Administração, vamos parar um pouco a fim de darmos uma olhada nas datas em que as Festas dos Dezenove Dias devem se realizar. Há muitos tipos de calendários usados pelo mundo de hoje, e nenhum deles corresponde com o outro.

Os Bahá'ís, que vivem em diferentes partes, fazem uso de um novo calendário que foi inaugurado pelo Báb; esse calendário começa com o nascimento da nova Dispensação, e está dividido em dezenove meses, cada um deles trazendo o nome de um dos atributos de Deus.

Entre os dois últimos meses, há quatro dias intercalares (cinco nos anos bisextos), de modo a ajustar o calendário ao ano solar. O Ano Novo é fixado astronomicamente, e começa no equinóxio de Março (normalmente no dia 21 de março). As Festas dos Dezenove Dias são realizadas no primeiro dia dos seguintes meses:

Nomes dos meses:
Dias da Festa
(em árabe)
1o Esplendor
Bahá
21 de março
2o Glória
Jalál
9 de abril
3o Beleza
Jamál
28 de abril
4o Grandeza
'Azamát
17 de maio
5o Luz
Núr
5 de junho
6o Mercê
Rahmát
24 de junho
7o Palavras
Kalimát
13 de julho
8o Perfeição
Kamát
1 de agosto
9o Nomes
Asmá
20 de agosto
10o Força
'Izzát
8 de setembro
11o Vontade
Mashiyyat
27 de setembro
12o Sabedoria
'Ilm
16 de outubro
13o Poder
Qudkat
4 de novembro
14o Discurso
Qawl
23 de novembro
15o Perguntas
Masá'il
12 de dezembro
16o Honra
Sharaf
31 de dezembro
17o Soberania
Sultán
19 de janeiro
18o Domínio
Mulk
7 de fevereiro
(Dias intercalares -
26 de fevereiro a
1 de março)
19o Sublimidade
'Alá
2 de março
DA ASSEMBLÉIA ESPIRITUAL NACIONAL

As Assembléias Espirituais Locais tratam dos assuntos Bahá'ís em cada cidade ou vila. É possível que haja dúzias, ou centenas delas em um só país. Essas Assembléias funcionam sob a jurisdição de uma Assembléia Nacional, que dirige, estimula, unifica e coordena as atividades de todos os Bahá'ís naquele dado país.

Cada ano as comunidades elegem delegados, dentre seus componentes para assistir à Convenção e, esses delegados elegem a nove Bahá'ís de todo o país, para servir à Assembléia Espiritual Nacional durante aquele ano. Como acontece em qualquer eleição Bahá'í, a propaganda e as indicações de nomes são vetadas, e qualquer pessoa que haja atingido os vinte e um anos de idade poderá ser eleito.

Os delegados votam, por voto secreto, para aqueles que de toda a consciência, julgam "...possam melhor combinar as necessárias qualidades de inquestionável lealdade, devoção altruística, mente bem treinada, reconhecida habilidade e madura experiência."

(PBA 63)

A autoridade das Assembléias Nacionais é superior às das Locais e qualquer decisão das Nacionais deve ser atacada pelas Locais de sua jurisdição; as Assembléias Nacionais geralmente tratam de assuntos de importância nacional, deixando a organização dos interesses de cada cidade ou vila à discreção do próprio corpo eleito, mas está sempre em posição de assistir às Assembléias Locais, caso requeiram elas orientação ou auxílio.

As decisões das várias Assembléias Locais são comunicadas ao órgão nacional, de modo que a Assembléia Nacional esteja a par do trabalho desempenhado nas várias cidades do país; a Assembléia Nacional também está em contato com os membros de cada comunidade, através de boletins e comunicações outras, emitidas a cada Festa de Dezenove Dias. As sugestões, oriundas dessas Festas (que disserem respeito ao país, como um todo), são consideradas e debatidas pela Assembléia Nacional.

