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Bahá'u'lláh : Epístola ao Filho do Lobo
Epístola ao Filho do Lobo
Editora Bahá’í do Brasil
EDITORA BAHÁ’Í DO BRASIL
Título original:
Epistle to the Son of the Wolf
Traduzida para o inglês por Shoghi Effendi
Tradução:
Merle Scoss
Introdução
Mirzaeh Gail, 1953

“Eu caminhava na Terra de Ta (Teerã) – o alvorecer dos sinais de teu Senhor – quando eis que ouvi o lamento dos púlpitos e a voz de suas súplicas a Deus, abençoado e glorificado seja Ele. Lamentando-se, diziam: ‘Ó Deus do mundo e Senhor das nações! Tu observas nossa condição e as coisas que nos ocorreram...”

Nós, os dois bilhões de pessoas atualmente no planeta, estamos vivendo em uma época na qual não só os púlpitos de todas as religiões como tudo o mais devem estar nos condenando, cada um naquela voz que, de acordo com o Alcorão, Deus conferiu a todas as coisas: “Foi Deus que nos fez falar. Ele faz falar todas as coisas...”(41:21). Nós, que matamos cerca de quarenta e cinco milhões de seres humanos nos últimos trinta e cinco anos, estranhos que sequer conhecíamos pelo nome. Nós, que negamos nossa diferença qualitativa dos animais e tentamos viver no mundo deles, uma tentativa que se mostrou tão bem-sucedida quanto o seria um animal transformar-se em árvore ou a árvore ser uma pedra. Nós, que passamos nosso tempo inventando elaboradas desculpas para justificar nosso modo de ser, que sempre jogamos a culpa sobre alguém, que sempre queremos que alguém nos salve.

Não é de surpreender que Bahá’u’lláh, o nobre persa que declarou Sua missão espiritual em 1863, tivesse dito também: “...caminhais sobre Minha terra complacentes e satisfeitos, desatentos ao fato de que Minha terra está cansada de vós e tudo nela se esquiva de vós.“

Ao mesmo tempo, ansiamos por felicidade e depois a rejeitamos quando ela nos é trazida. Pois a felicidade, para o ser humano, significa ser tirado do cego mundo físico para a vida consciente do espírito, e isso só pode ser feito pelo Profeta de Deus. Em Seu advento, nós O combatemos e Lhe resistimos, seja Ele Moisés ou Buda, Jesus ou Maomé, ou Bahá’u’lláh.

O homem está mostrando por seus atos que perdeu Deus e, em conseqüência, perdeu a si mesmo. “E não imiteis os que se esquecem de Deus: Deus os faz esquecerem-se de si mesmos”, alerta o Alcorão (59:19). O homem está confuso - perdido em um deserto. Precisa reencontrar o sentido do Universo, e esse sentido é Deus, tal como expresso pelo Profeta; ele então redescobrirá seu próprio eu, reflexo do sentido; ele então terá um modo de viver condizente com os fatos e o seguirá conscientemente.

Neste livro faz-se referência a um rapaz de dezessete anos. Era um jovem problemático e seu pai estava preocupado com ele. Foi então que Bahá’u’lláh, aprisionado no quartel de ‘Akká, o chamou. Após conversarem, o rapaz, sozinho e a pé, levou para a Pérsia a Epístola de Bahá’u’lláh ao Xá. Chegou à capital depois de uma viagem de quatro meses; jejuou, orou e esperou sobre uma rocha até ver o Xá e seu séquito indo caçar na direção das aldeias montanhosas ao norte de Teerã. Aproximou-se deles e declarou, em árabe: “Ó Rei! Venho a ti de Sabá com uma notícia segura.”(Foi isso que a poupa disse a Salomão após Ter visto Belquis em seu trono dourado; Alcorão, (27:22). A Epístola foi tirada de suas mãos e entregue aos sacerdotes. Eles a leram e recomendaram que o rapaz fosse morto. Os carrascos o feriram com ferros em brasa durante três dias; uma fotografia, tirada dele sob tortura, ainda existe. Depois esmagaram sua cabeça com a corona de um rifle e atiraram seu corpo num fosso.

Bahá’u’lláh escreveu em uma Epístola ao pai desse rapaz, o Hadji ‘Abdu’l-Majid, que mais tarde sofreria o martírio em Khurásán: “Pensas que ele está morto? Não, pelo Revelador dos Sinais! Através dele o espírito da vida alegremente se move nos corações do universo.” Na mesma Epístola, Bahá’u’lláh diz que, em Badi, “o espírito de força e poder soprou”; que ele foi recriado; que ele sorriu e “se Nós o houvéssemos ordenado, ele teria tudo dominado nos céus e sobre a terra.” Que “a alegria o alcançou” e ele foi para a morte “com poder e autoridade, avançando com tamanha força que conquistou a Suprema Assembléia e os habitantes das Cidades dos Nomes.”

O ponto em questão é que Badi foi recriado. Em terminologia bíblica, ele renasceu. Ele viu a verdade e morreu em sacrifício a ela. Aqueles que hoje acreditaram em Bahá’u’lláh raramente são chamados a unir-se às fileiras dos mais de 20.000 fiéis que deram suas vidas no Período Heróico de Sua Causa – aqueles que, como afirma o presente texto, “depuseram a preciosa coroa da vida em nome d’Aquele que é o Amigo Incomparável”. Mas hoje são repetidamente obrigados a pôr de lado seus próprios desejos e aversões, a disciplinar sua conduta, a alcançar uma vitória sobre si mesmos – um processo mais longo, menos espetacular e talvez mais doloroso que o martírio.

É somente através deste processo que o planeta poderá tornar-se mais uma vez habitável: os seres humanos, motivados pelo amor, começariam voluntariamente agir de um modo que fosse digno da natureza do homem. Bahá’u’lláh escreve em Palavras Ocultas: “Eu te criei rico; por que tu te empobreces? Nobre te fiz; por que te rebaixas?“

1.

O mundo pensante alcançou, agora, os ensinamentos básicos que Bahá’u’lláh (1817-1892) enunciou há mais de setenta anos. Hoje, nenhuma mente esclarecida poderia discordar de princípios fundamentais de Bahá’u’lláh tais como:

* “A unidade e totalidade da raça humana” – Este é o mais vital de todos os princípios, e seu estabelecimento é o propósito central da Fé Bahá’í. A unificação da humanidade, diz Bahá’u’lláh, é inevitável e marca o último estágio da evolução do homem rumo à maturidade.

* Serviço à humanidade – o mais digno de todos os esforços.

* A religião, “principal instrumento para se estabelecer a ordem no mundo”, deve ser ensinada às crianças em todas as escolas de modo a não produzir fanatismos nem preconceitos. Todas as religiões são essencialmente uma, diferindo em seus aspectos externos somente por terem surgido em diferentes períodos da História e, assim, dirigindo-se a situações diferentes.

* A reconciliação entre religião e ciência, que são as duas forças mais poderosas na vida humana.

* Educação disponível para todos.

* Oportunidades iguais para ambos os sexos; igualdade para as mulheres está diretamente ligada à paz mundial.

* Um sistema federativo mundial, redução nos armamentos nacionais, segurança coletiva.

* A adoção de uma língua e escrita auxiliar internacional.

* Trabalho para todos.

Bahá’u’lláh afirma que a justiça é “a mais amada de todas as coisas” e que seu advento é inevitável. Que a consulta, franca e livre, é “a outorgante da compreensão” e o alicerce de Sua Ordem. Que a aquisição de conhecimentos compete a cada um, sendo louvadas as “artes, ofícios e ciências”. Que a riqueza obtida através dos ofícios e profissões é digna de louvor. Que a pobreza irá desaparecer, assim como a riqueza exorbitante. Que os fidedignos da “Casa de Justiça” devem legislar sobre todos os assuntos não expressamente apresentados nos escritos bahá’ís (este órgão internacional Bahá’í tem poderes para revogar suas leis anteriores e incorporar a seu mecanismo tudo aquilo que for considerado necessário para manter a Fé “na vanguarda de todos os movimentos progressistas”) . Um governo constitucional, combinando “os ideais do republicanismo e a majestade da monarquia”, é recomendado. A agricultura deve receber atenção especial. A imprensa é louvada especificamente, sendo os jornais descritos como “o espelho do mundo” e as pessoas por eles responsáveis aconselhadas a se libertarem de “malícia, paixão e preconceito, serem justas e imparciais, terem o máximo cuidado em suas investigações e levantarem todos os fatos de cada situação”. Bahá’u’lláh volta a enfatizar a proibição de fazer guerra santa e destruir livros; exige de Seus seguidores obediência ao governo do país onde vivem; e destaca, para louvor especial, indivíduos de estudo e sabedoria a quem descreve como “os olhos” do corpo da humanidade.

O que o mundo ainda não percebeu é que a ordem mundial projetada por Bahá’u’lláh tem a capacidade de agir para o reconhecimento universal de um só Deus, de “recriar a sociedade”. A comunidade mundial é Sua preocupação primeira. No passado, a religião muitas vezes conseguiu produzir o bom indivíduo. O objetivo básico da religião de Bahá’u’lláh é produzir a boa sociedade. Seu sistema administrativo oferece, acreditam os bahá’ís, o único arranjo satisfatório entre indivíduo e comunidade, entre livre-arbítrio e autoridade, equilibrando as prerrogativas de cada um deles.

Esse equilíbrio terá de ser criado se a humanidade pretende desenvolver uma era de paz. Vimos o Estado ditatorial oprimindo o indivíduo e vimos a lei do linchamento aviltando o grupo. Esta questão tem sido debatida ao longo dos tempos. Rúmi, o místico, pede a Deus para libertá-lo de seu livre-arbítrio – um fardo recusado, diz ele, pelos céus e pelos próprios anjos e só aceito pelo homem; ele se compara a um camelo ferido pela carga, cujo alforje se inclina ora para um lado ora para o outro, e pede que a carga mal equilibrada seja tirada de suas costas e que, em vez disso, ele seja jogado de um lado para outro como uma bola de polo. Contrastando com essa visão o modo de viver na Genebra de Calvino, onde, de acordo com as leis que regulavam as estalagens, a ninguém era permitido “ficar acordado depois das nove da noite, exceto aos espiões.”

Quando o equilíbrio entre a pessoa e a sociedade finalmente predominar, saberemos que o homem começou sua maturidade. Está claro que tanto o indivíduo quanto o grupo terão de desistir de parte do que agora possuem, assim como as nações terão de renunciar à parte de sua atual soberania em favor da Comunidade mundial, mas isso não se mostrará mais difícil do que sacrificar a isca para pescar o peixe.

2.

Esta é uma religião mundial à altura do mundo novo. Ela não tem sacerdotes; não aceita doações exceto de fiéis registrados. Ela resolveu problemas de sucessão, administração e cisma, fatores que praticamente destruíram, quase ainda no nascedouro, a unidade de todas as fés anteriores. Neste caso, o próprio Bahá’u’lláh, o Fundador, designou em Seu Convênio escrito que Seu primogênito, ‘Abdu’l-Bahá, seria Seu Sucessor e Intérprete autorizado. ‘Abdu’l-Bahá, em Sua Última Vontade e Testamento, indicou como Guardião e Intérprete Seu neto Shoghi Effendi. Este, por sua vez, indicará o próximo Guardião, cuja nomeação por escrito deverá ser ratificada pelos votos de um conselho de “Mãos da Causa”. * As instituições democraticamente eleitas que, em conjunto com o Guardião, administram a Fé, foram do mesmo modo estipuladas nos Escritos do Fundador. A tarefa atual dos bahá’ís no mundo todo tem duas facetas: uma envolve a consolidação dos estudos dos Ensinamentos e a prática de um modo de viver bahá’í; a outra, a expansão da Fé – apresentando a Fé Bahá’í ao público, para livre exame. Comunidades bahá’ís são hoje encontradas em mais de cem países ao redor do globo.

* Antes de falecer, em 1957, Shoghi Effendi, indicou vinte e sete Mãos da Causa de Deus, encarregadas da propagação e proteção da Fé. Graças aos seus esforços, em abril de 1963 realizou-se a eleição da primeira Casa Universal de Justiça. Naquela ocasião, esta instituição administrativa suprema da Fé Bahá’í foi eleita pelos cinqüenta e seis órgãos administrativos nacionais existentes, de acordo com as instruções dos Escritos de Bahá’u’lláh. Através de uma série de planos globais de ensino, iniciada em 1953, a Fé se difundiu para mais de 300 países, ilhas e territórios. (Nota dos Editores, 1969, para a edição original em língua inglesa.)

O estudo dos Escritos é ocupação para toda uma vida. Embora os princípios da Fé sejam prontamente apreendidos, os Ensinamentos são vastos e desvendam novos horizontes à medida que se desenvolve a experiência do indivíduo. Está longe de ser verdade que todos os bahá’ís são intelectuais – há comunidades de aldeões persas – , mas é certo que os Ensinamentos em si e o esforço para apresentá-los ao público agem como forte incentivo para aquisição de conhecimentos diversificados. ‘Abdu’l-Bahá escreve, “O domínio dos reis tem um fim... mas a soberania da ciência é eterna...” e também, “Todas as bênçãos são divinas em sua origem, mas nenhuma pode ser comparada a este poder de investigação intelectual e pesquisa que é uma dádiva eterna, produzindo frutos de imorredouro prazer... Todas as outras bênçãos são temporárias; esta é uma posse eterna”.

3.

Bahá’u’lláh, escreveu uma centena de livros. Eles consistem em leis, princípios e exortações; avisos e profecias; preces e na proclamação de Sua missão a reis, ministros e eclesiásticos a líderes nos campos intelectual, político, literário, místico, empresarial e humanitário. Sua última grande Epístola é este presente livro. Ela foi revelada cerca de um ano antes de Sua morte em 1892.

Mais ou menos três após esta Epístola estar concluída, Bahá’u’lláh expressou Sua vontade de deixar este mundo. Nessa época Ele vivia na Mansão de Bahjí, nos arredores de ‘Akká, ainda como exilado e prisioneiro, tal como estivera nos últimos quarenta anos através do Oriente Médio. A partir daquele momento, tornou-se claro pelo tom de Suas observações embora Ele não fizesse qualquer referência direta, que o fim de Sua vida terrena se aproximava. Anos antes, Ele descrevera na Epístola da Visão (revelada no aniversário de Seu Precursor e Arauto, o martirizado Báb) como a “Donzela Luminosa”, envolta em branco, aparecera diante d’Ele e O instara a apressar-Se a Seus “outros domínios”, domínios esses “que os olhos do povo dos nomes jamais contemplaram”. E poucos meses se passaram até que, após breve enfermidade, Ele morreu ao amanhecer do dia 29 de maio de 1892, com setenta e cinco anos idade.

E então o famoso telegrama foi enviado ao Sultão ‘Abdu’l-Hamíd, de quem Ele fora prisioneiro. Começava com estas palavras: “O Sol de Bahá se pôs”. E os pranteadores de ‘Akká e das aldeias vizinhas cobriram os campos em volta da Mansão, e notáveis das comunidades xiitas e sunitas, cristãs, judaicas, e drusas, poetas, religiosos e oficiais, de cidades tão longínquas como Damasco, Alepo, Beirute e Cairo, enviaram por escrito seus tributos a Ele; e Nabíl, o historiador desconsolado afogou-se no Mar Mediterrâneo.

A Epístola ao Filho do Lobo tem, portanto, um lugar especial na hierarquia dos livros de Bahá’u’lláh. É o últimos deles. É, além disso, uma espécie de antologia, e antologia de valor todo especial pois o material foi selecionado pelo próprio Autor. Ela inclui alguns dos mais conhecidos e característicos de Seus escritos, bem como provas que estabelecem a validade de Sua Causa.

4.

Havia dois irmãos em Isfahán, homens de riqueza, amplamente conhecidos por sua filantropia e pela excelência de seu caráter. O sumo-sacerdote, Mir Muhammad-Husayn, o religioso que tinha como função recitar as preces na mesquita às sextas-feiras, devia-lhes uma grande soma de dinheiro. Para fugir à dívida, denunciou-os como seguidores do Báb. Ele sabia exatamente o que isso significava: suas belas casa foram de imediato entregues à multidão e saqueadas, e mesmo as árvores e flores de seus jardins foram destruídas. Tudo o que os dois possuíam lhes foi tomado. E então o Xeique Muhammad-Báqir, a quem Bahá’u’lláh chama “O Lobo”, pronunciou as sentenças de morte. O Príncipe-governador, Zillu’s-Sultán, filho mais velho do Xá, ratificou-as. Os dois irmãos foram acorrentados. Tiveram a cabeça decepada. Seus corpos foram arrastados até a grande praça pública da cidade e ali expostos a todas as indignidades que a multidão lhes podia infligir.” De tal modo”, escreveu ‘Abdu’l-Bahá, “foi o sangue desses dois irmãos derramados que o sacerdote cristão de Julfa pranteou, lamentou-se e chorou naquele dia.”

Depois disso, “O Lobo” – a quem Bahá’u’lláh condenou em Sua Lawh-i-Burhán (“Epístola da Prova”) e chamou de “o último traço de luz solar sobre o topo da montanha” – viu o firme declínio de seu prestígio e morreu miseravelmente, em agudo remorso. Quanto a seu cúmplice Mir Muhammad-Husayn, Bahá’u’lláh o estigmatizou como “A Serpente” e declarou que ele era “infinitamente mais perverso que o opressor de Karbilá”. Esse homem foi expulso de Isfahán, perambulou de aldeia em aldeia e finalmente adoeceu e morreu de uma doença tão fétida que a própria esposa e a filha não conseguiram cuidar dele.

Anos mais tarde o Governador, Zillu’s-Sultán, foi exilado para Genebra. Em 1911, quando ‘Abdu’l-Bahá estava em Thonon, hospedado no Hotel du Parc, Zillu’s-Sultán lá chegou. Hippolyte Dreyfus, ilustre erudito e viajante, o primeiro bahá’í

francês, o conhecera na Pérsia e o visitara em sua tenda quando o príncipe fazia uma expedição de caça. Agora voltava a vê-lo, no terraço do hotel. Monsieur Dreyfus descreveu o encontro para Juliet Thompson, que chegou no dia seguinte, e ela o anotou em seu diário:

Também o Mestre estava no terraço, caminhando de um lado para outro, a pouca distância. Hippolyte encontrava-se junto à soleira da porta quando viu Zillu’s-Sultán subindo a escadaria. O príncipe aproximou-se e o cumprimentou, e então volveu um olhar espantado na direção do Mestre.

“- Quem é aquele nobre persa?, perguntou.
“- Aquele, respondeu Hippolyte, é ‘Abdu’l-Bahá.

“ E então Zillu’s-Sultán suplicou, com toda humildade:

“- Leve-me até Ele.
“Hippolyte contou-me tudo.

“- Se você tivesse visto aquele irracional, Juliet, murmurando suas miseráveis desculpas! Mas o Mestre tomou-o em Seus braços e disse: “Todas essas coisas ficaram no passado. Nunca mais volte a pensar nelas.”

Os dois irmãos que foram condenados à morte pelo “Lobo” e seu cúmplice são conhecidos pelos bahá’ís como O Rei dos Mártires e O Bem-Amado dos Mártires. Também se faz referência a eles como As Luminosas Luzes Gêmeas. Seus nomes eram Mirza Muhammad-Hasan e Mirza Muhammad-Husayn, e eles eram siyyids – descendentes do Profeta Maomé. Anos mais tarde um elo especial viria a ligá-los ao Ocidente: em 1933, a norte americana Keith Ransom-Kehler, representando a Assembléia Nacional dos Bahá’ís de seu país, visitou seus túmulos e neles depositou flores. Poucos dias depois ela contraiu varíola e morreu. Seu corpo foi trazido de volta e enterrado perto do túmulo deles.

Esta Epístola é endereçada ao filho do homem que assassinou as Luminosas Luzes Gêmeas: o “Filho do Lobo”. Ele se chamava Xeique Muhammad Taqíy-i-Najafi. Religioso muçulmano de Isfahán, ele e seus discípulos chutaram e pisaram o cadáver de Mirza Ashraf, outro bahá’í que, em 1888, foi morto por ordem dos mulás daquela cidade. Esta Epístola freqüentemente se dirige a ele como “Ó Xeique” – título que denota um chefe, prelado ou homem de saber. Outras pessoas também são invocadas no decorrer da obra; ela se dirige ao povo do Bayán – os seguidores do Báb que deixaram de reconhecer Bahá’u’lláh, fazendo lembrar aqueles seguidores de João Batista que se recusaram a reconhecer Jesus Cristo. E a Hádi, um líder religioso que teve medo de perder sua posição ao ser chamado de discípulo do Báb e tentou destruir todas as cópias do Bayán, o grande livro do Báb. E ao próprio Lobo, citando passagens da “Epístola da Prova”, e à Rainha Vitória, Napoleão III e outros, em diversas citações. Embora a Epístola, dirija-se basicamente ao Filho do Lobo, este até parece quase incidental; na verdade, Bahá’u’lláh está falando além dele a toda a humanidade.

Parte da terminologia será familiar apenas aos estudantes do islamismo, pois a Fé Bahá’í nasce do Islã tal como o cristianismo nasce do judaísmo. Por exemplo, o verso árabe, na página 35, contrapõe o Santuário (Haram), o local sagrado onde nenhum sangue pode ser derramado, ao local fora do Santuário (Hill), onde o derramamento de sangue não é ilegal, e se refere à disposição de Bahá’u’lláh de sacrificar Sua vida em qualquer lugar e sob quaisquer condições. Ou as referências ao Sadratu’l-Muntahá – a “Sagrada Árvore Celestial”, a “Árvore Sidrah, que da qual nem homens nem anjos podem passar”, e que fica no Sétimo Céu, o mais alto Paraíso, à direita do Trono de Deus. Referências a ela ocorrem no Alcorão, obliquamente na surra 53:9 e diretamente na sura 53:14, e as duas visões ali descritas são tradicionalmente relacionadas com a Visão da Ascensão, ou Mí-ráf, de Maomé (ver sura 17:1). Nos escritos bahá’ís, esta Árvore simboliza o Profeta ou Manifestação de Deus.

O Livro-Mater é referindo no Alcorão 43:3. Rodwell o traduz como o “o livro arquetípico” e comenta, “a Matriz do Livro, isto é, o original do Alcorão, preservado junto a Deus”. Sale diz, “a Tábua preservada, que é o original de todas as Escrituras em geral”. Para os bahá’ís, o Livro-Mater, ou Epístola Preservada, ou Epístola Guardada, significa a Palavra de Deus, a Manifestação de Deus em cada era, ou Seu Livro.

A Sura de Tawhid, chamada “A Unicidade”, é a sura 112 do Alcorão.

“Nome” às vezes significa o Profeta ou Manifestação de Deus. Na página 66 lemos: “Não sejas dos que invocaram a Deus por um de Seus nomes, mas que, ao aparecer Aquele que é o Objeto de todos os nomes, O negaram e d’Ele se afastaram...

A Mesquita de Aqsá é o Templo que é “mais remoto”. Foi construída no local do Templo de Salomão em Jerusalém.

Na página 78 há um jugo de palavras. O mártir exclama que conservou tanto Bahá’u’lláh quanto o resgate do sangue; Bahá, em árabe, significa “glória”, em persa, “valor”.

Balál (“grande”), crente em Maomé nos primórdios do Islã, era um escravo etíope. Cruelmente torturado pelos idólatras de Meca, recusou-se a renegar sua fé no Islã. Mais tarde foi libertado e, embora gaguejasse, Maomé designou-o primeiro-muezin. A referência na página 80 deve-se ao fato de que ele, devido à gagueira, pronunciava a letra “sh” como “s”.

“Remanescentes do Profeta”, na página 83, refere-se ao fato de que os irmãos martirizados eram descendentes de Maomé.

“Romper o Véu da Divindade”, na página 85, significa cometer um ato de sacrilégio, simbolizado pelo rasgar do véu do tabernáculo no qual estava a Shekinah – a Morada, a Glória de Deus – , emblema da presença Divina, “Inutilizar a Camela” remete ao alcorão, suras 7:71, 11:67, 54:27 e outras. A Camela era um signo de Deus, a prova da missão do Profeta Sálih. Aqui, também faz-se referência a um ato de blasfêmia.

“Ismael”, na página 98, refere-se ao Alcorão 37:100. É o ensinamento muçulmano de que o “filho” que foi sacrificado era Ismael e não Isaac, pois o primeiro era o único filho de Abraão naquela época. (Ver Seleção dos Escritos de Bahá’u’lláh)

Os “versos referentes à Divina Presença”, mencionados na página 108 e em outras passagens, são numerosos no Alcorão. Estes, dentre eles:

Sura 39:69 – “E a terra brilhará da luz (núr) de seu Senhor. E o Registro será aberto. Os profetas e as testemunhas serão chamados... E ninguém será lesado.”

Sura 89:22-23 – “... quando a terra for reduzida a nada, nada, e teu Senhor e seus anjos chegarem, fila por fila...”

Sura 83:6 – “No dia em que todos os homens se levantarão diante do Senhor dos mundos.”

Sura 20:107- 110 – “Naquele dia, os homens seguirão o proclamador...e baixarão a vozes ante o Misericordioso, e não ouvirás senão cochichos... As fontes se inclinarão diante do Sempre-vivo...

“Rawdih-khání”, na página 113, é uma lamentação ritual pelo martirizado Imame Husayn. Com o novo Advento, o tempo de pesar se encerrava; como símbolo disso, Táhirih, a grande poeta que se converteu à Fé do Báb, recusou-se a vestir o tradicional luto por Husayn no aniversário de seu martírio, assim desafiando abertamente o povo de Karbilá.

Adrianópolis, na página 121, é Adirnih em árabe. Cada letra do alfabeto árabe tem um valor numérico (abjad) e, de acordo com essa notação, as palavras Adirnih e Sirr (Mistério) são equivalentes, pois as letras árabes que compõem cada uma delas totalizam 260.

A língua e escrita mencionadas na página 126 nunca foram comunicadas a ninguém por Bahá’u’lláh.

O Qayyúmu’l-Asmá, na página 126, é o Comentário do Báb à Sura de José; seu primeiro capítulo foi revelado na presença de Mulá Husayn, na noite em que o Báb declarou Sua missão em Shiráz, em 22 de maio de 1844. Bahá’u’lláh o menciona no Iqán como “o primeiro, o maior e o mais poderoso de todos os livros” da Dispensação Bábí.

O “Grande Anúncio”, na página 129, refere-se ao Alcorão 78;1-2 e 38:67 – Na-Nabáu’l-Azím.

“Ele faz da manhã trevas” (Amós 4:12-13), na página 131, refere-se ao fato de que Mirza Yahyá, conhecido como Subh-i-Azal – o Amanhecer da Eternidade – negou a Manifestação e O traiu.

A afirmação “Ninguém conhece a hora..., na página 140, refuta os descrentes que alegavam que o Advento cuja iminência foi proclamada pelo Báb só ocorreria em 2001, uma data à qual se chegava totalizando o valor numérico das letras que compõem a palavra Mustagháth, indicada pelo Báb como o limite de tempo fixado para a vinda da Manifestação prometida. Mustagháth significa “Aquele que é Invocado”.

O martírio do Imame Husayn em Karbilá é descrito por Gibbon em Decline and Fall of the Roman Empire (Declínio e queda do Império Romano), Modern Library Edition, III, 12, 127. Dhi’l-Jawshan é Shimr, que matou Husayn, filho de ‘Ali e neto de Maomé. [141]

Na página 141, “...esta sura do Alcorão” refere-se à Sura 109, “Os Descrentes”, na qual Maomé se recusa a fazer concessões aos idólatras de Meca.

Siyyid Muhammad, o Siyyid de Isfahán, é o anticristo da Revelação bahá’í. Foi ele quem desencaminhou Mirza Yahyá, meio-irmão de Bahá’u’lláh (ver A Presença de Deus, pp.164, 189 e outras). Esta referência ocorre nas páginas 145 e 148 do presente texto.

Os mawlavis são uma ordem de dervixes rodopiantes, fundada por Jalál-i-Din Rúmi (1207 – 1273 da Era Cristã). Quanto a Khidr, nome que significa “verde”, ver as tradições relativas ao Alcorão, 18:64. No Islã, ele é o descobridor e guardião da água da vida, e símbolo da Verdadeira Guia. Rukn é a Pedra Negra engasgada na parede da Caaba, o prédio em forma de cubo, em Meca, que é o principal objetivo da peregrinação do mundo mulçumano. O Maqám, ou Local de Abraão, fica próximo da Caaba. Conforme o Alcorão, 2:125: “transformai em oratório o lugar onde Abraão rezava”, e também 3:90-91: “A primeira casa destinada aos homens foi erguida em Beca (isto é, Meca)... Nela há sinais manifestos: o lugar onde Abraão se deteve. Quem quer que nela penetre, estará a salvo. “Estas últimas quatro referências são encontradas nas páginas 145, 156 e 158 deste texto.

Reconhecemos que o exposto acima é mínimo enquanto notas explicativas, uma vez que a Epístola ao Filho do Lobo é riquíssima em alusões e oferece abundante material para estudo.

5.

A Epístola ao Filho do Lobo é ainda outra prova, se mais provas fossem necessárias, de que a Figura do Profeta ergueu-Se novamente, tal como Ele o fizera no passado. Prova de que o mistério que nos cerca falou novamente, através dos lábios de um ser humano. Prova de que o antigo padrão – um Arauto, um Profeta, mártires e o estabelecimento da Fé – se repetiu em nossos tempos. Prova de que as promessas das Fés anteriores quanto ao advento do Dia de Deus foram por fim redimidas. Naquela Epístola ao Xá da Pérsia cujo portador foi morto, Bahá’u’lláh, a Glória de Deus, sumariza Sua Causa:

“Isto não provém de Mim, mas d’Aquele que é Todo-Poderoso e Onisciente. E Ele ordenou que Eu levantasse Minha voz entre a terra e o céu, e por isso sucedeu-Me o que fez correrem as lágrimas de todo homem de compreensão. A erudição comum entre os homens, não a estudei; nem entrei em suas escolas. Pergunta na cidade em que residi, a fim de teres a certeza de que Eu não sou dos que falam falsidade. Este Ser é apenas uma folha movida pelos ventos da vontade de Teu Senhor, o Todo-Poderoso, Alvo de todo louvor. Poderá ela aquietar-se quando sopram os ventos tempestuosos ? “

Epístola ao Filho do Lobo
Em nome de Deus,
o Único, o Incomparável, o Todo-Poderoso,
o Onisciente e Sapientíssimo.

Louvores a Deus, o Eterno que não perece, o Sempiterno que não declina, o Auto-Subsistente que não Se altera. Ele é transcendente em Sua soberania, manifesta-Se através de Seus sinais e está oculto em Seus mistérios. Por Sua ordem, levantou-se o estandarte da Mais Excelsa Palavra no mundo da criação e ergueu-se entre todos os povos o pendão d’Aquele “que realiza tudo o que deseja”. Ele revelou Sua Causa para a orientação de Suas criaturas, fez descer Seus versos para demonstrar Sua Prova e Seu Testemunho, e embelezou o preâmbulo do Livro do Homem com o ornamento da elocução, através de Sua palavra: “O Deus de Misericórdia ensinou o Alcorão, criou o homem e deu-lhe a conhecer a palavra articulada.” Não há outro Deus senão Ele, o Único, o Sem Par, o Poderoso, o Forte, o Benéfico.

A luz que se irradia do céu de generosidade e a bênção que resplandece no ponto do alvorecer da vontade de Deus, o Senhor do Reino dos Nomes, repousam sobre Aquele que é o Supremo Mediador, a Mais Excelsa Pena, de Quem Deus fez o ponto do alvorecer de Seus mais excelentes nomes e a aurora de Seus mais excelsos atributos. Através d’Ele, a luz da unidade brilhou acima do horizonte do mundo e a lei da unicidade foi revelada entre as nações que, com faces radiantes, voltaram-se na direção do Supremo Horizonte e reconheceram o que a Língua da Elocução pronunciara no reino de Seu conhecimento: “O céu e a terra, a glória e o domínio são de Deus, o Onipotente, o Todo-Poderoso, o Senhor de graças abundantes!”

