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Compilações : Conservação dos Recursos da Terra - Conservation of the Earth's Resources
CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS DA TERRA
EXCERTOS DAS ESCRITURAS Bahá'ís SOBRE A NATUREZA

Preparado pelo Departamento de Pesquisa da Casa Universal de Justiça

Título Original: Conservation of the Earth's Resources

Research Department of the Universal House of Justice

Tradução: Robert Walker
1. PRINCÍPIOS BÁSICOS

A abordagem feita pela Comunidade Bahá'í, a nível mundial, relativa à conservação e proteção dos recursos da terra é baseada em vários princípios fundamentais derivados dos ensinamentos Bahá'ís. Estes incluem:

1.1 A NATUREZA COMO REFLEXO DO DIVINO

Confere-se grande importância à Natureza. Bahá'u'lláh declara que a contemplação da natureza cria uma consciência de "sinais"1 e "evidências"2 de Deus e constitui a prova de Sua existência. Desta forma:

"... em tudo que contemplo eu imediatamente descubro que este Te torna conhecido a mim e me relembra Teus sinais e Tuas evidências e Teus testemunhos. Pela Tua Glória! Toda vez que levanto os meus olhos ao Teu céu, lembro-me da Tua alteza e Tua sublimidade e Tua incomparável glória e grandeza, e toda vez que fixo o meu olhar na Tua terra sou obrigado a reconhecer as evidências de Teu poder e os sinais de Tua generosidade. E quando contemplo o mar, descubro que me fala de Tua majestade, e da potência do Teu poder, e da Tua soberania e da Tua grandeza. E a qualquer momento que contemplo as montanhas, sou levado a descobrir as insígnias de Tua vitória e os estandartes de Tua onipotência."3

A Natureza reflete os "nomes e atributos de Deus".4 É a expressão "da vontade de Deus...no...mundo contingente".5

Bahá'u'lláh escreve:

"Dize: a Natureza em sua essência é a incorporação de Meu Nome, o Originador, o Criador. Diversas são suas manifestações, por causas que variam e, nessa diversidade, há sinais para homens de discernimento. A Natureza é a Vontade de Deus e é Sua expressão no mundo contingente e através deste. É uma dispensação da Providência determinada por Aquele que ordena, a Suam Sabedoria."6

1.2 A TERRA, UM SÓ PAÍS

Bahá'u'lláh expõe uma visão mundial que reconhece que "a Terra é um só país e a humanidade seus cidadãos",7 e Ele recomenda a promoção dos "melhores interesses dos povos e raças da terra."8

'Abdu'l-Bahá chama a atenção para a crescente interdependência do mundo e ao fato que a "auto-suficiência"9 não é mais possível. Ele prediz que a tendência em direção a um mundo unido crescerá e se manifestará em forma de "unidade de pensamento em atividades mundiais"10 e em outros aspectos importantes da existência. Uma área crítica para uma ação unificada é a preservação dos recursos do planeta.

1.3 A POSIÇÃO E RESPONSABILIDADE DO HOMEM

'Abdu'l-Bahá diz que o homem, "devido à força ideal e celestial latente e manifesta nele",11 ocupa uma posição que é "maior e mais nobre"12 que a natureza, que "o homem governa sobre a esfera da natureza".13

"Torna-se evidente, portanto, que o homem governa sobre a esfera da natureza. A natureza é inerte, o homem é progressivo. A natureza não tem consciência; o homem é dotado dela. A natureza não possui volição e age à força, ao passo que o homem possui uma poderosa vontade. A natureza é incapaz de descobrir mistérios ou realidades, ao passo que o homem é especialmente apto para fazer isto. A natureza não está em contato com os domínios de Deus, o homem é harmonizado com suas evidências. A natureza é desinformada de Deus, o homem tem a consciência Dele. O homem adquire virtudes divinas, à natureza elas são negadas. O homem pode voluntariamente deixar os vícios, a natureza não tem nenhum poder para modificar a influência de seus instintos. Torna-se evidente que o homem é mais nobre e superior, que nele há um poder ideal ultrapassando a natureza. Ele tem consciência, volição, memória, poder de inteligência, atributos divinos e virtudes das quais a natureza é totalmente privada e destituída; portanto, o homem é mais elevado e nobre devido à força ideal e celestial latente e manifesta nele."14

O homem, possuidor de uma faculdade interior que as plantas e os animais não possuem, um poder que o capacita a descobrir os segredos da natureza e dominar o meio ambiente, tem uma responsabilidade especial na utilização dos poderes que Deus lhe concedeu para fins positivos. A Casa Universal de Justiça indica que "o exercício apropriado desta responsabilidade é a chave para se saber se o seu gênio inventivo produz resultados benéficos ou traz destruição ao mundo material."15

1.4 A APROXIMAÇÃO AO MUNDO FÍSICO:
INTERAÇÃO DO ESPIRITUAL E DO MATERIAL

'Abdu'l-Bahá enfatiza que o desenvolvimento do mundo físico e a felicidade da humanidade dependem tanto do "chamado da civilização, do progresso do mundo material"16 como do "chamado que procede de Deus, que comove a alma, cujos ensinamentos espirituais são salvaguardas da glória, da felicidade e da iluminação eterna do mundo da humanidade".17 Ele declara:

"Todavia, enquanto as conquistas materiais, as realizações no plano físico e as virtudes humanas não forem reforçadas por perfeições espirituais, por qualidades luminosas e características misericordiosas, nenhum fruto, nenhum resultado delas advirá, e tampouco se alcançará a meta suprema: a felicidade do gênero humano. Pois se por um lado os avanços materiais e o desenvolvimento do mundo físico engendram prosperidade, a qual manifesta com requinte seus objetivos definidos, por outro lado, há perigos, calamidades terríveis e aflições violentas iminentes.

"Conseqüentemente, se observares a configuração bem organizada de reinos, cidades e aldeias, com a atratividade de seus adornos, o frescor de seus recursos naturais, o refinamento de seus utensílios, a comodidade de seus meios de transporte, a amplitude de conhecimentos disponíveis relativos ao mundo da natureza, as grandes invenções, os empreendimentos colossais, as descobertas admiráveis e as pesquisas científicas, concluirás que a civilização conduz à felicidade e ao progresso do mundo humano. Não obstante, fosses volver o olhar ao descobrimento de máquinas arrasadoras e infernais, ao desenvolvimento de forças de destruição e à invenção de apetrechos ígneos, que extirpam a árvore da vida, tornar-se-ia evidente e manifesto a ti estar a civilização associada à barbárie. O progresso e a selvageria caminham juntos, a menos que a civilização material seja confirmada pela Guia Divina, pelas revelações do Todo-Misericordioso e por virtudes pias, e seja reforçada por conduta espiritual, pelos ideais do Reino e pelas efusões do Domínio do Poder...

