A série ANO INTERNACIONAL DA PAZ é uma coleção dedicada às questões
levantadas pela necessidade urgente do estabelecimento da PAZ MUNDIAL no mundo de
hoje.A sua finalidade é oferecer livros curtos, objetivos e precisos, destinados àqueles
que sentem o desejo de ampliar a sua consciência de um dos grandes problemas mundiais:
as guerras e a sua solução.A sua visão do homem é global e visa abranger toda a sua realidade: econômica,
social, religiosa, artística, científica e espiritual. Todos esses aspectos são analisados dentro
da perspectiva da paz e de um mundo unido, sem barreiras políticas, de cor, credo ou classe
social.Têm como propósito apresentar um novo panorama, novos conhecimentos e novas
bases para o pensamento humano e o grande desafio de afastar definitivamente da vida
humana o espectro da guerra. Foram convidados autores profundamente envolvidos com o
estudo, pesquisa e desenvolvimento dos conceitos de uma Nova Era para o mundo, a paz,
sempre dentro das suas especialidades ou áreas de formação. Acreditamos que nada é tão
importante nos dias atuais diante da designação pela ONU do Ano Internacional da Paz,
que sejam trazidos ao público obras deste caráter.
Todos os autores residem no Brasil, e estão envolvidos pela realidade brasileira, e
embora seja uma convicção corrente do brasileiro não incluir no rol das preocupações o
problema da guerra mundial, a profundidade e as reflexões agudas e inteligentes que cada
autor propõe parecem desmentir tal convicção, que torna a série ainda mais atraente.
Há certas questões da vida humana que têm recebido pouca atenção no atual
turbilhão que a crise moral e ética da humanidade se envolveu. O desenvolvimento da
ciência e a tecnologia colocaram à disposição meios de viver e também armamentos para os
quais não estava ainda preparado espiritualmente.Segundo o biólogo e Prêmio Nobel, Jean Rostand, "a ciência nos tornou deuses sem
que antes tivéssemos merecido sermos homens". Entre estas questões se coloca, sem
dúvida, o destino e o futuro da humanidade diante da atual potencialidade das armas
nucleares.A função de toda obra deve ser de aumentar o nosso conhecimento, não apenas para
podermos melhor manipular o homem e a natureza, mas para fazer renascer a nossa fé e
esperança na humanidade, e mostrando um novo caminho para a sua evolução.
E a evolução do homem hoje, obrigatoriamente, está direcionada na medida dos
seus esforços pelo entendimento internacional e a criação de um mundo unido.
Os preconceitos, as tensões e os antagonismos não têm mais lugar na nova
existência humana e devem ser relegados ao passado de imaturidade da humanidade.
Esta série, ANO INTERNACIONAL DA PAZ, visa a aprofundar a compreensão do
sentido da vida do homem, o seu propósito e finalidade na face da terra e a sua posição na
história.Está sendo publicada baseada na convicção de que a atual geração pode realizar a
grande tarefa de reorganização do relacionamento humano, do alargamento dos seus
horizontes, da universalização dos seus objetivos, fazendo surgir uma consciência moral
que leve à unidade e a fraternidade de todos os povos, raças, culturas, religiões e classes.
Enfim, à planetização da humanidade. Uma só família humana. Uma só raça: a Grande
Raça Humana.As grandes conquistas da humanidade não são resultado da força e nem mesmo
realizações puramente intelectuais: são realizações da totalidade do EU humano, nos seus
múltiplos aspectos morais e espirituais.Se servir para a sua reflexão e uma maior compreensão do mundo em que vive e
para onde este mundo se dirige, prezado leitor, esta série terá cumprido a sua principal
função.Se pararmos e olharmos com olhos atentos a situação mundial iremos constatar que
estamos sentados sobre um verdadeiro barril de pólvora. As guerras convencionais
espoucam a cada lado. A ameaça de uma hecatombe nuclear pesa sobre as nossas cabeças
como a espada de Dâmocles. O caos e confusão entre os povos que agora são obrigados a
conviver juntos sem leis internacionais legítimas e nem uma consciência espiritual em
comum, são cada vez maiores. Segundo um diagnóstico psiquiátrico, vivemos em um
mundo doente, mais precisamente psicótico. O arsenal nuclear atualmente estocado serve
para destruir o mundo várias vezes. Os relatórios sobre o inverno nuclear e outras
conseqüências terríveis atingindo, tanto o hemisfério ocidental como oriental, surgem a
cada dia. Os gastos com armamentos, se aplicados na agricultura e saúde, serviriam para
melhorar a qualidade de vida no planeta: acabariam com as doenças e a fome. Mas cada vez
os gastos são maiores. Estes fatos são constantemente trazidos a público por entidades
independentes, como, por exemplo, a IPPNW (Médicos Internacionais para a prevenção da
Guerra Nuclear), por entidades ligadas à ONU e por grupos pacifistas.