Dá ouvidos, ó ilustre douto da religião, à voz deste Injuriado que, em verdade, te aconselha em nome de Deus e te exorta àquilo que vai atrair-te para perto d’Ele sob todas as condições. Ele, em verdade, é o Possuidor de Todas as Coisas, o Excelso. Reconhece que o ouvido do homem foi criado para poder escutar a Divina Voz neste Dia que foi mencionado em todos os Livros, Escrituras e Epístolas. Purifica primeiro tua alma com as águas da renúncia e adorna tua cabeça com o diadema do temor a Deus e tua fronte com o ornamento da confiança Nele. Ergue-te então e, com tua face voltada na direção da Maior Casa, o Local em volta do qual, conforme decretado pelo Rei Eterno, tudo o que habita a terra deve circular, recita:

“Ó Deus, meu Deus e meu Desejo, meu Ser Adorado, meu Mestre e meu Esteio, minha máxima Esperança e minha suprema Aspiração! Tu me vês, voltado para ti, fielmente preso à corda de Teu favor, segurando-me à orla do manto de Tua generosidade, reconhecendo a santidade de Teu Ser e a pureza de Tua Essência, e afirmando Tua unidade e unicidade. Dou testemunho de que Tu és Uno, o Único, o Incomparável, o Sempiterno. Tu não tomaste par em Teu domínio, nem escolheste um Teu igual na terra. Todas as coisas criadas dão testemunho daquilo que a Língua de Tua grandeza afirmou antes de sua criação. Verdadeiramente és Deus; não há outro Deus senão Tu! Desde sempre foste santificado pela menção de Teus servos e enaltecido acima da descrição de Tuas criaturas. Tu contemplas, ó Senhor, o ignorante buscando o oceano de Teu conhecimento; o sedento, as águas vivas de Tua elocução; o humilhado, o tabernáculo de Tua glória; o pobre, o tesouro de Tuas riquezas; o suplicante, o ponto do alvorecer de Tua sabedoria; o fraco, a fonte de Tua força; o desventurado, o paraíso de Tua generosidade; e o emudecido buscando o reino de Tua menção.

“Dou testemunho, ó meu Deus e meu Rei, de que Tu me criaste para lembrar de Ti, para Ti glorificar e ajudar Tua Causa. E eu, no entanto, ajudei Teus inimigos, que romperam Teu convênio, rejeitaram Teu Livro, descreram de Ti e repudiaram Teus sinais. Ai de mim! pois minha obstinação, minha ignomínia, minha pecaminosidade e meus erros afastaram-me das profundezas do oceano de Tua unidade e da compreensão do mar de Tua misericórdia. Ai de mim! Ai de mim! Por minha baixeza e pela seriedade de minhas transgressões! Tu me chamastes à vida, ó meu Deus, para exaltar Tua Palavra e manifestar Tua Causa. Minha desatenção, contudo, afastou-me e me envolveu, de tal modo que me ergui para macular Teus sinais, derramando o sangue de Teus bem-amados, e os pontos do alvorecer de Teus sinais, as auroras de Tua revelação e repositórios de Teus mistérios.

“Ó Senhor, meu Senhor! Eu repito, ó Senhor, meu Senhor! E ainda uma vez, ó Senhor, meu Senhor! Eu dou testemunho de que por minha iniqüidade tombaram os frutos da árvore de Tua justiça, e pelo fogo de minha rebeldia consumiram-se os corações daqueles dentre Tuas criaturas que desfrutam de íntimo acesso a Ti, e se perderam as almas dos sinceros dentre Teus servos. Ah, desgraçado, desgraçado que sou! Ah, as crueldades, as crueldades selvagens que infligi! Desafortunado sou, desafortunado sou por meu afastamento de Ti e por minha obstinação, minha ignorância, minha baixeza, por Te repudiar e por meus protestos a Teus servos e bem-amados que me protegessem, enquanto eu lhes ordenava causar dano a Ti e àqueles em quem confias! E quão numerosas as noites durante as quais bondosamente Tu lembraste de mim e me mostraste Teu caminho, enquanto eu me afastava de Ti e de Teus sinais! Por Tua glória! Ó Tu, que és a Esperança daqueles que reconheceram Tua Unidade, que és o Desejo dos corações daqueles que estão livres de todo apego exceto a Ti! Não encontro amparo senão em Ti, nem rei, refúgio ou abrigo além de Ti. Ai de mim! Afastar-me de Ti queimou o véu de minha integridade; negar-Te rompeu o manto lançado sobre minha honra. Ah, quisera eu estar nas profundezas da terra, para que meus maus atos permanecessem desconhecidos a Teus servos! Tu vês, ó meu Deus, o pecador que se voltou para o ponto do alvorecer de Tua indulgência e generosidade, e a montanha de iniqüidades que buscou o paraíso de Tua misericórdia e perdão. Ai de mim! Meus graves pecados impediram que eu me aproximasse da corte de Tua misericórdia e meus atos monstruosos afastaram-me do santuário de Tua presença. Na verdade, eu sou aquele que falhou no dever a Ti, rompeu Teu Convênio e Testamento, e cometeu o que fez se lamentarem os habitantes das cidades de Tua justiça e os pontos do alvorecer de Tua graça em Teus reinos. Eu testifico, ó Meu Deus, que abandonei Teus mandamentos e obedeci aos ditames de minhas paixões, que rejeitei os estatutos de Teu Livro e segui o livro de meu próprio desejo. Ah, miséria, miséria! À medida que minhas iniqüidades cresciam mais e mais, Tua tolerância para comigo aumentava, e, enquanto o fogo de minha rebeldia se tornava mais violento, mais Teu perdão e Tua graça buscavam abafar sua chama. Pela força de Teu poderio! Ó Tu, que és o desejo do mundo e o Bem-Amado das nações! Teu longo sofrimento envaideceu-me e Tua paciência me estimulou. Observa, ó Meu Deus, as lágrimas que minha ignomínia fez verterem e os suspiros que minha desatenção me fez exalar. Eu juro pela grandeza de Tua majestade! Não encontro para mim outra morada senão à sombra da corte de Tua generosidade, ou qualquer refúgio senão sob a canópia de Tua misericórdia. Tu me vês em meio a um mar de desespero e desesperança, depois que me fizeste ouvir Tuas palavras, “Não desespera”. Por Teu poder! Minha cruel injustiça cortou-me a corda da esperança e minha rebeldia escureceu-me a face ante o trono de Tua justiça. Contemplas, ó Meu Deus, este que é como um morto caído à porta de Teu favor, envergonhado de buscar à mão de Tua amorosa bondade as águas vivas do perdão. Tu me deste uma língua com a qual Te lembrar e louvar, mas ela, no entanto, proferiu palavras que fizeram perder-se as almas dos eleitos próximo de Ti e se consumirem os corações dos sinceros dentre os habitantes das moradas de santidade. Tu me deste olhos para testemunhar Teus sinais, contemplar Teus versos e considerar as revelações de Tua obra; mas eu rejeitei Tua vontade e cometi atos que fizeram gemer Tuas fiéis criaturas e Teus servos desapegados. Tu me deste ouvidos para que eu os inclinasse em louvor e celebração a Ti e àquilo que fizeste descer do céu de Tua generosidade e do firmamento de Tua vontade. E contudo, ai de mim! renunciei à Tua Causa e ordenei que Teus servos blasfemassem contra Teus fidedignos e bem-amados, e agi, ante o trono de Tua justiça, de modo tal que os habitantes de Teu reino, os que reconheceram Tua unidade e Te são totalmente devotados, prantearam com amarga lamentação. Eu não sei, ó meu Deus, quais dentre meus maus atos mencionar ante o oceano encapelado de Teu favor, nem quais de minhas transgressões declarar quando face a face com os esplendores dos sóis de Tuas virtuosas dádivas e bênçãos.

“Eu Te imploro, neste exato momento, pelos mistérios de Teu Livro, pelas coisas ocultas em Teu conhecimento e pelas pérolas que repousam escondidas nas conchas do oceano de Tua misericórdia, que me contes entre aqueles que mencionas em Teu Livro e descreves em Tuas Epístolas. Acaso decretaste para mim, ó meu Deus, alguma alegria após esta tribulação ou algum alívio para suceder esta aflição ou algum bem-estar depois desta preocupação? Ai de mim! Tu ordenaste que todo púlpito fosse reservado para Tua menção e a glorificação de Tua Palavra e a revelação de Tua Causa, mas neles subi para proclamar a violação de Teu Convênio; neles subi para dizer a Teus servos palavras tais que fizeram lamentar-se os habitantes dos Tabernáculos de Tua majestade e os moradores das Cidades de Tua sabedoria. Quão freqüentemente fizeste descer do céu de Tua generosidade o alimento de Tua elocução, e eu o recusei; e quão numerosas as ocasiões em que me chamaste às águas mansas de Tua misericórdia, e eu preferi afastar-me delas para seguir minha própria vontade e meu próprio desejo! Por Tua glória! Eu não sei por qual pecado pedir-Te indulgência e implorar Teu perdão, nem qual das minhas iniqüidades ocultar ante a corte de Tua generosidade e o Santuário de Teu favor. Tais são os meus pecados e transgressões que homem algum pode enumerá-los, nem pena alguma descrevê-los. Eu Te imploro, ó Tu que transformaste as trevas em luz e revelaste Teus mistérios no Sinai de Tua Revelação, que me ajudes, em todos os momentos, a depor minha confiança em Ti e colocar meus assuntos sob Teus cuidados. Faz-me, então, ó meu Deus, contente com aquilo que o dedo de Teu decreto traçou e a pena de Teu regulamento escreveu. És potente para fazer o que Te apraz e em Tuas mãos estão as rédeas de tudo o que há no céu e na terra. Não existe outro Deus senão Tu, o Sapientíssimo, o Onisciente.”

Ó Xeique! Sabe tu que nem as calúnias que os homens possam proferir, nem suas negações, nem quaisquer objeções que possam levantar, são capazes de causar dano a quem se prende à corda da graça e segura-se à orla do manto da misericórdia do Senhor da criação. Por Deus! Ele, a Glória de Deus (Bahá), não falou por mero impulso. Quem Lhe deu uma voz foi Aquele que deu voz a todas as coisas, para que pudessem louvá-Lo e glorificá-Lo. Não há outro Deus senão Ele, o Único, o Incomparável, o Senhor de Força, o Incondicionado.

Aqueles cuja visão é aguçada, cujos ouvidos têm capacidade de retenção, cujo coração é iluminado e cujo alento é amplo, reconhecem a verdade e a falsidade e distinguem uma da outra. Recita esta prece que flui da língua deste Injuriado e pondera sobre ela com um coração livre de todo apego, e, com ouvidos que sejam puros e santificados, presta atenção ao seu significado para que possas inalar do desprendimento e apiedar-te de ti mesmo e dos outros:

“Meu Deus, Objeto de minha adoração e Meta de meu desejo, o Todo-Generoso, o Mais Compassivo! Toda a vida provém de ti e todo o poder repousa nas mãos de Tua Onipotência. Todo aquele a quem exaltas é erguido acima dos anjos e atinge a posição: ‘Em verdade, Nós o erguemos a um lugar nas alturas! ‘; e todo aquele a quem rebaixas é feito mais baixo que o pó, não!, é tornado menos que nada. Ó Divina Providência! Embora perversos, pecadores e inclementes, ainda buscamos de Ti a ‘morada da verdade’ e ansiamos contemplar a face do Rei Onipotente. É Teu o comando e toda soberania Te pertence, e o reino de poder curva-se à Tua ordem. Tudo o que fazes é pura justiça, não!, é a própria essência da graça. Um lampejo dos esplendores de Teu Nome, o Todo-Misericordioso, é suficiente para banir e apagar todos os traços de pecaminosidade do mundo, e um único sopro das brisas do Dia de Tua Revelação é bastante para adornar toda a humanidade com nova veste. Outorga Tua força, ó Todo-Poderoso, a Tuas fracas criaturas e revifica as que estão como mortas, para que possam encontrar-Te e serem guiadas ao oceano de Tua orientação e permanecerem firmes em Tua Causa. Se a fragrância de Teu louvor fosse irradiada por qualquer uma das diversas línguas do mundo, do Oriente ou Ocidente, isto seria, em verdade, valorizado e grandemente apreciado. Se tais línguas, contudo, fossem privadas daquela fragrância, certamente seriam indignas de qualquer menção, em palavras ou mesmo em pensamento. Pedimos a Ti, ó Providência, para mostrar Teu caminho a todos os homens e guiá-los acertadamente. Tu és, em verdade, o Todo-Poderoso, o Onipotente, o Onisciente, o que tudo Vê.”

Imploramos a Deus para que te ajude a ser justo e imparcial, e te familiarize com as coisas que foram ocultas aos olhos dos homens. Ele, em verdade, é o Poderoso, o Irrestrito. A ti, pedimos refletir sobre aquilo que foi revelado, e ser imparcial e justo em tuas palavras para que os esplendores do sol da verdade e sinceridade possam se irradiar, libertar-te das trevas da ignorância e iluminar o mundo com a luz do conhecimento. Este Injuriado não freqüentou nenhuma escola, nem assistiu as controvérsias dos eruditos. Por Minha vida! Não por Minha própria vontade Eu Me revelei, mas Deus, por Sua própria escolha, Me manifestou. Na Epístola dirigida a Sua Majestade o Xá – possa Deus, abençoado e glorificado seja Ele, ajudá-lo – estas palavras fluíram da língua deste Injuriado:

“Ó Rei! Eu era apenas um homem como os outros, adormecido em Meu leito, quando eis que as brisas do Todo-Glorioso sopraram sobre Mim e Me deram o conhecimento de tudo o que existiu. Isto não provém de Mim, mas d’Aquele que é Todo-Poderoso e Onisciente. E Ele ordenou que eu levantasse Minha voz entre a terra e o céu, e por isso Me sucedeu o que fez correrem as lágrimas de todo homem de compreensão. A erudição comum entre os homens, não a estudei; nem entrei em suas escolas. Pergunta na cidade em que residi, a fim de teres a certeza de que Eu não sou dos que falam falsamente. Esta é apenas uma folha movida pelos ventos da vontade de teu Senhor, o Todo-Poderoso, Alvo de todo louvor. Poderá ela aquietar-se quando sopram os ventos tempestuosos? Não, por Aquele que é o Senhor de todos os Nomes e Atributos! Eles a movem a seu bel-prazer. O efêmero afigura-se como nada perante Aquele que é o Sempiterno. Seu chamado irresistível atingiu-Me e Me fez expressar Seu louvor entre todos os povos. Em verdade, era Eu como um morto quando Sua ordem foi enunciada. A mão da vontade de teu Senhor, o Compassivo, o Misericordioso, transformou-Me.”

Este é o momento para te purificares nas águas do desapego que fluíram da Pena Suprema e ponderares, em nome de Deus, aquilo que repetidas vezes foi enviado ou manifestado, e então lutares, tanto quanto te for possível, para dominar, através do poder da sabedoria e da força de tua elocução, o fogo da inimizade e do ódio que arde latente no coração dos povos do mundo. Os Mensageiros Divinos foram enviados, e revelados seus Livros, com o propósito de promover o conhecimento de Deus e ampliar a unidade e solidariedade entre os homens. Mas agora, eis que eles fizeram da Lei de Deus uma causa e pretexto para a perversidade e o ódio. Como é lamentável, como é deplorável que a maioria das pessoas se apegue fortemente e se dedique às coisas que possui e se mantenha alheia, afastada como que por um véu, das coisas que Deus possui!

Dize: “Ó Deus, meu Deus! Adorna minha fronte com a coroa da justiça e minhas têmporas com o ornamento da eqüidade. És em verdade, o Possuidor de todas as dádivas e bênçãos.”

A justiça e a eqüidade são as Guardiãs gêmeas que vigiam os homens. Delas são reveladas palavras tão abençoadas e claras que trazem bem-estar ao mundo e proteção às nações.

Estas palavras fluíram da pena deste Injuriado em uma de Suas Epístolas: “O propósito do único e verdadeiro Deus, excelsa seja Sua glória, foi extrair as Jóias Místicas da mina dos homens – os que são os Pontos do Alvorecer de Sua Causa e glorificado seja Ele, é o Invisível, Aquele oculto e escondido aos olhos dos homens. Considerai aquilo que o Misericordioso revelou no Alcorão: Nenhuma visão O abrange, mas Ele abrange toda a visão; Ele é o Sutil, o Esclarecido!”

Jamais permitir que as diversas comunidades da terra e os vários sistemas de crenças religiosa promovam sentimentos de animosidade entre os homens é, neste Dia, a essência da Fé de Deus e Sua Religião. Estes princípios e leis, estes sistemas poderosos e firmemente estabelecidos, procederam de uma única Fonte e são raios de uma única luz. As diferenças entre eles devem ser atribuídas às diferentes exigências das épocas em que foram promulgados.

Esforçai-vos, ó povo de Bahá, para que o tumulto da dissensão e luta religiosa que agita os povos da terra possa ser aquietado e todos os seus vestígios completamente obliterados. Por amor a Deus e àqueles que O servem, erguei-vos para ajudar esta sublime e solene Revelação. O fanatismo religioso e o ódio são um fogo que devora o mundo, cuja violência ninguém pode abafar. Somente a Mão do Divino poder é capaz de libertar a humanidade desta desoladora aflição. Considerai a guerra que envolveu as duas Nações, como ambos os lados renunciaram às suas possessões e às suas vidas. Quantas cidades foram completamente arrasadas!

A elocução de Deus é uma lâmpada cuja luz são estas palavras: Sois os frutos de uma só árvore e as folhas de um mesmo ramo. Consorciai-vos com o máximo amor e harmonia, com amizade e solidariedade. Aquele que é o Sol da Verdade dá-Me testemunho! Tão poderosa é a luz da unidade que pode iluminar a terra inteira. O único e verdadeiro Deus. Aquele que conhece todas as coisas, Ele próprio testemunha a verdade destas palavras.

Empenhai-vos para alcançar esta transcendente e mais sublime posição que pode assegurar a proteção e segurança de toda a humanidade. Este objetivo excede todos os outros objetivos e esta aspiração é a soberana de todas as aspirações. Até agora, no entanto, enquanto as densas nuvens da opressão que obscurecem o sol da justiça permanecem concentradas, seria difícil desvendar-se a glória desta posição aos olhos dos homens. Essas nuvens densas são os expoentes das ociosas fantasias e vãs imaginações, que outros não são que os teólogos da Pérsia. Em um momento, Nós falamos na linguagem do legislador, e, em outro, na linguagem do buscador da verdade e do místico; porém, Nosso supremo propósito e mais alto desejo foi sempre desvendar a glória e sublimidade desta posição. Deus, em verdade, é suficiente testemunha!

Consorciai-vos com todos os homens, ó povo de Bahá, em um espírito de amizade e solidariedade. Se estiverdes consciente de uma certa verdade, se possuirdes uma jóia da qual os outros estão privados, compartilhai-a com eles em uma linguagem de suprema gentileza e boa vontade. Se ela for aceita e cumprir seu propósito, vosso objetivo terá sido alcançado. Caso algum homem venha a recusá-la, deixai-o entregue a si mesmo e implorai a Deus para que o guie. Acautelai-vos para não tratá-lo com aspereza. Uma língua gentil é o ímã dos corações dos homens. Ela é o pão do espírito, reveste as palavras com significado, é a fonte luminosa da sabedoria e do entendimento.

Por “teólogo”, na passagem acima, faz-se menção àqueles homens que exatamente se vestem com a indumentária do conhecimento, mas por dentro são dele desprovidos. Neste sentido, Nós citamos, da Epístola dirigida a Sua Majestade o Xá, certas passagens das “Palavras Ocultas” que foram reveladas pela Pena de Abhá sob o nome de “Livro de Fátimih” – que as bênçãos do Senhor estejam sobre ela!

“Ó vós que sois insensatos, mas tendes nome de sábios! Por que motivo usais as vestes do pastor quando interiormente vos tornardes lobos, visando Meu rebanho? Sois semelhantes à estrela que nasce antes do amanhecer e que, embora pareça radiante e luminosa, desvia os caminhantes de Minha cidade e os conduz pelas veredas da perdição.”

E Ele também diz: “Ó voz, belos de aparência mas vis interiormente! Sois como água limpa porém amarga; aparentemente de pureza cristalina, mas da qual nenhuma gota é aceita quando o Avaliador Divino a experimenta. Sim, o raio de sol cai igualmente sobre o pó e sobre o espelho, mas estes diferem quanto à sua capacidade de reflexão, assim como a estrela difere da terra. Mais, ainda, imensurável é a diferença!”

E Ele ainda diz: “Ó essência do desejo! Muitas vezes, ao alvorecer, eu Me volvia dos reinos do Infinito para tua morada e encontrava-te no leito do ócio, devotado a outros e não a Mim. Com isso, assim como o relampejar do espírito, Eu regressava aos domínios da glória celestial e nem o sussurrava às hostes da santidade em Minhas plagas nas alturas.”

E também diz Ele: ”Ó escravo do mundo! Muitas vezes, ao alvorecer, a brisa da Minha terna misericórdia soprava sobre ti e te encontrava no leito da incúria, profundamente adormecido. Lastimando, pois, teu triste estado, ela regressava ao lugar de onde viera.”

Aqueles teólogos, contudo, que estão realmente adornados com o ornamento do conhecimento e do caráter íntegro são, em verdade, uma cabeça para o corpo do mundo e olhos para as nações. A orientação dos homens, em todos os tempos, dependeu e ainda depende de tais almas abençoadas. Imploramos a Deus que em Sua graça os ajude a cumprir Sua vontade e Seu desejo. Ele, em verdade, é o Senhor de todos os homens, o Senhor deste mundo e do próximo.

Ó Xeique! Soubemos que tu te afastaste de Nós e protestaste contra Nós, de tal modo que ordenaste ao povo amaldiçoar-Me e decretaste que o sangue dos servos de Deus fosse derramado. Deus retribuiu àquele que disse: “De boa vontade obedecerei ao juiz que tão estranhamente decretou fosse meu sangue derramado em Hill e Haram! “ Em verdade Eu digo: Tudo o que ocorre no caminho de Deus é o anseio da alma e o desejo do coração. Em Seu caminho, o veneno mortal é puro mel e cada tribulação um gole de água cristalina. Na Epístola à Sua Majestade o Xá, está escrito: “Por Aquele que é a Verdade! Eu não temo nenhuma tribulação em Seu caminho, nem qualquer aflição em Meu amor por Ele. Em verdade, Deus fez da adversidade um orvalho matinal sobre Suas verdes pastagens e um pavio para Sua lâmpada, que ilumina a terra e o céu.”

Volve teu coração para Aquele que é a Caaba de Deus, o Auxílio no Perigo, o Auto-Subsistente, e ergue tuas mãos com tão firme convicção que faça as mãos de todas as coisas criadas erguerem-se para o céu da graça de Deus, o Senhor de todos os mundos. Volta então tua face para Ele, de tal modo que as faces de todos os seres se voltem na direção de Seu brilhante e luminoso Horizonte, e diz: “Tu me vês, ó meu Deus, com minha face voltada para o céu de Tua generosidade e o oceano de Teu favor, afastado de tudo o mais exceto de Ti. Eu Te peço, pelos esplendores do Sol de Tua revelação no Sinai e pela radiância da Orbe de Tua graça que acima do horizonte de Teu Nome, o Perdoador, que me concedas Teu perdão e tenhas misericórdia de mim. Escreve para mim, pois, com Tua pena de glória, aquilo que me enaltecerá através de Teu nome no mundo da criação. Ajuda-me, ó meu Senhor, a me voltar para Ti e ouvir a voz de Teus bem-amados, a quem os poderes da terra não conseguiram enfraquecer e o domínio das nações foi incapaz de afastar de Ti, e que, avançando em Tua direção, disseram: ‘Deus é nosso Senhor, o Senhor de tudo o que existe no céu e de tudo o que existe na terra! ‘“

Ó Xeique! Em verdade Eu digo, o selo do Vinho Seleto foi rompido, em nome d’Aquele que é o Auto-Subsistente; não te afastes dele. Este Injuriado fala em nome de Deus; tu deves também, do mesmo modo, em nome de Deus meditar sobre estas coisas que foram enviadas e manifestadas, para poderes, neste Dia abençoado, tomar tua porção das liberais efusões d’Aquele que é verdadeiramente o Todo-Generoso, e dela não permanecer privado. Isto, de fato, não seria difícil para Deus. O Adão feito do pó foi alçado, através da Palavra de Deus, ao trono celeste; um simples pescador veio a ser o repositório da sabedoria Divina; e Abú Dhar, o pastor, tornou-se um príncipe das nações!

Este Dia, ó Xeique, nunca foi, nem é agora, o Dia em que as artes e ciências criadas pelo homem podem ser vistas como um verdadeiro padrão para os homens, pois reconheceu-se que aquele que era inteiramente ignorante delas ascendeu ao trono do mais puro ouro e ocupou o assento de honra no conselho do conhecimento, enquanto renomados expoentes e repositórios dessas artes e ciências permaneciam totalmente excluídos. Por “artes e ciências”, entenda-se aquelas que começam com palavras e com palavras terminam. Contudo, as artes e ciências que produzem bons resultados, dão frutos e conduzem ao bem-estar e tranqüilidade dos homens, sempre foram e continuarão a ser aceitáveis diante de Deus. Se desses ouvidos à Minha voz, lançarias fora todas as tuas posses e volverias tua face na direção do Local onde encapelou-se o oceano da sabedoria e da elocução e sopraram os doces aromas da terna bondade de teu Senhor, o Compassivo.

Nós julgamos aconselhável, neste contexto, relatar brevemente alguns eventos passados, pois talvez eles sejam os meios de vindicar a causa da eqüidade e da justiça. Na época em que Sua Majestade o Xá – possa Deus, seu Senhor, o Mais Misericordioso, ajudá-lo através de Sua graça fortalecedora – planejava uma jornada a Isfahán, este Injustiçado, tendo obtido sua permissão, visitou os sagrados e luminosos locais de repouso dos Imames – que as bênçãos de Deus estejam sobre eles! Após Nosso retorno, seguimos para Lavásán devido ao calor excessivo que fazia na capital. Depois da Nossa partida, ocorreu o atentado contra a vida de Sua majestade – possa Deus, enaltecido e glorificado seja Ele, ajudá-lo. Aqueles foram dias turbulentos e as chamas do ódio se ergueram. Muitos foram presos, e entre eles este Injustiçado. Pela retidão de Deus! Nós não estávamos de modo algum ligados àquele ato perverso e Nossa inocência foi inequivocamente estabelecida pelos tribunais. Ainda assim, eles Nos prenderam e de Níyávarán, que era então a resistência de Sua Majestade, conduziram-Nos a pé e acorrentados, com a cabeça nua e os pés descalços, ao calabouço de Teerã. Um homem brutal, acompanhando-Nos a cavalo, arrancou Nosso chapéu, enquanto éramos apressados por uma tropa de carrascos e oficiais. Fomos condenados a quatro meses em um lugar imundo além de qualquer comparação. Quanto ao calabouço no qual este Injustiçado e outros similarmente injustiçados foram confinados, uma escura e estreita cova seria preferível. Após Nossa chegada fomos primeiro conduzidos ao longo de um corredor negro como breu, do qual descemos três íngremes lances de escadas até o local de confinamento a Nós designado. O calabouço estava envolto em densas trevas e Nossos companheiros de prisão contavam cerca de cento e cinqüenta almas: ladrões, assassinos e salteadores. Embora apinhado, não havia outra abertura senão a passagem pela qual entramos. Pena alguma pode descrever aquele local, língua alguma descrever seu cheiro terrível. Aqueles homens, em sua maioria, não tinham roupas nem lençóis sobre os quais deitar-se. Somente Deus sabe o que Nos aconteceu naquele lugar sumamente fétido e lúgubre!

Dia e noite, enquanto confinado naquele calabouço, Nós meditamos sobre os atos, a condição e a conduta dos Bábís, imaginando o que poderia Ter levado um povo de tão altos princípios, tão nobre e tal inteligência, a perpetrar ato tão audacioso e ultrajante contra a pessoa de Sua Majestade. Este Injustiçado, por isso, decidiu erguer-se após ser libertado da prisão e assumir, com o máximo vigor, a tarefa de regenerar este povo.

Certa noite, em um sonho, estas excelsas palavras fizeram-se ouvir: “ Em verdade, Nós Te faremos vitorioso por Ti mesmo e por Tua pena. Não Te lamentes por aquilo que Te sucedeu, nem tenhas medo, pois estás em segurança. Em breve Deus erguerá os tesouros da terra – homens que Te ajudarão por Ti mesmo e por Teu Nome, meio pelo qual Deus revificou o coração daqueles que O reconheceram.”

E quando este Injustiçado saiu de Sua prisão, Nós viajamos, cumprindo a ordem de Sua Majestade o Xá – possa Deus, excelso seja Ele, protegê-lo – para o Iraque, escoltados por oficiais a serviço dos dignos e honrados governos da Pérsia e da Rússia. Após Nossa chegada, Nós revelamos, como chuva copiosa, com a ajuda de Deus e de Sua Divina Graça e misericórdia, Nossos versos, e os enviamos a várias partes do mundo. Nós exortamos todos os homens, e particularmente este povo, através de Nossos sábios conselhos e amorosas admoestações, e lhes proibimos envolverem-se em sedição, contendas, disputas e conflitos. Como resultado disto, e pela graça de Deus, a obstinação e a loucura transformaram-se em piedade e compreensão, e as armas se converteram em instrumento da paz.

Durante os dias em que Eu permaneci na prisão de Teerã, embora o torturante peso das correntes e o ar nauseabundo mal Me permitissem dormir, nos raros momentos de sono Eu sentia como se algo fluísse desde a coroa de Minha cabeça até Meu peito, semelhante a uma poderosa torrente a precipitar-se sobre a terra do topo de uma alta montanha. Cada membro de Meu corpo, como resultado, incendiava-se. Em tais momentos Minha língua recitava aquilo que homem algum suportaria ouvir.

Nós citamos aqui algumas passagens de Epístolas especificamente reveladas a este povo, a fim de que todos possam saber com certeza que este Injustiçado agiu de maneira que foi agradável e aceitável aos homens dotados de discernimento e àqueles que são os expoentes da justiça e da eqüidade:

“Ó vós, amigos de Deus em Suas cidades e Seus bem-amados em Suas terras! Este Injustiçado ordena-vos a honestidade e a piedade. Abençoada a cidade que brilha pela luz delas. Através delas, o homem é enaltecido e a porta da segurança é aberta diante dos olhos de toda a criação. Bem-aventurado o homem que se mantém fortemente fiel a elas e reconhece sua virtude; infeliz daquele que lhes nega a posição.”

E, em outro contexto, estas palavras foram reveladas: “ Nós ordenamos aos servos de Deus e às Suas servas ser puros e temer a Deus, para poderem libertar-se do torpor de seus desejos corruptos e voltar-se para Deus, o Criador dos céus e da terra. Assim ordenamos aos fiéis quando o Sol do mundo brilhou no horizonte do Iraque. Meu encarceramento não Me causa dano nem as tribulações que Eu sofro ou as coisas que Me sucederam às mãos de Meus opressores. O que Me causa dano é a conduta daqueles que, embora levem Meu nome, ainda assim cometem atos que confragem Meu coração e Minha pena. Quanto aos que disseminam desordem na terra, apoderam-se da propriedade alheia e entram em uma casa sem permissão de seu dono, Nós, em verdade, afastamo-Nos deles, a menos que se arrependam e retornem a Deus, o Magnânimo, o Misericordioso. “

E num outro contexto: “ Ó povos da terra ! Apressai-vos a cumprir o desejo de Deus e lutai bravamente, como vos é ordenado lutar, para proclamar Sua Causa irresistível e inabalável. Nós decretamos que, no caminho de Deus, a guerra deve ser travada com as armas da sabedoria, da elocução, do caráter íntegro e dos atos louváveis. Assim foi decidido por Aquele que é o Todo-Poderoso, o Altíssimo. Não existe glória para quem comete a desordem na terra após esta Ter sido restaurada. Temei a Deus, ó povo, e não sejais daqueles que agem injustamente.”

E ainda em outro contexto: “ Não vos injurieis uns aos outros. Nós, em verdade, viemos para unir e congregar todos os que habitam a terra. Disso dá testemunho aquilo que o oceano de Minha elocução revelou entre os homens, mas, ainda assim, a maioria dos povos se extraviou. Se alguém vos injuriar ou se o infortúnio atingir-vos no caminho de Deus, sede pacientes e depositai vossa confiança n’Aquele que tudo ouve e tudo vê. Ele, em verdade, testemunha e percebe e faz o que é de Sua vontade, através do poder de Sua soberania. Ele, em verdade, é o Senhor de força e poder. No Livro de Deus, o Poderoso, o Grande, fostes proibidos de vos envolver em contendas e conflitos. Agarrai-vos firmemente a tudo o que for proveitoso a vós mesmos e proveitoso aos povos do mundo. Assim vos ordena o Rei da Eternidade, que está manifesto em seu Maior Nome. Ele, em verdade, é o Ordenador, o Sapientíssimo.”