Os Bahá'ís que não tiverem Assembléia Local onde estiverem vivendo, comunicam-se diretamente com a Assembléia Nacional que lhes enviará notícias e orientará as atividades, até que formem a própria Assembléia Local. Com referência aos deveres da Assembléia Nacional para com os Bahá'ís a quem serve, o Guardião escreveu:

- "Que fique claro, aos leitores que procuram saber, que entre os mais importantes e sagrados deveres que incubem aos que são chamados a iniciar, dirigir e coordenar os assuntos da Causa, está o de exigir deles a obrigação de conquistar por todos os meios, a confiança e a afeição daqueles a quem têm o privilégio de servir.

É dever deles investigar e se familiarizar com as opiniões existentes, os sentimentos prevalecentes, e as convicções pessoais daqueles cujo bem estar é sua solene obrigação promover.

É dever deles purificar, e uma vez para sempre, de suas deliberações e da conduta geral dos negócios, aquele ar de auto-afirmação, aquela aparência de quem está de posse de decisões secretas, e da sufocante atmosfera de afirmação autocrática; em resumo, livrar-se, em termos de gestos e palavras, de tudo quanto possa favorecer a parcialidade, o ego-centrismo e os preconceitos.

É dever deles, enquanto retiverem o sagrado e exclusivo direito de decisão final em suas mãos, de procurar debates, distribuir informações, dirimir discórdias, receber conselhos (até do mais humilde e insignificante dos componentes da família Bahá'í), expor seus motivos, implementar seus planos, justificar suas ações, rever seus veredictos sempre que for necessário, estimular as tendências de dependência mútua e o espírito de equipe, de recíproca confiança e compreensão entre si mesmos e entre todas as Assembléias Locais, assim como entre os crentes, com referências um ao outro."

(PBA 79-80)
DA CASA UNIVERSAL DE JUSTIÇA

Todas as Assembléias Nacionais do mundo estão submetidas à jurisdição de um corpo internacional chamado A Casa Universal de Justiça; assim como as Assembléias Nacionais dirigem e unificam as Assembléias Locais de sua jurisdição, a Casa Universal de Justiça guia e coordena as atividades das várias Assembléias Nacionais do mundo inteiro. A Casa Universal de Justiça fornece planos e determina metas para todo o mundo Bahá'í e as Assembléias Nacionais, em uníssono, colocam esses planos em ação.

Uma importante diferença, todavia, entre a Casa Universal de Justiça e todas outras Assembléias, é que Bahá'u'lláh concedeu a esse supremo corpo internacional o direito de promulgar quaisquer leis que regulem assuntos não especificamente tratados por Ele. Por exemplo, Bahá'u'lláh ensina que o capital deve partilhar seu lucro com os trabalhadores. Todavia omite pormenores que se refiram ao quantum, uma vez que a percentagem poderá variar no tempo e no espaço. A Casa Universal de Justiça deverá, por conseguinte, decidir sobre isso, e modificar as percentagens decididas, se chegar à conclusão que assim deve ser feito.

Em outras palavras, a Casa Universal de Justiça não poderá alterar as leis ditadas por Bahá'u'lláh, mas pode legislar sobre assuntos que Ele deixou por decidir. A Casa Universal de Justiça poderá modificar as próprias leis, quando assim for julgado conveniente. Existe, ainda uma outra diferença entre a Casa Universal de Justiça e as demais Assembléias.

Foi prometido aos Bahá'ís que a Casa Universal de Justiça teria, para sempre, a assistência divina, para que suas decisões fossem corretas!

Quando um Bahá'í sente que a sua Assembléia Local tomou uma decisão errada, pode solicitar que o assunto seja reconsiderado; se continuar insatisfeito com o resultado, pode apelar à Assembléia Nacional e, da Assembléia Nacional poderá fazer um ulterior apelo à Casa Universal de Justiça; as decisões da Casa Universal de Justiça são, entretanto, consideradas finais por todos os Bahá'ís.