Soluções abrangentes e claras também já existem, como o documento A
PROMESSA DA PAZ MUNDIAL entregue à todos os povos e governantes da Terra na
comemoração do 40º Aniversário da ONU, pela Casa Universal de Justiça, órgão supremo
da Fé Mundial Bahá'í.Mas percebe-se uma surdez e alienação coletiva diante das evidências de uma
catástrofe próxima e da necessidade de recrutar forças para o estabelecimento da Paz
Mundial.Parece que o terror e o medo das conseqüências de uma guerra nuclear são tão
grandes que impedem os homens de encarar de frente a realidade dos fatos. Em nível
individual, denomina-se a este fenômeno: negação. No presente trabalho, denomina-la-
emos negação coletiva, por ter características diversas daquelas da negação individual
(diante de doenças ou traumas), assim como os comportamentos coletivos diferem dos
individuais, como comprovou K. Jung.O Instituto Tavistok de Relações Humanas, após extensos estudos, constatou que
grupos também tendem a apresentar fantasias, fugas, negações e ansiedades psicóticas.
1. O FENÔMENO DA NEGAÇÃOO fenômeno da negação, no plano individual, é muito conhecido na medicina.
Assim, por exemplo, um professor de patologia, acometido de um terror canceroso e vendo
o laudo, e mesmo observando no microscópio as células malignas, passa, por um
mecanismo de negação, a achar que é portador apenas de uma inflamação ou algo benigno,
negando-se a tomar consciência da gravidade da sua doença. Segundo a psicanalista inglesa
Hanna Segal, é uma regressão das capacidades mentais do ser humano, que se fecham à
realidade que lhe seria insuportável passando a não querer ver, ou como ela chama ver com
olhos cegos.Ocorre muito em doentes de todas as idades, acometidas de moléstias graves e
incapacitantes. Assim, jovens com acidentes graves que os levam a paralisias e à cadeira de
rodas, passam a negar a existência da lesão e não querem enfrentar a realidade, privando-se
de tratamento adequado, ou buscando explicações irracionais ou fugas para não aceitar o
fato da doença.Com a guerra nuclear e a necessidade do seu tratamento (o esforço em direção à
Paz Mundial) ocorre um fenômeno semelhante, porém em nível coletivo. As mais variadas
desculpas são fornecidas por grupos humanos para não verem de frente a possibilidade de
uma catástrofe em nível mundial e as suas terríveis conseqüências. Há um bloqueio
intelectual e afetivo, provavelmente porque o significado emocional é por demais aterrador
para ser suportado. O oposto do fenômeno da negação é a consciência plena do conjunto de
realidades que cercam o homem e a capacidade de mobilizar todas as potencialidades
espirituais em sua direção, visando sua resolução.
A Casa Universal de Justiça, no documento citado, revela sua preocupação diante
deste fenômeno: "Existe... uma paralisia de vontade; e é isto que tem de ser
cuidadosamente examinado e abordado com firmeza".Um dos mecanismos mais utilizados de negação coletiva da humanidade atual
diante da guerra nuclear é o de, simplesmente, esquecer que o problema existe. Se não
pensamos no problema, ele magicamente irá deixar de existir. Assiste-se a filmes como O
Dia Seguinte, ouve-se relatórios sobre o Inverno Nuclear, mas passados alguns dias o
mundo retorna a sua rotina habitual de guerra fria ou mesmo de guerras reais.
Não surge nenhuma necessidade de análise profunda das causas e conseqüências.
Não surge uma tomada de consciência da necessidade de dar um basta às guerras. Não se
pesquisam soluções viáveis. Não se procuram as entidades ou movimentos que realmente
tenham propostas globais para a resolução deste grande flagelo da humanidade.