E ainda, num outro contexto: “ Acautelai-vos para não derramar o sangue de ninguém. Desembanhai a espada de vossa língua da bainha da elocução, pois com isso conquistareis a cidadela do coração dos homens. Nós abolimos a lei que vos ordenava fazer guerra santa uns aos outros. A misericórdia de Deus, em verdade, envolveu todas as coisas criadas, se apenas o entendêsseis.”

E também, em outro contexto: “ Ó povo! Não dissemineis desordem na terra, não derrameis o sangue de ninguém, não consumais erradamente os recursos alheios e nem sigais todo falso profeta execrável.”

E uma vez mais, em outro contexto: “ O Sol da Divina Elocução nunca haverá de se pôr, nem se extinguirá sua radiância. Estas sublimes palavras foram, neste dia, ouvidas da Árvore Celestial além da qual não há passagem: ‘ Eu pertenço àquele que Me ama, que se mantém fiel aos Meus mandamentos e rejeita tudo o que lhe foi proibido em Meu Livro.”

E ainda, num outro contexto: “ Este é o dia para fazer menção de Deus, celebrar Seu louvor e servi-Lo; não vos priveis disto. Sois as letras das palavras, e as palavras do Livro. Sois as jovens árvores que a mão da Amorosa Bondade plantou no solo da misericórdia e as chuvas generosas fizeram florecer. Ele vos protegeu contra os fortes ventos da descrença e dos vendavais tempestuosos da impiedade, e vos nutriu com as mãos de Sua amorosa providência. Agora vos é chegado o momento de lançar as folhas e produzir os frutos. Os frutos da árvore humana sempre foram, e sempre serão, os bons atos e o caráter louvável. Não afasteis estes frutos dos desatentos. Se eles os aceitarem, terá sido alcançada vossa meta e cumprido o propósito de vossa vida. Caso contrário, dexai-os entregues às suas vãs disputas. Lutai, ó povo de Deus, para que os corações das diversas espécies da terra possam, através das águas de vossa tolerância e amorosa bondade, ser purificados e santificados da animosidade e do ódio, tornando-se recipientes dignos e adequados para os esplendores do Sol da Verdade.”

No quarto Ishráq (esplendor) da Ishráqát ( Epístola dos Esplendores), Nós mencionamos: “ Toda causa necessita de quem a ajude. Nesta Revelação, as hostes que a podem tornar vitoriosa são as hostes das ações louváveis e do caráter íntegro. O dirigente e comandante dessas hostes tem sido sempre o temor a Deus – temor esse que abrange todas as coisas e sobre todas as coisas impera.”

No terceiro Tajallí (fulgor) do Livro dos Tajallíyát (Livro dos Fulgores), Nós mencionamos: “ As artes, ofícios e ciências elevam o mundo do ser e conduzem à sua exaltação. O conhecimento é como asas para a vida do homem; é como uma escada pela qual ele possa ascender. Incube a cada um adquiri-lo. Deve-se, porém, adquirir o conhecimento das ciências que possam prestar benefícios aos povos da terra e não daquelas que por meras palavras começam e assim também terminam. Grande, verdadeiramente, é a prerrogativa dos cientistas e artífices entre os povos do mundo. Disso dá testemunho o Livro-Mater nesta conspícua posição.”

Na realidade, o conhecimento é um verdadeiro tesouro para o homem; é para ele uma fonte de glória, de graça, de júbilo e exaltação, de alegria e contentamento. Feliz é o homem que a ele segura-se firmemente, e infelizes os desatentos.

Incumbe a vós conclamar os povos, sob todas as condições, para tudo que os faça manifestar características espirituais e bons atos, de modo que todos possam tomar consciência daquilo que é a causa da elevação humana, e possam, com todo empenho, dirigir-se para a mais sublime Posição e o Pináculo da Glória. O temor a Deus sempre foi o fator básico na educação de Suas criaturas. Bem-aventurados aqueles que o alcançaram!

A primeira palavra que a Pena de Abhá revelou e escreveu na primeira folha do Paraíso é esta: “ Verdadeiramente, digo: O temor a Deus tem sido sempre uma defesa certa e uma segura cidadela para todos os povos do mundo. É a causa principal da proteção da humanidade e o instrumento supremo para sua preservação. Em verdade, existe no homem uma faculdade que o detém e preserva de qualquer coisa que seja indigna ou imprópria – é conhecida como seu senso de vergonha. Esta faculdade, entretanto, limita-se apenas a poucos; nem todos a possuíram, nem a possuem. Incumbe aos reis e líderes espirituais do mundo segurarem-se firmemente à religião, visto que através dela o temos a Deus é instilado em todos, exceto Nele.”

A Segunda palavra que Nós registramos na Segunda folha do Paraíso é a seguinte: “ A Pena do Divino Expositor exorta, neste momento, os manifestantes de autoridade e as fontes de poder – a saber, os reis e governantes da terra, possa Deus ajudá-los – e lhes ordena que apoiem a causa da religião e a ela se mantenham fiéis. A religião é, em verdade, o instrumento principal para o estabelecimento da ordem no mundo e da tranqüilidade entre seus povos. O enfraquecimento dos pilares da religião fortaleceu os insensatos, tornando-os mais audazes e arrogantes. Verdadeiramente digo: Quanto maior o declínio da religião, mais séria se torna a desobediência dos ímpios. Isso não pode levar, afinal, senão ao caos e à confusão. Ouvi-me, ó homens de percepção, e precavei-vos, vós que sois dotados de discernimento!”

É Nossa esperança que ouçais com ouvidos atentos aquilo que Nós vos mencionamos, para que possais tentar afastar os homens das coisas por eles possuídas e voltá-los para as coisas que Deus possui. Nós suplicamos a Deus para que liberte a luz da eqüidade e o sol da justiça das densas nuvens da obstinação, e os faça brilhar sobre os homens. Nenhuma luz pode comparar-se à luz da justiça. O estabelecimento da ordem no mundo e a tranqüilidade das nações dela dependem.

No Livro da Elocução, estas excelsas palavras foram escritas e registradas: “ Dize: Ó amigos! Esforçai-vos para que as tribulações sofridas por este Injustiçado e por vós, no caminho de Deus, provem não Ter sido em vão. Segurai-vos à orla do manto da virtude e agarrai-vos fortemente à corda da fidedignidade e da devoção. Ocupai-vos com aquilo que beneficia a humanidade e não com Teus desejos corruptos e egoístas. Ó vós, seguidores deste Injustiçado! Sois os pastores da humanidade; libertai vossos rebanhos dos lobos das más paixões e desejos, e adornai-os com o ornamento do temor a Deus. Este é o firme mandamento que, neste instante, flui da Pena d’Aquele que é o Ancião dos Dias. Pela retidão de Deus! A espada do caráter virtuosos e conduta íntegra é mais afiada que lâminas do caráter virtuoso e conduta íntegra é mais afiada que lâminas de aço. A voz da verdadeira Fé se eleva, neste momento, e diz: Ó povo! Em verdade, o Dia é chegado, e Meu Senhor criou-Me para resplandecer com uma luz cujo brilho eclipsou os sóis da elocução. Temei o Misericordioso, e não sejais daqueles que se extraviaram.”

A terceira palavra que foi registrada na terceira folha do Paraíso é esta: “ Ó filho do homem! Se teus olhos estiverem volvidos para a misericórdia, abandona as coisas que te são proveitosas e apega-te ao que trará proveito à humanidade. E se teus olhos estiverem volvidos para a justiça, escolhe para o teu próximo aquilo que para ti próprio escolherias. A humildade exalta o homem ao céu da glória e do poder, enquanto o orgulho o rebaixa às profundezas da miséria e degradação. Grande é o Dia e poderoso o Chamado! Em uma de Nossas Epístolas, revelamos estas palavras sublimes: ‘ Fosse o mundo do espírito convertido totalmente na faculdade da audição, poderia então dizer-se digno de ouvir a Voz que chama do Horizonte Supremo; pois, de outro modo, esses ouvidos que se corromperam com relatos mentirosos jamais foram dignos de ouvi-la, nem agora o são.’ Bem-aventurados os que atentam, e infelizes os obstinados.”

Oramos a Deus – excelsa seja Sua glória – e acalentamos a presença de que Ele possa bondosamente ajudar os manifestantes de afluência e poder e os alvoreceres de soberania e glória, os reis da terra – possa Deus ajudá-los através de Sua graça fortalecedora – a estabelecer a Paz Menor. Esta, de fato, é o maior meio para assegurar a tranqüilidade das nações. Incumbe aos Soberanos do mundo – possa Deus ajudá-los – firmarem-se unidos a esta Paz, que é o principal instrumento para a proteção de toda a humanidade. É Nossa esperança que eles se ergam para alcançar aquilo que irá conduzir ao bem-estar do homem. É seu dever convocar uma assembléia geral, à qual comparecerão eles próprios ou seus ministros, e pôr em vigor todas as medidas necessárias para estabelecer a unidade e a concórdia entre os homens. Eles devem renunciar às armas de guerra e voltar-se aos instrumentos da reconstrução universal. Caso um rei venha a erguer-se contra outro, todos os demais reis devem levantar-se para detê-lo. E então as armas e armamentos não mais serão necessários além daquilo que é preciso para garantir a segurança interna de seus respectivos países. Se alcançarem esta incomparável bênção, os povos de cada nação irão se dedicar, com tranqüilidade e contentamento, às suas próprias ocupações, e os gemidos e lamentações da maioria dos homens serão silenciados. Imploramos a Deus que os ajude a cumprir Sua vontade e Seu desejo. Ele, em verdade, é o Senhor do trono nas alturas e da terra abaixo, e o Senhor deste mundo e do mundo vindouro. Seria preferível e mais adequado se os mui dignos reis comparecessem em pessoa àquela assembléia e proclamassem seus éditos. Em verdade, qualquer rei que se erguer e cumprir esta tarefa tornar-se-á, aos olhos de Deus, o centro de atração de todos os reis. Feliz será ele e grande sua bem-aventurança!

Nesta terra, sempre que os homens são convocados para o exército, um grande terror se apodera do povo. A cada ano, as nações aumentam suas forças, pois seus ministérios da guerra são insaciáveis no desejo de acrescentar novos recrutas aos seus batalhões. Nós soubemos que o governo da Pérsia – possa Deus ajudá-lo – decidiu, do mesmo modo, fortalecer seu exército. Na opinião deste Injustiçado, uma força de cem mil homens totalmente equipados e bem disciplinados bastaria. Esperamos que possas fazer com que a luz da justiça se irradie mais brilhantemente. Pela retidão de Deus! A justiça é uma força poderosa. É ela que, acima de tudo o mais, conquista as cidadelas do coração e da alma dos homens, revela os segredos do mundo do ser e carrega o pendão do amor e da generosidade.

Nos tesouros do conhecimento de Deus repousa oculto um conhecimento que, quando aplicado, eliminará em grande parte, embora não de todo, o medo. Este conhecimento, contudo, deve ser ensinado desde a infância, pois irá grandemente ajudar na eliminação do medo. Tudo aquilo que diminui o medo aumenta a coragem. Se a Vontade de Deus Nos auxiliar, fluirá da Pena do Divino Expositor uma longa exposição daquilo que foi mencionado, e será então revelado, no campo das artes e ciências, o que renovará o mundo e as nações. Do mesmo modo uma palavra foi escrita e registrada pela Pena do Altíssimo no Livro Carmesim a qual pode desvendar totalmente a força que está oculta nos homens; não!, duplicar sua potência. Imploramos a Deus – enaltecido e glorificado seja Ele – para bondosamente ajudar Seus servos a fazer o que Lhe é agradável e aceitável.

Nestes dias, os inimigos nos cercam e as chamas do ódio se alastram. Ó povos da terra! Por Minha vida e pela Tua! Este Injuriado nunca teve, nem tem Ele agora, qualquer desejo de liderança. Minha meta sempre foi, e continua a ser, a de suprimir tudo aquilo que é causa de contendas entre os povos da terra e de separação entre as nações, a fim de que todos os homens possam ser santificados de todo apego terreno e livres para ocupar-se com seus próprios interesses. Suplicamos a Nossos bem-amados para não macularem a orla de Nosso manto com o pó da falsidade, nem permitirem que referências ao que consideraram como milagres e prodígios rebaixem Nosso posto e posição ou desfigurem a pureza e santidade de Nosso nome.

Deus Misericordioso! Este é o dia no qual os sábios deveriam buscar o conselho deste Injuriado e perguntar Àquele que é a Verdade quais as coisas que conduzem à glória e tranqüilidade dos homens. E contudo, todos eles estão seriamente empenhados em apagar esta gloriosa e brilhante luz, buscando diligentemente estabelecer Nossa culpa ou proclamar seus protestos contra Nós. A tal ponto chegaram as dificuldades que a conduta deste Injuriado foi grosseiramente deturpada em todos os sentidos, de uma maneira tal que seria indecoroso mencioná-la. Um de Nossos amigos relatou, com a maior tristeza, Ter ouvido um dos habitantes da Grande Cidade (Constantinopla) afirmar que a cada ano a soma de cinqüenta mil tumans era enviada de sua terra natal para ‘ Akká! Não esclareceu, contudo, quem desembolsava essa quantia, nem por quais mãos ela passava!

Em suma, este Injuriado, diante de tudo o que d’Ele foi dito, suportou pacientemente e manteve-Se sereno, visto que Nosso propósito é, através da amorosa providência de Deus – excelsa seja Sua glória – e Sua inigualável misericórdia, abolir da face da terra, pela força da Nossa elocução, todas as disputas, guerras e derramamentos de sangue. Sob todas as condições, Nós, apesar do que eles disseram, suportamos com decorosa paciência e os deixamos entregues a Deus. Em resposta a esta acusação específica, entretanto, Nós respondemos que, se é verdade o que afirma esse homem, cabe-lhe ser grato Àquele que é o Senhor de todos os seres e o Rei do visível e invisível, por ter feito surgir na Pérsia Aquele que, embora prisioneiro e sem ninguém para ajudá-Lo e assisti-Lo, conseguiu firmar Sua ascendência sobre aquela terra e dela auferir uma renda anual. Tal feito deve ser louvado e não censurado, se esse homem é dos que julgam imparcialmente. Caso alguém procure familiarizar-se com a condição deste Injuriado, seja-lhe dito que a estes cativos, perseguidos pelo mundo e injustiçados pelas nações, por dias e noites têm sido inteiramente negados os mais básicos meios de subsistência. Nós relutamos em mencionar tais coisas e jamais tivemos, nem temos agora, qualquer desejo de reclamar contra Nosso acusador. Dentro dos muros desta prisão, um homem altamente respeitável foi durante algum tempo obrigado a quebrar pedras para ganhar pão, enquanto outros às vezes tiveram como única nutrição aquele alimento Divino que é a fome! Suplicamos a Deus – enaltecido seja Ele – que ajude todos os homens a ser justos e imparciais, e bondosamente os auxilie a arrepender-se e a Ele retornar. Ele, em verdade, ouve e está pronto para responder.

Glorificado és Tu, ó Senhor meu Deus! Tu vês o que sucedeu a este Injustiçado nas mãos daqueles que não se associaram a Mim e se ergueram para prejudicar-Me e Me humilhar, de maneira tal que pena alguma pode descrever, nem língua relatar, nem Epístola sustentar. Tu ouves o clamor de Meu coração e o gemido do mais íntimo de Meu ser, e as coisas que sucederam aos Teus Fidedignos em Tuas cidades e aos Teus eleitos em Tua terra, nas mãos daquele que romperam Teu Convênio e Teu Testamento. Eu Te imploro, ó meu Senhor, pelos suspiros daqueles que Te amam em todo o mundo e por seus lamentos no distanciamento da corte de Tua presença, pelo sangue que foi derramado por amor a Ti pelos corações que se desfizeram em Teu caminho, para que protejas Teus bem-amados contra a crueldade dos que permanecem alheios aos mistérios de Teu Nome, o Irrestrito. Socorrei-os, ó meu Senhor, por Teu poder que prevaleceu sobre todas as coisas, e ajuda-os a ser pacientes e resignados. Tu és o Todo-Poderoso, o Altíssimo, o Misericordioso. Não existe outro Deus senão Tu, o Generoso, o Senhor das graças abundantes.

Nestes dias, há alguns que, longe de ser justos e imparciais, atacaram-Me com a espada do ódio e a lança da inimizade, esquecendo que compete a toda pessoa imparcial socorrer Aquele que o mundo rejeitou e as nações abandonaram, e agarrar-se à piedade e à retidão. A maioria dos homens, até agora, foi incapaz de descobrir o propósito deste Injuriado, nem conheceu a razão pela qual Ele está disposto a suportar incontáveis aflições. Enquanto isso, a voz de Meu coração brada estas palavras: “ Ó se Meu povo o soubesse! ” Este Injuriado, livre de apego a todas as coisas, pronuncia estas palavras excelsas: “ Ondas envolveram a Arca de Deus, o Amparo no Perigo, o Auto-Subsistente. Não teme os ventos tempestuosos, Ó Marinheiro! Aquele que fez surgir a aurora está verdadeiramente a Teu lado nesta escuridão que lança o terror no coração de todos os homens, exceto aqueles a quem Deus, o Altíssimo, o Irrestrito, escolheu poupar.”

Ó Xeique! Eu juro pelo Sol da Verdade que se ergueu e brilha acima do horizonte desta Prisão! Melhorar o mundo tem sido o único objetivo deste Injustiçado. Disso dá testemunho todo homem de julgamento, de discernimento, de percepção e compreensão. Embora afligido por provações, Ele segurou-se firmemente à corda da paciência e da constância, aceitou o que Lhe sucedeu nas mãos de Seus inimigos e exclamou: “ Eu renunciei ao Meu desejo por Teu desejo, ó meu Deus, e à Minha vontade pela revelação da Tua Vontade. Por Tua glória! Eu não desejo a Mim mesmo ou à Minha vida senão pelo propósito de servir Tua Causa, e não amo Meu ser senão para sacrificá-lo em Teu caminho. Tu vês e sabes, ó meu Senhor, que aqueles a quem Nós pedimos para ser justos e imparciais ergueram-se injusta e cruelmente contra Nós. Abertamente eles estavam ao Meu lado, mas em segredo ajudaram Meus inimigos, que se ergueram para desonrar-Me. Ó Deus, meu Deus! Eu testemunho que Tu criaste Teus servos para ajudar Tua Causa e enaltecer Tua Palavra, mas eles, contudo, ajudaram Teus inimigos. Eu Te suplico, por Tua Causa que abrangeu o mundo do ser e por Teu Nome com o qual sujeitaste o visível e o invisível, que adornes os povos da terra com a luz de Tua justiça e ilumines seus corações com o brilho de Teu conhecimento. Eu sou, ó meu Senhor, Teu servo e o filho de Teu servo. Eu dou testemunho de Tua unicidade, da santidade de Teu ser e da pureza de Tua Essência. Tu contemplas, ó meu Senhor, Teus fidedignos à mercê das traiçoeiras dentre Tuas criaturas e dos caluniadores em meio ao Teu povo. Tu sabes o que Nos sucedeu às mãos daqueles a quem Tu conheces melhor do que nós os conhecemos. O que eles cometeram rompeu o véu daquelas de Tuas criaturas que estão próximas de Ti. Eu Te suplico que os ajude a obter o que lhes escapou nos dias da aurora de Tua Revelação e alvorecer de Tua Inspiração. Tu és potente para fazer o que Te agrada, e em Tuas mãos estão as rédeas de tudo o que existe no céu e de tudo o que existe na terra.” A voz e os lamentos da verdadeira Fé se ergueram. Ela brada, dizendo: “Ó povo! Pela retidão de Deus! Eu alcancei a presença d’Aquele que me manifestou e me enviou. Este é o Dia no qual o Sinai sorriu Àquele que conversou sobre ele, e o Carmelo a seu Revelador e o Sadrah Àquele que o ensinou. Temei a Deus e não sejais dos que O negaram. Não Te afastes daquilo que foi revelado através de Sua graça. Segurai as águas vivas da imortalidade em nome de Teu Senhor, o Senhor de todos os nomes, e bebei em lembrança d’Ele, que é o Poderoso, o Incomparável.”

Nós, sob todas as circunstâncias, ordenamos aos homens o que é certo e proibimos o que é errado. Aquele que é o Senhor do Ser é testemunha de que este Injuriado pediu a Deus para Suas criaturas tudo o que conduz à unidade, à harmonia, ao companheirismo e à concórdia. Pela retidão de Deus! Este Injuriado não é capaz de dissimulação. Ele, verdadeiramente, revelou aquilo que desejava; Ele, em verdade, é o Senhor de força, o Irrestrito.

Referimo-nos mais uma vez a algumas das sublimes palavras reveladas na Epístola à Sua Majestade o Xá, para que possas saber com certeza que tudo o que tem sido mencionado proveio de Deus: “ Ó Rei! Eu era apenas um homem como os outros, adormecido em Meu leito, quando eis que os sopros do Todo-Glorioso manaram sobre Mim e Me deram o conhecimento de tudo o que existia. Isto não provém de Mim, mas d’Aquele que é Todo-Poderoso e Onisciente. E Ele ordenou que Eu levantasse Minha voz entre a terra e o céu, e por isso Me sucedeu o que fez correrem as lágrimas de todo homem de compreensão. A erudição comum entre os homens, não a estudei; nem entrei em suas escolas. Pergunta na cidade em que residi, a fim de teres a certeza de que Eu não sou dos que falam falsamente. Este Ser é apenas uma folha movida pelos ventos da vontade de teu Senhor, o Todo-Poderoso, Alvo de todo louvor. Poderá ela aquietar-se quando sopram os ventos tempestuosos? Não, por Aquele que é o Senhor de todos os Nomes e Atributos! Eles a movem a seu bel-prazer. O efêmero afigura-se como nada perante Aquele que é o Sempiterno. Seu chamado irresistível atingiu-Me e Me fez expressar Seu louvor entre todos os povos. Em verdade, era eu feito um morto, quando Sua ordem foi enunciada. A mão da vontade de teu Senhor, o Compassivo, o Misericordioso, transformou-Me. Poderá alguém pronunciar espontaneamente o que faça todos os homens, grandes e humildes, contra ele protestarem? Não, por Aquele que ensinou à pena os mistérios eternos, salvo quem fosse fortalecido pela graça do Altíssimo, o Todo-Poderoso.”

“ Contempla este Injustiçado, ó Rei, com os olhos da justiça; julga então, com verdade, aquilo que Lhe sucedeu. Verdadeiramente Deus fez de ti Sua sombra entre os homens e o sinal de Seu poder para todos os que habitam a terra. Julga, a Nós e aos que nos injuriaram sem prova e sem um Livro esclarecedor. Os que te rodeiam amam-te por seus próprios interesses, enquanto este Jovem te ama por ti mesmo, nenhum outro desejo nutrindo a não ser o de te fazer aproximar do assento da graça e dirigir-te à mão direita da justiça. Teu Senhor dá testemunho daquilo que Eu declaro.

“ Ó Rei! Se volvesses teus ouvidos para a voz penetrante da Pena da Glória e para o arrulho do Pombo da Eternidade que nos ramos da Árvore Celestial além da qual não se pode passar expressa seus louvores a Deus, Origem de todos os Nomes e Criador da terra e do céu, atingirias a posição em que nada mais se contempla no mundo dos seres senão o resplendor do Adorado, e verias tua soberania como a mais desprezível de tuas posses, abandonando-a a quem pudesse desejá-la e volvendo tua face para o Horizonte com a luz de Seu semblante. Jamais desejarias suportar o fardo do domínio, salvo com o fim de servir teu Senhor, o Excelso, o Altíssimo. Então a Assembléia no alto abençoar-te-ia. Ah, como é excelente esta mais sublime posição, pudesses tu a ela ascender através do poder de uma soberania reconhecida como oriunda do Nome de Deus!”

Tu próprio ou alguém mais disse: “ Que a Sura de Tawhíd seja traduzida, para que todos possam saber e persuadir-se plenamente de que o único e verdadeiro Deus não gerou nem foi gerado. Além do que, os Bábís acreditam em Sua (de Bahá´u´lláh) Divindade e Deidade.”

Ó Xeique! Esta é a posição na qual a pessoa morre para si mesma e vive em Deus. Divindade, sempre que Eu a menciono, indica Minha completa e absoluta autonegação. Esta é a posição na qual Eu não tenho controle sobre minha própria felicidade ou infortúnio, nem sobre minha vida ou minha ressurreição.

Ó Xeique! Como os teólogos desta época explicam a resplandecente glória que o Sadrah da Elocução irradiou sobre o Filho de ‘Imrán (Moisés) no Sinai do Divino conhecimento? Ele (Moisés) ouviu atentamente a Palavra pronunciada pela Sarça Ardente e a aceitou; contudo, os homens, em sua maioria, estão privados do poder de compreender isso, uma vez que se ocupam de seus próprios assuntos e mantêm-se alheios ao que pertence a Deus. Referindo-se a isso, o Siyyid de Findirisk bem o disse: “Este tema mente alguma mortal pode penetrar; nem mesmo a de Abú-Nasr ou Abú-‘Alí Síná (Avicena).” Que explicação podem eles oferecer em relação ao que o Selo dos Profetas (Maomé) – que todos, exceto Ele mesmo, por Ele se sacrifiquem – disse?: “Vós, em verdade, contemplareis Teu Senhor tal como contemplais a lua cheia em sua décima-quarta noite.” O Comendador dos Crentes (Imame ‘Alí) – a paz esteja com ele – além disso, declarou no Khutbiy-i-Tutunjúyyih: “Antecipai a Revelação Daquele que conversou com Moisés na Sarça Ardente do Sinai.” Husayn, o filho de ‘Alí – a paz esteja com ele – do mesmo modo disse: “Acaso será concedido a alguém além de Ti uma revelação que não tenha sido concedida a Ti Mesmo – uma Revelação cujo Revelador será Aquele que te Revelou. Cego é o olho que não Te vê!”

Palavras similares dos Imames – as bênçãos de Deus estejam com eles – foram registradas e são amplamente conhecidas, tendo sido incorporadas a livros dignos de fé. Abençoado é aquele que percebe, e fala a pura verdade. Feliz é aquele que, ajudado pelas águas vivas da elocução d’Aquele que é o Desejo de todos os homens, purificou-se das vãs fantasias e fúteis imaginações, e, em nome do Possuidor de Todas as Coisas, o Altíssimo, arrancou os véus da dúvida e renunciou ao mundo e a tudo o que nele existe, e dirigiu-se para a maior Prisão.

Ó Xeique! Nenhuma brisa pode comparar-se às brisas da Revelação Divina, enquanto a palavra que é pronunciada por Deus brilha e relampeja como o sol em meio aos livros dos homens. Feliz o homem que a descobriu, reconheceu-a e disse: “Louvado sejas Tu, que és o Desejo do mundo, e graças sejam dadas a Ti, ó Bem-Amado dos corações daqueles que Te são devotos!”

Os homens deixaram de perceber Nosso propósito nas referências que Nós fizemos à Divindade e Deidade. Se o percebessem, erguer-se-iam de seus lugares e bradariam: “Nós, verdadeiramente, pedimos perdão a Deus!” O Selo dos Profetas – possam todas as almas, exceto a d’Ele, serem oferecidas em Seu nome – diz: “Muitos são Nossos relacionamentos com Deus. Em um momento, Nós somos Ele e Ele é Nós. Em outro momento, Ele é Ele e Nós somos aquilo que somos.”

À parte disso, por motivo não mencionaste as outras posições que a Pena de Abhá desvendou? A língua deste Injuriado pronunciou, muitos dias e noites, estas sublimes palavras: ”Ó Deus, meu Deus! Eu dou testemunho de Tua unidade e Tua unicidade, de que Tu és Deus e de que não existe outro Deus além de Ti. Foste perpetuamente santificado acima da menção de qualquer outro além de Tu e do louvor a tudo o mais exceto Ti, e continuarás perpetuamente a ser o mesmo que eras no início e desde sempre. Eu Te suplico, ó Rei da Eternidade, pelo Maior Nome e pelos resplendores do Sol de Tua Revelação sobre o Sinai da Elocução, e pelas ondas do Oceano de Teu conhecimento entre todas as coisas criadas, para que bondosamente Me ajudes naquilo que Me atrairá para perto de Ti e Me desprenderá de tudo exceto de Ti. Por Tua glória, ó Senhor de todos os seres e Desejo de toda a criação! Eu gostaria de inclinar Meu rosto sobre cada um dos locais de Tua terra, a fim de que ele pudesse Ter sido honrado por tocar um local enobrecido pelos passos de Teus bem-amados!”

Pela retidão de Deus! As vãs fantasias privaram os homens do Horizonte da Certeza e as fúteis imaginações os afastaram do Seleto Vinho Lacrado. Em verdade Eu digo e em nome de Deus declaro: Este Servo, este Injuriado, envergonha-Se de reivindicar para Si a mera existência, quanto mais aqueles excelsos graus do ser! Todo homem de discernimento, enquanto caminha sobre a terra, sente-se de fato envergonhado, visto estar plenamente consciente de que a fonte de sua prosperidade, sua riqueza, sua força, sua exaltação, seu progresso e seu poder é, conforme ordenado por Deus, a própria terra que é pisada pelos pés de todos os homens. Não pode haver dúvida de que quem tem conhecimento desta verdade está purificado e santificado de todo orgulho, arrogância e vaidade, Ele deu e dá agora testemunho, e Ele é verdadeiramente o Onisciente, o Conhecedor de Tudo.

Rogai a Deus para conceber aos homens ouvidos atentos, visão aguçada, um peito amplo e um receptivo, a fim de que Seus servos possam alcançar o Desejo de seus corações e volver a face na direção de seu Bem-Amado. Problemas nunca vistos por olho algum feriram este Injuriado. Ao proclamar Sua Causa, Ele não hesitou de modo algum. Dirigindo-Se aos reis e governantes da terra – possa Deus, excelso seja Ele, ajudá-los – Ele lhes comunicou qual é a causa do bem-estar, unidade, harmonia e reconstrução do mundo, e tranqüilidade das nações. Entre eles estava Napoleão III, de quem se diz ter feito certa afirmação, em resultado da qual Nós, quando em Adrianópolis, lhe enviamos Nossa Epístola. A esta, no entanto, ele não respondeu. Após Nossa chegada à Maior Prisão, alcançou-Nos uma carta de seu Ministro, cuja primeira parte estava em persa e a última em sua própria caligrafia. Nela, ele foi cordial e escreveu o seguinte: “Entreguei, como me pediste, tua carta e até agora não recebi qualquer reposta. Contudo, emitimos as necessárias recomendações ao nosso Ministro em Constantinopla e aos nossos cônsules naquelas regiões. Se houver algo que possamos fazer por ti, informa-nos e nós o faremos.”

Dessas palavras torna-se evidente ter ele compreendido que o propósito deste Servo fora solicitar assistência material. Nós, portanto, revelamos em seu nome ( de Napoleão III) versículos no Súratu’l-Haykal, alguns dos quais Nós agora citamos, para que possas saber que a Causa deste Injuriado foi revelada em nome de Deus, e Dele proveio:

“ Ó Rei de Paris! Dize ao padre que não mais toque os sinos. Por Deus, o Verdadeiro! Apareceu o Sino Mais Poderoso na forma d’Aquele que é o Maior Nome, e os dedos da vontade de Teu Senhor, o Mais Excelso, o Altíssimo, o fazem soar no céu da Imortalidade, em Seu nome, o Todo-Glorioso. Assim os poderosos versículos de Teu Senhor foram novamente enunciados para ti, a fim de que te levantasses para comemorar a Deus, Criador da terra e do céu, nestes dias em todas as raças da terra se lastimaram, e os alicerces das cidades tremeram, e a poeira da irreligião envolveu todos os homens, exceto aqueles aos quais Deus, o Onisciente, a Suma Sabedoria, houve por bem poupar. Dize: Ele, o Incondicionado, veio em nuvens de luz para animar todas as coisas criadas com as brisas de Seu Nome, o Mais Misericordioso, unificar o mundo e reunir todos os homens em torno desta Mesa que Ele fez descer dos céus. Acautela-te para não negares os favores de Deus após terem sido derramados sobre ti. Melhor é isto para ti do que o que possuis; pois o que é teu perecerá, enquanto o que é de Deus permanecerá. Ele, em verdade, ordena o que é de Seu desejo. Verdadeiramente, as brisas do perdão foram sopradas da direção de teu Senhor, o Deus de Misericórdia; quem para seu lado se voltar, será limpo de seus pecados e de todas as dores e doenças. Feliz o homem que para ela se volve, e infeliz aquele que delas se desvia.