A primeira das Casa Universal de Justiça foi eleita em 1963, em uma Convenção Internacional realizada no Centro Mundial da Fé Bahá'í, na Terra Santa; foi imediatamente após a histórica eleição em que milhares de Bahá'ís, vindos de todas as partes do mundo, se reuniram no Albert Hall, em Londres, para comemorar o centenário da Declaração de Bahá'u'lláh.

DA LEALDADE PARA COM OS GOVERNOS

As instituições da Fé Bahá'í, nas condições atuais, estão primordialmente interessadas na divulgação dos Ensinamentos de Bahá'u'lláh, preservando a unidade dos Seus seguidores e coordenando suas atividades humanitárias pelo planeta afora.

Os Bahá'ís acreditam que os povos do mundo acabarão por aceitar os princípios da Ordem Administrativa, ditados por Bahá'u'lláh como padrões para a futura Comunidade Mundial. Até lá é necessário que sejam leais e obedientes às leis dos países em que viverem. É Bahá'u'lláh quem diz:

- "Em qualquer país em que viver alguém desta Comunidade, é imprescindível que esse alguém se conduza, no que diz respeito ao Governo do país, com lealdade, sinceridade e obediência." (BNE 147)

'Abdu'l-Bahá vai mais adiante:

- "Precisamos obedecer e querer bem aos governantes todos da Terra, e encarar a deslealdade a um Rei justo tal como se fosse uma deslealdade para com o próprio Deus, e desejar mal a um Governo é como uma transgressão à Causa de Deus." (BR 308)

Negar a cooperação solicitada por um governo qualquer só é justificável quando essa cooperação transgredir algum dos princípios fundamentais da Fé. É-lhes vedado, por exemplo, auxiliar na exterminação de uma minoria, em virtude de cor ou de convicções religiosas.

É-lhes vedado, também, tomar um partido contra o outro, uma vez que isso porá em perigo a unidade que devem estabelecer no mundo inteiro, e que deve estar por sobre quaisquer diferenças, sejam elas de cor, religiosas ou políticas. Devem, entretanto, obedecer voluntariamente as leis que não conflitam com os padrões espirituais em que acreditam.

DAS MÃOS DA CAUSA DE DEUS

Bahá'u'lláh, durante Sua vida, escolheu algum de Seus seguidores de maior confiança para que dessem uma especial assistência aos trabalhos da Fé. Designou-os como "As Mãos da Causa de Deus". Em Seu testamento, 'Abdu'l-Bahá ordenou ao Guardião que apontasse as Mãos da Causa para auxiliá-lo na enorme tarefa que lhe havia sido delegada.

O Guardião escolheu um número de homens e de mulheres, entre os Bahá'ís do mundo inteiro, e muitos dessas Mãos da Causa estão ainda vivos e se desempenhando das obrigações a eles designadas. As Mãos da Causa não são eleitos para as instituições administrativas da Fé, mas trabalham em estreita colaboração com a Casa Universal de Justiça, e obedecem às decisões dela emanadas.

DA UNIDADE ENTRE OS Bahá'ís

Daquilo que já foi anteriormente dito a respeito da Administração Bahá'í, ficou claro que cada um dos membros de todas as comunidades do mundo têm o direito de verbalizar suas opiniões, de votar para suas respectivas Assembléias Locais e Assembléias Nacionais, e de ser votado para elas.

Através de seus eleitos para as Assembléias Nacionais, elegem também, ainda que indiretamente, os componentes da Casa Universal de Justiça. Tendo eleito suas instituições administrativas, os Bahá'ís são encorajados a provê-las com idéias novas e com sugestões para o progresso de seus trabalhos, embora as decisões finais fiquem a cargo dos corpos eleitos.

As Assembléias Locais, e todas as Assembléias Nacionais no mundo inteiro respondem à Casa Universal de Justiça. Desse modo, a unidade da Fé Bahá'í fica preservada, uma vez que é impossível a alguém ser, ao mesmo tempo, um dos seguidores de Bahá'u'lláh e recusar Sua Ordem Administrativa.