Este é, talvez, o mecanismo mais comum e universal de negação coletiva. Como
afirmou Einstein: o advento do poder atômico mudou tanto, exceto a nossa maneira de
pensar.São outras formas da negação da realidade. Assim, é comum ouvir-se: Ninguém vai
ter a coragem de apertar o botão. Ou Isto é problema entre os Russos e Americanos. Até
declarações oficiais de governos responsáveis pelos destinos da humanidade, como o
relatório McNamara de 1982, onde se afirma que os riscos de perdas humanas no território
dos Estados Unidos seriam de apenas (sic) 60 por cento e que assim valeria a pena dar o
primeiro golpe para manter a vantagem!No outro extremo, mas igualmente irracional, é a atitude histérica de acreditar que
tudo está perdido; que toda a raça humana irá desaparecer da face da Terra; que as bombas
atômicas irão explodir o planeta, que passará a vagar em fragmentos no espaço; que as
ogivas nucleares não podem mais serem desativadas, etc.
Esta atitude, tão prejudicial quanto a primeira, é o resultado de uma paralisação pelo
terror, impedindo também uma análise serena, porém séria e responsável da situação
mundial. No fundo, representa o mesmo desejo de não envolver empatia e nem tentar uma
saída ou solução.Outra forma fantástica de negação coletiva, alimentada por governos durante toda a
história e que ainda hoje é a esperança de muitos para que não ocorra nenhuma guerra, é a
teoria de que se desejas a paz prepara-te com todos os armamentos possíveis para a guerra.
Mas essa teoria em toda a história da humanidade se mostrou falsa.
Os registros de todas as comunidades humanas, ao longo da história, mostram que
todos os armamentos produzidos, foram realmente usados!
Muitos historiadores chegam a afirmar que a irracional guerra de 1914 teve como
principal razão a preparação para ela. O desenvolvimento armamentista produz a sua
própria dinâmica, prova novas tensões. Gera no inimigo novas fantasias e agressividades.
Dentro dos próprios países surgem tensões e belicosidades que necessitam serem
descarregadas. Surge um jogo de vantagens, que perigosamente pode levar ao conflito, isto
sem falar que a preparação para a guerra, de ambos os lados, provoca a probabilidade de
um primeiro golpe dissuasório causado pelo medo.Se projetamos a culpa de tudo nos governos e nos governantes, reduzimos a nossa
culpa individual, isto é, podemos até considerar suportável uma catástrofe ou genocídio
praticado pelos nossos governantes, quando pessoalmente a consideraríamos inaceitável.
Assim cabe, segundo pensamento generalizado, aos grandes líderes das Grandes
Potências se entenderem e chegarem à Paz. E se o conflito ocorrer, nenhuma culpa nós
teremos.Em outras épocas e ainda hoje, justificam-se as guerras colocando as culpas da
agressão aos inimigos.Hoje, segundo Bahá'u'lláh, nada que leve a separação entre os povos e raças é
justificável. Portanto, a culpa de qualquer atitude quer individual ou social que crie
conflitos, guerras e animosidade, cai estritamente sobre cada pessoa e cada corpo social.
Não se admite tais a fragmentação e nem a diluição da responsabilidade pelo
estabelecimento e a manutenção da Paz Mundial.Esta é outra forma de negação coletiva que tem a sua contrapartida em nível
individual no que passa pelas mentes de muitas pessoas que adoecem de moléstia de
alguma forma grave, mas não necessariamente mortal.
Assim, inconscientemente, pensam que devem ter adquirido esta infecção ou vírus
por que são, por natureza, maus ou que irão fatalmente morrer, pouco adiantando lutar ou
procurar se esforçar por encontrar médicos e tratamento competentes e adequados.
A nível coletivo, funciona também de forma semelhante.
Por um mecanismo de indução universal, não se sabe por quem, e de que origem, a
humanidade passou a convencer-se que as guerras da natureza dos homens e, portanto,
inevitáveis. Somos, portanto, vítimas indefesas de uma estranha natureza que nos obrigaria
a nos matarmos periodicamente por toda a eternidade. Não passaríamos de uma espécie de
Lemings indo em direção ao suicídio da raça. O absurdo desta forma de pensar, muitas
vezes foi reforçada pela errada e deformada compreensão de um conceito psicológico de
que haveria no homem instintos primitivos e agressivos. E estes instintos, porém, são para
serem conscientizados, visando: melhor desenvolvimento dos aspectos positivos da
personalidade e jamais algo arraigadamente mau e inevitavelmente guerreiro e destruidor.
