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Tornar-se Verdadeiro EU
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Daniel C. Jordan : Tornar-se Verdadeiro EU
Tornar-se o Seu Verdadeiro Eu
como a Fé Bahá´í liberta o potencial humano
Tradução do Original Inglês
BECOMING YOUR TRUE SELF
Escrito por DANIEL C. JORDAN
Traduzido por:
ROBERTO CLAYTAM CASTRO
EDITORA BAHÁ´Í DO BRASIL
NOTA DO TRADUTOR:

No contexto dos ensinamentos Bahá´ís, o processo de "tornar-se" o seu verdadeiro EU é visto como um dinâmico e nunca como um desabrochamento final dos infinitos potenciais humanos.

"Tornar-se" como aqui é usado é um processo por meio do qual nós cumprimos nosso destino humano, para continuamente tornarmo-nos seres espirituais. Para expressar isto de outro modo, ao invés de afirmarmos "eu sou", ou "eu sou um ser humano" os ensinamentos Bahá´ís sugerem que a afirmativa mais correta seria "estou me tornando um ser humano", nesse ser humano é inerente processo de tornar-se ou vir a ser.

TORNAR-SE O SEU VERDADEIRO EU

Há mais de cem anos, o Fundador da Fé Bahá´í, Bahá´u´lláh, fez a surpreendente declaração que Sua Revelação seria o principal instrumento através do qual a unificação da humildade haveria de se realizar e através do qual a ordem do mundo e a paz mundial seriam definitivamente estabelecidas.

Poucos irão discordar que para evoluir do atual estado de tumulto e conflito do mundo para a paz e a unidade mundial, as instituições sociais e os seres humanos que as constituem terão que submeter-se a uma transformação radical. Quem quer que seja que esteja realmente interessado na paz mundial terá, portanto, que ter interesse em como esta transformação pode ser realizada. A Fé Bahá´í, tendo se divulgado no mundo em tão pouco tempo e tendo demonstrado seu poder de transformar a vida de tantos seres humanos, tem desenvolvido enorme interesse na natureza do real processo pelo qual a Fé capacita uma pessoa que a adere, a transformar-se em seu verdadeiro eu.

Seria sensato confessar, em princípio, que não é possível descobrir ou entender todas as forças latentes, dentro de uma revelação tão vasta, que estimulam e dirigem o processo de transformação; mas há muito nas Escrituras Bahá´ís que irradia grandes luzes no mundo pelo qual a Fé transforma a vida de seus adeptos, libertando o potencial humano.

O interesse em como o potencial humano é libertado é pessoal e não acadêmico, pois milhões em toda parte, anseiam vir-a-ser, como Bahá´u´lláh o expressa, totalmente dignos, ao invés de permanecerem presos e humilhados. Naturalmente, os ensinamentos de Bahá´u´lláh, acerca do processo de transformação, são estimulantes para a mente, mas o conhecimento deles tem também um propósito prático, como poderemos perceber, pois o conhecimento consciente do que acontece a si próprio durante esse processo auxiliar a consolidar as vantagens e capacita-o (a identificar e aceitar), (freqüentemente através de experiências dolorosas, que possam, em princípio, parecerem desnecessárias ou cruéis), as oportunidades para crescimento posterior.

A transformação pessoal é uma razão fundamental, porque as pessoas são atraídas para a Fé, através desta transformação desenvolvem convicção quanto a autenticidade da Fé e finalmente se tornam bahá´ís (adeptos da Fé Bahá´í). A razão é simples. Pessoas que se põem em contato com a Fé e se sentem transformadas por ela têm uma experiência de alta valorização. Ninguém pode tirar-lhes esta experiência e nenhum argumento intelectual pode fazê-la parecer insignificante ou irreal. O sentimento de tornar-se o melhor daquilo que ele potencialmente pode ser, constitui sua maior felicidade. Promove-se um sentimento de alto-valor, elimina-se a necessidade de expressar hostilidade, e garante-se uma compassiva consciência social, todos pré-requisitos para a unidade e a paz mundial.

A NATUREZA DO POTENCIAL HUMANO

MAS, O QUE É O "MELHOR" daquilo que alguém potencialmente pode ser? Bahá´u´lláh ensina que a mais alta expressão do Eu é a servitude*. O grau em que este mais alto estágio de dedicação pode ser alcançado é avaliado pelo grau em que as forças básicas ou capacitadas do ser humano podem ser liberadas. O processo de tornar-se o seu Verdadeiro EU, portanto, é sinônimo desse processo de desenvolvimento das capacidades básicas e sua dedicação ao serviço da humanidade. As decisões e ações diárias que refletem este "Vir a Ser" são essencialmente religiosas por natureza, pois o trabalho de toda espécie realizado num espírito de serviço - identificado por Bahá´u´lláh como sendo adoração. A pessoa ao ver a natureza religiosa do "Vir a Ser" irá não somente reconhecer uma nova profunda dimensão no trabalho e na oração, mas também perceberá a religião de uma nova maneira. Ela começará a entender que quando a força que continuamente capacita alguém a crescer, desaparece em qualquer religião, é tempo dela ser renovada, pois a religião isenta dessa força é pouco mais que rituais vazios, dogmas sem significados e convenções sociais que bloqueiam a expressão do espírito humano e impedem o progresso social.