"Conseqüentemente, tal civilização e progresso devem ser associados à Suprema Guia, para que este mundo inferior se torne o cenário da aparição das dádivas do Reino e as conquistas no plano físico venham juntamente com os fulgores do Misericordioso; e isto a fim de que a beleza e perfeição do mundo do homem se desvelem e manifestem aos olhos de todos com a maior graça e esplendor. Desta forma, glória e felicidade eternas hão de revelar-se."18

Bahá'u'lláh descreve o destino daqueles cujas vidas demonstram displicência em relação aos valores espirituais e deixam de agir de acordo com tais valores. Ele comenta:

"... andais sobre Minha Terra, contentes, satisfeitos convosco mesmos, sem perceberdes que Minha Terra se enfastia de vós, que tudo nela se vos evade..."19

Shoghi Effendi afirma que a negligência do homem contribui para o declínio da "ordem atual"20 e impacta o meio ambiente de uma forma concreta:

"A violenta desorganização do equilíbrio do mundo; o estremecimento que acometerá os membros da humanidade; a radical transformação da sociedade humana; o declínio da ordem atual; as mudanças fundamentais afetando a estrutura de governo; ... o desenvolvimento de máquinas infernais de guerra; a queima de cidades; a contaminação da atmosfera da Terra; ...estes se destacam como sinais e presságios que devem anunciar ou acompanhar a calamidade retributiva que, assim como decretado por Aquele que é o Juiz e o Redentor da Humanidade, deve, mais cedo ou mais tarde, afligir uma sociedade que, em sua maior parte, e por mais de um século, não deu ouvidos à Voz do Mensageiro de Deus neste dia... uma calamidade que deve purificar a raça humana da escória de sua corrupção de longa data e soldar suas partes componentes em uma sociedade destinada, no decorrer do tempo, a ser incorporada numa estrutura, e galvanizada pelas influências espiritualizadoras de uma ordem misteriosamente expansiva e divinamente ordenada e florir, no decurso das futuras Dispensações, numa civilização a qual a humanidade, em nenhum estágio de sua evolução, jamais testemunhou igual."21

2. O RELACIONAMENTO ENTRE O HOMEM E A NATUREZA

O relacionamento entre o homem e a natureza é muito complexo. Uma apreciação das dimensões deste assunto exige reflexão sobre algumas características da natureza descritas nas escrituras Bahá'ís, bem como a consciência de certos valores e atitudes que guiam o comportamento individual e o estabelecimento de prioridades.

2.1 CARACTERÍSTICAS DA NATUREZA
2.1.1 UM SISTEMA UNIFICADO

'Abdu'l-Bahá indica que o "templo do mundo"22 foi "moldado na imagem e semelhança do corpo humano".23 Ele explica:

"Isto significa que da mesma forma que o corpo humano neste mundo, o qual externamente é composto de membros e órgãos, é, na realidade, uma entidade fechada, integrada e coerente; similarmente a estrutura do mundo físico é como um único ser cujos membros e órgãos são inseparavelmente unidos.

"Fosse uma pessoa observar com olhar perscrutador as realidades de todas as coisas, tornar-se-ia claro que o maior laço que mantém unido o mundo do ser reside na própria variedade dos seres criados e que a cooperação, ajuda mútua e reciprocidade são características essenciais no corpo unificado do mundo do ser, visto que todas as coisas criadas são intimamente relacionadas e cada uma é influenciada ou beneficiada pela outra, direta ou indiretamente.

"Considere, por exemplo, como um grupo de coisas criadas constitui o reino vegetal e outro o reino animal. Cada um destes faz uso de certos elementos do ar, dos quais as suas vidas dependem, enquanto cada um aumenta a quantidade de tais elementos que são essenciais para a vida do outro. Em outras palavras, o crescimento e o desenvolvimento do reino vegetal se torna impossível sem a existência do reino animal e a manutenção da vida animal é inconcebível sem a cooperação do reino vegetal. Semelhantes são os relacionamentos que existem entre todas as coisas criadas. Por isso foi declarado que a cooperação e a reciprocidade são propriedades essenciais, inerentes ao sistema unificado do mundo da existência e sem as quais a criação inteira seria reduzida a nada."24

Numa outra passagem 'Abdu'l-Bahá descreve a interconexão de "cada parte do universo"25 e a importância da manutenção de equilíbrio no sistema:

"Reflete sobre as realidades íntimas do universo, as sabedorias recônditas envolvidas, os enigmas, as inter-relações e as leis que a tudo governam; pois cada parte do universo está unida a cada uma das demais por vínculos mui poderosos e inflexíveis, que desequilíbrio algum permitem..."26

2.1.2 SUJEITO À LEI E ORGANIZAÇÃO

'Abdu'l-Bahá declara que "o mundo fenomenal é inteiramente sujeito às normas e controles da lei natural".27 Ele contrasta a "organização absoluta"28 da natureza e sua falta de "inteligência"29 e "vontade"30 com a habilidade do homem para "[comandar] as forças da Natureza"31 através de descobertas da "constituição das coisas"32:

"Essa natureza está sujeita a uma organização absoluta, a leis determinadas, a uma ordem completa e a um plano consumado dos quais jamais se desviará... a tal ponto, que, se observares atentamente e com visão aguçada verás que desde o mais microscópico átomo até os corpos gigantes do mundo da existência como o globo solar ou outras grandes estrelas e esferas luminosas, se considerares a disposição, composição, forma ou o movimento destes, descobrirás que todos estão no mais alto grau de organização e sujeitas a uma lei da qual jamais poderão se desviar.