A Casa Universal de Jutiça, na obra citada, A PROMESSA DA PAZ MUNDIAL
refere-se a isto como "...uma convicção profundamente entranhada acerca da inevitável
belicosidade da humanidade, o que por sua vez produziu uma relutância em considerar a
possibilidade de subordinar os interesses apenas nacionais aos requisitos da ordem do
estabelecimento de uma autoridade mundial unida".O subproduto mais grave deste fatalismo é o de abortar qualquer tentativa objetiva e
séria de encontrar caminhos para Paz, já que os que propugnarem pela Paz entre os povos,
nações e raças da Terra nada mais serão que sonhadores que estarão indo contra a natureza
humana! Felizmente, estudos antropológicos recentes, especialmente dos grupos
respeitados, como de R. E. Leaky e outros, estudando a história da humanidade, de milhões
de anos, afirmam categoricamente não haver indícios de ser o hominidio um macaco
guerreiro. Pelo contrário: os maiores progressos da humanidade, como a saída das cavernas
e atividades agrícolas, são conseqüências, não da belicosidade, mas de um sentimento, este
sim, constante na raça humana: a cooperação.Além disto, constatam ser o Homem um ser transformável e educável ao infinito
pondo, final e cientificamente, por terra todas as teorias fatalistas sobre a natureza humana.
E aos que continuamente acusam a causa da Paz de ser impossível o genial Charles
Chaplin escreveu: "Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai de que
as grandes proezas da história foram conquistadas do que parecia impossível".
7. A ESQUIZO-PARANÓIAEmbora sejam termos aplicados em condições psiquiátricas (de pessoas doentes
mentais), em nível coletivo, estão sendo observadas estas reações diante de um desastre
nuclear.Segundo Franco Fornari, em seu livro Psicoanálise e a Guerra, a humanidade não
está em condições e nem preparada para suportar as conseqüências, em termos de culpa e
dolo de guerra atômica, levando à atitudes esquizóides. Glover afirma: "A primeira
promessa da era atômica é a de que pode tornar real alguns dos nossos piores pesadelos. A
capacidade, tão dolorosamente adquirida pelos seres humanos normais de distinguir entre
sonho, alucinação, delírio e a realidade objetiva no estado de vigília, estão seriamente
debilitadas pela primeira vez na história".A paranóia vem como atenuante da poderosa carga de culpa, impossível de manejar:
o inimigo é apresentado como um monstro desumano.Todos os preconceitos de raça, de cor e de nacionalidade afloram de forma
galopante.A guerra do Vietnã foi um exemplo perfeito: não eram seres humanos que eram
vítimas das bombas de Napalm: eram gooks, como eram chamados os vietnamitas. O
judeus eram unter mensh (sub-humanos) para os nazistas. Por este mecanismo o inimigo é
apresentado como absolutamente pernicioso e desprezível e digno de ser destruído sem
comiseração.Segal afirma: "não devemos esquecer que a primeira bomba atômica foi jogada por
brancos sobre pessoazinhas amarelas".Este mecanismo paranóico, de acusar o inimigo ou a vítima de genocídio, de
desprezível e perigoso, nos dias atuais está sendo utilizado contra os Bahá'ís, a maior
minoria religiosa do Irã, pelo governo oficial iraniano.
Assim, o sentimento de culpa pela matança é atenuado, embora por um mecanismo
absolutamente doentio.A paranóia faz desenvolver os preconceitos e a falta de desenvolvimento espiritual
entre os povos. Assim facilmente, povos não conscientes da necessidade da Unidade na
Diversidade, conforme ensina Bahá'u'lláh, utilizam esta diversidade como fator de
inferioridade e justificativa para as guerras e carnificinas.