O serviço prestado à humanidade é avaliado pela profundidade e pelo caráter das capacidades das pessoas que prestam este serviço. Quais são estas capacidades? Bahá´u´lláh as identifica em Sua declaração do propósito animador da criação do homem. CONHECER E AMAR. Aqui as duas forças básicas ou capacidades de CONHECER E AMAR estão claramente especificadas e ligadas ao nosso propósito - à nossa razão de ser. Portanto, para um bahá´í, tornar-se o seu verdadeiro eu, significa desenvolver suas capacidades de conhecer e amar em serviço da humanidade.

Esta compreensão dá substância à noção de espiritualidade. Uma pessoa espiritual é alguém que conhece e ama a DEUS e que está comprometido com a luta do desenvolvimento das capacidades de conhecer e amar para o serviço da humanidade. Mister se faz dizer, portanto, ser inflexível a respeito de alguma coisa, recusar olhar nova evidência - bloquear a capacidade de conhecer, ou reagir a outros sem amor - são sinais de imaturidade ou enfermidade espiritual.

Todas as outras virtudes podem ser entendidas como expressões de diferentes combinações destas capacidades básicas de amar e conhecer, aplicadas em situações diversas. A capacidade de amar, inclui não somente a habilidade de amar, mas também a habilidade de ser amado - atrair amor. Nós não podemos ter pessoas que nos amam sem termos pessoas a quem amamos. Se nós não sabemos ser amados, ou se não podemos aceitar o amor, então frustramos os outros que estão se esforçando para desenvolver sua capacidade de amar. A não aceitação do amor de alguém é muito freqüentemente uma experiência de rejeição e provoca incalculável quantidade de prejuízo, principalmente a crianças pequenas.

A capacidade de conhecer também inclui um conhecimento de como aprender e como ensinar. Ensino e aprendizagem são aspectos recíprocos da capacidade de conhecer. Nenhum professor é bom professor que não possa aprender de seus alunos e nenhum bom aluno deixa de interrogar seu professor, pois deste modo tanto o professor quanto o aluno aprendem.

Cada capacidade apóia e contribui para o desenvolvimento da outra. Para saber, por exemplo, devemos gostar de aprender; se queremos amar, devemos saber como amar e como ser amado.

Estas duas capacidades constituem a natureza básica do potencial humano. Do ponto de vista Bahá´í, a verdadeira educação refere-se a extrair ou desenvolver o potencial humano no maior grau possível. Infelizmente, grande parte da educação atual preocupa-se somente com a apresentação de informações, ao invés do desenvolvimento do potencial. Por esta razão, as escolas são fundamentalmente um lugar onde fatos e idéias são emitidos pelos professores e guardados pelos alunos. Conseqüentemente, diplomas e graus escolares nada mais fazem que certificar que certos tipos e quantidades de informação foram emitidos e que quem recebeu o diploma foi capaz de demonstrar, em vários pontos durante o curso de sua educação formal, que ele guardou a informação o tempo suficiente para ser recobrada num exame. Tais graus ou diplomas nada dizem sobre a capacidade de amar e sentir do estudante e portanto dizem muito pouco a respeito do caráter uma palavra que se refere à habilidade da pessoa para aplicar seu conhecimento de modo construtivo e expressar seu amor a humanidade.

Além disso, tem sido demonstrado que se a capacidade de amar for bloqueada de alguma maneira, haverá problemas de aprendizagem e o desenvolvimento da capacidade de saber será prejudicado. Esta é a razão pela qual o sistema escolar baseado na "emissão - de - informação" nunca poderá atender adequadamente às necessidades da sociedade. A verdadeira educação deveria promover o desenvolvimento que visa atingir o estágio mais alto - a servitude - e deveria portanto estar preocupada com a pessoa como um todo e o seu caráter, ao invés de apenas com uma pequena parte dela.

A FÉ E A LIBERTAÇÃO DO PONTECIAL HUMANO

Uma coisa é descrever a natureza do potencial humano e outra é ser capaz de libertá-lo. A Fé Bahá´í faz as duas coisas. A natureza do potencial humano já foi brevemente tratada. Vamos agora explorar os meios pelos quais a Fé inicia e sustenta o processo de transformação pela libertação do potencial humano.

A fonte básica da força para a transformação é os Escritos de Bahá´u´lláh. O contato com seus Escrito nutre o desenvolvimento da fé - o primeiro pré-requisito para a transformação. Em essência fé significa um amor ao desconhecido em desconhecível - uma atração a tudo que é desconhecido, refere-se a uma atitude para com o desconhecido a desconhecível que com o tempo nos capacita a nos aproximarmos dele e conhecer mais. A fé assim representa uma interação especial das duas capacidades básicas de conhecer e amar. Desde que Bahá´u´lláh afirma, Deus é desconhecível, é necessária a fé para que tornemos atraídos e relacionados a Ele.

Todos nós temos uma espécie de fome cósmica, uma necessidade de estarmos relacionados a todas as coisas, inclusive à infinidade do Universo. Ele é um sub-produto natural da consciência. Desde que nos percebemos como seres distintos de todas as outras coisas do Universo, sentimo-nos pressionados a descobrir como nos posicionamos em relação a todas outras coisas, e isto inclui estar relacionado àquelas coisas desconhecidas ou desconhecíveis que também existem no Universo. O supremo mistério desconhecível do Universo é chamado por vários nomes: Alláh, Jeová, Deus, Ser Supremo. Agora, por que o homem tem a capacidade de ter fé - uma atitude particular, para o desconhecido - ele tem, através da História, atendido aos Fundadores das grandes religiões do mundo que vieram manifestar os atributos desse mistério desconhecível no Universo - Deus - e satisfazer nossa fome cósmica. Assim, pois, a fé é uma importante expressão de nosso propósito, o qual é conhecer e amar a Deus.