"Ao contemplares porém, a própria Natureza, verás que ela não possui inteligência ou vontade. Por exemplo, a natureza do fogo é queimar; ele queima sem vontade ou inteligência. A natureza da água é fluir; ela flui sem vontade ou inteligência. A natureza do sol é brilhar e ele brilha sem vontade ou inteligência. A natureza do vapor é subir; sobe, sem vontade ou inteligência. Torna-se evidente, pois que os movimentos naturais de todas as coisas são involuntários, não há movimentos voluntários exceto nos animais e, acima de tudo, no homem. O homem é capaz de resistir e se opor à Natureza porque descobre a constituição das coisas e através disto comanda as forças da Natureza; todas as invenções feitas por ele se devem à descoberta da constituição das coisas. Por exemplo, ele inventou o telégrafo, que é o meio de comunicação entre o Ocidente e o Oriente. Torna-se evidente, portanto, que o homem rege a Natureza.

"Ora, quando observardes na existência tais organizações, disposições e leis, poderás dizer que todas estas são efeitos da Natureza, embora a Natureza não possua inteligência nem percepção? Se não, torna-se evidente que esta Natureza, a qual não possui percepção nem inteligência, está nas mãos do Deus Todo-Poderoso, O qual é o Governador do mundo da Natureza; tudo que Ele deseje, Ele faz a Natureza manifestar."33

2.1.3 MUDANÇA E MOVIMENTO

A mudança é uma lei que governa a inteira criação física. Pode ser observada na passagem das estações do ano. 'Abdu'l-Bahá escreve:

"A terra está em movimento e crescimento; as montanhas, colinas e planícies são verdes e agradáveis; a benção é transbordante; a misericórdia, universal; a chuva desce das nuvens da misericórdia; o sol fulgurante está brilhando; a lua cheia ornamenta o horizonte do espaço celeste; a grande maré inunda todo pequeno rio; as dádivas são sucessivas, os favores consecutivos; e a brisa refrescante sopra, impelindo o doce perfume das flores. Um tesouro ilimitado encontra-se nas mãos do Rei dos Reis! Erguei as orlas de vosso manto para poderes recebê-lo.34

"Em breve o mundo inteiro, assim como na primavera, trocará a sua roupagem. A mudança e a queda das folhas de outono já passou; a melancolia do inverno terminou. O ano novo apareceu e a primavera espiritual está próxima. A terra sombria está se tornando um jardim verdejante; os desertos e as montanhas estão abundantes em flores vermelhas; nas fronteiras das selvas as altas ervas estão firmes como guardas avançadas diante das árvores de cipreste e jasmim; enquanto os pássaros cantam entre os ramos de rosas como anjos nos céus mais altos, anunciando as boas-novas da chegada daquela primavera espiritual, e a doce música de suas vozes leva a verdadeira essência de todas as coisas a se comover e estremecer."35

'Abdu'l-Bahá afirma que "repouso absoluto não existe na natureza",36 que o "movimento é essencial para a existência".37 Em relação à existência Ele descreve os processos de "composição e decomposição"38:

"...considerai, ademais, o fenômeno da composição e decomposição, da existência e inexistência. Toda coisa criada no mundo contingente é constituída de muitos átomos diferentes, e sua existência depende da composição destes. Noutras palavras, através do poder criativo divino se dá uma combinação de elementos simples, e por essa composição um organismo bem definido é gerado. A existência de todas as coisas baseia-se neste princípio. Quando, entretanto, a ordem é desarranjada, a decomposição ocorre e a desintegração se manifesta, então a criatura deixa de existir. Ou seja, a aniquilação de todos os seres é causada pela decomposição e desintegração. Assim sendo, a atração e a composição entre elementos diversos é o que proporciona a vida; e a discórdia, a decomposição e a divisão produzem a morte. Portanto, as forças coesivas e atrativas levam ao aparecimento de resultados e efeitos proveitosos em todas as coisas, ao passo que a alienação e separação dos seres vivos conduzem à perturbação e aniquilação. Por meio da afinidade e da atração, todas as coisas viventes, como as plantas, os animais e o homem, vêm à existência; já a divisão e a discórdia ocasionam a decomposição e destruição."39

Ele também explica que, no mundo físico, o curso da evolução caminha na direção de níveis crescentes de complexidade:

"Na criação física, a evolução vai de um a outro grau de perfeição. O mineral passa, com suas perfeições, ao vegetal; o vegetal passa ao mundo animal; e, assim por diante, até ao da humanidade..."40

2.1.4 DIVERSIDADE

'Abdu'l-Bahá descreve a diversidade como "a essência da perfeição e a causa da aparição das dádivas"41 de Deus, e Ele afirma:

"Considerai as flores de um jardim: diferem em espécie, cor, forma e aspecto. Não obstante, desde que são refrescadas pelas águas da mesma fonte, revivificadas pelos sopros de um só vento e revigoradas pelos raios de um único Sol, sua diversidade lhes aumenta o encanto e realça a beleza. Assim, quando a força unificadora que é a influência penetrante do Verbo de Deus, faz efeito, a variedade de costumes, procedimentos, hábitos, idéias, opiniões e temperamentos embeleza o mundo da humanidade. Tal diversidade, tal diferença, é análoga à dessemelhança e variedade natural dos membros e órgãos do corpo humano, pois cada qual contribui para a beleza, eficiência e perfeição do todo.

"Quão pouco nos agradaria aos olhos se todas as plantas e árvores desse jardim, com seus ramos, suas folhas, flores e frutos fossem da mesma forma e cor! A diversidade de colorido, formato e aparência enriquece e adorna o jardim e aviva-lhe a aparência..."42

A extensão da diversidade do "mundo dos seres criados"43 é enfatizada na seguinte passagem:

"...as formas e organismos dos seres e existências fenomenais em cada um dos reinos do universo são miríades e infinitas. O plano ou reino vegetal, por exemplo, tem sua variedade infinita de tipos e estruturas materiais de vida vegetal - cada um distinto e diferente por si, não havendo dois exatamente iguais em composição e detalhes - pois não há repetição na natureza e a virtude aumentativa não pode ser confinada a qualquer imagem ou forma. Cada folha tem sua própria identidade particular - por assim dizer, sua própria individualidade como uma folha..."44

2.1.5 SERVE AO MUNDO HUMANO

'Abdu'l-Bahá descreve as "causas e circunstâncias"45 da "perfeição"46 do mundo mineral, vegetal e animal e ele distingue isto da sua "verdadeira prosperidade",47 a qual conduz à honra dos vários reinos.