“Se volvesses teu ouvido interior para todas as coisas criadas, ouvirias: ‘ O Ancião dos Dias veio em Sua grande glória!’ Todas as coisa celebram o louvor a seu Senhor. Alguns conheceram Deus e O recordam; outros O recordam, e contudo não O conhecem. Assim, Nós enunciamos Nosso decreto em uma Epístola compreensível.

“Dá ouvidos, ó Rei, à Voz que clama do Fogo que arde nesta Árvore verdejante, sobre este Sinai que se ergueu acima do Local níveo e consagrado, além da Cidade Perpétua: ‘ Verdadeiramente, não há outro Deus além de Mim, o Infalível Perdão, o Mais Misericordioso!’ Nós, em verdade, enviamos Aquele a quem ajudamos com o Espírito Santo (Jesus Cristo), a fim de anunciar a ti esta Luz que se irradia do horizonte da vontade de teu Senhor, o Excelso, o Todo-Glorioso, e cujos sinais foram revelados no ocidente. Volta tua face para Ele (Bahá´u´lláh), neste Dia que Deus exaltou acima de todos os outros dias, e no qual o Todo-Misericordioso irradiou o esplendor de Sua fulgente glória sobre todos os que estão no céu e todos os que estão na terra. Ergue-te para servir a Deus e promover Sua Causa. Ele, em verdade, ajudar-te-á com as hostes do visível e do invisível, e te fará rei de tudo aquilo sobre o que o sol se levanta. Teu Senhor, em verdade, é o Onipotente, o Todo-Poderoso.

“As brisas do Mais Misericordioso sopraram sobre todas as coisas criadas; feliz o homem que descobriu sua fragrância e para elas se voltou com o coração firme. Adorna tuas têmporas com o ornamento de Meu Nome e tua língua com a lembrança de Mim, e teu coração com o amor por Mim, o Todo-Poderoso, o Altíssimo. Nada desejamos para ti senão o que te é melhor do que todas as tuas posses e todos os tesouros da terra. Teu Senhor, em verdade, é o Conhecedor, O ciente de tudo. Levanta-te, em Meu Nome, entre Meus servos, e dize: ‘ Ó povos da terra! Volvei-vos para Aquele que Se voltou para vós. Ele, verdadeiramente, é a Face de Deus entre vós, e Seu Testemunho e Sua Guia para vós. Ele veio a vós com sinais que ninguém pode produzir’. A voz da Sarça Ardente se ergue no mais íntimo do coração do mundo e o Espírito Santo conclama entre as nações: ‘ Eis que o Desejado veio com manifesto domínio!’

“Ó Rei! As estrelas do céu do conhecimento caíram, aqueles que buscam estabelecer a verdade de Minha Causa através das coisas que possuem, e aqueles que fazem menção de Deus em Meu Nome. E contudo, quando Eu vim a eles em Minha glória, eles se afastaram. Eles, em verdade, são dos perdidos. Isto, verdadeiramente, foi o que o Espírito de Deus (Jesus Cristo) anunciou, quando veio a vós com a verdade, Aquele com quem o que fez lamentar-se o Santo Espírito e caírem as lágrimas dos que têm acesso próximos a Deus.

“Dize: Ó assembléia de monges! Não vos isoleis em vossas igrejas e claustros. Saí deles com Minha licença e ocupai-vos, então, com aquilo que será proveitoso a vós e aos outros. Assim vos ordena Aquele que é o Senhor do Dia do Juízo. Isolai-vos na fortaleza de Meu amor. Esta, em verdade, é a reclusão que vos convém, se apenas o soubésseis. Quem se isola em sua casa é de fato como um morto. Compete ao homem demonstrar aquilo que irá beneficiar a humanidade. Quem não produz frutos é adequado para o fogo. Assim vos admoesta Teu Senhor; Ele, em verdade, é o Poderoso, o Doador. Entrai nos laços do matrimônio, para que após vós um outro possa erguer-se em vosso lugar. Nós, em verdade, vos proibimos a devassidão e não aquilo que conduz à fidelidade. Vós vos prendestes aos impulsos de vossa natureza e lançastes fora os estatutos de Deus? Temei a Deus, e não sejais dos insensatos. Mas, exceto o homem, quem em Minha terra lembraria de Mim e como poderiam Meus atributos e Meus nomes ser revelados? Refleti, e não sejais dos que se isolaram d’Ele como que por um véu, e foram dos que estão profundamente adormecidos. Aquele que não se casou (Jesus Cristo) não encontrou onde morar, nem onde depor Sua cabeça, por causa do que cometeram as mãos dos traiçoeiros. A santidade d’Ele não consiste em que vós acreditais e imaginais, mas sim das coisas que pertencem a Nós. Pedi, para que possais conceber a posição d’Ele, que foi exaltada acima das vãs imaginações de todos os povos da terra. Abençoados são os que compreendem.

“Ó Rei! Nós ouvimos as palavras que pronunciaste em resposta ao Czar da Rússia, a respeito da decisão tomada sobre a guerra (Guerra da Criméia). Teu Senhor, em verdade, sabe e está informado de tudo. Tu disseste: ‘Eu estava adormecido em meu leito, quando o grito dos oprimidos, afogando-se no Mar Negro, me acordou.” Foi o que Nós te ouvimos dizer e, em verdade, teu Senhor é testemunha daquilo que digo. Nós testificamos que não despertaste por causa de seu grito, mas sim impulsionado pelas tuas próprias paixões, pois Nós te pusemos à prova e te encontramos em falta. Compreende o significado de Minhas palavras e sê dos que discernem. Não é Nosso desejo dirigir-te palavras de condenação, pois respeitamos a dignidade que te conferimos nesta vida mortal. Nós, verdadeiramente, escolhemos a cortesia e fizemos dela o verdadeiro sinal daqueles que se encontraram próximos d’Ele. A cortesia é, em verdade, uma vestimenta que convém a todos os homens, sejam jovens ou velhos. Feliz é aquele que adorna sua fronte com ela, e infeliz o que se priva desta grande dádiva. Se tivesse sido sincero em tuas palavras, não terias lançado atrás de ti o Livro de Deus, quando te foi enviado por Aquele que é o Todo-Poderoso, o Sapientíssimo. Nós te pusemos à prova por seu intermédio, e te encontramos diferente do que professas ser. Levanta-te, pois e repara aquilo que te escapou. Dentro em breve o mundo e tudo o que tu possuis perecerão, e o reino restará a Deus, teu Senhor e o Senhor de teus ancestrais. Não te convém conduzir teus assuntos segundo os ditames de teus desejos. Teme os suspiros deste Injuriado e protege-O contra os dardos daqueles que agem com injustiça.

“Por causa do que fizeste, teu reino será lançado em confusão e teu império passará de tuas mãos, em punição por aquilo que cometeste. E então tu saberás claramente que erraste. Comoções se apoderarão de todo o povo nessa terra, a menos que te levantes para ajudar esta Causa e sigas Aquele que é o Espírito de Deus (Jesus Cristo) neste Caminho Reto. Tua pompa te tornou orgulhoso? Por Minha Vida! Ela não perdurará; não, muito em breve ela há de passar, a menos que te segures firmemente a esta Corda forte. Nós vemos a humilhação precipitando-se sobre ti, enquanto és dos desatentos. Compete a ti, quando ouvires Sua Voz chamando do trono de glória, lançar fora tudo o que possuis e exclamar: ‘ Aqui estou, ó Senhor de tudo o que existe no céu e de tudo o que existe na terra!’

“Ó Rei! Nós estávamos no Iraque quando a hora da partida chegou. Por ordem do Rei do Islã (Sultão da Turquia) dirigimos Nossos passos na direção dele. À Nossa chegada, aconteceu-Nos, nas mãos dos maliciosos, aquilo que os livros do mundo jamais poderão descrever adequadamente. Diante daquilo, os habitantes do Paraíso e os que habitam os recintos de santidade, lamentaram; e ainda assim os povos continuam envoltos em espesso véu!”

E Nós ainda dissemos: “ Mais penosa tornou-se Nossa situação, dia a dia, hora a hora, até que eles Nos tiraram de Nossa prisão e Nos fizeram, com flagrante injustiça, entrar na Maior Prisão. E se lhes perguntavam: ‘ Por qual crime estão eles aprisionados?’, respondiam dizendo: ‘Eles, em verdade, buscaram suplantar a Fé com uma nova religião!’ Se o que preferis são as coisas antigas, por que motivo então descarteis aquilo que foi revelado no Torá e nos Evangelhos? Aclarai vossas idéias, ó homens! Por Minha Vida! Não há lugar para onde fugirdes neste dia. Se este é o Meu crime, então Maomé, o Profeta de Deus, cometeu-o antes de Mim, e antes d’Ele cometeu-o Aquele que era o Espírito de Deus (Jesus Cristo), e ainda antes cometeu-o Aquele que conversou com Deus (Moisés). E se este foi o Meu pecado, ter exaltado a Palavra de Deus e revelado Sua Causa, então de fato Eu sou o maior dos pecadores! Tal pecado Eu não trocarei pelos reinos da terra e dos céus.”

E Nós também dissemos: “ À medida que Minhas tribulações se multiplicavam, mais aumentava Meu amor por Deus e por Sua Causa, de tal modo que tudo o que Me sucedeu nas mãos das hostes dos desencaminhados foi incapaz de afastar-Me de Meu propósito. Houvessem eles Me ocultado nas profundezas da terra, ainda assim Me encontrariam cavalgando o topo das nuvens e invocando a Deus, o Senhor de fortaleza e poder. Eu Me ofereci no caminho de Deus, e anseio pelas tribulações em Meu amor por Ele e em nome de Sua vontade. Disso dão testemunho os infortúnios que agora me afligem, cujo igual nenhum outro homem sofreu. Cada fio de cabelo de Minha cabeça exclama o que a Sarça Ardente pronunciou no Sinai, e cada veia de Meu corpo invoca Deus e diz: ’Quisera eu ter sido imolado em Teu caminho, a fim de que o mundo pudesse ser vivificado e unidos todos os povos!’ Assim foi decretado por Aquele que é o Onisciente, o Esclarecido.

Sabe tu que, em verdade, teus súditos te foram legados por Deus. Cuida deles, portanto, assim como cuidas de ti mesmo. Atenta para não permitires que os lobos se tornem os pastores do rebanho, nem que o orgulho e a vaidade te impeçam de cuidar dos pobres e desolados. Levanta-te, em Meu nome, acima do horizonte da renúncia e volta tua face para o Reino, a mando de teu Senhor, o Senhor de fortaleza e poder”.

E mais ainda dissemos: “ Adorna o corpo de teu reino com as vestes de Meu nome e levanta-te, então, para ensinar Minha Causa. Melhor é isto para ti do que tudo o que possuis. Deus, por isso, exaltará teu nome entre todos os reis. Potente é Ele sobre todas as coisas. Caminha tu entre os homens em nome de Deus e pelo poder de Sua onipotência, a fim de poderes demonstrar Seus sinais aos povos da terra.”

E Nós dissemos ainda: “ Acaso vos compete associar-se Àquele que é o Deus de misericórdia e, ainda assim, cometer as coisas que o Maligno comete? Não, pela Beleza d’Aquele que é o Todo-Glorificado!, se apenas o pudésseis saber. Purificai vossos corações do amor mundano, vossas línguas da calúnia e vossos membros de tudo aquilo que possa impedir-vos a aproximação de Deus, o Poderoso, o Todo-Louvado. Dize: Por mundo, entende-se tudo o que vos afasta d’Aquele que é o Ponto do Alvorecer da Revelação, e vos inclina para as coisas que não vos são proveitosas. Verdadeiramente, o que neste dia vos afasta de Deus é o mundanismo em sua essência. Fugi dele e aproximai-vos da Sublime Visão, este Trono brilhante e resplandecente. Não derrameis o sangue de ninguém, ó povo, nem julgueis a ninguém injustamente. Assim vos foi ordenado por Aquele que conhece e de tudo está informado. Os que cometem desordens na terra após esta ter sido restaurada, estes, em verdade, ultrapassaram os limites que foram estabelecidos no Livro. Desventurada será a morada dos transgressores!”

E também dissemos: “ Não lideis traiçoeiramente com os bens de Teu próximo. Sede dignos de confiança na terra e não afasteis dos pobres as coisas que vos foram dadas por Deus através de Sua graça. Ele, em verdade, vos concederá o dobro daquilo que possuís. Ele, verdadeiramente, é o Supremo Doador, a Suma Generosidade. Ó povo de Bahá! Sujeitai as cidadelas do coração dos homens com as espadas da sabedoria e da elocução. Aqueles que brigam como se impelidos por seus desejos estão, na verdade, envoltos em um véu palpável. Dize: A espada da sabedoria é mais quente que o calor do verão e mais aguçada que lâminas de aço, se apenas o compreendêsseis. Desembainhai-a em meu nome e através do poder de Minha fortaleza e então conquistai, com ela, as cidades do coração daqueles que se isolaram nas trincheiras de seus desejos corruptos. Assim vos ordens a Pena do Todo-Glorioso, enquanto assentada sob as espadas dos desencaminhados. Se souberdes de um pecado cometido por outrem, ocultai-o, para que Deus possa ocultar Teu próprio pecado. Ele, em verdade, é O que oculta, o Senhor das graças abundantes. Ó vós, ricos da terra! Se encontrardes um pobre, não o trateis desdenhosamente. Refleti sobre aquilo de que fostes criados. Cada um de vós foi criado de um mísero germe.”

E, além disso, dissemos ainda: “Considera o mundo como o corpo de um homem que padece de diferentes males e cuja cura depende da harmonização de todos os seus elementos componentes. Aproxima-se daquilo que Nós te prescrevemos e não trilhes os caminhos dos que criam dissensão. Medita sobre o mundo e o estado de seus povos. Aquele, em Cujo nome o mundo foi chamado à existência, está prisioneiro na mais desolada das cidades (‘Akká), devido ao que cometeram as mãos dos desencaminhados. Do horizonte de Sua cidade-prisão, Ele conclama a humanidade para o Alvorecer de Deus, o Excelso, o Grande. Tu te exultas com os tesouros que possuis, sabendo que eles perecerão? Tu te alegras por reinar sobre um pedaço de terra, quando o mundo todo, na apreciação do povo de Bahá, vale tanto quanto a pupila dos olhos de uma formiga morta? Abandona essas riquezas a quem nelas depôs suas afeições, e volta-te para Aquele que é o Desejo do mundo. Para onde foram os orgulhosos e seus palácios? Observa seus túmulos, para aprenderes com seu exemplo, pois deles fizemos uma lição para todo aquele que os contemplar. Pudessem as brisas da Revelação te alcançar, fugirias do mundo e te voltarias ao reino, e renunciarias a tudo o que possuis para poderes aproximar-te desta sublime Visão.”

Pedimos a um cristão que entregasse esta Epístola, e ele Nos informou ter transmitido tanto o original como sua tradução. Deus, o Todo-Poderoso, o Onisciente, tem conhecimento de todas as coisas.

Uma das seções do Súratu’l-Haykal é a Epístola endereçada a Sua Majestade o Czar da Rússia – possa Deus, excelso e glorificado seja Ele – ajudá-lo:

“Ó Czar da Rússia! Inclina teu ouvido à voz de Deus, o Rei, o Sagrado, e volve-te para o Paraíso, Lugar onde habita Aquele que, dentre a Assembléia no alto, possui os mais excelentes títulos e que, no reino da criação, é chamado pelo nome de Deus, o Fulgente, o Todo-Glorioso. Acautela-te para que nada te impeça de voltar tua face na direção de teu Senhor, o Compassivo, o Mais Misericordioso. Nós, em verdade, ouvimos aquilo que suplicaste a teu Senhor enquanto em secreta comunhão com Ele. Por isso, sopraram as brisas de Minha amorosa bondade e encapelou-se o mar de Minha misericórdia, e a ti Nós respondemos na verdade. Teu senhor, veramente, é o Onisciente, o Sapientíssimo. Enquanto Eu estava acorrentado e algemado na prisão de Teerã, um de teus ministros prestou-Me seu auxílio. Por isso Deus ordenou para ti uma posição que o conhecimento de pessoa alguma pode compreender, salvo Seu conhecimento. Guarda-te de desbaratar essa sublime posição.”

E dissemos ainda: “Veio Aquele que é o Pai, e o Filho (Jesus Cristo), no vale santo, exclama: ‘Eis-me, eis-me, ó Senhor meu Deus!’, enquanto o Sinai rodeia a Casa e a Sarça Ardente brada : ‘Veio o Todo-Generoso, montado sobre as nuvens! Bem-aventurado quem d’Ele se aproximar, e ai dos que estão afastados.’

“Levanta-te entre os homens em nome desta Causa predominante e convoca, pois, as nações a Deus, o Excelso, o Grande. Não sejas dos que invocaram a Deus por um de Seus nomes, mas que, ao aparecer Aquele que é o Objeto de todos os nomes, O negaram e d’Ele se afastaram, e finalmente pronunciaram sentença contra Ele, com injustiça manifesta. Considera e recorda os dias em que apareceu o Espírito de Deus (Jesus Cristo) e Herodes O condenou. Deus, entretanto, concedeu-Lhe o amparo das hostes invisíveis e protegeu-O com a verdade e O enviou para outra terra, segundo Sua promessa. Ele, em verdade, ordena o que Lhe apraz, Teu Senhor preserva, verdadeiramente, a quem Ele deseja, quer se ache no meio dos mares, quer na garganta da serpente ou debaixo da espada do opressor.”

E mais ainda Nós dissemos: “Outra vez digo: Dá ouvidos à Minha voz que clama de Minha prisão, a fim de te informares das coisas que sucederam à Minha Beleza nas mãos daqueles que são as manifestações de Minha glória, e a fim de perceberes como foi grande Minha paciência, apesar de Meu poder, e imensa minha tolerância, apesar de Meu predomínio. Por Minha vida! Pudesses tu apenas saber das coisas emitidas por Minha Pena, e descobrir os tesouros de Minha Causa e as pérolas de Meus mistérios que jazem ocultas nos mares de Meus nomes e nos cálices de Minhas palavras, irias querer, no anseio por Seu Reino glorioso e sublime, oferecer tua vida no caminho de Deus. Sabes tu que, embora Meu corpo esteja debaixo das espadas de Meus inimigos e meus membros assediados por aflições incalculáveis, ainda assim Meu espírito está pleno de uma alegria com a qual todos os prazeres da terra jamais poderão comparar-se.”

Do mesmo modo, Nós citamos aqui alguns versos da Epístola a Sua Majestade a Rainha (Rainha Vitória) – possa Deus, excelso e glorificado seja Ele, ajudá-la. Nosso propósito é fazer com que as brisas da Revelação te envolvam e fazer com que te ergas, totalmente em nome de Deus, para servir Sua Causa e para que possas transmitir quaisquer das Epístolas aos reis, que não tenham sido transmitidas. Esta é uma grande missão e este é um grande serviço. Nessas regiões são numerosos os ilustres teólogos, entre os quais estão Siyyids que são renomados por sua eminência e distinção. Consulta-te com eles e mostra-lhes aquilo que flui da Pena da Glória, para que a graça os ajude a melhorar a condição do mundo e aprimorar o caráter dos povos das diferentes nações, e eles possam, através das águas vivas dos conselhos de Deus, extinguir o ódio e a animosidade que jazem ocultos e latentes no coração dos homens. Pedimos a Deus para que tu possas ser assistido nisso. E isso, em verdade, não Lhe será difícil.

“Ó Rainha em Londres! Volve teu ouvido para a voz de teu Senhor, o Senhor de toda a humanidade, que clama da Divina Árvore Celestial: Em verdade, nenhum Deus há senão Eu, o Todo-Poderoso, o Onisciente! Rejeita tudo o que existe na terra e cinge a fronte de teu reino com o diadema da lembrança de teu Senhor, o Todo-Glorioso. Ele, em verdade, veio ao mundo em Sua mais plena glória, e tudo o que foi mencionado nos Evangelhos se cumpriu. A terra da Síria foi honrada pelas pegadas de seu Senhor, o Senhor de todos os homens, e norte e sul estão ambos inebriados com o vinho de Sua presença. Bem-aventurado o homem que inalou a fragrância do Mais Misericordioso e se voltou para a Aurora de Sua beleza, neste Alvorecer resplandecente. A Mesquita de Aqsá vibra com os sopros de seu Senhor, o Todo-Glorioso, enquanto Bathá (Meca) treme ante a voz de Deus, o Excelso, o Altíssimo. Cada uma de suas pedras rende louvores ao Senhor por intermédio deste Grande Nome.”

E Nós ainda dissemos: “Fazemos menção de ti por amor a Deus e desejamos que teu nome seja exaltado pela tua comemoração de Deus, o Criador da terra e dos céus. Ele, em verdade, dá testemunho daquilo que Eu digo. Nós fomos informados de que tu proibiste o tráfico de escravos, tanto homens como mulheres. Isto, veramente, é o que Deus ordenou nessa Revelação maravilhosa. Deus, realmente, destinou a ti uma recompensa, por causa disso. Ele, em verdade, pagará a quem faz o bem, seja homem ou mulher, sua devida recompensa, se seguires o que te foi enviado por Aquele que é o Sapientíssimo, o Onisciente. Quanto àquele que se desviar e inchar de orgulho após lhe haverem vindo os sinais claros, provenientes do Revelador dos Sinais, Deus reduzirá sua obra a nada. Ele, em verdade, tem poder sobre todas as coisas. As ações do homem são aceitáveis depois de haver ele reconhecido (o Manifestante). Quem se desviar do Verdadeiro é, de fato, a mais velada dentre Suas criaturas. Assim foi decretado por Aquele que é o Onipotente, o Mais Poderoso.

“Soubemos também que tu havias entregues as rédeas do conselho aos representantes do povo. Em verdade, fizeste bem, pois assim os alicerces do edifício de tuas atividades serão fortalecidos, e os corações de todos os que se acham abrigados à tua sombra, sejam de alta ou humilde categoria, serão tranqüilizados. Compete-lhes, entretanto, ser dignos de confiança entre Seus servos e ver a si próprios como representantes de todos os que habitam na terra. É o que lhes aconselha, nesta Epístola, Aquele que é o Governante, o Onisciente. E se algum deles dirigir-se à Assembléia, deve volver os olhos para o Horizonte Supremo e dizer: ‘Ó meu Deus! Eu Te peço, por Teu mais glorioso Nome, para ajudar-me naquilo que fará prosperar os assuntos de Teus servos e florescer Tuas cidades. Tu, por certo, tens poder sobre todas as coisas!’ Bem-aventurado aquele que entra na Assembléia por amor a Deus e julga entre os homens com pura justiça. Ele, em verdade, é dos ditosos.

“Ó vós, membros das Assembléias naquela terra e em outros países! Deliberai em conjunto, e deixai que vossos cuidados sejam somente por aquilo que beneficie a humanidade e melhore sua condição; se sois dos que investigam atentamente. Considerai o mundo como humano, que embora tenha sido criado íntegro e perfeito, tem se afligido, por várias causas, com graves distúrbios e doenças. Nem por um dia teve alívio; não, pelo contrário, sua doença tornou-se mais severa, pois foi entregue ao tratamento de médicos ignorantes, que deram completa vazão aos seus desejos pessoais e erraram seriamente. E se alguma vez, através dos cuidados de um médico hábil, um membro daquele corpo foi curado, os demais permaneceram doentes como antes. Assim vos informa o Onisciente, o Sapientíssimo. Nós o observamos, neste dia, à mercê de governantes tão ébrios de orgulho que não conseguem discernir claramente o que é melhor para si próprios, muito menos reconhecer uma Revelação tão extraordinária e desafiadora como esta.”

E mais ainda Nós dissemos: “Aquilo que Deus ordenou como o remédio soberano e o mais poderoso instrumento para a cura do mundo é a união de todos os seus povos em uma Causa universal, em uma Fé comum. Isso não poderá ser alcançado a não ser através do poder de um Médico inspirado, competente e Todo-Poderoso. Por Minha vida! Esta é a verdade, e tudo o mais apenas erro. Cada vez que veio aquele mais Poderoso Instrumento e aquela Luz irradiou-se da Antiga Alvorada. Ele foi afastado por médicos ignorantes que, tais como nuvens, interpuseram-se entre Ele e o mundo. O mundo deixou, portanto, de recuperar-se e sua doença persiste até este dia. Eles, de fato, são impotentes para protegê-lo ou para realizar a cura, enquanto Aquele que era a Manifestação do Poder entre os homens foi impedido de alcançar Seu propósito por causa do que as mãos dos médicos ignorantes forjaram.

“Considera estes dias nos quais Aquele que é a Antiga Beleza veio no Maior Nome, para que Ele possa revificar o mundo e unir seus povos. Ergueram-se, contudo, contra Ele com espadas afiadas e cometeram o que fez lamentar-se o Espírito Fiel, até que por fim O aprisionaram na mais desolada das cidades e afastaram as mãos dos fiéis da orla de Seu manto. Fosse alguém dizer-lhes: ‘O Reformador do Mundo chegou”, eles responderiam: ‘De fato está provado que Ele é um fomentador de discórdia!’, e isso, apesar de nunca haverem se associado a Ele, e de terem percebido que Ele não buscava, em tempo algum, proteger a Si mesmo. Em todos os momentos Ele esteve à mercê dos perversos. Ora O lançaram na prisão, ora O baniram, ora ainda O afugentaram de país em país. Assim pronunciaram julgamento contra Nós, e Deus, verdadeiramente, está ciente daquilo que Eu digo.”

Essa acusação de fomentar a discórdia é a mesma que foi outrora imputada pelos Faraós do Egito Aquele que conversou com Deus (Moisés). Lê aquilo que o Todo-Misericordioso revelou no Alcorão. Ele – abençoado e glorificado seja – diz: “Além disso, há muito tempo Nós enviamos Moisés com nossos sinais e com clara autoridade ao Faraó, Hámán e Qárún; e eles disseram: ‘Feiticeiro, impostor!’ E quando Ele chegou de Nossa presença com a verdade, disseram: ‘Matai os filhos daqueles que acreditaram tal como Ele o faz, e poupai suas mulheres’, mas o estratagema dos descrentes resultou em nada mais que fracasso. E o Faraó disse: ‘Deixai-me só, para que eu possa matar Moisés; e que ele invoque seu Senhor; eu temo que ele mude Tua religião ou provoque distúrbios na terra’ . E Moisés disse: ‘Eu procuro refúgio em meu Senhor, e teu Senhor, de todos os orgulhosos que não crêem no Dia do Juízo.’”

Os homens, em todos os tempos, consideraram cada Reformador do Mundo um fomentador da discórdia e referiram-se a Ele nos termos com os quais estão familiarizados. Cada vez que o Sol da Revelação Divina emitiu sua radiância no horizonte da Vontade de Deus, um grande número de homens O negou, outros afastaram-se d’Ele e outros ainda O caluniaram, e com isso afastaram os servos de Deus do rio da amorosa providência d’Aquele que é o Rei da criação. De igual maneira, aqueles que neste dia não conheceram este Injuriado nem com Ele se associaram, disseram, e mesmo agora continuam a dizer, as coisas que tu ouviste e continuas a ouvir. Dize: “Ó povos! O Sol da Elocução resplandece neste dia, acima do horizonte da generosidade, e a radiância da Revelação d’Aquele que falou no Sinai lampeja e brilha ante todas as religiões. Purificai e santificai vosso peito, vosso coração, vossos ouvidos e vossos olhos com as águas vivas da elocução do Todo-Misericordioso, e volvei, então, vossa face na direção d’Ele. Pela retidão de Deus! Ouvireis todas as coisas proclamarem: ‘Veramente, o Verdadeiro chegou. Abençoados são aqueles que julgam com imparcialidade aqueles que se volvam para Ele!”

Dentre as coisas que eles imputaram à Divina Árvore Celestial (Moisés) estão acusações de cuja falsidade todo homem de conhecimento e discernimento, e todo coração sábio e compreensivo, darão testemunho. Tu deves, sem dúvida, ter lido e considerado os versos que foram enviados a respeito d’Aquele que conversou com Deus. Ele – abençoado e glorificado seja – diz: “Ele disse: ‘Não te criamos entre nós quando criança? E não passaste anos de tua vida entre nós? E no entanto, que ato é esse que cometeste! Tu és um dos ingratos!’ Ele disse: ‘Eu o cometi, por certo, e fui um dos que errou. E fugi de ti porque te temia; mas Meu Senhor deu-Me sabedoria e fez de Mim um de Seus Apóstolos.’” E em outro trecho Ele – abençoado e exaltado seja – disse: “E Ele entrou em uma cidade no momento em que seus habitantes não O observavam, e ali encontrou dois homens lutando; um, de Seu próprio povo, o outro, de Seus inimigos. E aquele que era de Seu próprio povo pediu Sua ajuda contra o que era de Seus inimigos. E Moisés bateu-lhe com Seu punho e o matou. Disse Ele: ‘Esta é uma obra de Satã; pois ele é um inimigo, um desencaminhador manifesto.’ Ele disse: ‘Ó meu Senhor! Eu pequei e feri a mim mesmo, perdoai-me’. Assim Deus o perdoou; pois Ele é o Perdoador, o Misericordioso. Ele disse: ‘Senhor! por Vós me terdes mostrado esta graça, eu nunca mais ajudarei os perversos.’ E na cidade, ao meio-dia, Ele estava cheio de medo, lançando olhares furtivos à Sua volta, e eis que o homem a quem Ele ajudara no dia anterior gritou-Lhe mais uma vez pedindo ajuda. Disse-lhe Moisés: ‘Tu és claramente um homem muito depravado.’ E quando Ele ia agarrar violentamente aquele que era inimigo de todos, este Lhe disse: ‘Ó Moisés! Tu desejas matar-me, como mataste um homem ontem? Tu desejas apenas te tornar um tirano nesta terra, e não desejas te tornar um pacificador.’” Teus ouvidos e teus olhos precisam agora ser purificados e santificados, para que possas ser capaz de julgar com imparcialidade e justiça. O próprio Moisés, além disso, reconheceu Sua injustiça e desobediência, e testemunhou que o medo O dominara e que Ele tinha transgredido, e fugiu. Ele pediu perdão a Deus – excelsa seja Sua glória – e foi perdoado.

Ó Xeique! Cada vez que o Verdadeiro Deus – excelsa seja Sua glória – revelou-Se na pessoa de Sua Manifestação, Ele veio aos homens com o estandarte de “Ele cumpre a Sua vontade, Ele ordena o que Lhe apraz”. Ninguém tem o direito de perguntar a razão ou motivo, e quem o faz, na verdade, afastou-se de Deus, o Senhor dos Senhores. Nos dias de cada Manifestação estas coisas surgem e são evidentes. Do mesmo modo, disseram deste Injuriado coisas de cuja falsidade os que estão próximos a Deus, e são devotados a Ele, deram e ainda dão testemunho. Pela retidão de Deus! Esta Orla de Seu Manto foi e permanece imaculada, embora muitos, no tempo presente, tenham tencionado enodoá-la com suas mentiras e calúnias indecorosas. Deus, no entanto, conhece e eles não conhecem. Aquele que, através da força e poder de Deus, ergueu-se ante a face de todas as espécies da terra e conclamou as multidões ao Horizonte Supremo, foi repudiado por eles e eles, em vez disso, apegaram-se àqueles homens que invariavelmente escondiam-se por trás de véus e cortinados, e se ocupavam com a própria proteção. Além disso, muitos agora se dedicam a difundir mentiras e calúnias, e outra intenção não têm que a de instilar a desconfiança no coração e na alma dos homens. Tão logo alguém deixa a Grande Cidade (Constantinopla) para visitar esta terra, eles de imediato telegrafam e proclamam que ele roubou dinheiro e fugiu para ‘Akká. Um homem altamente realizado, erudito e ilustre visitou, no ocaso da vida, a Terra Santa, buscando paz e recolhimento, e sobre ele escreveram coisas tais que fizeram suspirar aqueles que são devotados a Deus e estão próximos d’Ele.