8. "NIHILISMO"Outra forma de negação coletiva: "destruindo-se o mundo pouco se perde por que
este mundo não vale nada mesmo".O desenvolvimento de uma tecnologia mecanicista e fria, sem uma paralela
evolução espiritual, levou a uma paralisia de afeto e de preocupação sincera pelos destinos
da humanidade.Isto também foi gravado pela impotência diante de a quem recorrer: se tudo está nas
mãos dos governantes e das grandes potências e a maioria não passa apenas de um número
em um computador?A perda da dignidade humana, do valor espiritual de cada indivíduo, com as suas
características distintas e a perda da preciosa noção de sermos todos filhos de um mesmo
Deus criador, Amoroso e Terno e que jamais abandonou a humanidade, seriam certamente
o principal antídoto para esta forma tão grave e corrosiva de negação.
Bahá'u'lláh, através da Revelação Progressiva demonstra nunca ter Deus
abandonado as suas criaturas e que todos são dignos de Sua Bondosa atenção como "flores
de um mesmo jardim e gotas do mesmo mar".Também afirma que o propósito das grandes Revelações mundiais e especialmente
da Sua própria, é o de promover o progresso, a unidade e a Paz entre todo o Gênero
Humano.Os profundos e contraditórios sentimentos que provoca nos seres humanos a idéia
de uma guerra de aniquilação, leva, especialmente os mais jovens, a utilizar mecanismos de
fuga da realidade.A Fuga, representada entre outras atitudes, pelo uso de tóxico, abuso de álcool, a
permissividade e as doenças conseqüentes, o materialismo e o consumismo desenfreados,
tem em uma das suas bases o desejo de não encarar a realidade de um mundo prestes a se
envolver em uma guerra mundial.Aos jovens em fuga deve-se demonstrar que a Paz Mundial é possível. Que há um
ideal e uma Grande Causa por que lutar: A Causa do Estabelecimento da Unidade entre
todos os povos, raças, nações, cores e credos do mundo inteiro e a Paz Mundial.
10. FALSO UTILITARISMOEsta foi, em outras épocas, um importante fator de promoção das guerras, ou seja, a
idéia de que as guerras são, no fundo, úteis para o progresso da humanidade. Atualmente
apenas um louco arriscaria a defender tal teoria diante das conhecidas conseqüências de
uma guerra nuclear.Mas, há poucos anos defendia-se as guerras como promotoras de avanços científicos
e tecnológicos.O seu maior defensor, Adolf Hitler escreve em Mein Kampf: "A humanidade
somente progride através das guerras e irá entrar em decadência se surgir a paz".
Existem porém, uma versão moderna dos falsos utilitaristas, que também não
passam de negadores de uma análise e esforço sincero pela Paz. São os que esperam um
Armagedom para purificar a humanidade.Assim, o esforço da compreensão e conscientização dos mecanismos da Paz são
substituídos por uma passiva esperança que venha a guerra, afinal, para livrar a humanidade
dos seus males.Embora, certamente não se negue que uma catástrofe iria despertar a humanidade do
seu sono de materialismo – mas aguardar de braços cruzados uma guerra nuclear?
Assim, grupos pseudo-religiosos e fundamentalistas apresentam o armagedon como
Deus da Guerra para limpar a Terra de todo o mal.Esta concepção não leva a nenhuma atitude de evolução em direção a Paz Mundial.
11. DISTORSÃO DA LINGUAGEMOutra forma de negação e omissão aos terríveis armamentos armazenados pela
humanidade é a nova terminologia usada. Assim, os gastos não são para armas destrutivas,
mas para o ministério da Defesa.Outra palavra chave é a dissuação: a corrida armamentista é cada vez maior para
que o poder dissuasório de uma das grandes potências sobre a outra seja maior. Com isto,
esconde-se a triste realidade de acumular os povos com gastos cada vez maiores e levar o
mundo cada vez mais próximo dos abismos da guerra. Assim, toda uma nova linguagem
surgiu: segundo Segal "há um Nuke Speak (uma fala nuclear) – a palavra chave para jogar
a bomba sobre Hiroshima era um menino nos nasceu, a própria bomba se chamava
meninozinho. A bomba sobre Nagazaki se chamava homem gordo. Todas estas expressões
encobrem a mais absoluta destrutividade do que se está fazendo e dão-lhe uma aparência de
algo aceitável, não agressivo e até engenhoso. No momento mais agudo, da Guerra das
Malvinas, alguns jovens na Inglaterra usaram camisetas com os dizeres: Nuke Buenos
Aires. Eu duvido que estes mesmos jovens carregassem uma braçadeira que dissesse:
Aniquile vários milhões de pessoas. Mas a palavra Nuke parece tão inocente". (H. Segal –
O Silêncio é o Autêntico Crime).Daí também as denominações de uma guerra nuclear limitada ou de uma guerra
nuclear racional que aparece em vários relatórios de US Defense Adviser. Ou a introdução
do conceito da resposta flexível.Não se estranha a abreviação do nome de um importante relatório sobre isto:
MUTUALLY ASSURED DESTRUCTION (M. A. D.)!Do sentimento de desamparo e impotência diante de um destino inevitável,
facilmente se chega a outra faceta do fenômeno da negação coletiva: a onipotência
primitiva. É no fundo uma atitude profundamente regressa à vida infantil, em que a criança
acha que no fim, por um passe de mágica tudo vai dar certo. Que ele é imortal e que ele
pode mesmo nada fazendo, com os olhos fechados, algo irá salvá-lo.