É interessante notar que, se nossas capacidades básicas são conhecer e amar, e se nós somos criados à imagem de Deus, então conhecer e amar devem estar entre os atributos de Deus. Na obra "Palavras Ocultas", Bahá´u´lláh demonstra que isto é verdade. Ele diz, "Ó filho do homem: Velado em Meu Ser Imemorável e na antiga eternidade de Minha essência, Eu conheci Meu amor por ti; portanto, Eu te criei, entalhei em ti Minha imagem e revelei a ti Minha beleza." 1

Além disso, se Deus é incognoscível e se nós somos criados a Sua imagem, então podemos esperar que algo em nós seja também desconhecido. Este desconhecido é o potencial dentro de nós ainda não expresso nas capacidades latentes de conhecer e amar. De modo bastante dramático Bahá´u´lláh refere-se a aquele grande desconhecido em nós quando ele cita na obra "Os Sete Vales", o verso de um poema persa bem conhecido:

"Considerais tu a ti próprio apenas um ser pequeno insignificante.

Quando o Universo em ti se encerra." 2

Em outro verso, Bahá´u´lláh diz: "Sois meu Tesouro, pois em vós entesourei as pérolas de Meus mistérios e as jóias de Meu conhecimento." 3

Nenhum de nós conhece sua capacidade de amar ou aprender. Do mesmo modo que necessitamos ter fé antes de aprender sobre os atributos de Deus, assim também necessitamos ter fé antes que possamos conhecer algo de nós mesmos. Nós devemos amar - ser atraídos, ter uma atitude específica para com esse desconhecido em nós mesmos, se é que ele há de ser libertado. Se nos relacionarmos satisfatoriamente com o desconhecido em nós mesmos, seremos capazes de nos relacionar com o desconhecido nos outros. Em outras palavras, nós temos que aceitar os outros não somente pelo que realmente são, mas também por aquilo que eles podem tornar-se, caso contrário, impedimos o seu processo de transformação e os impossibilitamos de vir-a-ser, cada um o seu verdadeiro eu.

Esta é a razão pela qual uma pessoa que tem desistido de si mesma, que tem parado de evoluir e tem, portanto, traído seu potencial, perceberá que todo seu relacionamento com outros seres humanos é perturbado, insatisfeito e mesmo doloroso. Aceitar e relacionar-se com outro ser humano apenas como ele é em determinado momento, obstrui o desenvolvimento de algo mais que um relacionamento superficial. Para obter profundos e significativos relacionamentos com outros seres humanos, temos também que aceitar as possibilidades desconhecidas dentro deles, pois esta aceitação constitui uma importante fonte de sua coragem para vir-a-ser. Em termos mais pessoais, se você não aceita as possibilidades desconhecidas em você mesmo, você não será capaz de estabelecer nada mais que um relacionamento superficial com outros seres humanos, e não será capaz de ajudá-los a desenvolver o potencial deles, nem mesmo você, desenvolverá o seu próprio.

Já que o potencial de um ser humano é parte extremamente importante de sua realidade - na verdade, a base de seu crescimento posterior - é preciso que esse potencial seja aceito pelos outros e desempenhe um papel nas relações humanas antes que esta pessoa possa sentir-se totalmente aceita. A aceitação completa por parte dos outros constitui um especial tipo de confiança que é muito difícil de trair. É uma fonte muito importante de pressão benéfica para o vir-a ser e um dos mais importantes critérios de verdadeiro amor e amizade. Este tipo de pressão recíproca entre dois seres humanos espiritualizará qualquer relacionamento, mas tem significado especial para o casamento - Ele constitui a base espiritual do matrimônio Bahá´í.

A necessidade de reciprocidade neste tipo de relacionamento: é claramente expresso por Bahá´u´lláh em "Palavras Ocultas". Ele afirma: "Ó Filho do Ser: Ama-me para que eu possa te amar. Seu tu não Me amas, Meu amor, de modo algum pode te atingir. Sabe isto, ó Servo." 4

Neste verso, Deus ordena, através de Seu Manifestante, o que O amemos e O aceitemos apesar dele ser incognoscível. Estar atraído para o desconhecível é a essência da fé. Se não há fé, nem atração para esse fundamental mistério - Deus, então tornamo-nos alienados do mistério em nós mesmos e rompemos o poder de crescer e desenvolver. O texto acima mencionado inicia com "Ó Filho do Ser" e termina com "Sabe isto, ó Servo". Portanto, naquele pequeno verso, as duas capacidades básicas de amar e conhecer são novamente enfatizadas no contexto de ser e servir. Ele liga o processo de ser ou tornar-se com o mais alto estágio de "servitude" (dedicação a serviço da Humanidade).

ANSIEDADE E O DESCONHECIDO

Enfrentar algo desconhecido não é fácil. A expectativa dele, especialmente quando enfrentamos o desconhecido em nós mesmos, é sempre acompanhada de ansiedade. O desconhecido extrínseco é quase sempre percebido como uma latente ameaça à nossa segurança, pois, trás à baila uma questão que demonstra uma incógnita intrínseca - temos ou não temos o necessário para lidar satisfatoriamente com o desconhecido extrínseco?