Sua Excelência, o falecido Mirza Husayn Khán, Mushíru’d-Dawlih – possa Deus perdoá-lo – conheceu este Injuriado, e ele, sem dúvida, teve prestado às autoridades um relato circunstancial da chegada deste Injuriado à Sublime Porta, e das coisas que Ele disse e fez. No dia de Nossa chegada o funcionário do governo, cujo dever era receber e acompanhar os visitantes oficiais, encontrou-Nos e Nos escoltou até o lugar ao qual lhe fora ordenado levar-Nos. Em verdade, o governo mostrou a estes injuriados a mais extrema gentileza e consideração. No dia seguinte o Príncipe Shujá’u’d-Dawlih, acompanhado pelo Mirza Safá, agindo como representantes do falecido Mushríru’d-Dawlih, o Ministro (acreditado junto à Corte Imperial), vieram visitar-Nos. Outros, dentre os quais estavam vários Ministros do Governo Imperial, e incluindo o falecido Kamál Páshá, também Nos visitaram. Totalmente confiante em Deus, e sem qualquer referência a alguma necessidade que Ele pudesse ter tido, ou a qualquer outro assunto, este Injuriado permaneceu por um período de quatro meses naquela cidade. Suas ações eram conhecidas e evidentes a todos, e ninguém pode negá-las, exceto aqueles que O odeiam e não falam a verdade. Aquele que reconheceu Deus, não reconhece outro senão Ele. Nós nunca apreciamos, nem antes nem agora, fazer menção destas coisas.

Sempre que vinham àquela cidade (Constantinopla), os altos dignatários da Pérsia empenhavam-se ao máximo solicitando em cada porta todos os subsídios e presentes que pudessem obter. Este Injuriado, contudo, se nada fez que pudesse redundar em glória para a Pérsia, pelo menos agiu de uma maneira que não iria de nenhum modo desonrá-la. Aquilo que foi feito por Sua falecida Excelência (Mushríru’d-Dawlih) – possa Deus exaltar sua posição – não foi instigado pela sua amizade por este Injustiçado, mas sim estimulado por seu próprio julgamento sagaz e por seu desejo de realizar o serviço que secretamente visava prestar ao seu Governo. Eu dou testemunho de que ele era tão fiel em seu serviço ao seu Governo que a desonestidade não desempenhou qualquer papel, e era vista com desprezo no domínio de suas atividades. Foi ele o responsável pela chegada destes Injuriados à Maior Prisão (‘Akká). Contudo, na medida em que foi fiel no desempenho de seu dever, ele merece Nossos louvores. Este Injustiçado, em todos os tempos, visou e lutou para exaltar e promover os interesses tanto do governo como do povo, e não para elevar Sua própria posição. Inúmeros homens, agora, reuniram outros à sua volta, e ergueram-se para desonrar este Injuriado. Ele, no entanto, implora a Deus – santificado e glorificado seja – que os ajude a retornar a Ele e os auxilie a compensar aquilo que lhes escapou e a se arrependerem ante a porta de Sua generosidade. Ele, em verdade, é o Perdoador, o Misericordioso.

Ò Xeique! Minha Pena, verdadeiramente, lamenta por Meu próprio Ser, e Minha Epístola chora amargamente pelo que Me aconteceu às mãos daquele (Mirza Yahyá) a quem Nós cuidamos durante sucessivos anos, e que, dia e noite, serviu em Minha presença até ser levado ao erro por um de Meus servos, chamado Siyyid Muhammad. Disso dão testemunho Meus fiéis servos que Me acompanharam em Meu exílio de Bagdá até esta, a Maior Prisão. E ali ocorreu-Me às mãos de ambos aquilo que fez chorar todo homem de entendimento, fez lastimar em altos brados aquele que é dotado de discernimento, e fez correrem as lágrimas dos que têm a mente justa.

Oramos a Deus para que em Sua graça ajude aqueles que foram desencaminhados a serem justos e imparciais, e a torná-los conscientes daquilo ao qual foram desatentos. Ele, em verdade, é o Magnânimo, o Mais Generoso. Não excluas Teus servos, ó meu Senhor, da porta de Tua Graça, e não os afastes da corte de Tua presença. Ajuda-os a dispersar as brumas das vãs fantasias e a romper os véus das vãs imaginações e esperanças. Tu és, verdadeiramente, o Que Tudo Possui, o Altíssimo. Não existe outro Deus senão Tu, o Todo-Poderoso, o Indulgente.

Eu juro pelo Sol do Testemunho de Deus que brilhou no horizonte da certeza! Este Injuriado, nas horas do dia e nas estações da noite, ocupou-Se com aquilo que edificaria a alma dos homens até que a luz do conhecimento prevalecesse sobre as trevas da ignorância.

Ó Xeique! Repetidas vezes Eu declarei, e agora uma vez mais afirmo, que por duas vintenas de anos Nós, através da graça de Deus e por Sua irresistível e poderosa vontade, estendemos ajuda a Sua Majestade o Xá – possa Deus socorrê-lo – de modo tal que os expoentes da justiça e da eqüidade considerariam incontestável e absoluto. Ninguém pode negá-lo, a menos que seja um transgressor e pecador, ou um que Nos odeie ou duvide de Nossa verdade. Quão estranho os Ministros de Estado e os representantes do povo terem até agora permanecido igualmente alheios a tal serviço conspícuo e inegável, e, se notificados dele, terem, por suas próprias razões, optado por ignorá-lo! Antes destes quarenta anos, controvérsias e conflitos constantemente prevaleciam e agitavam os servos de Deus. Mas desde então, ajudados pelas hostes da sabedoria, da elocução, das exortações e do entendimento, eles todos prenderam-se firmemente à inabalável corda da paciência e à luminosa orla do manto da fortaleza, de tal modo que este povo injustiçado suportou resolutamente tudo o que lhe sucedeu, e confiou tudo a Deus, embora em Mázindarán e Rasht muitos deles tenham sido hediondamente atormentados. Entre estes estavam o honrado Hadji Nasír, que, inquestionavelmente , foi uma brilhante luz a irradiar-se acima do horizonte da resignação. Após ter sofrido o martírio, arrancaram-lhe os olhos e cortaram-lhe o nariz, e lhe infligiram tais indignidades que os estrangeiros choraram e lamentaram, e em segredo angariaram fundos para sustentar sua mulher e seus filhos.

Ó Xeique! Minha Pena envergonha-se de narrar o que realmente sucedeu. Na terra de Sád (Isfahán), o fogo da tirania ardeu com tais labaredas que toda pessoa de mente imparcial lamentou-se em altos brados. Por tua vida! As cidades de conhecimento e compreensão choraram com tais soluços que as almas dos piedosos dos tementes a Deus se dissolveram. As duas luzes gêmeas, Hasan e Husayn ( O Rei dos Mártires e O Bem-Amado dos Mártires), ofereceram espontaneamente suas vidas naquela cidade. Nem fortuna, nem riquezas, nem glória puderam dissuadi-los! Deus sabe o que lhes sucedeu, mas a maioria do povo, ainda assim, permanece alheia!

Antes deles aquele chamado Kázim e quem o acompanhava, e, depois deles, o honrado Ashraf, todos sorveram o cálice do martírio com o mais extremo fervor e anseio, e apressaram-se à Suprema Companhia. Da mesma maneira, na época de Sardár ‘Azíz Khán, aquele homem santo, Mirza Mustafá, e seus companheiros de martírio foram presos e enviados ao Amigo Supremo no Horizonte Glorioso. Em suma, em cada cidade as evidências de uma tirania, sem par nem igual, eram inequivocamente claras e manifestas, e ainda assim nenhum deles se ergueu em autodefesa! Evoca à tua mente o honrado Badí’, que foi o portador da Epístola à Sua Majestade o Xá, e reflete como ele ofereceu sua vida. Aquele cavaleiro, que esporeou seu cavalo de batalha na arena da renúncia, lançou por terra a preciosa coroa da vida em nome d’Ele que é o Amigo Incomparável.

Ó Xeique! Se coisas tais como estas forem negadas, o que então será considerado digno de crédito? Estabelece a verdade, em nome de Deus, e não sejas daquele que se calam. Eles prenderam o honrado Najaf-‘Alí, que se apressou com êxtase e grande anseio ao campo do martírio, pronunciando estas palavras: “Nós conservamos tanto Bahá como o Khún-Bahá (resgate do sangue)!” Com estas palavras ele entregou sua alma. Medita sobre o esplendor e glória que a luz da renúncia, brilhando da câmara superior do coração do Mulá ‘Alí-Ján, irradiou. Tão extasiado estava com as brisas da Mais Sublime Palavra e com o poder da Pena da Glória que, para ele, o campo do martírio se igualava, não!, excedia as obsessões dos prazeres terrenos. Pondera sobre a conduta de ‘Abá-Basír e Siyyid Ashraf-i-Zanjání. Fizeram vir a mãe de Ashraf para que dissuadisse o filho de seu propósito. Mas ela o estimulou para que sofresse o mais glorioso martírio.

Ó Xeique! Este povo passou além dos estreitos limites dos nomes e ergueu suas tendas às margens do mar da renúncia. Eles preferiram oferecer uma miríade de vidas em vez de murmurar a palavra desejada por seus inimigos. Agarraram-se àquilo que agrada a Deus, e são totalmente desapegados e livres das coisas que dizem respeito aos homens. Antes teriam a própria cabeça decepada do que pronunciariam uma palavra imprópria. Pondera isto em teu coração. Parece-me que eles sorveram sua quota no oceano da renúncia. A vida do mundo presente não conseguiu afastá-los de sofrer o martírio no caminho de Deus.

Em Mázindarán um imenso número dos servos de Deus foi exterminado. O Governador, sob influência dos caluniadores, roubou-lhes grande parte de tudo o que possuíam. Entre as acusações que lhes lançou estava a de terem pego em armas, embora as investigações revelassem que tinham apenas um único rifle descarregado! Em nome de Deus! Este povo não precisa das armas da destruição, pois se cingiram com os meios para reconstruir o mundo. Suas hostes são as hostes dos bons atos, e suas armas as armas da conduta correta, e seu comandante o temor a Deus. Bem-aventurado o que julga com imparcialidade. Pela retidão de Deus! Tais têm sido a paciência, a calma, a resignação e o contentamento deste povo que eles se tornaram os expoentes da justiça, e tão grande tem sido sua tolerância que eles preferiram ser mortos a matar, e isso embora aqueles a quem o mundo injuriou tenham suportado tribulações nunca antes registradas pela história do mundo nem testemunhadas pelos olhos de qualquer nação. O que poderia tê-los induzido a reconciliar-se com essas sérias provações e recusar-se a avançar uma mão para repeli-las? O que poderia ter causado tal resignação e serenidade? A verdadeira causa deve ser encontrada na proibição que a Pena da Glória, dia e noite, escolheu impor , e em Nossa aceitação das rédeas da autoridade, através do poder e força d’Aquele que é o Senhor de toda a humanidade.

Recorda o pai de Badí. Eles prenderam aquele injuriado, e lhe ordenaram amaldiçoar e renegar sua Fé. Ele, entretanto, através da graça de Deus e misericórdia de seu Senhor, escolheu o martírio, e o alcançou. Se quisesse calcular os mártires no caminho de Deus, não poderias contá-los. Considera o honrado Siyyid Ismá’íl – sobre ele recaia a paz de Deus e Sua amorosa bondade – que, antes do raiar do dia, tinha por hábito varrer, com seu próprio turbante, a soleira da porta de Minha casa, e no fim, enquanto parado às margens do rio, com os olhos fixos nessa mesma casa, ofereceu sua vida por suas próprias mãos.

Pondera sobre a influência penetrante da Palavra de Deus. A cada uma dessas almas foi primeiro ordenado que blasfemassem e amaldiçoassem sua fé, e contudo não se encontrou nenhuma delas que tenha preferido sua própria vontade à Vontade de Deus. Ò Xeique! Em tempos antigos aquele que foi escolhido para ser morto era apenas uma pessoa, enquanto agora este Injustiçado produziu para ti aquilo que faz maravilhar-se todo homem de mente imparcial. Julga imparcialmente, Eu te ordeno, e ergue-te para servir teu Senhor. Ele, em verdade, te recompensará com um prêmio ao qual nem os tesouros da terra nem todas as possessões de reis e governantes podem comparar-se. Em todos os teus assuntos põe tua confiança em Deus, e entrega-os a Ele. Ele te concederá um prêmio que o Livro ordenou seja grande. Ocupa-te, durante estes fugazes dias de tua vida, com atos tais que difundam a fragrância do prazer Divino e sejam adornados com o ornamento de Sua aceitação. Os atos do honrado Balál, o Etíope, foram tão aceitáveis aos olhos de Deus que o “sín” de sua língua gaga eclipsava o “shín” pronunciado por todo o mundo. Este é o dia no qual todos os povos deveriam irradiar a luz da unidade e da concórdia. Em suma, o orgulho e a vaidade de certas pessoas do mundo destruíram o verdadeiro entendimento e devastaram a casa da justiça e da eqüidade.

Ó Xeique! O que foi feito a este Injustiçado está além de comparação ou igualdade. Nós a tudo suportamos com a mais extrema boa vontade e resignação, para que as almas dos homens pudessem ser edificadas, e a Palavra de Deus exaltada. Enquanto confinados na prisão da Terra de Mím (Mázindarán), Nós fomos um dia entregues às mãos dos teólogos. Tu bem podes imaginar o que Nos sucedeu. Se algum dia acontecer de visitares o calabouço de Sua Majestade o Xá, pede ao diretor e carcereiro que te mostrem aquelas duas correntes, uma das quais é conhecida como Qará-Guhar e a outra como Salásil. Eu juro pelo Sol da Justiça que durante quatro meses este Injustiçado foi atormentado e acorrentado a uma ou outra delas. “Meu pesar excede todos os sofrimentos denunciados por Jacó, e todas as aflições de Jó são apenas uma parte de Minhas tristezas.!”

Do mesmo modo, pondera sobre o martírio do Hadji Muhammad-Ridá na Cidade do Amor (‘Ishqábád). Os tiranos da terra sujeitaram aquele injustiçado a tais provações que fizeram chorar e lamentar-se muitos estrangeiros, pois, como relatado e testemunhado, não menos que trinta e dois ferimentos foram infligidos a seu corpo abençoado. Ainda assim, nenhum dos fiéis transgrediu Meu mandamento, nem ergueu sua mão em resistência. Não importa o que ocorresse, eles se recusaram a permitir que suas próprias inclinações suplantassem aquilo que o Livro decretou, embora um número considerável dessas pessoas residisse, e ainda resida, naquela cidade.

Nós rogamos a Sua Majestade o Xá – possa Deus, santificado e glorificado seja Ele, ajudá-lo – para que pondere sobre essas coisas e julgue com eqüidade e justiça. Embora em anos recentes inúmeros fiéis tenham, na maioria das cidades da Pérsia, preferido ser mortos do que matar, ainda assim o ódio latente em certos corações ardeu mais ferozmente do que antes. O fato de as vítimas da opressão intercederem em favor de seus inimigos é, no entender dos governantes, um ato principesco. Alguns devem certamente ter ficado sabendo que este povo oprimido, naquela cidade (‘Ishqábád), intercedeu junto ao Governador em favor de seus assassinos, pedindo a mitigação de suas sentenças. Atentai bem, então, vós que sois homens de discernimento!

Ó Xeique! Estes versos perspícuos foram manifestados em uma das Epístolas pela Pena de Abhá: “ Ouve, ó servo, a voz deste Injustiçado, que suportou sérias humilhações e provações no caminho de Deus, o Senhor de Todos os Nomes, até o momento em que Ele foi lançado na prisão, na Terra de Tá (Teerã). Ele chamou os homens para o mais sublime Paraíso, e contudo eles O capturaram e mostraram-No através de cidades e países.

Quantas as noites durante as quais o sono fugiu dos olhos de Meus bem-amados, por causa de seu amor por Mim; e quão numerosos os dias nos quais Eu tive de enfrentar os ataques das pessoas contra Mim! Em um momento encontrei-Me no alto das montanhas; em outro nas profundezas da prisão de Tá (Teerã), em correntes e grilhões. Pela retidão de Deus! Eu fui em todos os tempos agradecido a Ele, murmurando Seu louvor, ocupado em relembrá-Lo, voltado para Ele, satisfeito com Seu prazer, e humilde e submisso diante d’Ele. Assim se passaram Meus dias, até terminarem nesta Prisão (‘Akká) que fez tremer a terra e suspirarem os céus. Feliz aquele que lançou fora suas vãs imaginações, quando O que Se ocultava veio com os estandartes de Seus sinais. Nós, em verdade, anunciamos aos homens esta Suprema Revelação, e contudo os povos estão em um estado de estranho estupor.”

E então uma Voz ergueu-se da direção de Hijáz, bradando:

“Grande é tua bem-aventurança, ó ‘Akká, pois Deus fez de ti o ponto do alvorecer de Sua Mais Suave Voz e a aurora de Seus mais poderosos sinais. Feliz és tu, pois o Trono da Justiça foi estabelecido sobre ti e o Sol da amorosa bondade e generosidade de Deus irradiou-se acima de teu horizonte. Abençoada é toda pessoa justa que julgou imparcialmente Aquele que é a Maior Lembrança, e infeliz daquele que errou e duvidou.”

Em seguida à morte de alguns dos mártires, a Lawh-i-Burhán (Epístola da Prova) foi enviada do céu da Revelação d’Aquele que é o Senhor das Religiões:

“Ele é o Todo-Poderoso, o Onisciente, a Suma Sabedoria! Os ventos do ódio cercaram a Arca de Bathá (Meca), por causa daquilo que as mãos dos opressores cometeram. Ó tu, que és famoso por tua erudição! Tu pronunciaste sentença contra aqueles por quem os livros do mundo choraram, e em cujo favor as escrituras de todas as religiões deram testemunho. Tu, que muito te desviaste, estás realmente envolto em um véu espesso. Por Deus! Tu pronunciaste julgamento contra aquele através de quem o horizonte da fé se iluminou. Disso dão testemunho Aqueles que são os Pontos do Alvorecer da Revelação e os Manifestantes da Causa de teu Senhor, o Mais Misericordioso, Aqueles que em Seu Caminho reto sacrificaram suas almas e tudo o que possuíam. A Fé de Deus lamentou-se em toda parte por causa de tua tirania e tu, no entanto, te divertes e és dos que exultam. Nenhum ódio há em Meu coração, nem por ti, nem por qualquer um. Todo homem de discernimento te observa, e àqueles que são semelhantes a ti, mergulhados em evidente loucura. Tivesses tu percebido o que fizeste, terias te lançado no fogo, ou abandonado tua casa e fugido para as montanhas, ou gemidos até haveres voltado ao lugar a ti destinado por Aquele que é o Senhor de fortaleza e poder. Ó tu, que nada és! Rompe os véus das vãs fantasias e das imaginações fúteis, a fim de poderes contemplar o Sol do conhecimento a irradiar-se deste esplendoroso Horizonte. Tu despedaçaste um remanescente do próprio Profeta e imaginavas ter beneficiado a Fé de Deus. Assim tua alma te impeliu, e és, em verdade, um dos desatentos. Teu ato consumiu os corações da Assembléia no alto e dos que circularam a Causa de Deus, o Senhor dos mundos. A alma da Casta (Fátimih) dissolveu-se, por causa de tua crueldade, e os habitantes do Paraíso choraram amargamente naquele Local sagrado.

“Julga eqüitativamente, eu te suplico por Deus. Qual prova citaram os doutores judeus a fim de condenarem Aquele que era o Espírito de Deus (Jesus Cristo), quando veio até eles com a verdade? Qual poderia ter sido a prova apresentada pelos fariseus e sacerdotes idólatras para justificarem sua negação de Maomé, o Apóstolo de Deus, quando veio até eles trazendo um Livro que julgava entre a verdade e a falsidade com uma justiça que transformou em luz as trevas da terra e arrebatou o coração daqueles que O conheceram? Em verdade, tu produziste, neste dia, as mesmas provas que os néscios teólogos apresentaram naquela época. Disso dá testemunho Aquele que é o Rei do domínio da graça nesta grande Prisão. Tu, em verdade, trilhaste os caminhos deles; não!, tu os superaste em crueldade e julgaste estar ajudando a Fé e defendendo a Lei de Deus, o Onisciente, a Suma Sabedoria. Por Aquele que é a Verdade! Tua iniqüidade fez gemer Gabriel e arrancou lágrimas da Lei de Deus, através da qual as brisas da justiça foram sopradas sobre todos os que estão no céu e na terra. Foste crédulo a ponto de imaginar que o julgamento que pronunciaste te traria benefício? Não, por Aquele que é o Rei de todos os Nomes! De tua perda dá testemunho Aquele com quem está o conhecimento de todas as coisas tal como registrado na Epístola preservada.

Ó tu que te desviaste! Não Me viste, nem Comigo te associaste, nem foste Meu companheiro pela fração de um só momento. Como podes então ordenar que os homens Me amaldiçoem? Ao fazê-lo, seguias os ditames de teus próprios desejos ou obedecias a teu Senhor? Produz tu um sinal, se és sincero. Nós damos testemunho de que rejeitaste a Lei de Deus e te prendeste aos ditames de tuas paixões. Nada, na realidade, escapa ao Seu conhecimento; Ele, verdadeiramente, é o Incomparável, o Onisciente. Ó desatento! Dá ouvidos àquilo que o Misericordioso revelou no Alcorão: ‘Ponderai antes de agredir quem vos saúda e de dizer-lhe: “Não és um crente” .‘ Assim decretou Aquele em cujas mãos estão os reinos da Revelação e da criação, se és dos que ouvem. Puseste de lado o mandamento de Deus e te aferraste aos impulsos de teu próprio desejo. Infeliz és, pois, ó tu, ser negligente que duvidas! Se a Mim negas, por qual prova podes reivindicar a verdade daquilo que possuis? Apresenta-a, então, ó tu que associaste outros com Deus e te afastaste de Sua soberania que abrangeu os mundos!

“Sabe tu que o verdadeiro erudito é aquele que reconheceu Minha Revelação, sorveu do Oceano de Meu conhecimento, elevou-se na atmosfera de Meu amor, renunciou a tudo o mais exceto a Mim, e segurou-se firmemente àquilo que foi enviado do Reino de Minha admirável elocução. Tal homem, em verdade, é como um olho para a humanidade, e como o espírito da vida para o corpo de toda a criação. Glorificado seja o Todo-Misericordioso que o esclareceu e o fez erguer-se para servir Sua grande e poderosa Causa. Em verdade, tal homem é abençoado pela Assembléia no alto e por aqueles que habitam o Tabernáculo da Grandeza, que beberam de Meu Vinho seleto em Meu Nome, o Onipotente, o Todo-Poderoso. Se tu és dos que ocupam tão sublime posição, produz então um sinal de Deus, o Criador dos céus. E se reconheces tua fraqueza, então refreia tuas paixões e retorna a teu Senhor, para que Ele possa porventura perdoar-te os pecados que fizeram consumir-se as folhas da Árvore Celestial, bradar o Rochedo e chorarem os olhos dos homens de compreensão. Por tua causa, o Véu da Divindade se rompeu, a Arca soçobrou, inutilizou-se a Camela e o Espírito (Jesus) gemeu em Seu sublime refúgio. Discutes com Aquele que veio a ti com os testemunhos de Deus e Seus sinais, os quais possuis tu e possuem todos os que habitam a terra? Abre teus olhos para poderes contemplar este Injuriado reluzindo acima dos horizonte da vontade de Deus, o Soberano, a Verdade, o Resplandecente. Desobstrui então o ouvido de teu coração para poderes ouvir atentamente as palavras da Árvore Celestial que se ergueu, em verdade, por Deus, o Todo-Poderoso, o Benéfico. Verdadeiramente, esta Árvore, apesar das coisas que lhe sucederam por causa de tua crueldade e das transgressões de outros semelhantes a ti, clama e convoca todos os homens ao Sadratu’l-Muntahá e ao Horizonte Supremo. Bem aventurada é a alma que contemplou o Mais Poderoso sinal e o ouvido que escutou Sua dulcíssima Voz, e infeliz é todo aquele que se afastou e agiu mal.

Ó tu que te afastaste de Deus! Se fitasses a Árvore Celestial com os olhos da eqüidade perceberias as marcas de tua espada em seus ramos, em seus rebentos e em suas folhas, embora Deus tenha te criado com o propósito de a reconheceres e servires. Reflete, para que possas talvez reconhecer tua iniqüidade e ser contado entre os que se arrependeram. Pensas tu que Nós tememos tua crueldade? Sabe tu e tem plena certeza de que, desde o primeiro dia em que a voz da Mais Sublime Pena ergueu-se entre a terra e o céu, Nós oferecemos Nossas almas, Nossos corpos, Nossos filhos e Nossas posses no caminho de Deus, o Excelso, o Grande, e nele Nos glorificamos entre todas as coisas criadas e a Assembléia no alto. Disso dão testemunho as coisas que Nos sucederam neste Caminho reto. Por Deus! Nossos corações se consumiram, Nossos corpos foram crucificados e derramou-se Nosso sangue, enquanto Nossos olhos estavam fixos no horizonte da benevolência de seu Senhor, a Testemunha, Aquele que tudo vê. Quanto mais penosa suas tribulações, tanto mais crescia o amor do povo de Bahá. De sua sinceridade deu testemunho aquilo que o Todo-Misericordioso manifestou no Alcorão. Diz Ele: “Desejai, pois, a morte, se sois sinceros.” Qual deve ser preferido, o que se abrigou por trás de cortinas ou o que se ofereceu no caminho de Deus? Julga com eqüidade e não sejas dos que vagueiam confusos na selva da falsidade. A tal ponto foram eles transportados pelas águas vivificadoras do amor do mais Misericordioso que nem as armas do mundo, nem as espadas das nações puderam impedi-los de voltar a face na direção do oceano da generosidade de teu Senhor, o Dispensador de graças, o Generoso.

“Por Deus! As tribulações não conseguiram Me desalentar e o repúdio dos teólogos foi incapaz de enfraquecer-Me. Eu falei, e ainda falo diante da face dos homens: ‘Descerrou-se a porta da graça e, com sinais claros e testemunhos evidentes, Aquele que é o Alvorecer da Justiça veio de Deus, o Senhor de fortaleza e de poder!’ Apresenta-te diante de Mim para que possas ouvir os mistérios que foram ouvidos pelo Filho de ‘Imrán (Moisés) no Sinai da Sabedoria. Assim te ordena Aquele que é o Ponto do Alvorecer da Revelação de teu Senhor, o Deus de Misericórdia, desta sua maior Prisão.”

E então ergueu-se uma vez mais o grito e a lamentação da verdadeira Fé: ‘Em verdade, o Sinai brada e diz: “Ó povo do Bayán! Temei o Misericordioso. Eu verdadeiramente cheguei Àquele que sobre mim conversou, e os êxtases de meu júbilo enlevaram os seixos da terra e seu pó.’ E a Sarça exclama: ‘Ó povo do Bayán! Julgai com eqüidade o que vos foi realmente manifestado. Em verdade, o Fogo que Deus revelou Àquele com que Ele conversou torna-se agora manifesto. Disso dá testemunho todo homem de discernimento e compreensão.”

Fizemos menção de certos mártires desta Revelação e também citamos alguns dos versos que a seu respeito foram enviados do reino da Nossa Elocução. Nós de bom grado esperamos que, livre de todo apego ao mundo, tu irás ponderar sobre as coisas que Nós mencionamos.

Deves agora refletir sobre o estado do Mirza Hádi Dawlat-Ábádí e de Sád-i-Isfaháni (Sadru’l-‘Ulamá), que residem na Terra de Tá (Teerã). O primeiro, tão logo soube ter sido chamado de Bábí, ficou de tal modo perturbado que o aprumo e a dignidade o abandonaram. Subiu aos púlpitos e pronunciou palavras que não lhe condiziam. Desde tempos imemoriais, os torrões de argila do mundo vêm perpretando, totalmente por causa de seu amor pela liderança, atos tais que induziram os homens ao erro. Não deves, contudo, imaginar que todos os fiéis são como aqueles dois. Nós te descrevemos a constância, a firmeza, a estabilidade, a certeza, a imperturbabilidade e a dignidade dos mártires desta Revelação, para que estejas bem informado. Meu propósito ao citar as passagens das Epístolas a reis e outros, foi o de te permitir saber com certeza que este Injuriado não ocultou a Causa de Deus, mas a proclamou, e, na mais eloqüente linguagem, desvelou à face do mundo as coisas que Ele tinha sido encarregado de expor. Certos homens acovardados, no entanto, tais como Hádí e outros, manipularam a Causa de Deus e, em sua preocupação com esta vida transitória, disseram e fizeram coisas que levaram os olhos da justiça a chorar e a Pena da Glória a gemer, apesar de sua ignorância dos pontos essenciais desta Causa; ao passo que este Injuriado revelou-A em nome de Deus.

Ó Hádí! Tu foste até Meu irmão e o viste. Volta agora tua face para a corte deste Injuriado, a fim de que as brisas da Revelação e os sopros da inspiração possam ajudar-te e permitir que alcances teu objetivo. Todo aquele que contempla este dia em Meus sinais irá distinguir a verdade da falsidade, tal como a luz da sombra, e lhe será dado conhecimento do objetivo. Deus o sabe e Me dá testemunho de que tudo o que se mencionou foi em nome d’Ele, para que possas ser causa de orientação dos homens e possas livrar os povos do mundo das fantasias ociosas e vãs imaginações. Em nome de Deus! Até agora aqueles que se afastaram de Mim, e Me negaram, deixaram de reconhecer Quem enviou aquilo que foi entregue ao Arauto – o Ponto Primaz! Esse conhecimento está com Deus, o Senhor dos mundos.

Esforça-te, ó Xeique, e ergue-te para servir esta Causa. O Vinho Lacrado foi desvendado neste dia diante da face dos homens. Pega-o em nome de Teu Senhor, e sorve tua porção em lembrança d’Aquele que é o Poderoso, o Incomparável. Noite e dia ocupou-Se este Injustiçado com aquilo que uniria os corações e edificaria a alma dos homens. Os acontecimentos que ocorreram na Pérsia durante os primeiros anos verdadeiramente entristeceram os homens eleitos e sinceros. Cada ano testemunhava novos massacres, pilhagens, saques e derramamentos de sangue. Num surgia em Zanján aquilo que causava a maior consternação; noutro, em Nayríz, e noutro ainda em Tabarsí, e finalmente ocorreu o episódio da Terra de Tá (Teerã). A partir daquela época, este Injustiçado, com a ajuda do Único e Verdadeiro Deus – excelsa seja Sua glória – deu a conhecer a este povo oprimindo as coisas que lhe eram apropriadas. Todos se purificaram daquilo que eles próprios e outros possuíam, apegando-se e fixando seus olhos naquilo que pertence a Deus.

Incube agora a Sua Majestade o Xá – possa Deus, excelso seja Ele, protegê-lo – tratar este povo com benevolência e misericórdia. Este Injustiçado compromete-Se, diante da Divina Caaba, a fazer com que este povo, à parte a honestidade e honradez, nada venha a mostrar que possa de algum modo conflitar com as enriquecedoras visões de Sua Majestade. Toda nação deve Ter um alto respeito pela posição de seu soberano, deve ser-lhe submissa, deve cumprir suas ordens e preservar sua autoridade. Os soberanos da terra foram, e são, as manifestações do poder, grandeza e majestade de Deus. Este Injustiçado em momento algum tratou qualquer pessoa de modo enganador. Todos estão bem cientes disso, e disso dão testemunho. O respeito pela dignidade dos soberanos foi divinamente instituído, tal como atestam claramente as palavras dos Profetas de Deus e de Seus eleitos. Àquele que é o Espírito (Jesus) – a paz esteja com Ele – foi perguntado: “Ó Espírito de Deus! É lícito pagar tributo a César ou não?” Ao que Ele respondeu: “Sim, daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Ele não o proibiu. Essas duas frases, no entender dos homens de discernimento, são uma única e mesma coisa, pois, se aquilo que pertencia a César não tivesse vindo de Deus, Ele o teria proibido. E, do mesmo modo, no verso sagrado: “ Obedecei a Deus e obedecei ao Apóstolo, e àqueles dentre vós investidos com autoridade.” Por “aqueles investidos com autoridade”, quer-se dizer basicamente e muito em especial os Imames – as bênçãos de Deus estejam sobre eles! Eles, verdadeiramente, são as manifestações do poder de Deus, as fontes de Sua autoridade, os repositórios de Seu conhecimento e a alvorada de Seus mandamentos. Em segundo lugar, essas palavras referem-se aos reis e aos governantes – aqueles cuja radiante justiça torna os horizontes do mundo resplandecentes e luminosos. Nós de bom grado esperamos que Sua Majestade, o Xá, brilhe com uma luz de justiça cuja radiância venha a envolver todas as raças da terra. Compete a cada um suplicar ao Deus único e verdadeiro, em nome do Xá, por aquilo que é apropriado e conveniente neste dia.