Se alguém chamar a si próprio de Bahá'í, mas violar abertamente os princípios de Bahá'u'lláh, nenhum dos componentes da comunidade poderá admoestá-lo mas, sua Assembléia Local ou Assembléia Nacional devem, com sabedoria e caridade, ajudá-lo a ver seu engano e modificar o comportamento adotado.

Mas, contudo, esgotados todos os meios suassórios, se a Assembléia Nacional concluir que o referido Bahá'í está prejudicando, conscientemente, a reputação da Fé, poderá tirar-lhe o direito de voto. E isso significa que a pessoa jamais poderá votar, ou ser votada para quaisquer instituições Bahá'ís, até que esteja preparada para emendar sua conduta.

Bahá'u'lláh diz que o maior dos males que alguém possa fazer à Sua Causa, é o de se chamar Bahá'í e, depois disso, tentar introduzir a desunião entre Seus seguidores. Isso é uma grave infração à uma Fé baseada na unidade, e que se esforça para apresentar um modelo de unidade através da conduta dos seus seguidores.

A fim de proteger Sua Causa do risco de se fragmentar em seitas, Bahá'u'lláh instruiu a Seus seguidores que, depois d'Ele, deveriam todos voltar-se para 'Abdu'l-Bahá, quando desejassem orientação; 'Abdu'l-Bahá, por sua vez, renovou a instrução aos Bahá'ís, solicitando-lhes que obedecessem a Shoghi Effendi e à Casa Universal de Justiça.

Shoghi Effendi já não mais está entre nós, mas a Casa Universal de Justiça prosseguirá até o fim da Dispensação Bahá'í, a qual, segundo afirmou Bahá'u'lláh, durará, pelo menos, mil anos; assim, quem quer que se intitule Bahá'í e, ao mesmo tempo, se recuse a obedecer à Casa Universal de Justiça, estará desrespeitando o Convênio de Bahá'u'lláh, e tentando sobrepor sua autoridade à da Casa Universal de Justiça, estará procurando a abertura de uma brecha nas fileiras Bahá'ís. A fim de impedir que isso aconteça, os seguidores são instruídos a não terem ligação alguma com uma tal pessoa. É só assim que um indivíduo desses, conhecido como um rompedor do Convênio, estará impossibilitado de causar qualquer mal à unidade da Fé.

Se, mais tarde, vier a se arrepender de sua conduta, e anunciar sua lealdade à Casa Universal de Justiça, poderá, então, voltar à conviver com a comunidade Bahá'í uma vez mais; de outro lado, uma pessoa que haja sido Bahá'í, mas que muda de idéia, e deseja cessar de ser conhecido como membro da Fé, jamais será, é evidente, um apóstata; os Bahá'ís continuarão a conviver com essa pessoa, sem hesitação.

É só quando uma determinada pessoa insiste que é um dos seguidores de Bahá'u'lláh, e depois tenta criar uma divisão entre os componentes da Fé, através de se opor à Casa Universal de Justiça, é que os Bahá'ís se recusarão a conviver com ela. A sabedoria dessa medida já foi demonstrada no passado.

Um dos exemplos mais expressivos ocorreu quando alguns dos parentes mais próximos do próprio Bahá'u'lláh, e por causa das suas ligações de sangue com o Fundador da Fé, imaginaram poder se tornar líderes dentro da causa, formando uma facção de seguidores particulares.

Tão cedo saíram a campo para menosprezar o Convênio de Bahá'u'lláh com Seus seguidores, recusando-se a reconhecer a autoridade de 'Abdu'l-Bahá, os Bahá'ís do mundo inteiro recusaram-se a manter qualquer relação com eles e com os poucos que eles conseguiram desviar.