A ansiedade tem todas as características de uma reação de medo, exceto que ela geralmente não tem objeto definido. Ambas reações, as de medo e as de ansiedade sã caracterizadas por uma rápida carga de energia do sistema que o prepara para lidar numa situação de emergência. Lidar com a reação de medo é mais fácil, porque o objeto ameaçador é identificado e pode ser eliminado ou evitado. No caso da ansiedade, o sistema entra num estado de prontidão para uma emergência, embora não seja clara qual é a emergência. Sem um objetivo é difícil saber que ação tomar e quando declarar o fim da emergência. A ansiedade pode, portanto, ser vista como uma energia sem um objetivo.

A única maneira de lidar satisfatoriamente com a ansiedade é tratar essa energia como uma dádiva e encontrar um objetivo concreto para que ela possa servir do objetivo ou propósito mais básico de desenvolver capacidades de amar e conhecer. Determinar qual deve ser este objetivo em termos específicos é talvez o ato mais universalmente criativo do homem. Isto requer assumir um risco, um passo ao desconhecido, o agüentar peso da dúvida, embora sempre com a esperança de descobrir alguma nova capacidade ou alguma nova limitação (que também é parte da realidade da pessoa). Estar atraído para o desconhecido em nós mesmos é fé, ser capaz de utilizar a energia da ansiedade pela formulação de um objetivo e buscar este objetivo é coragem. Portanto, fé, dúvida, ansiedade e coragem são todos aspectos básicos do processo de transformação - a libertação do potencial. Se não houvesse os desconhecidos, não haveria dúvida ou ansiedade e sem dúvida ou ansiedade não haveria necessidade de fé e coragem.

A MATRIZ ESPIRITUAL DA TRANSFORMAÇÃO

O poder da Fé Bahá´í para transformar seres humanos libertando seu potencial, origina-se diretamente do fato de que ela evita que a dúvida e a ansiedade alcancem proporções incontroláveis e dá incentivo e motivação para tratá-las construtivamente através da fé e da coragem. O próprio Bahá´u´lláh revelou que a fonte primária de poder para a transformação vem da aceitação de Sua Palavra - a Palavra de Deus. Refere-se a Seus Escritos freqüentemente como "a palavra criativa", especialmente porque os seres humanos têm a sensação de serem recriadas, a medida que mais e mais se expõem a elas. Bahá´u´lláh claramente afirma que se você quiser ser transformado deve-se "imergir-se no oceano de minhas palavras".

A imersão deste oceano é início do processo de transformação pelo fato de criar em nós uma consciência da natureza essencial e do propósito da nossa criação. Ninguém pode ler Bahá´u´lláh sem sentir suas próprias capacidades de amar e conhecer serem despertados e desenvolvidos. À medida que exploramos continuamente os Escritos, começamos a ver nós mesmos de modo diferente e a ver o meio ambiente diferentemente. À medida que começamos a ver nós mesmos e o meio de modo diferente, começamos a sentir as coisas diferentes. À medida que começamos a sentir de modo diferente, começamos a comportar-nos diferentemente. Comportar-nos diferentemente é a manifestação visível de se ter envolvido na aventura de tornar-se o que o potencialmente se pode tornar.

Os Escritos por esta razão servem como a força interveniente que nos permite ficar livres de todos aqueles vínculos e temores que nos mantêm presos e incapacitados de dar aquele passo arriscado, mas criador, para o desconhecido. Sabemos que seres humanos são freqüentemente mudados por intensas experiências de um modo ou de outro. Imersão no oceano das Palavras de Bahá´u´lláh não é apenas a leitura, é uma experiência para o homem como um todo, que pode se tornar bastante forte para livrá-lo dos laços do status quo e animá-lo na busca de seu destino. À medida que nos libertamos dos multilantes vínculos, ou seja aquilo que outras pessoas pensam de nós, estaremos menos sujeitos a ser manipulados por vínculos aprisionados por eles - e ao invés, desenvolveremos uma fonte de intrínseca motivação.

Os Escritos reduzem a ansiedade geral e a dúvida a proporções controláveis dando sentido à história da humanidade e ao atual estado de perpétua crise do mundo. Isto significa que não precisamos fingir que as crises não existem ou recusar enfrentá-las. Assim, pois, compreendendo alguma coisa dos problemas que enfrentamos não apenas reduz a ansiedade como também atrai coragem.

Uma outra forma de coragem apóia-se na orientação de Bahá´u´lláh, em termos gerais, de quais espécies de objetivos são legítimos e na manutenção do propósito de nossa criação. Isto nos concede alguma orientação ao dar o passo criativo para definir qualquer objetivo que possa ser atingido pela utilização da energia da ansiedade. Aqui nós temos uma opção. Podemos tanto dar o passo criativo para definir um objetivo e facilitar o processo de transformação ou podemos recusar a fazer isto, de algum modo consciente e esperar que a ansiedade finalmente acabará por si mesma. Obviamente, as pessoas que têm bastante orientação sobre qualquer tipo de objetivo se deverá estabelecer, estarão mais aptas a tomar decisões conscientes com relação à definição de objetivos. Na ausência de definição, a energia da ansiedade será provavelmente expressa em atos agressivos e hostis a outros seres humanos, dos quais as reações ao ataque provavelmente irão impedir ainda mais, o crescimento e o desenvolvimento, não apenas deles mesmos, como também das pessoas às quais estão reagindo.