Ó Deus, meu Deus e meu Mestre, meu Esteio e meu Desejo, meu Bem-Amado! Eu Te peço, pelos mistérios que foram ocultos em Teu conhecimento e pelos sinais que difundiram a fragrância de Tua benevolência e pelas vagas do oceano de Teu favor e pelo céu de Tua graça e generosidade e pelo sangue derramado em Teu caminho e pelos corações consumidos no amor por Ti, para ajudares Tua Majestade o Xá com Teu poder e Tua soberania, a fim de que dele possa manifestar-se aquilo que irá durar eternamente em Teus Livros, Tuas Escrituras e Tuas Epístolas. Segura a mão dele, ó meu Senhor, com a mão de Tua onipotência, ilumina-o com a luz de Teu conhecimento e adorna-o com os ornamento de Tuas virtudes. Potente és para fazer o que Te agrada, e em Tua mão está a rédea de todas as coisas criadas. Não existe outro Deus senão Tu, o Magnânimo, o Generoso.

Na Epístola aos Romanos, São Paulo escreveu: “Todo homem seja sujeito às autoridades superiores, porque não há autoridade que não venha de Deus, e as que existem foram instituídas por Ele. Assim, aquele que se insurge contra a autoridade, opõe-se à ordem estabelecida por Deus.” E, mais adiante: “Ele é o ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que pratica o mal.” Ele disse que o surgimento dos reis, sua majestade e seu poder vêm de Deus.

Além disso, nas antigas tradições fizeram-se referências que foram vistas e ouvidas pelos teólogos. Suplicamos a Deus – abençoado e glorificado seja Ele – para ajudar-te, ó Xeique, a te agarrares firmemente àquilo que foi enviado dos céus da generosidade de Deus, o Senhor dos mundos. Os teólogos devem necessariamente unir-se a Sua Majestade o Xá, e se manterem fiéis àquilo que assegurará a proteção, a segurança, o bem-estar e a prosperidade dos homens. Um rei justo desfruta de mais próximo acesso a Deus do que qualquer outra pessoa. Disso dá testemunho Aquele que fala em Sua Maior Prisão. Deus! Não há outro Deus senão Ele, o Único, o Incomparável, o Todo-Poderoso, o Onisciente, o Sapientíssimo.

Se acaso, em nome de Deus, ponderasses uma única hora que fosse sobre as coisas que ocorreram em tempos passados e mais recentemente, tu te desviarias das coisas que possuis para as coisas que pertencem a Deus, e te tornarias um instrumento para a exaltação de Sua Palavra. Acaso terá, desde a criação do mundo até os dias presentes, alguma Luz ou Revelação se irradiado da alvorada da vontade de Deus, que as raças da terra tenham aceito e Cuja Causa tenham reconhecido?

Onde a encontraríamos, e qual o seu nome? Desde o Selo dos Profetas (Maomé) – que todos, exceto Ele mesmo, por Ele se sacrifiquem – e, antes d’Ele, o Espírito de Deus (Jesus), remontando até a Primeira Manifestação, todos na época de Seu aparecimento sofreram atrozmente. Alguns foram julgados possessos, outros foram chamados de impostores, sendo tratados de maneira tal que a pena envergonha-se de descrever. Por Deus! O que Lhes sucedeu fez suspirarem todas as coisas criadas e, ainda assim, os povos, em sua maioria, estão afundados em ignorância manifesta! Pedimos a Deus que os ajude a retornar a Ele, e a se arrependerem ante a porta de Sua misericórdia. Potente é Ele sobre todas as coisas.

Neste momento a voz sonora da Mais Sublime Pena ergueu-se e, dirigindo-se a Mim, disse: “Adverte o Xeique tal como advertiste um de Teus Ramos (filhos), para que as brisas de Tua elocução possam atraí-lo e aproximá-lo de Deus, o Senhor dos mundos.”

“Sê generoso na prosperidade e grato no infortúnio. Sê digno de confiança de teu próximo e dirigi-lhe um olhar alegre e amável. Sê um tesouro para o pobre, um conselheiro para o rico; responde ao apelo do necessitado e preserva sagrada a tua promessa. Sê imparcial em teu juízo e cauteloso no que dizes. A ninguém trates com injustiça e mostra toda humildade a todos os homens. Sê como uma lâmpada para aqueles que andam nas trevas, sê causa de júbilo para o entristecido, um mar para o sequioso, um refúgio para o aflito, um apoio e defensor da vítima da opressão. Que a integridade e a retidão distingam todos os teus atos. Sê um lar para o estranho, um bálsamo para quem sofre, uma torre de força para o fugitivo. Para o cego, deves ser os olhos, e, para os pés dos errantes, uma luz que os guie. Sê um adorno para o semblante da verdade, uma coroa para afronte da fidelidade, um pilar do templo da retidão, um alento de vida para o corpo da humanidade, uma insígnia das hostes da justiça, um luminar sobre o horizonte da virtude, um orvalho para o solo do coração humano, uma arca no oceano do conhecimento, um sol no céu da bondade, uma jóia no diadema da sabedoria, uma luz radiante no firmamento de tua geração, um fruto na árvore da humildade. Suplicamos a Deus que te proteja contra o calor da inveja e o frio do ódio. Ele verdadeiramente está próximo, pronto a responder.” Assim falou Minha língua a um de Meus Ramos (filhos), e Nós o mencionamos àqueles dentre Nossos bem-amados, que lançaram fora suas vãs fantasias e se apegaram ao que lhes foi prescrito no dia em que o Sol da Certeza brilhou acima do horizonte da vontade de Deus, o Senhor dos mundos. Este é o dia em que o Pássaro da Elocução gorjeou sua melodia sobre os ramos, em nome de seu Senhor, o Deus de Misericórdia. Abençoado é o homem que, nas asas do anseio, elevou-se rumo a Deus, o Senhor do Dia do Julgamento.

O Deus único e verdadeiro bem o sabe, e toda a assembléia de Seus fiéis disso dá testemunho, que este Injustiçado enfrentou, em todos os tempos, perigos terríveis. Mas, não fossem as tribulações que Me tocaram no caminho de Deus, a vida não teria tido qualquer doçura para Mim e de nada ter-Me-ia servido Minha existência. Para aqueles que são dotados de discernimento e cujos olhos se fixam na Sublime Visão, não é segredo que Eu fui, na maior parte dos dias de Minha vida, tal como um escravo sentado sob uma espada pendente de um fio e sem saber quando essa espada cairia sobre ele. E ainda assim, apesar de tudo isso, Nós rendemos graças a Deus, o Senhor dos mundos. Minha língua interior recita, nas horas do dia e ao longo das noites, esta prece: “Glória a Ti, ó meu Deus! Não fossem as tribulações sofridas em Teu caminho, como poderia ser reconhecidos aqueles que verdadeiramente Te amam? E não fossem as provações suportadas por amor a Ti, como poderia ser revelada a posição daqueles que por Ti anseiam? Teu poder Me dá testemunho! As companheiras de todos os que Te adoram são as lágrimas que eles vertem, o conforto daqueles que Te buscam são os gemidos que eles emitem, e o alimento daqueles que se apressam a buscar-Te são os fragmentos de seus corações partidos. Quão doce ao meu paladar é o amargor da morte sofrida em Teu caminho, e quão preciosos em minha estima são os dardos de Teus inimigos quando enfrentados em nome da exaltação de Tua Palavra! Deixa-me beber em Tua Causa, ó meu Deus e meu Mestre, tudo o que Tu desejaste, e, em Teu amor, faz descer sobre mim tudo o que ordenaste. Por Tua glória! Desejo apenas o que Tu desejas, e amo apenas o que Tu amas. Em ti depositei, em todos os tempos, toda a Minha confiança e Minha fé. Tu és, verdadeiramente, O Que Tudo Possui, o Altíssimo. Ergue, eu Te imploro, ó meu Deus, como auxiliares desta Revelação, aqueles que serão contados entre os dignos de Teu Nome e de Tua soberania, para que eles possam lembrar-Te entre Tuas criaturas e hastear as insígnias de Tua vitória em Tua terra, e ornamenta-os com Tuas virtudes e Teus mandamentos. Nenhum Deus há além de Ti, o Auxílio no Perigo, o Auto-Subsistente.”

E então elevou-se a voz da verdadeira Fé, clamando repetidas vezes: “Ó assembléia da terra! Por Deus! Eu sou a verdadeira Fé de Deus entre vós. Acautelai-vos para não Me negardes. Deus Me manifestou com uma luz que envolve tudo o que existe nos céus e tudo o que existe na terra. Julgai eqüitativamente, ó povo, Minha manifestação e a revelação de Minha glória e radiância de Minha luz, e não sejais dos que agem injustamente.”

Ó Xeique! Este Injustiçado suplica a Deus – abençoado e glorificado seja Ele – para fazer de ti aquele que abrirá a porta da justiça e, através de ti, revelar Sua Causa entre Seus servos. Ele, verdadeiramente, é o Onipotente, o Todo-Poderoso, o Dispensador de graças.

Ó Xeique! Roga ao Deus único e verdadeiro que purifique os ouvidos, os olhos e os corações dos homens, e os proteja contra os desejos de uma inclinação corrupta. Pois a malícia é uma grave doença que impede o homem de reconhecer o Grande Ser e o exclui dos esplendores do sol da certeza. Nós pedimos e esperamos que, através da graça e misericórdia de Deus, Ele possa remover este poderoso obstáculo. Ele, verdadeiramente, é o Potente, o Dominador, o Todo-Poderoso.

Neste momento uma Voz ergueu-se à direita do Ponto Luminoso: “Deus! Não existe outro Deus senão Ele, o Ordenador, o Sapientíssimo! Recita ao Xeique as passagens remanescentes do Law-i-Burhán (Epístola da Prova), a fim de que elas possam atraí-lo ao horizonte da Revelação de seu Senhor, o Deus de Misericórdia, e ele possa erguer-se para ajudar Minha Causa com sinais claros e elevados testemunhos e possa falar entre os homens aquilo que a Língua do Testemunho pronunciou: ‘O Reino é de Deus, o Senhor dos mundos!’”

Perscruta tu o Kitáb-i-Iqán (Livro da Certeza) e aquilo que o Todo-Misericordioso enunciou para o Rei de Paris (Napoleão III) e para outros a ele semelhantes, a fim de te tornares ciente das coisas que sucederam no passado e te convenceres de que não temos tentado espalhar a desordem na terra depois de haver sido ela bem ordenada. Inteiramente por amor a Deus exortamos Seu servos. Quem assim o desejar, que Ele se volva, e quem assim o desejar, que se afaste. Nosso Senhor, o Misericordioso, é em verdade o Todo-Suficiente, o Todo-Louvado. Ó assembléia de povos da terra! Este é o dia em que nada, entre todas as coisas, nem qualquer nome dentre todos os nomes, vos pode trazer proveito, salvo através deste Nome que Deus fez a Manifestação de Sua Causa e a Aurora de Seus Mais Excelentes Títulos para todos aqueles que estão no reino da criação. Bem-aventurado o homem que tiver reconhecido a fragrância do Todo-Misericordioso e se incluído no número dos fiéis. Vossas ciências não vos serão proveitosas neste dia, nem o serão vossas artes, nem vossos tesouros, nem vossa glória. Ponde isso tudo atrás de vós e dirigi vossas faces à Mais Sublime Palavra, através da qual as Escrituras e os Livros e esta lúcida Epístola foram distintamente expostos. Rejeitai, ó povo, as coisas que compusestes com as penas de vossas vãs fantasias e fúteis imaginações. Por Deus! O Sol do Conhecimento irradiou resplandecente acima do horizonte da certeza.

“Ó tu que te desviaste! Se tens alguma dúvida a respeito de Nossa conduta, sabe tu que damos testemunho daquilo de que Deus Mesmo deu testemunho antes da criação dos céus e da terra, de que não há outro Deus senão Ele, o Onipotente, o Todo-Generoso. Testificamos que Ele é Uno em Sua Essência, Uno em Seus Atributos. Nenhum igual tem Ele no universo inteiro, nem associado em toda a criação. Ele tem enviado Seus Mensageiros e enunciado Seus Livros, a fim de que anunciassem às Suas criaturas o Caminho Reto.

“Terá sido informado o Xá e terá ele decidido fechar os olhos a teus atos? Ou terá o medo se apoderado dele, diante dos uivos de um bando de lobos que voltaram as costas para o Caminho de Deus e no teu caminho seguiram sem qualquer prova clara ou Livro algum? Ouvimos dizer que as províncias da Pérsia foram adornadas com o ornamento da justiça. Ao observarmos atentamente, porém, verificamos serem elas os lugares do alvorecer da tirania e aurora da injustiça. Vemos a justiça nas garras da tirania. Suplicamos a Deus que a liberte pelo poder de Sua grandeza e Sua soberania. Ele, em verdade, protege tudo o que há nos céus e na terra. A ninguém é dado o direito de protestar contra qualquer um no tocante àquilo que tem sobrevindo à Causa de Deus. A todo aquele que tenha dirigido sua face ao Mais Sublime Horizonte, cumpre aderir tenazmente à corda da paciência e em Deus, o Amparo no Perigo, o Predominante, depositar sua confiança. Ó vós, bem-amados de Deus! Bebei até vos saciardes do manancial da sabedoria, alçai vôo na atmosfera da sabedoria, e expressai-vos com sabedoria e eloqüência. Assim vos ordena o Todo-Poderoso, o Onisciente.

“Ó insensato! Não confies em tua glória e teu poder. És tal como o último traço de luz do sol sobre o topo da montanha. Dentro em breve se esvairá, assim como decreta Deus, o Possuidor de tudo, o Altíssimo. Foi tirada de ti tua glória, bem como a glória dos que a ti se assemelham, e isso, em verdade, é o que foi ordenado por Aquele com Quem está a Epístola-Mãe. Onde se há de encontrar aquele que com Deus contendeu, e aonde foi aquele que negou Seus sinais e se afastou de Sua soberania? Onde estão aqueles que trucidaram Seus eleitos e derramaram o sangue de Seus santos? Reflete, a fim de poderes perceber os sopros de teus atos, ó tu que tolamente duvidas. Por tua causa o Apóstolo (Maomé) lamentou e a Casta (Fátimih) clamou; os países foram devastados e as trevas caíram sobre todas as regiões. Ó assembléia de sacerdotes! Por Tua causa o povo foi humilhado, arriou-se a bandeira do Islã e se arruinou seu trono poderoso. Todas as vezes que um homem de discernimento queria aderir àquilo que exaltaria o Islã, vós incitastes um clamor e assim era ele impedido de realizar seu desígnio, enquanto a terra permanecia caída em plena ruína.

“Ó Minha Pena Suprema! Chama à tua memória a Serpente (o Imame Jum’ih, de Isfahán), cuja crueldade fez gemerem todas as coisas criadas e tremerem os membros dos santos. Assim Te ordena o Senhor de todos os nomes, nesta gloriosa posição. A Casta (Fátimih) clamou por causa de tua iniqüidade e tu, no entanto, imaginas pertencer à família do Apóstolo de Deus! Assim tua alma te instigou, ó tu que te afastaste de Deus, o Senhor de tudo o que existiu e de tudo o que há de existir. Julga com eqüidade, ó Serpente! Por causa de qual crime aferroaste os filhos do Apóstolo de Deus (o Rei dos Mártires e o Bem-Amado dos Mártires) e lhes pilhaste as possessões? Negaste Aquele que te criou com Sua ordem de “sê, e assim se fez”? Trataste os filhos do Apóstolo de Deus de um modo tal como nem ‘Ád tratou a Húd, nem Thamúd a Sálih, nem os judeus ao Espírito de Deus (Jesus), Senhor de toda a existência. Negas os sinais de teu Senhor, diante dos quais, tão logo foram enviados do céu de Sua Causa, todos os livros do mundo se curvaram? Medita, pois, para que te tornes consciente de teu ato, ó réprobo negligente! Breve os sopros do castigo haverão de te acabrunhar, assim como acabrunharam a outros antes de ti. Espera, pois, ó tu que criaste sócios para Deus, pelo Senhor do visível e do invisível. É este o dia em que Deus anunciou pela língua de Seu Apóstolo. Reflete, pois, para que possas apreender o que o Todo-Misericordioso enunciou no Alcorão e nesta Epístola inscrita. É este o dia quando Aquele que é o Alvorecer da Revelação veio com sinais claros que ninguém pode enumerar. E o dia em que todo homem dotado de percepção descobriu a fragrância da brisa do Todo-Misericordioso no mundo da criação, e todo homem de discernimento se apressou às águas vivificadoras da misericórdia de Seu Senhor, o Rei dos Reis. Ó desatento! Contou-se novamente a história do Sacrifício (Ismael), e que aquele que seria ofertado dirigiu os passos ao lugar do sacrifício, e dali não regressou por causa daquilo que tua mão cometeu, ó homem perverso e cheio de ódio! Imaginaste que o martírio poderia rebaixar esta Causa? Não, por Aquele que Deus fez o Repositório de Sua Revelação, se és dos que compreendem. Que a tribulação te sobrevenha, ó tu que criaste sócios para Deus, e que sobrevenha àqueles que tomaram como líder, sem qualquer sinal claro ou Livro perspícuo. Quão numerosos foram os opressores, antes de ti, que se levantaram para extinguir a Luz de Deus, e quantos os ímpios que perpetraram assassinatos e pilhagens até os corações e almas dos homens gemerem diante de sua crueldade! O sol da justiça obscureceu-se, desde que a personificação da tirania se estabeleceu no trono do ódio e o povo, entretanto, não compreende. Ó tolo! Assassinaste os filhos do Apóstolo e pilhaste suas possessões. Dize: Em tua opinião, foram suas possessões ou eles próprios que negaram a Deus? Julga eqüitativamente, Ó ignorante que se exclui de Deus como que por um véu. Aderiste à tirania e rejeitaste a justiça; com isso, todas as coisas criadas lamentaram, e ainda és um dos desviados. Lançaste à morte os idosos e espoliaste os jovens. Pensas acaso que irás desfrutar aquilo que tua iniqüidade te acumulou? Não, por Mim Mesmo! Assim te informa Aquele que de tudo é ciente. Por Deus! As coisas que possuis não te serão proveitosas, nem aquilo que acumulaste devido à tua crueldade. Disso dá testemunho teu Senhor, o Onisciente. Tu te levantaste a fim de apagar a luz desta Causa; dentro em breve extinguir-se-á teu próprio fogo, por ordem d’Ele. Ele, em verdade, é o Senhor de fortaleza e poder. As mudanças e acasos do mundo, e os poderes das nações, não O podem frustrar. Ele faz o que deseja e ordena o que Lhe apraz, através do poder de Sua soberania. Considera a camela. Embora apenas um animal, ela foi no entanto exaltada pelo Todo-Misericordioso a tão alto grau que as línguas da terra a mencionaram e lhe celebram o louvor. Ele, em verdade, supera a tudo o que está nos céus e na terra. Nenhum Deus há, senão Ele, o Onipotente, o Grande. Assim Nós adornamos o céu de Nossa Epístola com sóis de Nossas palavras. Bem-aventurado o homem que lhes atingiu e se iluminou com sua luz, e infelizes os que se afastaram, O negaram e para longe d’Ele se desviaram. Louvado seja Deus, o Senhor dos mundos!”

Ó Xeique! Nós te permitimos ouvir as melodias do Rouxinol do Paraíso e desvelamos ante teus olhos os sinais que Deus por Sua ordem irrecusável, fez descer a esta Maior Prisão, para que teus olhos possam alegrar-se e tua alma ficar reassegurada. Ele, verdadeiramente, é o Supremo Doador, o Generoso. Ergue-te, pelo poder de Seu testemunho, para servir à Causa de Deus, teu Senhor, o Deus de Misericórdia. Se tua fé te causar medo, toma Minha Epístola e preserva-a no seio da confiança. E quando entrares no local da ressurreição e Deus te perguntar por quais provas vieste a acreditar nesta Revelação, tira a Epístola e diz: “Por este Livro, o sagrado, o poderoso, o incomparável.” E então todos levantarão as mãos para ti, pegarão a Epístola e a apertarão junto aos olhos, e dela inalarão a fragrância da palavra de Deus, o Senhor dos mundos. Fosse Deus atormentar-te por teres acreditado em Seus sinais nesta Revelação, por que motivo iria Ele então atormentar aqueles que não acreditaram em Maomé, o Apóstolo de Deus, e, antes d’Ele, em Jesus, o Filho de Maria, e, antes d’Este, n’Aquele que conversou com Deus (Moisés) e, antes d’Ele, n'Aquele que é o Amigo de Deus (Abraão), e remontando até Aquele que foi a Primeira Manifestação, Aquele que foi criado pela vontade de teu Senhor, o Potente, o Todo-Abrangente. Assim Nós enviamos Nossos versos para alguém antes de ti, e os relembramos a ti, neste dia, para que possas compreender e ser daqueles que estão bem assegurados. Ó tu que assumes a voz do conhecimento! Esta Causa é demasiado evidente para ser obscurecida, e demasiado clara para ser ocultada. Ela brilha tal como o sol no apogeu de sua glória. Ninguém pode negá-la, a menos que esteja cheio de ódio e de dúvidas.

Neste momento, cumpre que nos voltemos para o Desejado e apeguemo-nos a estas sublimes palavras: “Ó Deus, meu Deus! Tu iluminaste a lâmpada de Tua Causa com o óleo da sabedoria; protege-a dos ventos contrários. Teu é o candeeiro, e Teu é o vidro, e todas as coisas nos céus e na terra estão seguras por Teu poder. Concede justiça aos governantes e imparcialidade aos teólogos. Tu és o Todo-Poderoso, que, através do movimento de Tua Pena, auxiliaste Tua irresistível Causa e guiaste corretamente Teus bem-amados. Tu és o Possuidor do poder e o Rei da fortitude. Nenhum Deus há exceto Tu, o Forte, o Irrestrito.” Dize também: “Ó Deus, meu Deus! Eu Te dou graças por me teres feito beber de Teu Vinho Lacrado, pela mão da generosidade de Teu Nome, o Auto-Subsistente. Eu Te imploro, pelos esplendores da Alvorada de Tua Revelação, pela potência de Tuas Mais Sublime Palavra e pelo poder de Tua Pena Mais Excelsa, através de Cujo movimento as realidades de todas as coisas criadas se extasiaram, para que ajudes Sua Majestade o Xá a tornar vitoriosa Tua Causa e a voltar-se para o horizonte de Tua Revelação, e volver sua face na direção das luzes de Teu semblante. Auxilia-o, ó meu Senhor, a aproximar-se de Ti. Ajuda-o, então, com as hostes dos céus e da terra. Eu Te imploro, ó Tu que és o Senhor de todos os Nomes e o Criador dos céus, pela luz de Tua Causa e pelo fogo da Árvore Divina de Tua benevolência, para que ajudes Sua Majestade a revelar Tua Causa entre Tuas criaturas. Abre então, ante sua face, as portas de Tua graça, de Tua misericórdia e de Tua generosidade. Potente és Tu que fazes o que Te apraz por Tua palavra, ‘sê, e assim se fez.’”

Ó Xeique! Nós tomamos as rédeas da autoridade pelo poder de Deus e Sua Divina fortaleza, pois somente Ele pode tomá-las, Ele que é o Poderoso, o Forte. Ninguém tem o poder de fomentar discórdia ou sedição. Agora, contudo, quando deixaram de apreciar essa benevolência e essas generosidades, eles foram e continuarão a ser afligidos com o castigo que seus atos hão de acarretar. Os oficiais do Estado, considerando o movimento secreto da Corda Outorgada, têm, de todas as direções, incitado e ajudado Meus adversários. Na Grande Cidade (Constantinopla), eles ergueram um considerável número de pessoas para oporem-se a este Injuriado. As coisas chegaram a tal ponto que os oficiais daquela cidade agiram de uma maneira que trouxe vergonha tanto ao governo quanto ao povo. Um renomado siyyid, cuja bem-conhecida integridade, conduta aceitável e reputação comercial eram reconhecidas pela maioria dos homens de mente imparcial, e que era visto por todos como um mercador altamente honrado, certa vez visitou Beirute. Em vista de sua amizade com este Injuriado, eles telegrafaram ao intérprete persa informando-o de que esse siyyid, ajudado por seu servo, havia roubado uma soma de dinheiro e outras coisas e ido para ‘Akká. O desígnio deles nessa questão era desonrar esta Injuriado. E contudo, longe esteja do povo deste país permitir ser desviados, por essas histórias impróprias, do caminho reto da retidão e da verdade. Em suma, eles Me atacaram de todos os lados, e estão fortalecendo Meus adversários. Este Injuriado, no entanto, suplica ao Deus único e verdadeiro que em Sua graça ajude cada um deles naquilo que convém a estes dias. Dia e noite Eu fixo Meu olhar sobre estas palavras perspícuas e recito: “Ó Deus, meu Deus! Eu Te suplico, pelo sol de Tua graça, pelo mar de Teu conhecimento e pelo céu de Tua justiça, que ajudes a se confessarem aqueles que Te negaram, a retornarem a Ti aqueles que de Ti se afastaram, e, aqueles que Te caluniaram, a serem justos e imparciais. Ajuda-os, ó meu Senhor, a retornarem a Ti e a se arrependerem diante da porta de Tua graça. Poderoso és Tu para fazeres aquilo que desejas, e em Tuas mãos estão as rédeas de tudo o que existe nos céus e de tudo o que existe na terra. Louvores sejam dados a Deus, o Senhor dos mundos.”

Chegou o momento em que tudo o que jaz oculto nas almas e nos corações dos homens será desvendado. Este é o Dia do qual Luqmán falou a seu filho, o Dia que o Senhor de Glória anunciou e deu a conhecer Àquele que era Seu Amigo (Maomé) através destas Suas palavras – excelso seja Ele: “!Ó meu filho! Verdadeiramente, Deus trará à luz todas as coisas, mesmo que tenham apenas o peso de um grão de mostarda e estejam ocultas numa pedra ou nos céus ou na terra; pois Deus é Sutil, de tudo informado.” Neste Dia, as ilusões dos olhos e tudo aquilo que o peito humano oculta, são dados a conhecer e expostos ante o trono de Sua Revelação. Nada pode escapar a Seu conhecimento. Ele ouve e vê, e Ele, em verdade, é O que tudo ouve, O que tudo vê. Quão estranho é que eles não distingam o confiável do traiçoeiro!

Houvesse por bem Sua Majestade o Xá da Pérsia – possa Deus perpetuar sua soberania – inquirir os cônsules do honrado governo persa que estiveram neste país, familiarizar-se-ia com as atividades e o comportamento deste injuriado. Em suma, eles incitaram muitos, tais como Akhtar e outros, e se ocupam eles mesmos em espalhar calúnias. Está claro e vidente que irão cercar com suas espadas de ódio e seus dardos de inimizade aquele que sabem ser um proscrito entre os homens e ter sido banido de um país a outro. Esta não é a primeira vez que tal iniqüidade foi perpretrada, nem o primeiro cálice a ser lançado ao chão, nem o primeiro véu a ser rompido ao meio no caminho de Deus, o Senhor dos mundos. Este Injuriado, contudo, permaneceu calmo e silencioso na Maior Prisão, ocupando-se com Seus próprios assuntos e completamente desapegado de tudo o mais exceto Deus. A iniqüidade tornou-se tão séria que as penas do mundo são incapazes de registrá-la.

A esse respeito, torna-se necessário mencionar a seguinte ocorrência, para que os homens possam agarrar-se firmemente à corda da justiça e da honestidade. O Hadji Xeique Muhammad ‘Ali – esteja sobre ele a glória de Deus, o Eterno – era um mercador de alta reputação, bem conhecido da maioria dos habitantes da Maior Cidade (Constantinopla). Há não muito tempo, quando a Embaixada Persa em Constantinopla envolvia-se secretamente em instigar a discórdia, foi notado que esta alma crente e sincera estava grandemente perturbada. Finalmente, uma noite ele atirou-se ao mar, mas foi resgatado por alguns passantes que o acaso fez chegar até ali naquele momento. Seu ato foi amplamente comentado e recebeu variadas interpretações por diferentes pessoas. Seguindo-se a isso, uma noite ele dirigiu-se a uma mesquita e, como relatou o guardião do local, manteve vigília a noite toda e ocupou-se até a manhã, oferecendo, ardentemente e com olhos lacrimosos, suas preces e súplicas. Ao ouvi-lo interromper de súbito suas devoções, o guardião foi até ele e descobriu que já havia entregue sua alma. Uma garrafa vazia foi encontrada ao seu lado, indicando que ele se envenenara. Em suma, o guardião, embora grandemente espantado , deu a notícia às pessoas. Descobriu-se que ele deixara dois testamentos. No primeiro, reconhecia e confessava a unidade de Deus, que Seu Ser Excelso não tinha par nem igual e que Sua Essência era excelsa acima de toda prece, toda glorificação e descrição. Também dava testemunho da Revelação dos Profetas e dos santos, e reconhecia o que fora escrito nos Livros de Deus, o Senhor de todos os homens. Em outra página, na qual anotara uma prece, ele escreveu estas palavras em conclusão: “Este servo e os bem-amados de Deus estão perplexos. Por um lado, a Pena do Altíssimo proibiu todos os homens de se envolverem em sedição, contenção ou conflito, e, por outro, que a mesma Pena tenha emitido estas sublimes palavras: ‘Se alguém, na presença da Manifestação, descobrir qualquer má intenção por parte de qualquer alma que seja, não deve opor-se a ela, mas deixá-la a Deus.’ Considerando que por um lado este mandamento obrigatório está clara e firmemente estabelecido, e que por outro lado calúnias, além da força humana para suportar ou tolerar, foram pronunciadas, este servo escolheu cometer este seríssimo pecado. Volto-me suplicantemente para o oceano da generosidade de Deus e o céu da misericórdia Divina, e espero que Ele venha a apagar com a pena de Sua graça e magnanimidade os equívocos deste servo. Embora minhas transgressões sejam muitas, e inumeráveis os meus erros, ainda assim agarro-me tenazmente à corda de Sua generosidade, e aferro-me à borda do manto de Sua generosidade. Deus é testemunha, e aqueles que estão próximos de Seu Portal sabem perfeitamente bem que este servo não poderia suportar ouvir as histórias relatadas pelos pérfidos. Eu, portanto, cometi este ato. Se Ele me castiga, Ele verdadeiramente deve ser louvado por aquilo que faz; e se Ele me perdoa, Sua ordem deve ser obedecida.”

Pondera, agora, ó Xeique, sobre a influência da palavra de Deus, para que possas voltar-te da mão esquerda das vãs fantasias para a mão direita da certeza. Este Injuriado nunca agiu hipocritamente contra ninguém, na Causa de Deus, e em voz alta proclamou a Palavra de Deus ante a face de Suas criaturas. Quem assim preferir, que se volte para Ela, e quem assim o desejar, que d’Ela se afaste . Se estas coisas, contudo, que são tão claras, tão manifestas e indubitáveis, são negadas, o que mais pode ser julgado aceitável e digno de fé na visão dos homens de discernimento? Suplicamos a Deus – abençoado e glorificado seja – para que perdoe a pessoa acima mencionada (Hadji Xeique Muhammad-‘Alí) e transforme suas más ações em bons atos. Ele, verdadeiramente, é o Todo-Poderoso, o Forte, a Suma Generosidade.

Tais foram as coisas surgidas nesta Revelação que, aos expoentes da ciência e conhecimento ou às manifestações da justiça e eqüidade, não resta outro recurso senão o de reconhecê-las. Incumbe a ti, neste dia, erguer-te poder celestial e dissipar, com a ajuda do conhecimento, as dúvidas dos povos do mundo, a fim de que todos os homens possam ser purificados e dirigir seus passos na direção deste Maior Oceano e agarrar-se àquilo que Deus predeterminou.