A honra e exaltação de todo ser existente dependem de causas e circunstâncias.

"A excelência, a beleza e a perfeição da terra estão em seu verdor e fertilidade, graças às nuvens primaveris. Plantas crescem, flores e ervas aromáticas surgem; as árvores frutíferas florescem e produzem frutas novas e frescas. Os jardins se tornam belos e os prados enfeitados; as montanhas e as planícies ficam verdejantes e os jardins, campos, vilarejos e cidades são embelezadas. Eis a prosperidade do mundo mineral.

"O ápice da exaltação e perfeição do mundo vegetal se encontra numa árvore que cresce nas margens de um rio de águas frescas, uma brisa suave que sobre ela sopra, o calor do sol que sobre ela brilha, um jardineiro que a cultiva e que dia após dia ela se desenvolva e produza frutos. Mas a sua verdadeira prosperidade está em progredir para o mundo animal e humano repondo o que tiver se esgotado nos corpos dos animais e homens.

"A exaltação do mundo animal consiste em possuir membros, órgãos e sentidos perfeitos e ter todas as suas necessidades supridas. Nisso consiste sua glória suprema, sua honra e exaltação. Portanto a suprema felicidade de um animal consiste em possuir um prado verde e fértil, água corrente pura e uma floresta verdejante encantadora. Se estas coisas lhe forem providenciadas, nenhuma prosperidade maior poderia ser imaginada. Se um pássaro, por exemplo, construir seu ninho numa floresta verdejante e frutífera, num lugar alto e belo, no topo de um galho, numa árvore forte e se ele encontrar grãos e água em abundância, isto é sua prosperidade perfeita.

"Mas para o animal a verdadeira prosperidade consiste na passagem do mundo animal para o mundo humano, semelhante aos seres microscópicos que, pela água e ar, entram no organismo humano e são assimilados e repõem o que é consumido neste corpo. Nisso está a grande honra e prosperidade para o mundo animal; para este, maior honra não pode ser concebida."48

2.1.6 A IMPERFEIÇÃO DA NATUREZA

Duas opiniões a respeito da natureza são contrastadas. Uma delas considera que o "mundo da natureza é completo",49 e o outro declara que é "incompleto",50 pois "necessita de inteligência e educação"51. 'Abdu'l-Bahá afirma que os "mundos mineral, vegetal, animal e humano necessitam todos de educação"52

"Os materialistas mantém a opinião de que o mundo da natureza é completo. Os filósofos divinos declaram que o mundo da natureza é incompleto. Existe uma grande diferença entre os dois. Os materialistas chamam a atenção para a perfeição da natureza; o sol, a lua e as estrelas, as árvores com sua beleza, o planeta inteiro e o mar - mesmo os fenômenos insignificantes revelam a mais perfeita simetria. Os filósofos divinos negam esta perfeição aparente no reino da natureza, embora aceitem a beleza de suas cenas e aspectos e reconheçam as irresistíveis forças cósmicas que controlam os enormes sóis e planetas. Eles afirmam que embora a natureza pareça ser perfeita, é, no entanto, imperfeita, pois necessita de inteligência e educação. Como prova disto dizem que o homem, embora seja um Deus na área da criação material, necessita de um educador. O homem não desenvolvido pela educação é selvagem, animalesco e brutal. Leis e regulamentos, escolas, faculdades e universidades têm como propósito o treinamento do homem e a sua elevação das fronteiras escuras do reino animal...53

"Ao examinarmos a existência, observamos que os mundos mineral, vegetal, animal e humano necessitam todos eles de um educador.

"Se a terra não é cultivada, torna-se um matagal onde crescem ervas inúteis; mas se um agricultor vier e arar a terra, ela dará colheitas para a alimentação dos seres vivos. É evidente, portanto, que o solo precisa ser cultivado pelo agricultor. Considerem as árvores: se permanecerem sem um lavrador, serão infrutíferas, e sem frutos, inúteis; mas se receberem os cuidados de um jardineiro, estas mesmas árvores estéreis se tornarão frutíferas e através do cultivo, adubação e enxertia, as árvores que tinham frutos amargos produzirão frutos doces...

"O mesmo se aplica aos animais: observem que quando o animal é amestrado se torna doméstico. Da mesma forma, se o homem não receber educação, tornar-se-á bestial, mais ainda, se for deixado sob o domínio da natureza, tornar-se-á mais baixo que um animal, ao passo que se for educado tornar-se-á um anjo..."54

2.2 ATITUDES E VALORES

As escrituras Bahá'ís articulam certos valores espirituais e atitudes que guiam o relacionamento do homem com a natureza. Estes incluem:

2.2.1 APRECIAÇÃO

Uma consciência do fato de que a terra é a "fonte"55 da "prosperidade"56 do homem é moderada pela percepção de que "a honra e a exaltação do homem devem consistir em algo m ais do que bens materiais".57 Desta forma:

"Todo homem de discernimento, enquanto caminha sobre a terra, sente-se realmente envergonhado, visto que compreende perfeitamente que aquilo que é a fonte da sua prosperidade, sua riqueza, sua força, sua exaltação, seu avanço e seu poder é, como ordenado por Deus, a própria terra que é pisada pelos pés de todos os homens. Indubitavelmente, aquele que é conhecedor dessa verdade está purificado e santificado de todo orgulho, arrogância e vaidade...58

"De que podeis com justiça vos vangloriar? Será de vosso alimento e vossa bebida que vos orgulhais, das riquezas que acumulais em vossos tesouros, ou da variedade e do valor dos ornamentos com que vos adornais? Fosse a glória verdadeira consistir na posse de coisas tão perecedoras, então a terra sobre a qual andais, deveria vangloriar-se sobre vós, pois é ela que vos supre e concede essas coisas, segundo o decreto do Todo-Poderoso. Nas entranhas da terra está contido tudo o que vós possuís, segundo Deus ordenou. Delas extraís - como sinal de Sua misericórdia - vossas riquezas. Vede, pois, vosso estado, a coisa de que vos vangloriais! Oxalá pudésseis perceber isto!59