Portanto, os Escritos estimulam nossas capacidades de conhecer e amar numa maneira especial que podemos chamar de fé e coragem. Isto por outro lado, serve para garantir um crescimento e desenvolvimento contínuo dessas duas capacidades básicas. Em outras palavras, o conhecimento e o amor usados de maneira correta através da fé e da coragem, aumentarão a capacidade de conhecer e amar - libertarão o potencial humano.

A MATRIZ SOCIAL DA TRANSFORMAÇÃO

Mas isto não é tudo do panorama. Bahá´u´lláh fez previsões para a formação de comunidades cujas instituições podem salvaguardar e promover a transformação da humanidade. A Comunidade Bahá´í torna-se portanto, a matriz social da transformação.

Por causa da afirmativa de Bahá´u´lláh do princípio da unidade da humanidade, todas Comunidades Bahá´ís são compostas de seres humanos de várias origens lingüísticas, raciais nacionais e religiosas. Esta diversidade na Comunidade Bahá´í representa para cada membro, vários desconhecidos. A Comunidade Bahá´í é composta de seres humanos, para muitos dos quais nós não nos sentiríamos em geral atraídos e os quais não escolheríamos para amigos. É bem sabido que tendemos a escolher para nossos amigos aqueles que pensam o mesmo que nós, que sentem do mesmo modo sobre as coisas, que têm gostos, semelhantes, e gostam de fazer coisas semelhantes às nossas. Dentro de um grupo tão homogênio, a transformação de um indivíduo facilmente pode estagnar-se, pois um conjunto rígido de respostas é desenvolvido e não há estímulo para desenvolver novas respostas. Esta é a razão pela qual um dos atributos mais valiosos de uma Comunidade Bahá´í é a sua diversidade.

Quando alguém se afilia a uma Comunidade Bahá´í, ele se liga a uma família de seres humanos extremamente diversos com os quais ele terá de trabalhar e estabelecer significativas relações, a primeira coisa que ele descobre é que seu antigo conjunto de respostas deixa de ser adequado. A tentativa de relacionar-se com tantos seres humanos diferentes produz energia (ansiedade) que põe em movimento o processo recíproco de conhecer e amar através da fé e da coragem. A definição de um autêntico objetivo que utilizará, construtivamente, a energia proveniente dessa ansiedade fará surgir um novo conjunto de respostas. Cada nova resposta é uma parte da latente capacidade de alguém sendo manifestada a liberação do potencial humano. Em outras palavras, a Comunidade Bahá´í oferece mais oportunidade para conhecer e amar sob circunstâncias que favoreçam o crescimento do que se pode encontrar em qualquer outro lugar.

Tipicamente, um bahá´í progride através de um padrão de evolução espiritual que se inicia pela tolerância à diversidade de seus companheiros, membros da Comunidade. À medida que o conhecimento é adicionado, a tolerância desenvolve-se em compreensão. Quando o amor é adicionado, a compreensão floresce até a apreciação. Esta apreciação pela diversidade é o oposto espiritual e social do etnocentrismo. O percurso do etnocentrismo, através dos estágios de tolerância é compreensão, até um estado de apreciação sempre requer muitas ansiedades e dúvidas. Somos freqüentemente postos em situação de não saber exatamente o que fazer ou, se sabemos o que fazer, não nos sentimos dispostos a fazê-lo. Estas provações são pré-requisitos à nossa transformação. ´Abdu´l-Bahá filho de Bahá´u´lláh, afirma claramente que sem provação não há desenvolvimento espiritual.

Aqui nos deparamos com uma questão bastante crítica. As provações podem muitas vezes destruir um indivíduo. ´Abdu´l-Bahá explica que se nos desviarmos de Deus para a solução, a provação pode realmente destruir-nos se nos dirigirmos a Deus para a solução e se tivermos o apoio do amor dos outros membros da Comunidade, podemos passar pela provação satisfatoriamente. Portanto, a Comunidade Bahá´í por causa de sua diversidade, proporciona muitos destes testes indispensáveis ao nosso desenvolvimento espiritual. Ao mesmo tempo, a orientação das instituições Bahá´ís e o compromisso dos membros da comunidade em aceitar cada um pelo que ele pode vir a ser, proporciona a coragem para transformar essas provações em veículos para o desenvolvimento espiritual para a libertação do potencial humano.

Em resumo, isto é, o significado espiritual da adversidade. Bahá´u´lláh afirma: "Minha calamidade é Minha providência, exteriormente, é fogo e vingança, mas, interiormente, é luz e misericórdia. Apressa-te para ela, a fim de que venhas a ser uma luz eterna e um espírito imortal. É este o Meu mandamento a ti, observa-o". 5

Portanto, para o bahá´í a felicidade não é uma vida livre de ansiedade ou tensão. Esta é a definição bahá´í de aborrecimento. Felicidade para um bahá´í é ter provações e saber como obter coragem para suportá-las de tal modo que suas capacidades de conhecer e amar sejam mais desenvolvidas a serviço da humanidade. A vivência na comunidade proporciona os testes que se tornam as oportunidades para adquirir experiência em traduzir princípios abstratos em realidades concretas, e isto dá à fé um fundamento do conhecimento consciente. É este sempre crescente conhecimento consciente de como aplicar os princípios da Fé em situações reais que consolida os benefícios no desenvolvimento espiritual e proporciona a base para o crescimento contínuo.