O resultado foi que parte dessa gente veio a compreender o erro cometido, voltando às hostes Bahá'ís e os demais, gradualmente, foram se sepultando na poeira do tempo sem deixar traço perceptível; a unidade da Fé foi posta à prova mais de uma vez no passado, emergindo de cada uma das provações ainda mais robusta do que o era antes.

DAS CASAS DE ADORAÇÃO

De acordo com as instituições de Bahá'u'lláh, uma Casa de Adoração deverá ser erigida em cada localidade a fim de que as pessoas possam se reunir para adorar a Deus em conjunto, sem quaisquer barreiras de crenças religiosas. Nessas Casas de Adoração devem ser feitas leituras dos Livros Sagrados de todo o mundo.

Como a Fé Bahá'í opera sem clero, o programa de leitura deve ser coordenado por um comitê, e executado por homens e mulheres comuns; ninguém faz sermões ou conduz rituais ou cerimônias. Palestras, discussões, ou classes de estudo da Fé (e das demais religiões) devem ser levadas a efeito alhures, uma vez que a Casa de Adoração é privativa de orações e de meditação.

O estilo arquitetônico do prédio pode variar, mas existem algumas características que as Casas de Adoração devem ter em comum; por exemplo, devem ter nove lados, com portas em cada um deles. O número nove é simbólico de união porque os demais algarismos estão incluídos nele. O fato de que o edifício não dispõe de 'costas' de 'lado de trás', significa que está aberto para a humanidade, sem exceções.

As Casas de Adoração deverão ser contornadas por lindos jardins, e por edifícios outros, dedicados à finalidades educacionais, caritativas, sociais, a fim de que a adoração a Deus seja associada com a beleza da natureza e com serviços em favor do próximo. Até o presente, os Bahá'ís conseguiram erigir Casas de Adoração nos cinco continentes, e cinqüenta outros locais foram adquiridos para futuras edificações, em várias partes do mundo.

DOS FUNDOS

As necessidades financeiras, de uma sempre crescente comunidade mundial, são satisfeitas através de fundos locais, nacionais e internacionais. Esses fundos são captados através de contribuições voluntárias dos membros da Fé. Nenhum dinheiro é aceito dos que não crêem em Bahá'u'lláh, mas a Seus seguidores é dado escolher a finalidade para a qual desejam doar, e também a quantia eu queiram estipular. É mantido sigilo dos montantes ofertados aos fundos.

Os Bahá'ís consideram um grande privilégio o fato de serem chamados a servir à causa da Unidade, e o fato de doar alguma coisa oriunda de seus recursos materiais é um modo prático de contribuir à sustentação da Causa.

DOS DIAS SANTOS

A Fé Bahá'í é alegre e feliz; a maior alegria da vida de um Bahá'í encontra expressão em sete dias de festividades através do ano. Falando de um desses dias, disse 'Abdu'l-Bahá:

- "Nas sagradas leis de Deus, em todos os ciclos e dispensações, há festas abençoadas, dias santos e feriados. Nesses dias o comércio, a indústria, a agricultura, e demais ocupações deverão ser suspensas.

Todos devem se regozijar em conjunto, reunirem-se como em uma assembléia, a fim de que a harmonia e a unidade nacional se evidenciem aos olhos de todos.

Como o dia é santificado, não deve ser negligenciado, ou despojado de resultados, fazendo-se com que seja devotado apenas à busca de meros prazeres.

Durante esses dias deverão ser fundadas instituições que sejam de permanente benefício do povo... Sem dúvida que os amigos de Deus, em um dia como esse, devem deixar traços tangíveis, sejam filantrópicos ou ideais, que possam atingir a toda a humanidade, e não somente aos Bahá'ís." (BNE 187-88)

Há nove dias no ano em que os Bahá'ís deixam de trabalhar; em sete há festivais alegres, e nos dois outros comemoram-se o martírio do Báb e a morte de Bahá'u'lláh. A ordem cronológica é a seguinte:

21 de março - É o dia de Ano Novo; é, também, o dia em que o período de jejum termina.