"Portanto está claro que a honra e exaltação do homem devem consistir em algo mais do que bens materiais. Confortos materiais são apenas um ramo, mas a raiz da exaltação do homem são as boas qualidades e virtudes que adornam sua realidade. Estes são os atributos divinos, as graças celestiais, as emoções sublimes, o amor e o conhecimento de Deus; sabedoria universal, percepção intelectual, descobertas científicas, justiça, eqüidade, veracidade, benevolência, coragem instintiva e firmeza inata; o respeito pelos direitos e o cumprimento de acordos e alianças; retidão em todas as circunstâncias; servir à verdade sob todas as condições; o sacrifício da própria vida pelo bem coletivo; bondade e estima para com todas as nações; obediência aos ensinamentos de Deus; serviço ao Reino Divino; a orientação dos povos e a educação das nações e raças. Eis a prosperidade do mundo humano! Eis a exaltação do homem na terra! Eis a vida eterna e honra celestial!"60

2.2.2 MODERAÇÃO

Os ensinamentos Bahá'ís encorajam o desprendimento deste "mundo e suas vaidades",61 já que o "apego"62 desvia a consciência do homem de Deus. Isto não constitui, porém, uma forma de ascetismo, nem implica em uma rejeição dos prazeres da vida. Bahá'u'lláh explica:

"Se um homem desejasse adornar-se com ornamentos da terra, usar suas vestimentas ou participar dos benefícios que ela pode conceder, nenhum dano lhe poderia advir, se não permitisse que coisa alguma interviesse entre ele e Deus, pois Deus ordenou cada coisa boa, quer criada nos céus ou na terra, para aqueles de Seus servos que n'Ele, verdadeiramente, acreditam. Alimentai-vos, ó povo, com as boas coisas que Deus vos concedeu e não vos priveis de Suas graças maravilhosas. Rendei-Lhe agradecimentos e louvor e sede dos que são verdadeiramente gratos."63

O padrão é a moderação:

"Em todos os assuntos a moderação é desejável. Se uma coisa for levada ao excesso, provará ser fonte de mal..."64

2.2.3 BONDADE PARA COM OS ANIMAIS

Bahá'u'lláh pede ao homem que "mostre bondade para com os animais"65 e adverte contra "a caça em excesso"66. Em relação ao primeiro, 'Abdu'l-Bahá escreve:

"Em breves palavras, não é somente a seu próximo que os amados de Deus devem tratar com mercê e compaixão; antes incumbe-lhes manifestar a máxima benevolência a toda criatura vivente. Isto porque em todos os aspectos físicos, e naquilo que se refere ao espírito animal, nos mesmo idênticos sentimentos são compartilhados por homem e animal. O homem, todavia, não tendo ainda apreendido esta verdade, crê que as sensações físicas confinam-se a ele, razão pela qual é injusto e cruel para com os animais.

"E na verdade, entretanto, considerando-se as sensações físicas, que diferença há? Os sentimentos são idênticos quer se inflija dor a um ser humano, quer a um animal. Diferença alguma há quanto a isso. E, na realidade, comete-se um ato mais condenável ferindo-se um animal, porque o homem possui linguagem, tem a possibilidade de apresentar queixa, protestar e lastimar-se; se for ferido, pode recorrer às autoridades, e estas o protegerão de seu agressor. O pobre animal, porém, é mudo e incapaz de exprimir sua dor ou levar seu caso às autoridades. Se uma pessoa infligir mil males a um animal, ele não poderá defender-se dela por meio de fala, nem tampouco poderá levá-la à força a julgamento. Portanto, é essencial que manifesteis a máxima consideração ao animal e lhe sejais ainda mais bondosos que com vosso semelhante.

"Treinai vossos filhos desde a mais tenra infância a serem infinitamente carinhosos e amorosos com os animais. Se um animal estiver enfermo, que as crianças tentem curá-lo; se estiver com fome, que lhe provejam alimento; se estiver sedento, saciem-lhe a sede; se cansado, proporcionem-lhe repouso.

"Os seres humanos, em sua maioria, são pecadores, mas os animais são inocentes. Indubitavelmente, os que não têm pecado deveriam receber a maior bondade e amor - todos exceto os animais que são nocivos... Aos animais abençoados, no entanto, a máxima bondade deve ser oferecida; quanto mais, melhor. Ternura e benevolência são princípios fundamentais do Reino celestial de Deus. Cumpre-vos ter esta questão em mente com extrema atenção."67

As escrituras Bahá'ís também afirmam que o consumo de carne não é um pré-requisito para a saúde:

"Com respeito ao consumo de carne animal e a abstinência dela... ele (o homem) não necessita de carne nem é obrigado a consumi-la. Ele viveria com o máximo de vigor e energia mesmo sem consumir carne... Verdadeiramente, a matança de animais e o consumo de sua carne é de alguma forma contrária à piedade e compaixão, e se uma pessoa puder se contentar com cereais, frutas e nozes, tais como pistaches, amêndoas e assim por diante, seria sem dúvida melhor e mais gentil."68

2.2.4 O DESENVOLVIMENTO DA NATUREZA

Do ponto de vista bahá'í, a criação física é dinâmica, e evolui de "um grau de perfeição para outro".69 É, porém, "incompleta",70 visto que lhe falta "inteligência e educação".71 Necessita de desenvolvimento pelo homem para poder criar não só um grau maior de ordem e beleza, que são padrões apoiados pelos ensinamentos Bahá'ís, mas também para aumentar sua fertilidade e produtividade. Em relação à criação da ordem e beleza na esfera da natureza, 'Abdu'l-Bahá escreve:

"A natureza é o mundo material. Quando olhamos para ela, vemos que é escura e imperfeita. Por exemplo, se permitimos que um pedaço de terra permaneça em sua condição natural, nós a encontraremos coberta de espinhos e mato, ervas inúteis e vegetação selvagem predominarão e será como um matagal. As árvores serão infrutíferas, faltando-lhes beleza e simetria...72

"E se, ao passardes por campos e fazendas, observardes que as plantas, flores e ervas fragrantes brotam exuberantemente juntas, aí tereis uma evidência do fato de que tal plantação ou jardim está florescendo sob os cuidados de um jardineiro hábil. Quando, no entanto, contemplardes um estado de desordem e irregularidade, inferireis estar-lhe faltando o cuidado de um agricultor eficiente, motivo pelo qual produziu ervas daninhas e joio."73

'Abdu'l-Bahá menciona também a contribuição do cultivo como um meio de aumentar a fertilidade da terra e sua produtividade. Ele diz:

"Se nós abandonássemos este pedaço de terra em seu estado natural e permitíssemos que voltasse à sua condição original, tornar-se-ia um campo de espinhos e ervas inúteis. As encostas das montanhas seriam matagais e florestas, sem árvores frutíferas, se fossem privadas do cultivo. Os jardins produzem frutos e flores em proporção aos cuidados e tratos conferidos pelo jardineiro...74

"Um grão de trigo, se cultivado pelo fazendeiro, produzirá uma colheita inteira, e uma semente, através do cuidado do jardineiro, tornar-se-á uma grande árvore..."75

Embora o mundo da natureza necessite de desenvolvimento, a aproximação do homem a tal desenvolvimento deve ser temperada pela moderação, um compromisso com a proteção da "herança [das] gerações futuras",76 e uma consciência da santidade da natureza que impregna os ensinamentos da Fé Bahá'í. Por exemplo, Bahá'u'lláh afirma:

"Bem-aventurado é o lugar, a casa e o coração, e bem-aventurada a cidade, a montanha, o refúgio, a caverna e o vale, a terra e o mar, o prado e a ilha, onde se haja feito menção de Deus e celebrado Seu louvor."77

2.2.5 A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA

Bahá'u'lláh afirma que "especial consideração deve ser dada à agricultura".78 Ele a caracteriza como uma atividade que "conduz ao adiantamento da humanidade e à reconstrução do mundo".79 'Abdu'l-Bahá afirma que:

"A base fundamental da comunidade é a agricultura, o cultivo do solo..."80

Ele descreve a agricultura como "uma ciência nobre",81 cuja prática é um "ato de adoração",82 e encoraja tanto homens como mulheres a se empenharem nas "ciências da agricultura"83. Ele indica que se um indivíduo "tornar-se proficiente neste campo tornar-se-á um meio de prover o conforto de inúmeras pessoas".84

Em relação ao desenvolvimento econômico e social das nações, a Casa Universal de Justiça enfatiza a importância da "agricultura e da preservação do equilíbrio ecológico do mundo".85

2.2.6 O USO DA CIÊNCIA

A ciência é descrita como "a governante da natureza e seus mistérios, o único meio pelo qual o homem explora as leis fundamentais da criação material"86:

"...o homem, através do exercício de seu poder científico, intelectual... pode modificar, transformar e controlar a natureza de acordo com seus próprios desejos e usos. A ciência, por assim dizer, é a violadora das leis da natureza.

"Considerai, por exemplo, que o homem, de acordo com a lei natural, deve habitar na superfície da terra. Porém, ao superar esta lei e restrição ele navega em navios sobre o oceano, sobe ao zênite em aviões e mergulha nas profundezas do mar em submarinos. Isto é contra a lei da natureza e uma violação de sua soberania e domínio. As leis e métodos da natureza, os mistérios e segredos ocultos do universo, as descobertas e invenções humanas, todas as nossas aquisições científicas poderiam naturalmente permanecer ocultas e desconhecidas, mas o homem, através de sua perspicácia intelectual, os descobre do plano do invisível, os traz para o plano visível, os expõe e explica. Por exemplo, um dos mistérios da natureza é a eletricidade. De acordo com a natureza, esta força, esta energia, poderia permanecer latente e oculta, mas o homem cientificamente rompe as próprias leis da natureza, conquistando-a e inclusive aprisionando-a para o seu próprio uso.

"Em resumo, o homem, através da posse deste perfeito talento da investigação científica, torna-se o produto mais nobre da criação, o governante da natureza..."87

'Abdu'l-Bahá relaciona o esforço científico à implementação de uma meta nobre. Ele diz:

"Este talento é o poder mais louvável do homem, pois com seu uso e exercício o melhoramento da raça humana é alcançado, torna-se possível o desenvolvimento das virtudes da humanidade e são manifestados a intenção e mistérios de Deus..."88

E Ele enumera o princípio geral que:

"... qualquer agente, ainda que seja o instrumento para o maior benefício humano, pode ser mal empregado. O seu uso apropriado ou abusivo depende dos diferentes níveis de esclarecimento, capacidade, fé, honestidade, devoção e mente elevada dos líderes da opinião pública."89

3. PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Diversas questões pertinentes à proteção do meio ambiente são mencionadas nas escrituras da Fé Bahá'í. Várias destas são expostas em seguida.

3.1 PRESERVAÇÃO DOS RECURSOS

Shoghi Effendi relaciona a preservação e a recuperação dos recursos da terra à "proteção do mundo físico e [à] herança das gerações futuras".90 Ele afirma que o trabalho de grupos como os "Men of the Trees" (Homens das Árvores) e a "World Forestry Charter" (Carta Magna das Florestas do Mundo) é "essencialmente humanitário91", e ele aplaude seus "nobres objetivos"92 de recuperar as "áreas desertas [da] África".93

É interessante observar que entre os "poderes e deveres"94 da Casa Universal de Justiça estão o "progresso e o melhoramento do mundo"95 e "o desenvolvimento dos países".96

3.2 CONTROLE DOS RECURSOS NATURAIS

As escrituras Bahá'ís visualizam que a proteção, exploração e utilização dos "recursos inimaginavelmente vastos"97 da terra devem, inevitavelmente, a longo prazo, ser colocados sob a jurisdição de um "sistema federativo mundial".98 Tal sistema, baseado no reconhecimento da "unidade da raça humana",99 não apenas exercerá "autoridade inquestionável"100 sobre os recursos da terra, mas também assegurará a justiça econômica e social. Shoghi Effendi escreve:

"A unidade do gênero humano, assim como Bahá'u'lláh a concebeu, compreende o estabelecimento de uma comunidade mundial em que todas as nações, raças, crenças e classes estejam estreita e permanentemente unidas, e em que a autonomia dos estados que a compõem, e a liberdade e iniciativa pessoal dos seus membros individuais, sejam garantidas de um modo definitivo e completo... Em tal sociedade mundial, a ciência e a religião, as duas forças mais potentes da vida humana, serão reconciliadas, assim cooperando e desenvolvendo-se harmoniosamente... Os recursos econômicos do mundo serão organizados, suas fontes de matérias primas serão exploradas e completamente utilizadas, seus mercados serão coordenados e desenvolvidos e a distribuição de seus produtos será regulada de um modo eqüitativo.