PRECONCEITO UM IMPEDIMENTO NO CAMINHO

A unificação de todos os povos da terra não pode ser feita se os seres humanos individualmente não estiverem unidos dentro de si mesmos. Bahá´u´lláh disse que Ele não podia encontrar nenhum ser humano que estivesse interiormente e exteriormente unido. Se as capacidades de conhecer e amar de um indivíduo estão em conflito, então este indivíduo não está interiormente e exteriormente unido. A conseqüência é que suas palavras e ações não estarão em harmonia.

O conflito destas capacidades é refletido exteriormente em outro nível. A ciência, por exemplo, pode ser vista como uma expressão da capacidade de conhecer do homem e a religião como uma expressão de sua capacidade de amar. Bahá´u´lláh ensinou que ciência e religião precisam andar de mãos dadas, ou o conflito causará destruição. Atualmente vemos como o conhecimento da energia nuclear, sem amor, cria uma constante ameaça à nossa sobrevivência.

Num sentido muito básico, a palavra preconceito refere-se aos conflitos de modo em que estas duas capacidades são expressas. Um preconceito é uma crença (um tipo de conhecimento) em alguma coisa que não é verdadeira, ligada a uma confirmação emocional (um tipo de amor). Em outras palavras, um preconceito é uma atração emocional ou comprometimento com a falsidade ou erro. As ações baseadas nesse comprometimento são quase sempre prejudiciais para a pessoa que é vítima deste ato como também para aquele que o escuta.

Num nível pessoal, preconceito representa um bloqueio definido na expressão do potencial humano porque a capacidade de amar tem sido usada para impedir a capacidade de conhecer. Num sentido básico, quase todas as neuroses e psicoses podem ser compreendidas em termos deste tipo de conflito. O objetivo da terapia, portanto, sempre deve ser a remoção do bloqueio para a pessoa tornar-se o seu verdadeiro eu, habilitando sua capacidade de amar para fortalecer sua faculdade de conhecer e vice-versa.

No nível social, preconceito na ação resulta em massivas injustiças variando da discriminação e segregação até a violência declarada e a hostilidade organizada, na forma de guerras. De modo, isto representa um bloqueio definido na expressão do potencial da sociedade.

Toda barreira à unificação da humanidade é sustentada por um preconceito - por amplos comprometimentos emocionais, culturalmente, determinados, a uma falsidade. Por esta razão, os bahá´ís vêem o processo de unificação da humanidade como sendo sinônimo de erradicação progressiva do preconceito. Antes que as barreiras para a unificação sejam eliminadas, os preconceitos que as suportam precisam ser abolidos.

Por que o preconceito é tão difícil de se erradicar? Uma razão é que os seres humanos freqüentemente não estão conscientes de que têm um preconceito. Fundamentalmente, isto é fanatismo - ignorar sua ignorância enquanto se faz audaciosas e confiantes declarações da retidão e verdade de sua posição. Pessoas fanáticas estão em posição trágica porque elas sempre evitam se expor a alguma situação que as confronte com o fato de que elas possivelmente tenham um preconceito. Como poderia uma pessoa saber se ela teve ou não um comprometimento a algum erro na forma de preconceito se ela nunca foi exposta à experiência que o revelasse? Em termos pessoais concretos, como você saberia que tinha um preconceito contra alguém que falasse outra língua ou que tivesse a pele de cor diferente da sua, se nunca teve a oportunidade de estar com tal pessoa - uma experiência que o ajudaria a revelar o erro?

Isto é precisamente a razão pela qual a Comunidade Bahá´í é tão essencial à erradicação progressiva do preconceito. Ela proporciona uma oportunidade a todo momento, para cada um ter os tipos de experiências que lhe permitirão saber onde estão seus preconceitos. É por esta razão que a luta para a unidade mundial ocorre mais dentro da Comunidade Bahá´í do que fora dela. Fora da Comunidade, as pessoas podem isolar-se daquelas experiências que lhes revelarão seus preconceitos enquanto continuam a dar ouvidos apenas àquelas experiências que permitem suas percepções permanecerem destorcidas e permitem que seu comprometimento com a falsidade permaneça vivo.

Para um Bahá´í, a descoberta de um preconceito em si mesmo é sempre um teste, e no momento que ele o reconhece ele sabe que deve lutar para erradicá-lo, não apenas por que o preconceito o fará injusto a outras pessoas se ele não o erradicar, mas também porque o seu próprio desenvolvimento espiritual depende absolutamente disto.