21 e 29 de abril, e 2 de maio - O mais importante dos períodos de festa, entre os Bahá'ís, é durante os doze dias que Bahá'u'lláh passou no Jardim de Ridvan, ao pé de Bagdád, antes de Seu exílio para Constantinopla; foi quando Ele anunciou (publicamente) Sua Missão. No primeiro, no nono e no décimo segundo dias o trabalho é suspenso.

23 de maio - Comemora-se a Declaração do Báb, quando Ele declarou Sua Missão ao primeiro de Seus discípulos.

29 de maio - Falecimento de Bahá'u'lláh, que ocorreu na Terra Santa.

9 de julho - Martírio do Báb.
20 de outubro - Nascimento do Báb.
12 de novembro - Nascimento de Bahá'u'lláh.

Há, ainda, dois outros aniversários, ambos associados ao nome de 'Abdu'l-Bahá, de importância para os Bahá'ís, mas que não são considerados como dias santos, onde e quando o trabalho deve ser suspenso. O primeiro deles é a 26 de novembro, conhecido como o Dia do Convênio. Nesse dia os Bahá'ís celebram a indicação de 'Abdu'l-Bahá como o Centro do Convênio de Bahá'u'lláh com Seus seguidores. O segundo, a 28 de novembro, marca o dia do passamento de 'Abdu'l-Bahá.

DO INGRESSO NA COMUNIDADE BAHÁ'Í

Muitas pessoas, ouvindo falar dos elevados padrões adotados por ordem de Bahá'u'lláh, acham que jamais alcançariam tal perfeição e, por conseguinte, supõem-se impossibilitados de chamarem-se Bahá'ís. A verdade, porém, é que entre os seguidores de Bahá'u'lláh, somente um viveu perfeitamente como um Bahá'í, e esse foi 'Abdu'l-Bahá.

Os Bahá'ís estão plenamente conscientes de suas limitações, e essa é uma das principais razões pelas quais acham que carecem do auxílio de Bahá'u'lláh, uma vez que é o próprio objetivo de Deus, o de enviar a Seu Mensageiro para ajudar ao Homem na hora de sua maior necessidade.

O divino Médico aparece para medicar os males do coração e da alma; os que reconhecem-No haverão de querer tomar o remédio sabendo muito bem que, se tiverem coragem e perseverança, a prescrição divina trará, passo a passo, a saúde e a felicidade, para ele próprio e para a família humana a que pertença.

Quando alguém crê em Bahá'u'lláh como Mensageiro de Deus, torna-se um Bahá'í. Não é necessário trocar de nome ou passar por qualquer iniciação; para os arquivos administrativos, espera-se que declare a Fé à Assembléia Local da cidade onde vive. Na ausência de uma Assembléia Local, notifica a Assembléia Nacional do país onde estiver residindo.

Como participante de uma comunidade Bahá'í, estará pronto para unir forças com seus companheiros crentes espalhados pelo mundo, e trabalhar pela união da humanidade.

SELEÇÕES DOS ESCRITOS DE Bahá'u'lláh

- "O equilíbrio do mundo foi perturbado pela vibrante influência desta grande, desta nova Ordem Mundial. A vida organizada dos humanos foi revolucionada por obra deste único, deste maravilhoso Sistema - coisa que olhos mortais jamais haviam testemunhado."

(GWB 136)

- "Uma nova vida está, hoje em dia, revolvendo por dentro dos povos da terra; e, ainda assim, nenhum descobriu-lhe a causa ou percebeu-lhe os motivos...

Ó amigos! Não sejais descuidados das virtudes com as quais fostes dotados, nem vos descuideis do vosso alto destino. Impedi que vossos labores sejam desperdiçados pelas vãs imaginações que alguns corações têm criado.

Vós sois as estrelas do firmamento da compreensão, a brisa que agita a aurora, as águas que fluem mansamente, e sobre as quais a própria vida dos homens depende..."