Todo aquele que se afastou de Mim apegou-se às suas próprias palavras vãs e com isso expressou suas objeções Àquele que é a Verdade. Deus Misericordioso! As referências que foram feitas à Divindade e Deidade pelos santos e eleitos de Deus tornaram-se motivo de negação e repúdio. O Imame Sádiq disse: “Servidão é uma substância, cuja essência é a Divindade.” O Comendador dos Crentes (Imame ‘Alí) assim respondeu a um árabe que lhe perguntara sobre a alma: “ A terceira é a alma, que é divina e celestial. Ela é uma energia divina, uma substância, elementar e auto-subsistente.” E depois Ele – que a paz esteja Consigo – disse: “Ela é, portanto, a Mais Sublime Essência de Deus, a Árvore das Bênçãos, a Árvore Celestial além da qual não há passagem, o Jardim do Repouso.” O Imame Sádiq havia dito: “Quando nosso Qá’im erguer-se, a terra brilhará com a luz de seu Senhor.” Do mesmo modo, uma extensa tradição a Abí-‘ Abdi’lláh – que a paz esteja com ele – na qual estas sublimes palavras são encontradas: “E então Ele, que é o Julgador – excelso e glorificado seja – descerá das nuvens com os anjos.” E no poderoso Alcorão: “O que podem esses esperar senão que Deus desça até eles envolto em nuvens?” E na tradição de Mufaddal, diz-se: “O Qá’im apoiará Suas costas contra o Santuário, estenderá Sua mão, e eis que ela será branca como a neve mas ilesa. E Ele dirá: ‘Esta é a mão de Deus, a mão direita de Deus, que vem de Deus, por ordem de Deus!’” Qualquer que seja o modo pelo qual estas tradições são interpretadas, desse mesmo modo interpretou também aquilo que a Pena Mais Sublime enunciou. O Comendador dos Crentes (Imame ‘Alí) disse: “Eu sou Aquele que não pode ser nomeado nem descrito.” E do mesmo modo Ele disse: “Por fora sou um Imame; por dentro, sou o Invisível, o Incognoscível.” Abú-Ja’fari-Túsí disse: Eu disse a Abí’Abdi’lláh: ‘Tu és o Caminho mencionado no Livro de Deus, e tu és o Tributo, e tu és a Peregrinação.’ Ele respondeu: ‘Ó homem! Nós somos o Caminho mencionado no Livro de Deus – excelso e glorificado seja Ele – e Nós somos o Tributo, e Nós somos o Jejum, e Nós somos a Peregrinação, e Nós somos o Mês Sagrado, e Nós somos a Cidade Santa e Nós somos a Kaaba de Deus, e Nós somos o Qiblih de Deus, e Nós somos a Face de Deus.’ “Jábir disse que Abú-Já’far – que a paz esteja com ele – falou-lhe o seguinte: ”Ó Jábir! Dá ouvidos ao Bayán (Exposição) e aos Ma’ání (Significados).” E – que a paz esteja com ele – acrescentou: “Quanto ao Bayán, ele consiste em teu reconhecimento de Deus – glorificado seja Ele – como Aquele que não tem igual, em tua adoração d’Ele e em tua recusa de criar sócios para Ele. Quanto aos Ma’ání, Nós somos seu significado, e seu lado, e sua mão, e sua língua, e sua causa, e seu comando, e seu conhecimento, e seu direito. Se Nós desejamos algo, é Deus quem o deseja, e Ele deseja aquilo que Nós desejamos.” Além disso, o Comendador dos Crentes (Imame ‘Alí) – que a paz esteja com ele – disse: “Como posso adorar um Senhor a quem não vi?” E, em outro contexto, ele diz: “Coisa alguma percebi sem ter percebido Deus dentro dela, Deus antes dela ou Deus depois dela.”

Ó Xeique! Pondera sobre as coisas que foram mencionadas, para talvez poderes beber do Vinho Lacrado através do poder do nome d’Aquele que é o Auto-Subsistente, e obteres aquilo que ninguém é capaz de compreender. Prepara-te para a ação e dirige-te ao Mais Sublime Reino, a fim de porventura poderes perceber, à medida que eles descem até Mim, os sopros da Revelação e da inspiração, e chegares até eles. Verdadeiramente, Eu digo: A Causa de Deus nunca teve, nem os tem agora, qualquer par ou igual. Rompe os véus das vãs fantasias. Ele, em verdade, fortalecer-te-á e te ajudará, como sinal de Sua graça. Ele, verdadeiramente, é o Forte, o Todo-Dominador, o Todo-Poderoso. Enquanto ainda há tempo, enquanto a abençoada Árvore Celestial ainda clama entre os homens, não consintas em ver-te privado. Depõe tua fé em Deus e a Ele entrega teus assuntos, e entra então na Maior Prisão, para que possas ouvir o que ouvido algum jamais ouviu e contemplar o que olho algum jamais contemplou. Após tal exposição, poderá ainda qualquer espaço para a dúvida? Não, por Deus, que observa Sua Causa! Em verdade Eu digo: Neste dia, as abençoadas palavras ”Mas Ele é o Apóstolo de Deus e o Selo dos Profetas” encontraram sua consumação no verso “O dia em que a humanidade se colocará ante o Senhor dos mundos.” Rende graças a Deus por tão grande generosidade.

Ó Xeique! As brisas da Revelação não podem nunca ser confundidas com outras brisas. Agora a Árvore Celestial, além da qual não há passagem, está carregada de incontáveis frutos ante tua face; não te enodoes com vãs fantasias, como fizeram os povos no passado. Estas palavras, em si mesmas, proclama a verdadeira natureza da Fé de Deus. Ele é Quem dá testemunho de todas as coisas. Para demonstrar a verdade de Sua Revelação, Ele nunca dependeu, nem depende agora, de ninguém mais. Cerca de cem volumes de luminosos versos e palavras perspícuas já foram enviados do céu da vontade d’Aquele que é o Revelador dos sinais, e a todos estão disponíveis. Cabe a ti dirigir-te para o Objetivo Último, o Fim Supremo, o Ápice Mais Sublime, para poderes ouvir e contemplar aquilo que foi revelado por Deus, o Senhor dos mundos.

Pondera um instante sobre os versos referentes à Divina Presença, que foram desvelados no Alcorão por Aquele que é o Senhor do reino dos nomes, para poderes descobrir o Caminho Reto e te tornares um instrumento para a orientação de Suas criaturas. Alguém como tu precisa, neste dia, erguer-se para servir esta Causa. A humilhação deste Injuriado, bem como tua glória, devem ambas desaparecer. Esforça-te para praticar um ato cuja fragrância nunca se desvanecerá da terra. A respeito da Divina Presença, tem sido desvelado aquilo que nenhum negador foi, ou é, agora, capaz de refutar ou repudiar. Ele – abençoado e excelso seja – diz: “Foi Deus quem erigiu os céus sem pilares que possas contemplar; então subiu a Seu trono e impôs leis ao sol e à lua: cada qual rumaria para a meta que lhe fora designada. Ele ordenou todas as coisas. Ele torna claros Seus sinais, para que vós possais Ter firme fé na Presença de Teu Senhor.” Ele diz também: “Para aquele que espera alcançar a Presença de Deus, o tempo estabelecido por Deus certamente chegará. E Ele é O que ouve, O que sabe.” E ainda Ele – excelso seja – diz: “Quanto aos que não acreditam nos sinais de Deus ou que jamais chegarão à Sua Presença, esses se desesperarão de Minha Mercê e por eles espera um penoso castigo.” E do mesmo modo Ele diz: “E eles dizem, ‘Quê ! quando tivermos sido sepultados sob a terra, tornarmos-emos uma nova criação?’ Sim, eles negam que alçarão a Presença de seu Senhor.” E do mesmo modo Ele diz: “Eles realmente duvidam da Presença de seu Senhor. Ele, veramente, eclipsa todas as coisas.” E do mesmo modo Ele diz: “Verdadeiramente, aqueles que não esperam alcançar Nossa Presença e encontraram satisfação na vida deste mundo, e nele repousam, e que são desatentos aos Nossos sinais – desses, a morada é o fogo, em recompensa de seus atos!” E do mesmo modo Ele diz: “Mas quando Nossos sinais claros lhes são recitados, aqueles que não esperam alcançar Nossa Presença dizem: ‘Tratai um Alcorão diferente deste, ou fazei nele alguma mudança.’ Dize: Não cabe a Mim mudá-lo como impelir Minha própria alma. Eu sigo apenas aquilo que Me é revelado: Eu verdadeiramente receio, se rebelar-Me contra Meu Senhor, a punição de um grande dia” E do mesmo modo Ele diz: “Então Nós demos o Livro a Moisés – completo, para que Ele que agisse corretamente, e uma decisão para todos os assuntos, uma orientação, uma mercê, para que eles acreditassem na Presença de seu Senhor.” E do mesmo modo Ele diz: “Eles são os que não acreditam nos sinais do Senhor ou que jamais chegarão à Sua Presença. Vãs, portanto, são suas obras; e peso algum Nós lhes daremos no Dia da Ressurreição. Esta será sua recompensa – o Inferno. Porque eles foram descrentes e trataram com escárnio Meus sinais e Meus Apóstolos.” E do mesmo modo Ele diz: “Chegou até vós a história de Moisés? Quando Ele viu um fogo e disse à Sua família, ‘Permanecei aqui, pois Eu percebo um fogo; talvez dele vos possa trazer um tição, ou encontrar no fogo um guia.” E quando chegou até o fogo, Ele foi chamado: ‘Ó Moisés! Verdadeiramente Eu sou Teu Senhor; tira portanto, Tuas sandálias, pois está no vale sagrado de Towa. E Eu Te escolhi: dá ouvidos, então ao que te será revelado. Verdadeiramente, Eu sou Deus, não há outro Deus além de Mim, Portanto, adora-Me.’ “E do mesmo modo Ele diz: “Eles não consideram, em seu íntimo, que Deus somente criou os céus e a terra, e tudo o que existe entres eles, com um objetivo sério e por um período determinado? Mas realmente a maioria dos homens não acredita que alcançará a Presença de seu Senhor.” E do mesmo modo Ele diz: “Quê! Eles não pensaram que voltarão a ser erguidos para o Grande Dia, o Dia em que a humanidade se postará ante o Senhor dos mundos?” E do mesmo modo Ele diz: ”Nós outrora demos o Livro a Moisés. Não tenhais nenhuma dúvida de que Ele alcançou Nossa Presença.” E Ele diz: “Sim! Mas quando a terra tiver sido totalmente destruída, arrasada e devastada, e tiver vindo o Senhor com Seus anjos, fileira após fileira.” E do mesmo modo Ele diz: “De bom grado teriam eles extinguido a luz de Deus com suas bocas! Mas embora os infiéis a odeiem, Deus aperfeiçoará Sua luz!” E do mesmo modo Ele diz: “E quando Moisés cumpria o prazo e viajava com Sua família, Ele percebeu um fogo na encosta da montanha. Ele disse à Sua família: ‘Esperai, pois Eu percebo um fogo e talvez dele vos possa trazer notícias ou um tição para aquecer-vos.’ E quando Ele subiu até o fogo, uma Voz clamou-Lhe da Sarça, à direita do Vale, no Local sagrado: ‘Ó Moisés, eu verdadeiramente sou Deus, o Senhor dos mundos!’”

Em todos os Livros Divinos, a promessa da Divina presença foi explicitamente registrada. Por essa Presença entende-se a Presença d’Aquele que é o Alvorecer dos sinais, a Aurora das provas claras, a Manifestação dos Excelentes Nomes e a Fonte dos atributos do verdadeiro Deus, excelsa seja Sua glória. Deus, em Sua Essência e em Seu próprio Ser, sempre foi invisível, inacessível e incognoscível. Por Presença, portanto, entende-se a Presença d’Aquele que é Seu Representante entre os homens. Ele, além disso, nunca teve, nem o tem agora, nenhum par ou semelhante. Pois, Ele ter algum par ou semelhante, como se poderia então demonstrar que Seu ser está exaltado acima de toda comparação e igualdade, e Sua essência santificada de toda comparação e igualdade? Em suma, foi revelado no Kitáb-i-Íqán (Livro da Certeza), a respeito da presença e Revelação de Deus, o que irá bastar àquele de mente imparcial. Nós Lhe suplicamos – excelso seja Ele – para ajudar cada um a tornar-se a essência da verdade e aproximar-se d’Ele. Ele, veramente, é o Senhor de fortaleza e poder. Nenhum Deus há senão Ele, O que tudo ouve, o Senhor da Elocução, o Todo-Poderoso, o Todo-Louvado.

Ó tu que és renomado por tua erudição! Ordena aos homens que façam aquilo que é digno de louvor, e não sejam dos que se retardam. Observa com olhos atentos. O Sol da Verdade brilha resplandecente, ao comando do Senhor do reino da elocução e Rei dos céus do conhecimento, acima do horizonte da cidade prisão de ‘Akká. O repúdio não o velou, e dez mil hostes dispostas contra ele mostraram-se incapazes de impedi-lo de brilhar. Tu não podes mais excusar-te. Ou tu reconheces, ou – Deus não o permita! – te ergues e negas todos os Profetas!

Reflete, ó Xeique, sobre a seita xiita. Quantos não foram os edifícios que eles erigiram com as mãos das vãs fantasias e imaginações ociosas, e quão numerosas as cidades que contribuíram! Por fim, essas imaginações converteram-se em projéteis e visaram Aquele que é o Príncipe do mundo. Nem uma única alma dentre os líderes daquela seita O reconheceu no Dia de Sua Revelação! Sempre que Seu abençoado nome era mencionado, todos diziam: “Possa Deus apressar a alegria que Sua vinda irá trazer!” No dia da Revelação daquele Sol da Verdade, contudo, todos eles, como se observou, exclamaram: “Possa Deus apressar Seu castigo!” Afastaram Aquele que era a Essência do ser e o Senhor do visível e do invisível, e cometeram atos que fizeram soluçar a Epístola e gemer a Pena, irromper o grito dos sinceros e rolar as lágrimas dos eleitos.

Medita, ó Xeique, e sê justo naquilo que dizes. Os seguidores de Shaykh-i-Ahsá’í (Xeique Ahmad) compreenderam, com a ajuda de Deus, aquilo que estava velado à compreensão dos outros, e de que estes permaneceram privados. Em suma, em toda época e século surgiram divergências nos dias da manifestação dos Alvoreceres da Revelação e Ponto da Aurora da inspiração e Repositórios do Conhecimento Divino, divergências essas que foram causadas e provocadas por almas mentirosas e ímpias. Estendemo-nos sobre o assunto não é permissível. Tu próprio conheces melhor e estás mais familiarizado com as vãs fantasias dos supersticiosos e as fúteis imaginações dos que duvidam.

Neste dia, este Injustiçado pede a ti e aos outros teólogos que beberam da taça do conhecimento de Deus e estão iluminados pelas brilhantes palavras do Sol da Justiça, que indiquem alguma pessoa, sem informar a ninguém, e a enviarem para essas regiões e lhe permitam permanecer algum tempo na ilha de Chipre e associar-se a Mirza Yahyá, a fim de que tal pessoa possa conscientizar-se dos princípios fundamentais desta Fé e da fonte das leis e mandamentos Divinos.

Se ponderasses um pouco, irias dar testemunho da sabedoria, do poder e da sabedoria de Deus, excelsa seja Sua glória. Os poucos que não estavam cientes desta Causa e não Nos conheceram, falaram de tal maneira que todas as coisas, bem como as almas convictas e agradáveis a Deus e em Seu deleite, testemunharam a impostura daqueles desatentos. Se te esforçasses agora, a verdade desta Causa ficaria evidente para a humanidade e as pessoas seriam libertadas desta penosa e opressiva escuridão. Quem mais senão Bahá pode falar ante a face dos homens, e quem mais senão Ele tem o poder de pronunciar aquilo que Lhe foi ordenado por Deus, o Senhor das Hostes?

Aquele desatento apegou-se agora à prática do Rawdih-khání (o tradicional lamento pelo Imame Husayn). Ele – Eu juro por Deus – está em erro evidente. Pois é a crença deste povo que durante a Revelação do Qá’im, os Imames – esteja a paz de Deus sobre eles – ergueram-se de seus sepulcros. Esta é de fato a verdade, e nenhuma dúvida há sobre ela. Suplicamos a Deus que conceda aos supersticiosos uma porção das águas vivificadoras da certeza, que fluem da fonte da Mais Sublime Pena, para que todos possam alcançar aquilo que convém a estes dias.

Ó Xeique! Embora rodeado de tribulações, este Injustiçado ocupa-se em assentar estas palavras. De todo lado a chama da opressão e da tirania pode ser discernida. Por um lado, notícias chegaram a Nós de que Nossos bem-amados foram presos na terra de Tá (Teerã) e isso embora o sol, a lua, a terra e o mar dêem testemunho de que este povo está adornado com o ornamento da fidelidade e afeito, hoje e sempre, apenas e tão-somente ao que pode assegurar a exaltação do governo e a manutenção da ordem no seio da nação, e a tranqüilidade do povo.

Ó Xeique! Repetidas vezes Nós afirmamos que durante vários anos estendemos Nossa ajuda a Sua Majestade o Xá. Durante anos, nenhum incidente desafortunado ocorreu na Pérsia. As rédeas dos fomentadores da sedição entre as várias seitas estavam firmemente presas nas mãos do poder. Ninguém transgrediu seus próprios limites. Por Deus! Este povo nunca foi, nem o é agora, inclinado à maldade. Seus corações são iluminados com a luz do temor a Deus e adornados com o ornamento de Seu amor. A preocupação deles sempre foi, e é agora, o aprimoramento do mundo. O propósito deles é obliterar as diferenças e extinguir a chama do ódio e da inimizade, de modo que toda a terra possa vir a ser vista como um só país.

Por outro lado, os funcionários da Embaixada Persa na Grande Cidade (Constantinopla) buscam com energia e constância exterminar estes injuriados. Uma coisa desejam eles, e Deus deseja outra. Considera agora o que ocorreu aos fidedignos de Deus em todas as terras. Num momento, foram acusados de roubo e furto; noutro, foram caluniados de uma maneira sem paralelo neste mundo. Responde com imparcialidade. Quais poderiam ser os resultados e conseqüências, em países estrangeiros, da acusação de roubo levantada pela Embaixada Persa contra seus próprios súditos? Se este Injuriado envergonhou-Se, não foi por causa da humilhação que ela trouxe a este servo, mas sim por causa da vergonha de ver os embaixadores de países estrangeiros se aperceberem de quão incompetentes e falhos de entendimento são vários eminentes funcionários da Embaixada Persa. “Lança tuas calúnias à face d’Aquele de quem o Deus único e verdadeiro fez os Guardiões dos tesouros de Sua sétima esfera?” Em suma, ao invés de buscarem, como deviam, através d’Aquele que ocupa esta sublime posição, alcançar os mais excelsos graus e obter Seu conselho, eles se esforçaram e estão se empenhando ao máximo em extinguir Sua luz. Contudo, de acordo com o que foi relatado, Sua Excelência o Embaixador Mu’ínu’l-Mulk, Mirza Muhsin Khán - possa Deus ajudá-lo – estava naquela época ausente de Constantinopla. Tais coisas ocorreram porque acreditava-se que Sua Majestade o Xá da Pérsia – possa o Todo-Misericordioso ajudá-lo – estava enfurecido com aqueles que haviam alcançado e circundavam o Santuário da Sabedoria. Deus bem o sabe e dá testemunho de que este injuriado, em todos os tempos, agarrou-se firmemente a tudo o que conduziria à glória tanto do governo como do povo. Deus, em verdade, é Testemunha suficiente.

Descrevendo o povo de Bahá a Mais Sublime Pena assentou estas palavras: “Estes, em verdade, são homens que, se chegados a cidades de ouro puro, não as considerarão; e, encontrando a mais bela e graciosa das mulheres, dela se afastarão.” Assim foi transmitido pela Mais Sublime Pena para o povo de Bahá, por parte d’Aquele que é o Conselheiro, o Onisciente. Nas passagens finais da Epístola a Sua Majestade, o Imperador de Paris (Napoleão III), estas excelsas palavras foram reveladas: “Tu exultas com os tesouros que possuis, sabendo que perecerão? Enalteces-te por reinares sobre um pedaço de terra, quando o mundo todo, na apreciação do povo de Bahá, vale tanto quanto a pupila dos olhos de uma formiga morta? Abandona essas riquezas para aqueles que nelas depositaram suas afeições e volte para Aquele que é o Desejo do mundo.”

Somente Deus – excelsa seja Sua glória – conhece as coisas que sucederam a este Injuriado. Cada dia traz consigo um novo relato de histórias que circulam contra Nós na Embaixada em Constantinopla. Deus Misericordioso! O objeto único de suas maquinações é causar o extermínio deste servo. Eles esquecem, porém, o fato de que a humilhação no caminho de Deus é Minha verdadeira glória. Nos jornais, publicaram o seguinte: “No que diz respeito às negociatas fraudulentas de alguns dos exilados de ‘Akká e aos excessos cometidos por eles contra diversas pessoas etc...” Para aqueles que são os expoentes da justiça e os pontos do alvorecer da eqüidade, a intenção do redator é evidente e claro seu propósito. Em suma, ele intentava infligir-Me tribulações diversas, e tratou-Me com injustiça e crueldade. Por Deus! Este Injuriado não trocaria seu local de exílio pela Mais Sublime Habitação. Na opinião dos homens de discernimento, tudo o que sucede no caminho de Deus é glória manifesta e uma conquista suprema. Nós já dissemos: “Glória a Ti, ó meu Deus! Não fossem as tribulações sofridas em Teu caminho, como poderiam ser reconhecidos aqueles que verdadeiramente Te amam? E não fossem as provações suportadas por amor a Ti, como poderia ser revelada a posição daqueles que por Ti anseiam?

Tal humilhação tem sido infligida que eles, a cada dia, espalham novas calúnias. Este Injustiçado, contudo, mantém-Se em decorosa paciência. Se Sua Majestade o Xá da Pérsia houvesse por bem pedir um relato das coisas que Nos sucederam em Constantinopla, ele ficaria plenamente familiarizado com os verdadeiros fatos. Ó Xá! Eu te suplico por teu Deus, o Deus de Misericórdia, que examines este assunto com os olhos da imparcialidade. Encontrar-se-á um homem justo que possa neste dia julgar de acordo com aquilo que Deus enunciou em Seu Livro? Onde está a pessoa imparcial que irá considerar eqüitativamente o que foi perpretado contra Nós sem quaisquer provas ou sinais claros?

Ó Xeique! Pondera sobre o comportamento dos homens. Os habitantes das cidades de conhecimento e sabedoria estão dolorosamente perplexos, perguntando a si mesmos por que a seita xiita, que se vê como o mais erudito, o mais correto e o mais piedoso de todos os povos do mundo, afastou-se no Dia de Sua Revelação e mostrou uma crueldade tal como nunca antes experimentada. Cabe a ti refletir um instante. Desde o surgimento dessa seita até os dias presentes, quão grande tem sido o número de teólogos que surgiram, nenhum dos quais tornou-se conhecedor da natureza desta Revelação. Qual poderia ter sido a causa dessa obstinação? Fôssemos Nós mencioná-la, seus membros rachar-se-iam. É necessário que eles meditem, meditem durante milhares de anos, a fim de que, por ventura, possam alcançar o orvalho do oceano do conhecimento e descobrissem as coisas das quais estão esquecidos neste dia.

Eu caminhava na Terra de Tá (Teerã) – o alvorecer dos sinais de teu Senhor – quando eis que ouvi o lamento dos púlpitos e a voz de suas súplicas a Deus, abençoado e glorificado seja Ele. Clamavam, dizendo: “Ó Deus do mundo e Senhor das nações! Contemplas nosso estado e a coisas que nos ocorreram devido à crueldade de Teus sevos. Tu nos criaste e nos revelaste para Tua glorificação e louvor. Ouves agora o que os desviados nos proclamam em Teus dias. Por Teu poder! Nossas almas se diluem e nossos membros tremem. Ai de nós, ai de nós! Antes não tivéssemos sido criados e revelados por Ti!”

Os corações daqueles que desfrutam de íntimo acesso a Deus estão por essas palavras, e deles erguem-se os gritos dos que Lhe são devotados. Repetidas vezes, em nome de Deus, Nós admoestamos os eminentes teólogos e os chamamos para o Mais Sublime Horizonte, a fim de que eles eventualmente pudessem, nos dias de Sua Revelação, obter sua porção do oceano da elocução d’Aquele que é o Desejo do mundo e dela não ficarem totalmente privados.

Em grande parte de Nossas Epístolas, esta importantíssima exortação foi transmitida do céu de Sua abrangente misericórdia. Nós dissemos: “Ó assembléia de governantes e teólogos! Inclinai vossos ouvidos à Voz que chama do horizonte de ‘Akká. Em verdade, ela vos ajuda a proceder corretamente e vos aproxima d’Ele, e dirige vossos passos para a posição da qual Deus fez a aurora de Sua Revelação e o Ponto do Alvorecer de Seus esplendores. Ó povos do mundo! Veio Aquele que é o Maior Nome, por parte do Antigo Rei, e anunciou aos homens esta Revelação que jaz oculta em Seu conhecimento e foi preservada no tesouro de Sua proteção, e foi escrita pela Mais Sublime Pena nos Livros de Deus, o Senhor dos Senhores. Ó povo de Shín (Shiraz)! Esquecestes Minha benevolência e Minha misericórdia, que superam todas as coisas criadas e procedem de Deus Aquele que faz curvar-se o pescoço dos homens?”

No Kitáb-i-Aqdas (O Livro Sacratíssimo), o seguinte foi revelado: “Dize: Ó líderes da religião! Não peseis o Livro de Deus com os padrões e ciências correntes entre vós, pois o próprio Livro é a infalível Balança estabelecida entre os homens. Nesta mais perfeita Balança se deve pesar tudo o que os povos e raças da terra possuam, e o peso d’Ela se deve verificar segundo o seu próprio padrão – se apenas o soubéssemos! Os olhos de Minha benevolência pranteiam por vós amargo pranto, porquanto deixastes de reconhecer Aquele a Quem tendes invocado dia e noite, nas auroras e ocasos. Acercai-vos, ó povo, com faces níveas e corações radiantes, do abençoado Lugar carmesim donde a Árvore além da qual não há passagem proclama: ‘Em verdade, não há outro Deus além de Mim, o Protetor Onipotente, O que subsiste por Si Próprio!” Ó líderes da religião na Pérsia! Qual de vós pode rivalizar Comigo em perspicácia ou visão? Onde se encontrará quem se atreva a dizer-se Meu igual em eloqüência ou sabedoria? Não! Por Meu Senhor, o Todo-Misericordioso! Todos na terra hão de perecer, e esta é a face do Teu Senhor, o Onipotente, o Bem-Amado. Decretamos, ó povo, que o objetivo supremo e final de toda a erudição seja o reconhecimento d’Aquele que é o Propósito de todo o conhecimento. Entretanto, vede como permitistes que vossa erudição vos excluísse, qual um véu, d’Aquele que é o Alvorecer desta Luz através de Quem cada coisa oculta se revelou. Dize: Este, verdadeiramente, é o céu no qual o Livro-Mater está entesourado – se apenas compreendêsseis. Ele é Quem fez a Rocha exclamar e a Sarça Ardente erguer a voz sobre o Monte que se ergue acima da Terra Santa, e proclamar: ‘O Reino é de Deus, o Senhor soberano de todos, o Onipotente, o Amoroso!’ Não freqüentamos nenhuma escola nem lemos quaisquer de vossas dissertações. Inclinai ou ouvidos às palavras deste Iletrado, com as quais Ele vos chama a Deus, o Sempiterno. Isso vos é melhor do que todos os tesouros da terra – se apenas o pudésseis compreender. Quem interpreta o que foi anunciado do céu da Revelação e altera o seu significado evidente é, verdadeiramente, dos que deturparam o Verbo Sublime de Deus e, no Livro Lúcido, conta-se entre os perdidos.

E então Nós ouvimos o gemido da verdadeira Fé, e lhe dissemos: “ Por que motivo da verdadeira fé, Eu Te ouço prantear na estação da noite, gemer durante o dia e proferir Tuas lamentações ao nascer do sol?” Ela respondeu: “ Ó Príncipe do mundo, que estás revelado no Mais Sagrado Nome! Os desatentos inutilizaram Tua Camela Branca, fizeram soçobrar Tua Arca Carmesim, e desejaram extinguir Tua Luz e velar a face de Tua Causa. Por este motivo ergueu-se a voz de Minha lamentação , bem como a voz da lamentação de todas as coisas criadas, e , no entanto , a maioria do povo permanece inconsciente”. A verdadeira Fé agarrou-se, neste dia, à barra do manto de Nossa generosidade e circula ao redor de Nossa Pessoa.

Ó Xeique! Entra em Minha presença, para que possas contemplar aquilo que o olho do universo nunca contemplou e ouvir aquilo que o ouvido de toda a criação nunca ouviu, a fim de talvez poderes libertar-te do atoleiro das vãs fantasias e voltares tua face para a Mais Sublime Posição, na qual este Injustiçado clama: “O Reino é de Deus , o Todo-Poderoso, o Todo-Louvado!” Nós de bom grado esperamos que através de teus esforços, as asas dos homens possam ser purificadas da lama do egoísmo e desejo, e tornarem-se dignas de voar a atmosfera do amor de Deus. Asas salpicadas de lama não conseguem alçar vôo. Disso dão testemunho àqueles que são os expoentes da justiça e eqüidade, e o povo, contudo, está em dúvida evidente.

Ó Xeique! Protestos foram proferidos contra Nós de todos os lados – protestos tais que Nossa pena implora perdão por assentá-los .Todavia, graças à Nossa grande misericórdia, Nós respondemos a eles, de acordo com o entendimento dos homens, para que talvez possam libertar-se do fogo da negação e da recusa, e se iluminarem com a luz da afirmação e da aceitação. A eqüidade é raramente encontrada, e a justiça deixou de existir.

Entre outros, estes versos perspícuos foram transmitidos, em resposta a certos indivíduos, do Reino do Divino conhecimento: “ Ó tu que volveste tua face para os esplendores de Meu Semblante! Dúbias fantasias cercaram os habitantes da terra e os impediram de se dirigirem ao Horizonte da Certeza e à sua luminosidade, às suas manifestações e às suas luzes. Vãs imaginações os excluíram d’Aquele que Subsiste por Si Próprio. Falam como se fossem impelidos por seus próprios caprichos, e não compreendem. Em seu meio se encontram aqueles que perguntaram: ‘Foram enviados os versículos?’ Dize: ‘Sim, por Aquele que é o Senhor dos céus!’ ‘Chegou a Hora?’ “ Mais que isso; ela já passou, por Aquele que é o Revelador dos sinais claros! Verdadeiramente, veio o Inevitável, e Ele, o Verdadeiro, apareceu com prova e testemunho. A Planície é revelada, e a humanidade está lastimavelmente aflita e receosa. Terremotos irromperam e as tribos lamentaram, por temor a Deus, o Senhor da Fortaleza, o Predominante. ‘Dize: ‘Ergueu-se o atordoante toque de clarim e o Dia é de Deus, o Uno, o Irrestrito.’ ‘Ocorreu a Catástrofe?’ Dize: ‘Sim, pelo Senhor dos Senhores.’ ‘Veio a Ressurreição?’ ‘Mais que isso; Aquele que é o Subsistente por Si Próprio apareceu com o Reino de Seus sinais.’ ‘Vês tu homens caídos?’ ‘Sim, por meu Senhor, o Excelso, o Altíssimo!’ ‘Foram desenraizados os troncos das árvores?’ “Sim, e ainda mais; as montanhas desfizeram-se em pó; por Ele, o Senhor dos atributos!’ Perguntaram: ‘Onde é o Paraíso, e onde o inferno?’ Dize: ‘Um é a reunião Comigo; o outro, teu próprio ser, ó tu que cria sócios para Deus, ó tu que duvidas!’ Comentam: ‘Não vemos a Balança.’ Dize: ‘Certamente, por meu Senhor, o Deus de Misericórdia! Ninguém a pode ver, senão os dotados de percepção.’ ‘Caíram as estrelas?’ Dize: ‘Sim, quando Aquele que Subsiste por Si Próprio habitava na Terra do mistério (Adrianópolis). Atentai, ó vós que sois dotados de discernimento!’ Apareceram todos os sinais quando retiramos a Mão do Poder do centro da majestade e grandeza. Verdadeiramente, o Conclamador proclamou, quando veio o tempo prometido, e aqueles que reconheceram os esplendores do Sinai desfaleceram no deserto da hesitação, ante a temível majestade de teu Senhor, o Senhor da criação. A trombeta pergunta: ‘O Clarim já soou?’ Dize: ‘Sim, pelo Rei da Revelação! Quando Ele ascendeu ao trono de Seu Nome, o Todo-Misericordioso.’ As trevas foram afugentadas pelos alvoreceres da misericórdia de teu Senhor, a Fonte de toda a luz. Soprou a brisa do Todo-Misericordioso e as almas se vivificaram nos túmulos de seus corpos. Assim foi cumprido o decreto por Deus, o Poderoso, o Benéfico. Os que se haviam desviado perguntaram: ‘Quando os céus se romperam?’ Dize: ‘Quando jazíeis nas sepulturas da desobediência e do erro.’ Entre os desatentos está aquele que esfrega os olhos e mira à direita e à esquerda. Dize: ‘És cego. Não tens refúgio para onde possas fugir.’ E entre eles há um que pergunta: ‘Congregaram-se os homens?’ Dize: ‘Sim, por Meu Senhor! Enquanto tu jazias no berço das vãs fantasias.’ E entre eles está o que pergunta: ‘Transmitiu-se descer o Livro através do poder da verdadeira Fé?’ Dize: ‘A verdadeira Fé está atônita. Temei, ó homens de coração compreensivo.’ E entre eles há o que pergunta: ‘Fui reunido aos outros, às cegas?’ Dize: ‘Sim, por Aquele que cavalga as nuvens!’ O Paraíso está adornado de rosas místicas, e o inferno tornou-se ardente com o fogo dos ímpios. Dize: ‘A luz brilhou do horizonte da Revelação e toda a terra iluminou-se com a vinda d’Aquele que é o Senhor do Dia do Convênio!’ Os que duvidaram pereceram, enquanto prosperava aquele que se voltou, guiado pela luz da convicção, para a Aurora da Certeza. Bem-aventurado és tu, que em Mim fixaste teu olhar, por esta Epístola que se fez descer para ti – uma Epístola que fez elevarem-se as almas dos homens. Tu a deves memorizar e recitar. Por Minha vida! Ela é uma porta para a misericórdia de teu Senhor. Feliz quem a recita ao anoitecer e ao alvorecer. Nós, em verdade, ouvimos teu louvor a esta Causa, através da qual foi esmagada a montanha do conhecimento, e vacilaram os pés dos homens. Que Minha Glória esteja sobre ti e sobre todo aquele que se tenha voltado para o Onipotente, o Todo-Generoso. Terminou a Epístola, mas o tema não se esgotou. Sê paciente, pois teu Senhor é paciente.”