"As rivalidades entre as nações, os ódios e as intrigas cessarão, e os preconceitos e animosidades de raça serão substituídos por amizade, entendimento mútuo e cooperação. Não mais existirão os motivos da contenda religiosa; abolir-se-ão as barreiras e restrições econômicas e a desmedida distinção entre as classes será eliminada. Desaparecerão a pobreza extrema, por um lado e, por outro, a excessiva acumulação de bens. A quantidade enorme de energia que se desperdiça com a guerra, quer econômica ou política, será dedicada a fins como estes: a extensão do alcance das invenções humanas e do desenvolvimento técnico, o aumento da capacidade produtiva da humanidade, o extermínio das moléstias, a ampliação das pesquisas científicas, a adoção de mais altos padrões de saúde física, o refinamento do cérebro humano, a exploração dos recursos do planeta que ainda não foram utilizados ou descobertos, o prolongamento da vida do homem, a promoção de qualquer outro meio de estimular a vida intelectual, moral e espiritual da humanidade inteira.

"A meta para qual a força unificadora da vida impele a humanidade é um sistema federal mundial que regerá a Terra, exercendo autoridade inquestionável sobre seus recursos inimaginavelmente vastos, harmonizando e incorporando os ideais de Leste e Oeste, liberto do flagelo da guerra e suas tristes conseqüências, esforçando-se por aproveitar todas as fontes de energia existentes na superfície do planeta - um sistema que a Força se subordina à Justiça, e cuja vida é sustentada por seu reconhecimento universal de um só Deus e sua lealdade a uma Revelação comum."101

3.3 ABORDAGENS PARA A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

A conservação e proteção do meio ambiente devem ser tratados a nível individual e social. Shoghi Effendi, em uma carta escrita em seu nome, diz:

"Não podemos separar o coração humano do meio ambiente, dizendo que assim que um destes for reformado tudo será melhor. O homem é parte orgânica do mundo. A sua vida interior molda o meio ambiente e é também profundamente afetada por ele. Um atua sobre o outro e toda mudança permanente na vida dos homens é resultado destas reações mútuas.

"Nenhum movimento no mundo direciona sua atenção a estes dois aspectos da vida humana, nem oferece medidas completas para o seu melhoramento, salvo os ensinamentos de Bahá'u'lláh. Este é seu caráter distintivo. Se nós, portanto, desejamos o bem do mundo, devemos nos esforçar por disseminar esses ensinamentos e também praticá-los em nossas próprias vidas. Através destes, o coração humano será transformado, e o ambiente social proverá a atmosfera na qual possamos crescer espiritualmente e refletir por completo a luz de Deus brilhando através da Revelação de Bahá'u'lláh."102

E, a respeito da solução dos problemas do mundo, ele indica que:

"Precisamos de uma mudança de coração, um reenquadramento de todas as nossas concepções e uma nova orientação das nossas atividades. A vida interior do homem, tanto quanto o ambiente externo, terá que ser reconfigurada para que a salvação humana possa ser assegurada."103

Em nível governamental, a Casa Universal de Justiça clama pela "cooperação global da família das nações no sentido de projetar e adotar medidas visando preservar o equilíbrio ecológico que o Criador concedeu a esta Terra".104 A Casa Universal de Justiça assevera:

"Até o momento em que as nações do mundo compreendam e sigam as advertências de Bahá'u'lláh para que trabalhem juntas de todo coração, cuidando dos melhores interesses de toda a humanidade, e se unam em busca de formas e meios de se solucionarem os problemas ambientais enfrentados por nosso planeta, a Casa Universal de Justiça sente que pouco progresso será feito em direção à sua solução..."105

A Casa Universal de Justiça delineia o papel do indivíduo Bahá'í e das comunidades Bahá'ís em relação à salvação da "vida selvagem e condição natural do mundo"106 da seguinte maneira:

"...a melhor forma de ajudarem a salvar a vida selvagem e a condição natural do mundo é fazer todo esforço para levar a Mensagem de Bahá'u'lláh à atenção de seus companheiros e ganhar a lealdade deles à Sua causa.

"Quando os corações dos homens forem transformados e começarem a trabalhar em unidade à luz dos ensinamentos de Bahá'u'lláh, poderão iniciar a implantação de muitas melhorias práticas na condição do mundo. Isto já está se iniciando, com os esforços em prol do desenvolvimento social e econômico naquelas áreas onde grandes comunidades Bahá'ís foram estabelecidas. Certamente, vocês também poderão auxiliar aqueles com quem venham a ter contato, que tenham um interesse na melhoria do meio ambiente, mas a solução fundamental é aquela trazida por Bahá'u'lláh."107

Além de tratar o assunto em nível espiritual fundamental, a colaboração com indivíduos e grupos interessados na melhoria do meio ambiente é encorajada. As comunidades Bahá'ís são convocadas a tornarem a conservação do meio ambiente parte integral de suas atividades regulares,

"... ajudando nos esforços para conservar o meio ambiente de maneiras que harmonizem com o ritmo da vida de nossa comunidade..."108

4. PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

'Abdu'l-Bahá esboça o estado da vida futura na Terra:

"O Senhor de toda a humanidade moldou este reino humano para ser o Jardim do Éden, o paraíso terreno; se, como lhe cumpre, ele encontrar o caminho da harmonia e da paz, do amor e da confiança mútua, este domínio tornar-se-á uma verdadeira morada de beatitude, lugar de bênçãos múltiplas e de deleites sem fim, onde a excelência da humanidade far-se-á manifesta e os raios do Sol da Verdade resplandecerão sobre todas as regiões."109

REFERÊNCIAS

1. Bahá'u'lláh. "Prayers and Meditation by Bahá'u'lláh" (Wilmette: Bahá'í Publishing Trust. 1987), sec. CLXXVI, P. 272.

2. Idem.
3. Idem.

4. Bahá'u'lláh. "Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh" (Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1977), sec. XC. P. 116.

5. Bahá'u'lláh. "Epístolas de Bahá'u'lláh" (Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1983), p. 158.

6. Idem.

7. Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", sec. CXVII, p. 158.

8. Idem.

9. 'Abdu'l-Bahá. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", ((Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1983), sec. 15 p. 28.

10. Idem; sec. 15, p. 29.

11. 'Abdu'l-Bahá. "The Promulgation of Universal Peace: Talks delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit of the United States and Canada in 1912". 2nd ed. (Wilmette: Bahá'í Publishing Trust. 1982), p. 178.