O que acontece a uma pessoa com um potencial bloqueado - uma pessoa que por qualquer razão não tem sido capaz de descobrir como tornar-se o seu verdadeiro eu? Se ela é do tipo de pessoa passiva introvertida, ela escapará para um mundo de fantasia, entrará no mundo das drogas e do álcool, e provavelmente tornar-se-á eventualmente tão inadaptável que ela pode ter que ser internada em alguma instituição. Se a pessoa é ativa e extrovertida ela será hostil e agressiva e pode eventualmente ter que ser internada por cometer crimes. O ponto aqui é simples: a pessoa que está no processo de vir a ser, cujas capacidades de amar e conhecer estão sendo desenvolvidas continuamente, não quer escapar de sua responsabilidade para um mundo de fantasias, nem quer brigar, ferir ou matar. Para os seres humanos que sentem que seu potencial humano está sendo libertado é impossível participar de uma guerra de qualquer espécie. Sob tais circunstâncias não há absolutamente motivação para a ação hostil. É por esta razão que Bahá´u´lláh proclama que Sua Fé e a Comunidade Bahá´í serão a agência através da qual a paz mundial será definitivamente estabelecida.

A IMAGEM DE DEUS E O REINO DE DEUS NA TERRA

A o desconhecido em nós mesmo que o potencial não expresso representa se tem referido como sendo a imagem de Deus. Tornar-nos o nosso verdadeiro eu significa relacionar-nos ao desconhecido de tal modo que ele mais e mais se torne expresso. Isto sempre envolve encontrar um objetivo para a energia oriunda da ansiedade que surge ao enfrentar o desconhecido.

Este complete processo tem um complemento social. O que a imagem de Deus é para o ser humano individualmente, o Reino de Deus na terra é para a sociedade humana. Esse reino representa aquilo que a sociedade pode potencialmente vir a ser, do mesmo modo que a imagem de Deus representa o que o indivíduo pode vir a ser. Quando há transformação de indivíduos em grande escala através da libertação do potencial humano - quando as latentes capacidades de amar e conhecer são organizadas e expressas num nível social como a erradicação progressiva do preconceito - avançamos em direção ao estabelecimento do Reino de Deus na Terra.

A Revelação de Bahá´u´lláh não trata somente da transformação do indivíduo num vácuo, pois isto seria extremamente difícil, se não impossível. Ele também apresentou um plano para a construção da ordem de um mundo novo. Esse processo de construção é dirigido e guiado pelas instituições Bahá´ís de tal modo que elas capacitarão a sociedade a tornar-se o seu verdadeiro eu - o Reino de Deus na terra. A resposta às ansiedades e testes em base individual também tem um complemento social. As instituições sociais também têm seus testes; e seu desenvolvimento depende de se elas podem ou não dar o passo criativo para o desconhecido e formar novos tipos de legislação sustentada por novos tipos de suportes judiciais.

Os Bahá´ís aceitam o Reino de Deus na terra como uma realidade definitivamente atingível, não que nos aconteça em qualquer momento por algum milagre, não através de uma espera passiva, mas através de esforços dedicados em longo período de tempo para nos tornarmos o que podemos vir a ser, enfrentando muitas provas e sofrimentos. Aqueles que fazem estes dedicados esforços sentem-se desempenhar uma parte ativa no maior de todos os milagres - a aceitação consciente da responsabilidade de tornarem-se servos da humanidade, possuidores de conhecimento e amor, para a glorificação de Deus.

Portanto, como maior e maior número de seres humanos encontram na Fé Bahá´í um meio de tornarem-se o seu verdadeiro eu - refletir a imagem de Deus em suas vidas, a sociedade também estará no processo de tornar-se o seu verdadeiro eu - o reino de Deus sobre a terra.

Se os peregrinos buscam a meta do Ser Designado, esta condição é inerente ao eu - mas aquele eu "que é a Essência do Deus encerrado n´Ele com as leis.

Neste plano o eu não é renegado, mas sim, amado; é agradável e não deve ser evitado. Embora no início, este plano seja reino de conflito, ainda assim, termina na conquista do reino de esplendor.

... Este é o plano do eu que é agradável a Deus. Contemple o versículo:

"Ó, tu alma que repousa, retorna ao teu Deus, feliz e lhe causando prazer... Ingresse entre Meus servos, / E ingresse em Meu paraíso". 6

Ó Meus servos! Pudéssemos vós compreender que maravilhas de Minha munificência e bondade Eu quis confiar às vossas almas, havereis, em verdade, de vos livrar do apego a todas as coisas criadas e de adquirir um verdadeiro conhecimento de vós mesmos - conhecimento este equivalente à compreensão do Meu próprio Ser. Achar-vos-i-eis independentes de tudo, menos de Mim e, com os olhos interiores bem como os exteriores, perceberíeis os mares de Minha Misericórdia e bondade movendo-se dentro de vós, tão manifestos como a revelação do Meu Nome resplandecente. 7

REFERÊNCIAS

1 - Bahá´u´lláh, "As Palavras Ocultas de Bahá´u´lláh", Tradução do inglês por Leonora Stirling Armstrong, 2a Ed. Rio de Janeiro, Editora Bahá´í - Brasil 1974, pág. 20 - Ênfase do autor.

2 - Bahá´u´lláh, "Os Sete Vales e os Quatro Vales" em A Revelação Bahá´í - Seleções das Sagradas Escrituras Bahá´ís, traduzido do inglês por Leonora Stirling Armstrong, Rio de Janeiro, Editora Bahá´í - Brasil - 1961, pág. 119.