- "Guiai-vos pela sabedoria em todos os vossos atos, e agarrai-vos, tenazmente à ela. Praza a Deus que sejais fortificados para levar avante o que for da vontade d'Ele, e que sejais graciosamente assistidos para apreciar a dignidade que é conferida por sobre os que, amados por Ele, são chamados a servi-lO e a engrandecer-Lhe o nome."

- "O Livro de Deus está amplamente aberto, e Sua Palavra chama pela humanidade. Não mais do que uma mancheia, entretanto, foi encontrada com fervor pela Sua Causa, os sôfregos para se tornarem instrumentos de Sua promoção...

Inclinai vossos ouvidos, ó amigos de Deus, à voz d'Aquele a Quem o mundo fez mal, e juntai-vos a quem exaltar-Lhe a Causa... Esta é uma Revelação que infunde força ao frágil e que coroa de posses aos destituídos.

Com a maior amizade, e em espírito de perfeito companheirismo, deliberai em conjunto, e dedicai os preciosos dias de vossas vidas ao aperfeiçoamento do mundo e à promoção da Causa d'Aquele que é o mais Antigo e Soberano Senhor entre todos."

(GWB 183-84)

- "Os homens da Casa de Justiça de Deus devem, noite e dia, fitar ao que foi revelado do horizonte do céu e da Suprema Pena para o aprendizado dos servos, para a edificação dos países, para a proteção dos homens, e para a preservação da honra humana."

(BR 156)

- "Dedicai-vos à promoção do bem estar e da tranqüilidade dos filhos do homem. Inclinai vossas mentes e vossas vontades à educação dos povos da terra para que as dissensões que os dividem possam, pelo poder do Maior dos Nomes, ser alijadas da face do planeta, e para que toda a humanidade se torne a mantenedora da Ordem única, e os habitantes de uma só Cidade."

(GWB 333-34)

- "Aqueles a quem Deus dotou de visão interior reconhecerão, imediatamente que os preceitos ditados por Ele constituem o mais alto meio de manutenção da ordem no mundo, e da segurança entre os povos..."

Ó povos do mundo! Sabei que Meus mandamentos são as lâmpadas de Minha misericordiosa providência entre meus servos, e as chaves da Minha mercê para as Minhas criaturas...

Jamais penseis que vos revelamos um simples código de leis nem que abrimos o Ninho de escol com os dedos da força e do poder; a isso sirva de testemunha aquilo que a Pena da Revelação revelou. Meditai nisso, ó homens de visão...!

(GWB 331-33)

- "Cada palavra que sai da boca de Deus tem o poder de instilar nova vida em cada estrutura humana, se vós fordes um deles, compreendei essa verdade. As maravilhas que vedes neste mundo manifestaram-se pela operação de Sua suprema e muito exaltada Vontade, de Sua magnífica e inflexível meta...

Nos dias que virão, em verdade havereis de ver coisas que jamais havíeis ouvido antes."

(GWB 141-42)

- "Quando a vitória chegar, cada homem há de se declarar crente, e se apressará a abrigar a Fé de Deus. Felizes aqueles que nas provações que envolvem o mundo inteiro, mantiverem-se fiéis à Causa e se recusaram a abandonar-lhes as verdades."

"Ó meu Deus! Ó meu Deus! Une os corações de Teus servos e revela-lhes Teu grande propósito. Que sigam Teus mandamentos e permaneçam firmes em Tua Lei. Ajuda-os, ó Deus, em seus esforços e dá-lhes o poder de Te servir. Não os abandones a si mesmos, mas guia seus passos pela luz do conhecimento e regozija, com Teu amor, seus corações. Em verdade, és seu Amparo e seu Senhor!"

LIVROS PARA LEITURA POSTERIOR

Nesta breve introdução à Fé Bahá'í, foi apresentada uma visão superficial do início da Fé, do que Bahá'u'lláh ensinou e de como Seus seguidores estão trabalhando, agora, pelo mundo afora. Foi impossível, para um livro deste tamanho, especular pormenorizadamente sobre qualquer aspecto particular.