12. Idem.
13. Idem.
14. Idem.

15. Casa Universal de Justiça, de uma carta datada de 19 de maio de 1971 escrita em seu nome a um indivíduo Bahá'í.

16. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 225, p. 258.

17. Idem.
18. Idem; sec. 225, p.259-260.

19. Bahá'u'lláh. "Palavras Ocultas" ((Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1985), p. 84.

20. Shoghi Effendi, de uma carta datada de abril de 1957, publicada em "Messages to the Bahá'í World 1950-1957" (Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1971), p. 103.

21. Idem.

22. 'Abdu'l-Bahá, de uma Epístola traduzida do persa.

23. Idem.
24. Idem.

25. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 137, p. 141.

26. Idem.

27. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 17.

28. 'Abdu'l-Bahá. "O Esplendor da Verdade" ((Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1979), p. 23.

29. Idem.
30. Idem.
31. Idem.
32. Idem.
33. Idem; p. 23-24.

34. 'Abdu'l-Bahá. "Tablets of 'Abdu'l-Bahá Abbas", vol. III (Chicago: Bahá'í Publishing Committee, 1930), p. 641.

35. 'Abdu'l-Bahá. "Tablets of 'Abdu'l-Bahá Abbas", vol. II (Chicago: Bahá'í Publishing Committee, 1940), p. 318-19.

36. 'Abdu'l-Bahá. "Palestras de 'Abdu'l-Bahá em Paris". Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1979, p. 72.

37. Idem; p. 73.

38. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", Sec. 225, p. 264.

39. Idem.
40. "Palestras de 'Abdu'l-Bahá em Paris", p. 55.

41. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 225, p. 265.

42. Idem; Sec. 225, p. 265-266.
43. "Palestras de 'Abdu'l-Bahá em Paris", p. 44.

44. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 329.

45. 'Abdu'l-Bahá. "O Esplendor da Verdade" (Rio de Janeiro: Editora Bahá'í do Brasil, 1979), sec. XV, p. 79.

46. Idem.
47. Idem; p. 80.
48. Idem; p. 79-80.

49. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 329.

50. Idem.
51. Idem.
52. "O Esplendor da Verdade", sec. III, p. 26.

53. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 329.

54. "O Esplendor da Verdade", sec. III, p. 26.

55. Bahá'u'lláh. "Epistle to the Son of the Wolf", rev. ed. (Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1979), p. 44.

56. Idem.
57. "O Esplendor da Verdade", sec. XV, p. 81.
58. "Epistle to the Son of the Wolf", p. 44.

59. "Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", sec. CXVIII, p. 160.

60. "O Esplendor da Verdade", sec. XV, p. 81.

61. "Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", sec. CXXVIII, p. 173.

62. Idem.
63. Idem, p. 174.
64. "Epístolas de Bahá'u'lláh", p. 80.

65. "Seleção dos Escritos de Bahá'u'lláh", sec. CXXV, p. 168.

66. Casa Universal de Justiça "Uma Sinopse e Codificação das Leis e Determinações do Kitáb-i-Aqdas. (Rio de Janeiro, Editora Bahá'í do Brasil, 1985), nota 34, p. 86.

67. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 138, p. 143-144.

68. 'Abdu'l-Bahá. De uma epístola traduzida do persa.

69. "Palestras de 'Abdu'l-Bahá em Paris", p. 55.

70. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 329.

71. Idem.
72. Idem.

73. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 225, p. 264-265.

74. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 353.

75. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 104, p. 118.

76. Shoghi Effendi, de um telegrama datado de 25 de maio de 1951 ao "New Earth Luncheon", Londres.

77. Bahá'u'lláh. "Orações Bahá'ís", (Rio de Janeiro, Editora Bahá'í do Brasil, 1983), p. 5.

78. "Epístolas de Bahá'u'lláh", p. 102.
79. Idem; p. 101.

80. 'Abdu'l-Bahá, citado em "Star of the West", vol. 4, no. 6 (24 de junho de 1913), p. 103.

81. 'Abdu'l-Bahá, de uma Epístola traduzida do persa.

82. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 126, p. 130.

83. Idem, e "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 283.

84. 'Abdu'l-Bahá, de uma Epístola traduzida do persa.

85. Casa Universal de Justiça, Departamento de Secretariado, de uma carta datada de 31 de março de 1985 a uma Associação para Estudos Bahá'ís.

86. "The Promulgation of Universal Peace: Talks Delivered by 'Abdu'l-Bahá during His visit to the United States and Canada in 1912", p. 29.

87. Idem, p. 30.
88. Idem, p. 31.

89. 'Abdu'l-Bahá, "The Secret of Divine Civilization", 2nd ed. (Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1983), p. 16.

90. Shoghi Effendi, de um telegrama datado de 23 de maio de 1951 ao "New Earth Luncheon", Londres.

91. Shoghi Effendi, de um telegrama datado de 21 de maio de 1956 ao "World Forestry Charter Luncheon", Londres.

92. Idem.

93. Shoghi Effendi, de um telegrama datado de 22 de maio de 1957 ao "World Forestry Charter Luncheon", Londres.

94. Casa Universal de Justiça, "The Constitution of the Universal House of Justice", (Haifa: Bahá'í World Centre, 1972), p. 5.

95. Idem.
96. Idem.

97. Shoghi Effendi, "Chamado às Nações", (Rio de Janeiro, Editora Bahá'í do Brasil, 1979), p. 73.

98. Idem.
99. Idem.
100. Idem, p. 73.
101. Idem, p. 71-73.

102. Secretário de Shoghi Effendi, de uma carta datada de 17 de fevereiro de 1933 a um Bahá'í.

103. Secretário de Shoghi Effendi, de uma carta datada de 27 de maio de 1932 a um Bahá'í.

104. Casa Universal de Justiça, Departamento de Secretariado, de uma carta datada de 18 de outubro de 1981 a um Bahá'í.

105. Idem.

106. Casa Universal de Justiça, Departamento de Secretariado, de uma carta datada de 14 de julho de 1984 a um Bahá'í.

107. Idem.

108. Casa Universal de Justiça, da Mensagem de Ridvan de 1989 aos Bahá'ís do mundo.

109. "Seleção dos Escritos de 'Abdu'l-Bahá", sec. 220, p. 251.


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