Embora a promessa de Salvação Final esteja nas escrituras de todas as Grandes
Religiões, Bahá'u'lláh explica muito bem, que esta salvação já veio em forma de
ensinamentos e meios racionais dos homens chegarem a Paz Mundial.
A onipotência primitiva, como todas as formas infantis, espera que sem nenhum
esforço, nenhuma tentativa, nenhuma compreensão, surja a Paz, sem que ninguém precise
preocupar-se por ela.Como bem se vê, é outra forma altamente prejudicial para a verdadeira busca da
Paz.Outra forma desta onipotência primitiva é a demasiada confiança na tecnologia ou
nas ciências. Assim, surge a esperança que os computadores achem uma solução para a
humanidade, já que a humanidade já é por si tão onipotente que certamente alguma
máquina irá pensar por nós e resolver um problema que deve ser resolvidos nos nossos
corações e mentes, tanto individualmente como na humanidade como um todo.
CONCLUSÃONa história da humanidade já houve guerras demais. E desculpas demais. Negações
coletivas demais. Sangue demais de inocentes já correu. Ocorre que agora não podemos
mais nos dar ao luxo de negarmos a possibilidade de ESTA guerra, a mais destrutiva da
história da raça humana nos surpreender em torpor e alienação. Não sabemos se teremos
outra oportunidade de nos justificar perante as próximas gerações.
É urgente que ocorra uma daquelas grandes transformações no coração da
humanidade como aquela que acordou a humanidade para o mal da escravidão no século
dezenove, e que altere todo o mapa psicológico e espiritual da humanidade.
É urgente que cada pessoa, cada grupo, cada entidade, cada corpo social, cada
instituição coletiva, comece a pesquisar profunda e seriamente cada uma e todas as grandes
propostas de solução para o advento da Paz Mundial.
A Fé Mundial Bahá'í que ora emerge da obscuridade para ser objeto de estudo e
pesquisa por grandes instituições universitárias do mundo inteiro, é ligado à ONU com
direito de voz e voto em algumas das suas mais importantes instituições e comissões.
É o mais novo e recente movimento mundial, baseado em um fenômeno natural e
periódico da história da humanidade chamada Revelação. Os seus ensinamentos, desde o
seu início de 1844, são dirigidos precipuamente para a Unidade de todos os povos, raças e
religiões do mundo e para a Paz Mundial.Bahá'u'lláh, o repositório desta Revelação, apresenta para os pesquisadores sinceros
da verdade todo um plano arquitetônico para a objetiva e concreta obtenção da Paz.
Pela primeira vez, o conceito de um mundo só unido e sem fronteiras, é claramente
vislumbrado. Um governo mundial, um legislativo mundial, um tribunal internacional de
Justiça. Uma economia mundial. A eliminação dos extremos de pobreza e riqueza. Uma
Língua Auxiliar Universal. Igualdade de direitos e oportunidades aos homens e mulheres. A
Religião, purificada de dogmatismo, ritualismo e clericalismo, com a causa da Unidade
entre toda a humanidade. A eliminação de preconceitos de qualquer espécie.
Bahá'u'lláh claramente afirma que já é chegada a maturidade da humanidade e que
podemos e devemos viver unidos e em Paz. Afirma: "A Terra é um só país e os seres
humanos os seus cidadãos".Cabe a nós estudarmos esta mensagem. Depois que um homem adquire a
consciência de uma verdade passa a ser responsável perante toda a humanidade.