Muitos tópicos de importância foram apenas ventilados. Existem, entretanto, inúmeros de outros livros Bahá'ís, que tratam de diversos assuntos com profundidade ponderavelmente maior. Uma lista deles é dada abaixo. Um completo catálogo da literatura existente poderá ser obtida no seguinte endereço:

Editora Bahá'í do Brasil

Praia do Flamengo, 120 - casa 2 - 20.000 Rio de Janeiro / RJ.

a - A Revelação Bahá'í - Excertos dos escritos de Bahá'u'lláh e de 'Abdu'l-Bahá, a respeito da natureza da religião, da natureza espiritual do homem, seu desenvolvimento, e das transformações da sociedade.

b - Kitáb-i-Iqán - O Livro da Certeza - Bahá'u'lláh explica o grande plano redentor de Deus, revelando a unidade das religiões, sua continuidade e evolução através dos sucessivos Profetas de Deus, e elucida alguns trechos alegóricos das Escrituras Judaicas, Cristãs e Muçulmanas.

c - As Palavras Ocultas de Bahá'u'lláh - A essência de toda a verdade revelada, expressa em meditações breves, mas penetrantes.

d - Padrão de Vida Bahá'í - Seleções dos escritos de Bahá'u'lláh e de 'Abdu'l-Bahá. Caracteriza a totalidade da arte de viver e as metas do desenvolvimento espiritual.

e - Orações Bahá'ís - Uma seleção de preces reveladas pelo Báb, por Bahá'u'lláh e por 'Abdu'l-Bahá.

f - Presença de Deus - De autoria de Shoghi Effendi. Este livro recria cenas e fatos dos primeiros cem anos da Dispensação Bahá'í.

g - Bahá'u'lláh - De autoria de H. M. Balyusi. Este livro oferece, na primeira parte, um breve relato da vida terrena de Bahá'u'lláh. Na segunda parte há um ensaio sobre a eterna Manifestação de Deus, aquele Espírito Divino que, durante um determinado tempo, aqui na terra, se ocupa do templo humano de Bahá'u'lláh, de Jesus de Nazaré, de Maomé ou de Gautama.

h - Que brilhe o Sol - De autoria de W. Sears. Um comovente relato histórico da Missão e do Martírio do Báb, Arauto da Fé Bahá'í. O apêndice traz extensas afirmações das profecias bíblicas referentes à vinda do Báb e de Bahá'u'lláh.

i - Bahá'u'lláh e a Nova Era - De autoria de J. E. Esslemont. Uma introdução modelo, delineando a história e os Ensinamentos da Fé. Este livro foi traduzido em cinqüenta e oito idiomas.

j - Ladrão na Noite - De autoria de William Sears, trata, em forma agradável, estilo de um romance policial, das profecias cristãs, baseadas no Antigo e Novo Testamento, sobre a vinda do Novo Mensageiro de Deus.

ABREVIAÇÕES

As seguintes abreviações foram usadas neste livro, mencionando-se o título original em inglês e o ano da edição, de onde foram tiradas as passagens transcritas:

B Bahá'u'lláh (1963)

BNE Bahá'u'lláh AND THE NEW ERA (American Paper Edition, 1970)

BP Bahá'í PRAYERS (American Edition, 1970)
BR THE Bahá'í REVELATION (1955)
BWF Bahá'í WORLD FAITH (1969)
DB THE DAWN-BREAKERS (American Edition, 1962)

ESW EPISTLE TO THE SON OF THE WOLF (American Edition, 1969)

GWB GLEANINGS FROM THE WRITINGS OF Bahá'u'lláh
(American Edition, 1952)
HW THE HIDDEN WORDS (American Edition, 1954)
PBA PRINCIPLES OF Bahá'í AMINISTRATION (1963)
PBL THE PATTERN OF Bahá'í LIFE (1968)

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