3 - Bahá´u´lláh, As Palavras Ocultas de Bahá´u´lláh, pág. 37

4 - Ibidem, pág. 20
5 - Ibidem, pág. 32

6 - Bahá´u´lláh, The Seven Valleys and The Four Valleys, (willmette, Illinois, EUA, Bahá´í Publishing Trust, 1952), pág. 47

7 - Bahá´u´lláh, "Seleções das Escrituras, de Bahá´u´lláh - em A Revelação Bahá´í, traduzido do inglês por Leonora Stirling Armstrong, Rio de Janeiro, Editora Bahá´í - Brasil, 1961, pág. 84

NOVA ORDEM MUNDIAL DA FÉ BAHÁ´Í

"A unidade do gênero humano - assim como Bahá´u´lláh a concebeu - compreende o estabelecimento de uma comunidade mundial em que todas as nações, raças, credos e classes estejam estreita e permanentemente unidos, e na qual a autonomia dos Estados que o compõem, a liberdade e a iniciativa pessoal dos membros individuais destes sejam garantidos de um modo definitivo e completo. Tal comunidade mundial deve abranger, segundo o nosso conceito, um Legislativo mundial, cujos membros, os representantes de todo o gênero humano controlarão todos os recursos das respectivas nações componentes e criarão as leis que forem necessárias para regular a vida, satisfazer as necessidades e ajustar as relações de todas as raças e povos entre si. Um Executivo mundial, apoiado por uma Força internacional, efetuará as decisões desse Legislativo mundial, aplicará as leis que por ele criadas e protegerá a unidade orgânica de toda a comunidade mundial. Um tribunal mundial deverá adjudicar toda e qualquer disputa que surja entre os vários elementos que constituem esse sistema universal, sendo irrevogável a sua decisão. Um sistema de intercomunicação mundial será adotado, abrangendo todo o planeta, e, livre de qualquer embaraço ou restrição nacional, funcionará com admirável rapidez e perfeita regularidade. Uma metrópole mundial será o centro da civilização mundial, o foco de convergência das forças unificadoras da vida, donde irradiar-se-ão as suas influências vigorizantes. Um idioma mundial será criado, ou escolhido dentre as línguas existentes, e será ensinado em todas as escolas de todas as nações, como auxiliar à língua nativa. Uma escrita mundial, uma literatura mundial, um sistema uniforme e universal de moeda, de pesos e medidas simplificarão e facilitarão o intercâmbio e entendimento entre as nações e raças da humanidade. Nesta sociedade mundial, a ciência e a religião, as duas forças mais potentes da vida humana, serão reconciliadas, assim cooperando e desenvolvendo-se harmoniosamente. Não mais será a imprensa, sob tal sistema, perniciosamente dominada por interesses, quer particulares, quer públicos, embora de plena expressão às várias opiniões e convicções; libertar-se-á da influência de governos e povos querelantes. Os recursos econômicos do mundo serão organizados, suas fontes de matérias-primas serão exploradas e completamente utilizadas, seus mercados serão coordenados e desenvolvidos, e a distribuição de seus produtos será regulada de um modo equilativo.

"Cessarão as rivalidades entre as nações, os ódios e as intrigas, e os preconceitos e animosidades de ração serão substituídas por amizade, entendimento mútuo e cooperação. Não mais existirão motivos para as contendas religiosas; abolir-se-ão as barreiras e restrições econômicas, e a distinção excessiva entre as classes desaparecerá. A pobreza extrema, por um lado, e por outro, a vergonhosa acumulação de bens, igualmente, acabarão. A quantidade enorme de energia que se desperdiça com a guerra, quer econômica, quer política, será dedica a fins como estes: a extensão do alcance das invenções humanas e do desenvolvimento técnico, o aumento da capacidade produtiva da humanidade, o extermínio das moléstias, a ampliação das pesquisas científicas, a adoção de mais altos padrões de saúde física, o aperfeiçoamento do cérebro humano, a exploração dos recursos do planeta que ainda não foram utilizados ou descobertos, o prolongamento da vida do homem, e a promoção de qualquer outro meio de estimular a vida intelectual, moral e espiritual da humanidade inteira.

"A meta para a qual a força unificadora da vida impele a humanidade é um sistema federal mundial, que regará toda a terra, exercendo uma autoridade inquestionável, harmonizando e incorporando os ideais de Leste e Oeste, liberto do flagelo da guerra e suas tristes conseqüências, esforçando-se por aproveitar todas as fontes de energia existentes na superfície do planeta - um sistema em que a força se subordina à justiça, e cuja vida é sustentada pelo reconhecimento universal de um só Deus e lealdade a uma Revelação comum..."

ALGUNS PRINCÍPIOS BÁSICOS
A Fé Bahá´í

* proclama a unidade de Deus e de Seus Profetas...

* reconhece a unidade básica de todas as religiões e a unidade da raça humana inteira...

* afirma que a religião deve caminhar lado a lado com a ciência e que ela constitui a única base para uma sociedade pacífica, ordeira e progressista...

* encoraja a independente pesquisa da verdade...

* exalta o trabalho realizado em espírito de serviço ao grau de adoração...

* condena todas as formas de superstição ou preconceito, seja religioso, racial, de classe ou nacionalidade...

* proclama o princípio de iguais oportunidades, direitos e previlégios para homens e mulheres...

* advoga a educação compulsória universal...

* provê soluções aos problemas econômicos em nível local, nacional, internacional, com base na espiritualização da humanidade...

* inclui a adoção de um idioma internacional auxiliar...

* provê as instituições necessárias para estabelecer e salvaguardar uma paz universal permanente como meta suprema da humanidade...

* Servitude - (dedicação a serviço da humanidade).


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