Estes são versículos que enunciaram anteriomente, logo após Nossa chegada à cidade-prisão de ‘Akká, e Nós os enviamos a ti para que possas estar ciente daquilo que as línguas mentirosas falaram quando Nossa Causa chegou-lhes com poder e soberania. Tremeram os alicerces das vãs fantasias e rompeu-se o céu das imaginações ociosas, mas, ainda assim, o povo está em dúvida e discorda d’Ele. Negaram o testemunho de Deus e Sua prova, após Ele ter vindo do céu de poder com o reino de Seus sinais. Rejeitaram o que lhes foi prescrito, e perpetraram o que o Livro lhes proibia. Abandonaram seu Deus e agarraram-se a seus desejos. Eles realmente se desviaram e estão em erro. Lêem os versos e os negam. Contemplam os sinais claros e se afastam. Estão realmente perdidos em estranha dúvida.

Nós advertimos Nossos bem-amados para temerem a Deus um temor que é o manancial de todos os bons atos e virtudes. Ele é o comandante das hostes da justiça na cidade de Bahá. Feliz o homem que se opôs à sombra de seu luminoso estandarte, e a ele agarrou-se firmemente. Esse, em verdade, está entre os Companheiros da Arca Carmesim, que foi mencionada no Qayyúmu’l-Asmá.

Dize: Ó povo de Deus! Adornai vossa fronte com o ornamento da fidedignidade e da devoção. Ajudai, então, vosso Senhor com as hostes dos bons atos e um caráter digno de louvor. Nós vos proibimos a dissensão e o conflito, em Meus Livros, em Minhas Escrituras, em Meus Pergaminhos e em Minhas Epístolas, e com isso nada mais desejamos do que vossa elevação e progresso. Disso dão testemunho os céus com suas estrelas, o sol com seu esplendor, as árvores com suas folhas, os oceanos com suas ondas, e a terra com seus tesouros. Pedimos a Deus que assista Seus bem-amados, e os ajude naquilo que lhes convém nesta abençoada, poderosa e extraordinária posição.

Além disso, em outra Epístola, Nós dissemos: “Ó tu que fixaste teu olhar sobre Minhas feições! Adverti os homens para que temam a Deus. Por Deus! Este temor é o principal comandante do exército de teu Senhor. Suas hostes são um caráter louvável e os bons atos. Através dele abriram-se as cidades do coração dos homens, ao longo das eras e séculos, e os estandartes da ascendência e do triunfo ergueram-se acima de todos os outros estandartes.”

“Nós te mencionaremos agora a Fidedignidade e sua posição na estima de Deus, teu Senhor, o Senhor do Trono Poderoso. Em um dia dos dias, dirigimo-Nos a Nossa Ilha Verde. Ao lá chegarmos, Nós contemplamos o fluir de seus regatos, suas árvores luxuriantes e a luz do sol brincando em seu meio. Volvendo Nossa face à direita, Nós contemplamos aquilo que a pena é incapaz de descrever; nem pode ela relatar aquilo que os olhos do Senhor da Humanidade testemunharam naquele Lugar mais santificado, mais sublime, mais abençoado, mais excelso. Voltando-Nos então para a esquerda, lançamos o olhar sobre uma das Belezas do Mais Sublime Paraíso, que, num pilar de luz, bradava: ‘Ó habitantes da terra e do céu! Contemplai Minha beleza, Meu brilho, Minha revelação, Meu resplendor. Por Deus, o Verdadeiro! Eu sou a Fidedignidade, e sua revelação, e sua beleza. Eu recompensarei todo aquele que se apegar a Mim e reconhecer Meu posto e posição, e firmar-se à orla de Meu manto. Eu sou o maior ornamento do povo de Bahá, e a vestimenta de glória para todos os que estão no reino da criação. Eu sou o supremo instrumento para a prosperidade do mundo, e o horizonte da certeza para todos os seres.’ Assim Nós enviamos para vós aquilo que atrairá os homens para junto do Senhor da criação.”

Este Injustiçado tem, em todos os tempos, convocado os povos do mundo para aquilo que os elevará e os atrairá para junto de Deus. Do Mais Sublime Horizonte irradiou-se aquilo que não deixará a ninguém espaço para vacilação, repúdio ou negação. Os desviados, contudo, deixaram de beneficiar-se; não, só lhes aumentará sua perda.

Ó Xeique! Incumbe aos teólogos unirem-se com Sua Majestade o Xá – possa Deus assisti-lo – e se conservarem fiéis, dia e noite, àquilo que exaltará a posição tanto do governo como da nação. Este povo está assiduamente ocupado em iluminar as almas dos homens e restaurar sua condição. Disso dá testemunho aquilo que foi transmitido pela Mais Sublime Pena nesta lúcida Epístola. Quão freqüentemente as coisas têm sido simples e fáceis de realizar, e, ainda assim, a maioria dos homens têm se mostrado desatentos e se ocupado com aquilo que desperdiça seu tempo!

Um dia, quando em Constantinopla, Kamál Páshá visitou este Injustiçado. Nossa conversa voltou-se para tópicos benéficos ao homem. Ele disse ter diversas línguas. Em resposta, Nós observamos: “Desperdiçaste tua vida. Convém a ti e aos outros funcionários do governo promover uma reunião e escolher uma dentre as diversas línguas, bem como uma das escritas existentes, ou senão criar uma nova língua e uma nova escrita para serem ensinadas às crianças nas escolas de todo o mundo. Deste modo, as crianças estariam aprendendo apenas duas línguas, uma sua própria língua nativa, e a outra, a língua na qual todos os povos do mundo conversariam. Caso os homens aderissem firmemente àquilo que tem sido mencionado, toda a terra viria a ser vista como um só país, e os povos seriam desobrigados e libertados da necessidade de aprender e ensinar diferentes idiomas.” Quando em Nossa presença, ele aquiesceu e até mesmo demonstrou grande alegria e completa satisfação. Nós então lhe dissemos para submeter este assunto aos funcionários e ministros do governo, a fim de que pudesse ser posto em prática nos diferentes países. Contudo, apesar de Ter retornado freqüentemente para ver-Nos depois disso, ele nunca mais se referiu ao assunto, muito embora aquilo que foi sugerido conduza à concórdia e à unidade dos povos do mundo.

De bom grado teríamos esperado que o governo persa o adotasse e promovesse. No presente, uma nova língua e uma nova escrita foram inventadas. Se desejares, Nós as comunicaremos a ti. Nosso propósito é que todos os homens sejam fiéis àquilo que irá reduzir o trabalho e esforço desnecessários, de modo que seus dias possam ser convenientemente vividos e encerrados. Deus, em verdade, é o que Auxilia, o que Sabe, o que Ordena, o Onisciente.

Se for a vontade de Deus, a Pérsia poderá conseguir aquilo de que até agora se viu despojada e com ele adornar-se. Dize: “Ó Xá! Esforça-te para que todos os povos do mundo possam iluminar-se com os refulgentes esplendores do sol de tua justiça. Os olhos deste Injustiçado estão voltados apenas e tão-somente para a fidedignidade, a veracidade, a pureza e tudo o que beneficia os homens.” Não O vejas como um traidor. Glorificado és, ó meu Deus, e meu Mestre, e meu Arrimo! Ajuda Sua Majestade o Xá a executar Tuas leis e Teus mandamentos, e a demonstrar Tua justiça entre Teus servos. Tu és, veramente, o Todo-Generoso, o Senhor de graça abundante, o Onipotente, o Todo-Poderoso. A Causa de Deus veio como um sinal de Sua graça. Felizes são aqueles que agem; felizes são aqueles que compreendem; feliz o homem que se agarra à verdade, desapegado de tudo o que existe nos céus e de tudo o que existe na terra.

Ó Xeique! Busca a margem do Maior Oceano e entra, então, na Arca Carmesim que Deus ordenou no Qayyúmu’l-Asmá para o povo de Bahá. Verdadeiramente, ela passa sobre a terra e o mar. Aquele que nela entra está salvo, e quem dela se afasta perece.

Se nela entrares e alcançares, volta tua face para a Kaaba de Deus, o Auxílio no Perigo, o que Subsiste por Si próprio, e dize: “Ó meu Deus! Eu Te suplico por Tua mais gloriosa luz, e todas as Tuas luzes são veramente gloriosas.” E então irão as portas do Reino abrir-se ante tua face e contemplarás aquilo que os olhos nunca contemplaram e ouvirás aquilo que os ouvidos nunca escutaram. Este Injuriado te exorta como já te exortou antes, sem nunca ter para ti desejo outro que o de entrares no oceano da unidade de Deus, o Senhor dos mundos. Este é o dia em que todas as coisas criadas clamam e anunciam aos homens esta Revelação, através da qual surgiu aquilo que estava oculto e preservado no conhecimento de Deus, o Poderoso, o Todo-Louvado.

Ó Xeique! Tu ouviste as doces melodias das Pombas da Elocução chilreando nos ramos da Divina Árvore do conhecimento. Ouve agora, atentamente, as notas dos Pássaros da Sabedoria celebrando no Mais Sublime Paraíso. Eles, de fato, irão familiarizar-se com as coisas das quais eras totalmente inconsciente. Dá ouvidos àquilo que a Língua de Fortaleza e Poder falou nos Livros de Deus, o Desejo de todo coração compreensivo. Neste momento uma Voz ergueu-se da Árvore Divina além da qual não há passagem, no coração do Mais Sublime Paraíso, ordenando-Me relatar a ti o que foi enunciado nos Livros e Epístolas, e as coisas ditas por Meu Precursor, que ofereceu Sua vida por este Grande Anúncio, este Caminho Reto. Ele disse – e Ele realmente fala a verdade: “Eu escrevi em Minha menção d’Ele estas palavras preciosas: ‘Nenhuma alusão Minha pode aludir a Ele, nem coisa alguma mencionada no Bayán.’ “ E mais ainda Ele –excelso e glorificado seja – disse, referindo-Se a esta poderosíssima Revelação, este Grande Anúncio: “Excelso e glorificado é Ele acima do poder de qualquer um de revelá-Lo, exceto Ele mesmo, ou da descrição de quaisquer de Suas criaturas. Eu próprio nada sou senão o primeiro servo a acreditar n’Ele e em Seus Sinais, e a participar dos doces sabores de Suas palavras desde as primícias do paraíso de Seu conhecimento. Sim, por Sua glória! Ele é a Verdade. Não há outro Deus além d’Ele. Tudo se ergueu por Seu comando.” Tais são as palavras cantadas pela Pomba da Verdade nos ramos da Divina Árvore Celestial. Bem-aventurado aquele que deu ouvidos à sua Voz, e sorveu dos oceanos da Divina elocução que repousa oculta em cada uma destas palavras. Noutro contexto, a Voz do Bayán bradou dos mais altos ramos. Ele – abençoado e glorificado seja – disse: “No ano nono, alcançareis todo o bem.” Em outra ocasião, Ele disse: “No ano nono, chegareis à Presença de Deus.” Estas melodias, pronunciadas pelos Pássaros das cidades do Conhecimento, harmonizam-se com o que foi enunciado pelo Todo-Misericordioso no Alcorão. Abençoados são os homens de discernimento; abençoados aqueles que lá chegam.

Ó Xeique! Eu juro por Deus! O Rio da Misericórdia flui, encapela-se o Oceano da Elocução e o Sol da Revelação brilha resplandecente. Com um coração desapegado, o peito dilatado e uma língua verdadeiramente confiável, recita estas sublimes palavras que foram reveladas por Meu Predecessor – o Ponto Primaz. Ele diz – glorificada seja Sua elocução – dirigindo-se ao honrado ‘Azím: “Esta, verdadeiramente, é a coisa que Nós te prometemos, antes do momento em que Nós respondemos ao teu chamado. Espera até que o nove tenha transcorrido do tempo do Bayán. Então exclama: ‘Abençoado, pois, seja Deus, o mais excelente dos Criadores!’ Dize: Este, verdadeiramente, é um Anúncio que ninguém, exceto Deus, compreendeu. Vós, contudo, sereis inconscientes naquele dia.” No ano nono, esta Suprema Revelação ergueu-se e brilhou resplandecente acima do horizonte da Vontade de Deus. Ninguém pode negá-la, salvo aquele que é desatento e duvida. Oramos a Deus para que ajude Seus servos a retornarem a Ele, e pedimos perdão pelas coisas que eles cometeram nesta vida vã. Ele, verdadeiramente, é o Perdoador, o Indulgente, o Todo-Misericordioso. Noutro contexto, Ele disse: “Eu sou o primeiro servo a acreditar n’Ele e em Seus sinais.” Do mesmo modo, no Bayán persa, Ele diz: ‘Ele, em verdade, é Aquele que, sob todas as condições, proclama: ‘Eu verdadeiramente sou Deus!’ “e assim por diante – abençoado e glorificado seja Ele. O que se entende por Divindade e Deidade já foi explicado anteriormente. Nós, em verdade, rompemos os véus e desvendamos aquilo que irá atrair os homens para junto de Deus, Quem faz curvar-se o pescoço dos homens. Feliz o homem que alcançou a justiça e a eqüidade nesta Graça que abrange tudo o que existe nos céus e tudo o que existe na terra, conforme ordenado por Deus, o Senhor dos mundos.

Ó Xeique! Ouve atentamente as melodias do Evangelho com o ouvido da imparcialidade. Ele disse – glorificada seja Sua elocução – profetizando as coisas que estão por vir: “Mas daquele Dia e Hora nada sabe homem algum, não!, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas só o Pai.” Por Pai, neste contexto, entende-se Deus – excelsa seja Sua Glória. Ele, em verdade, é o Verdadeiro Educador, o Mestre Espiritual.

Joel diz: “Sim, o Dia do Senhor é grandioso e temível! Quem o poderá suportar?” Primeiramente, na sublime elocução registrada no Evangelho, Ele disse que ninguém está ciente do tempo da Revelação, que ninguém a conhece exceto Deus, o Sapientíssimo, O que tem conhecimento de tudo. Em segundo lugar, Ele proclama a grandeza da Revelação. Do mesmo modo, no Alcorão Ele diz: ‘O que perguntais uns aos outros? Do Grande Anúncio.” Este é o Anúncio, cuja grandeza foi mencionada na maioria dos Livros de antanho e de tempos mais recentes. Este é o Anúncio que fez tremerem os membros da humanidade, exceto daqueles a quem Deus, o Protetor, o Auxiliador, o Amparo, desejou isentar. Os homens, de fato, testemunharam com seus próprios olhos como todos os homens e todas as coisas foram lançados em confusão e amarga perplexidade, exceto aqueles a quem Deus escolheu isentar.

Ó Xeique! Grande é a Causa, e grande o Anúncio! Com calma e paciência, pondera sobre os sinais resplandecentes e as palavras sublimes, e tudo o que foi revelado nestes dias, para que possas sondar os mistérios que jazem ocultos nos Livros, e possas esforçar-te para guiar Seus servos. Ouve atentamente com teu ouvido interior a Voz de Jeremias, que diz: “Ah, pois grande é o Dia, e não tem igual.” Fosses tu observar com os olhos da imparcialidade, perceberias a grandeza do Dia. Volve teus ouvidos à Voz deste Conselheiro Onissapiente e não consintas em te privares da misericórdia que transcende todas as coisas criadas, visíveis e invisíveis. Ouve o cântico de Davi. Ele diz: “Quem me trará à Cidade Forte?” A Cidade Forte é ‘Akká, que foi chamada a Maior Prisão, e possui uma fortaleza e potentes baluartes.

Ó Xeique! Examina o que falou Isaías em Seu Livro. Ele diz: “Subi a uma alta montanha, para anunciar a boa nova a Sião; elevai com força a voz, para anunciar a boa nova a Jerusalém. Elevai a voz sem receio, dizei às cidades de Judá: ‘Eis Teu Deus! Eis o Senhor Deus que vem com poder, estendendo os braços soberanamente.’” Neste Dia, todos os sinais apareceram. Uma Grande Cidade desceu do céu, e Sião tremeu e exultou de alegria à Revelação de Deus, pois ouviu a Voz de Deus de todos os lados. Neste Dia, Jerusalém alcançou um novo Evangelho, pois no local do sicômoro ergueu-se o cedro. Jerusalém é o local de peregrinação para todos os povos do mundo, e foi chamada Cidade Santa. Junto com Sião e Palestina, todos esses lugares nestas regiões. Por isso foi dito: “Abençoado é o homem que migrou para ‘Akká.”

Amós disse: “O Senhor rugirá de Sião, e trovejará de Jerusalém, os prantos dos pastores estarão de luto, o topo do Carmelo secará.” O Carmelo, no Livro de Deus, foi designado como a Colina de Deus e Seu Vinhedo. É aqui que, pela graça do Senhor da Revelação, o Tabernáculo da Glória foi erguido . Felizes são aqueles que o alcançam; felizes aqueles que volvam o rosto em sua direção. E do mesmo modo Ele diz: “Nosso Deus virá, e Ele não virá em silêncio.”

Ó Xeique! Reflete sobre estas palavras dirigidas a Amós por Aquele que é o Desejo do mundo. Ele diz: “Prepara-te, Israel, para sair ao encontro de teu Deus! Porque aquele que formou os montes e criou o vento, aquele que revela ao homem seus próprios pensamentos, e que muda as manhãs em trevas, e que anda por cima das alturas da terra, o seu nome é o Senhor, o Deus dos Exércitos.” Ele disse que Deus faz das manhãs trevas. Por isso entende-se que se, no tempo da Manifestação d’Aquele que conversou no Sinai, alguém viesse a considerar-se a verdadeira alvorada, seria transformado, pela força e poder de Deus, em escuridão. Esse alguém seria na realidade a falsa alvorada, embora acreditasse ser a verdadeira. Infeliz dele, e infelizes daqueles que o seguem sem um claro sinal vindo de Deus, o Senhor dos mundos.

Isaías disse: “Somente o Senhor será exaltado naquele Dia.” Com relação à grandeza da Revelação, Ele disse: “Entrai na pedra, e escondei-vos no pó, por temor ao Senhor, e pela glória de Sua majestade.” E, noutro contexto, Ele diz: “O ermo e o local solitário se alegrarão por eles; e o deserto se rejubilará e florescerá como a rosa. Florescerá abundantemente e se rejubilará com alegria e cânticos: a glória do Líbano ser-lhes-á dada, o esplendor do Carmelo e de Sharon, verão a glória do Senhor e o esplendor de nosso Deus.”

Estas passagens não carecem de comentário algum. São brilhantes e manifestadas como o sol, claras e luminosas como a própria luz. Toda pessoa de mente imparcial é levada, pela fragrância destas palavras, ao jardim do entendimento e alcança o que está velado e proibido à maioria dos homens. Dize: temei a Deus, ó povo, e não sigais as dúvidas daqueles que bradam em altas vozes, que quebraram o Convênio de Deus e Seu Testamento, e negaram Sua misericórdia que precedeu tudo o que existe nos céu se tudo o que existe na terra.

E do mesmo modo Ele diz: “Diz àqueles cujo coração é temeroso: sede fortes, não temais, contemplai vosso Deus.” Este verso abençoado é uma prova da grandeza da Revelação, e da grandeza da Causa, porquanto o clamor da trombeta precisa necessariamente espalhar a confusão pelo mundo todo, e o medo e o tremor entre todos os homens. Bem-aventurado aquele que foi iluminado com a luz da confiança e do desapego. As tribulações daquele Dia não o retardarão em alarmá-lo-ão. Assim falou a Língua da Elocução, conforme ordenado por Aquele que é o Todo-Misericordioso. Ele, em verdade, é o Forte, o Todo-Poderoso, o Todo-Dominador, o Onipotente. Incube agora aos que são dotados de ouvidos e de olhos que vêem ponderar sobre estas sublimes palavras, em cada uma das quais ocultam-se os oceanos do significado e explicação interiores, a fim de que as palavras pronunciadas por Aquele que é o Senhor da Revelação possam permitir que Seus servos alcancem, com a máxima alegria e esplendor, o Objetivo Supremo e o Mais Sublime Pico – o ponto do alvorecer desta Voz.

Ó Xeique! Se acaso percebesses, mesmo que tão infimamente quanto um buraco da agulha, os sopros de Minha elocução, abandonarias o mundo e tudo o que tão infimamente quanto um buraco da agulha, os sopros de Minha elocução, abandonarias o mundo e tudo o que nele existe, e volverias tua face na direção das luzes do semblante do Desejado. Em suma, nas palavras d’Aquele que é o Espírito (Jesus), jazem ocultas incontáveis significações. A muitas coisas Ele fez referência, mas como não encontrou ninguém que possuísse ouvidos que ouvem e olhos que vêem, Ele optou por ocultar a maioria dessas coisas. Ele chegou mesmo a dizer: “Mas vós não as suportaríeis agora.” Aquele Ponto do Alvorecer da Revelação disse que, naquele Dia, o Prometido revelaria as coisas que estão por vir. É por isso que no Kitáb-i-Aqdas, nas Epístolas aos Reis, no Lawh-i-Ra’ís e no Lawh-i-Fu’ád, a maioria das coisas que se passaram nesta terra foram anunciadas e profetizadas pela Mais Sublime Pena.

No Kitáb-i-Aqdas, o seguinte foi revelado: “Que nada te entristeça, ó Terra do Tá (Teerã), pois Deus te escolheu como a fonte de júbilo para toda a humanidade. Ele, se for Sua Vontade, te haverá de abençoar o trono com alguém que governará com justiça, que reunirá o rebanho de Deus que os lobos dispersaram. Tal governante, com júbilo e contentamento, se volverá ao povo de Bahá e lhe concederá os seus favores. Deveras, para Deus ele é uma jóia entre os homens. Que sobre ele repousem eternamente a glória de Deus e a glória de todos os que habitam no reino da Sua revelação.” Estes versos foram revelados anteriormente. Agora, contudo, o seguinte verso foi enunciado. “Ó Deus, meu Deus! Bahá Te suplica e Te implora, pelas luzes de Teu semblante, pelas vagas do oceano de Tua revelação, pelos radiosos esplendores do Sol de Tua elocução, para que ajudes o Xá a ser justo e eqüitativo. Se for Teu desejo, abençoa, através dele, o trono da autoridade e soberania. Potente és Tu para fazer o que Te apraz. Não existe outro Deus além de Ti, O que ouve, O que está pronto a responder.” “Regozija-te com grande júbilo, ó Terra do Tá (Teerã), porque Deus te fez ser a aurora de Sua luz, pois em ti nasceu a Manifestação de Sua glória. Alegra-te por esse nome que te foi conferido – um nome pelo qual o Sol da graça difundiu seu esplendor e tanto a terra como o céu se iluminaram. E em breve o estado das coisas em teu meio mudará, e as rédeas do poder cairão nas mãos do povo. Verdadeiramente, teu Senhor é o Onisciente. Sua autoridade tudo abrange. Está segura dos generosos favores de Teu Senhor. Eternamente o olhar se Sua benevolência se dirigirá a ti. Aproxima-se o dia no qual a tua agitação se transmutará em paz e serena tranqüilidade. Assim foi decretado no Livro Maravilhoso.”

E do mesmo modo na Lawh-i-Fu’ád, na Epístola ao Rei de Paris (Napoleão III) e em outras Epístolas, foi revelado o que fará toda mente imparcial dar testemunho do poder, majestade e sabedoria de Deus – excelsa seja Sua glória. Se observassem com os olhos da justiça, os homens perceberiam o segredo deste verso abençoado: “E não existe grão no seio da terra escura ou coisa alguma, seca ou verde, que não esteja registrada no Livro evidente”, o compreenderiam. Neste dia, contudo, seu repúdio à verdade impediu-os de compreender aquilo que foi realmente transmitido por Aquele que é o Revelador, o Ancião dos Dias. Deus Misericordioso! Sinais perspícuos apareceram em todo lado, e ainda assim os homens estão, em sua maior parte, privados do privilégio de contemplá-los e compreendê-los. Suplicamos a Deus que conceda Sua ajuda, a fim de que todos os homens possam reconhecer as pérolas que jazem ocultas dentro das conchas do Maior Oceano, e exclamar: “Louvado sejas Tu, ó Deus do mundo!”

Ó assembléia de mentes imparciais! Observai e refleti sobre as vagas do oceano da elocução e conhecimento de Deus, para que possais dar testemunho, com Tua língua interior e Tua língua exterior, de que com Ele está o conhecimento. Ele, em verdade, manifestou o que estava oculto, quando Ele, em Seu retorno, subiu ao trono do Bayán. Tudo aquilo que foi anunciado aconteceu e acontecerá, palavra por palavra, sobre a terra. A ninguém é deixada a possibilidade de afastar-se ou protestar. Como a integridade, porém, está desonrada e oculta, a maioria dos homens fala como que impelida por suas próprias vãs fantasias.

Ó Deus, meu Deus! Não priveis Teus servos de voltarem a face na direção da luz da certeza, a qual despontou acima do horizonte de Tua vontade, e não consintas que eles sejam excluídos, ó meu Deus, dos oceanos de Teus sinais. Eles, ó meu Deus, são Teus servos em Tuas cidades, e Teus escravos em Tuas terras. Se Tu não tiveres misericórdia por eles, quem então irá mostrar-lhes misericórdia? Toma, ó meu Deus, as mãos daqueles que se afogaram no mar das vãs fantasias, e livra-os por Teu poder e soberania. Salva-os, então, com os braços de Tua potência. És poderoso para fazer o que desejas, e em Tua mão direita estão as rédeas de tudo o que existe nos céus e de tudo o que existe na terra.

Do mesmo modo, disse o Ponto Primaz: “Contemplai-O com Seus próprios olhos. Fosseis vós contemplá-Lo com os olhos de outrem, nunca O reconheceríeis e nunca O conheceríeis.” Isto a nada mais se refere do que a esta Suprema Revelação. Bem-aventurados aqueles que julgam com imparcialidade. E igualmente Ele disse: “O embrião de um ano que guarda dentro de si as potencialidades da Revelação que está por vir é dotado de uma potência superior às da forças combinadas de todo o Bayán.” Estas boas novas do Bayán e dos Livros de outrora têm sido repetidamente mencionadas sob diversos nomes em numerosos livros, a fim de que os homens possam julgar eqüitativamente aquilo que se ergueu e brilhou acima do horizonte da vontade de Deus, o Senhor do Trono Poderoso.

Ó Xeique! Dize ao povo do Bayán: “Ponderai sobre estas palavras abençoadas. Ele diz: ‘Todo o Bayán é apenas uma folha entre as folhas de Seu Paraíso.’ Sede justos, ó povo, e não sejais dos que estão contados como perdidos no Livro de Deus, o Senhor dos mundos.” A abençoada Árvore Celestial permanece, neste dia, ante tua face, carregada de frutos celestiais, de frutos novos e maravilhosos. Contempla-a, desapegado de tudo o mais exceto dela. Assim falou a Língua de força e poder neste Lugar que Deus adornou com os passos de Seu Maior Nome e Poderoso Anúncio.

E do mesmo modo, Ele diz: “Antes que nove (anos) tenham se passado desde o surgimento desta Causa, a realidade das coisas criadas não se fará manifesta. Tudo o que vistes até agora nada mais foi que o estágio do embrião úmido até Nós o revestirmos com carne. Sede pacientes, até contemplardes uma nova criação. Dize: ‘Abençoado, portanto, seja Deus, o mais excelente dos Criadores!’” E do mesmo modo Ele disse, referindo-Se ao poder desta Revelação: “ Legítimo é para Aquele a Quem Deus fará manifesto rejeitar quem for grande na terra, pois este é apenas uma criatura em Suas mãos, e todas as coisas O adoram. Após o Hín (68), uma Causa ser-vos-á dada e vireis a conhecê-la.” E também disse Ele: “Sabei com absoluta certeza, e através de decreto firmemente estabelecido e absolutamente irrevogável, que Ele – excelsa seja Sua glória, exaltado seja Seu poder, santificada seja Sua divindade, glorificada seja Sua grandeza e louvados sejam Seus caminhos – faz cada coisa tornar-se conhecida através de seu próprio ser; quem pode então conhecê-lo através de outro que não Ele Próprio?” E ainda mais, Ele diz – excelso e glorificado seja: “Acautelai-vos, acautelai-vos para que nos dias de Sua Revelação o Váhid do Bayán (as dezoito Letras do Vivente) não vos excluam d’Ele como que por um véu, porquanto este Váhid é apenas uma criatura em Seu olhar. E acautelai-vos, acautelai-vos para que as palavras transmitidas no Bayán não vos excluam d’Ele, como que por um véu.” E mais uma vez Ele – excelso seja – diz: “Não O olheis com outros olhos que não os d’Ele Próprio. Pois todo aquele que O olha com Seus olhos, O reconhecerá; caso contrário, será velado d’Ele. Se buscardes Deus e Sua Presença, buscai-O e contemplai-O .” E do mesmo modo Ele diz: “Melhor é para vos recitardes que penas um dos versos d’Aquele a Quem Deus fará manifesto do que registrardes todo o Bayán, pois naquele Dia aquele único verso poderá salvar-vos, enquanto todo o Bayán não vos salvará.”

Dize: Ó povo do Bayán! Sede justos, sede justos; e repito, sede justos, sede justos. Não sejais daqueles que fizeram menção da Manifestação da Causa de Deus à luz do dia e na estação da noite, e que, quando Ele, através de Sua graça, apareceu, e quando o Horizonte da Revelação iluminou-se, pronunciaram contra Ele um julgamento tal que provocou as lamentações dos habitantes do Reino e do Domínio de Glória e daqueles que circulavam ao redor da vontade de Deus, o Onisciente, o Sapientíssimo.

Medita sobre estas sublimes palavras. Ele disse: “Eu, em verdade, acredito n’Ele e em Sua Fé, e em Seu Livro, e em Seus Testemunhos, e em Seus Caminhos, e em tudo o que a esse respeito procede d’Ele. Eu me glorifico em Minha similaridade com Ele e orgulho-Me de Minha crença n’Ele.” E do mesmo modo Ele diz: “Ó congregação do Bayán e todos os que nela estão! Reconhecei os limites impostos a vós, pois Aquele que é o próprio Ponto do Bayán acreditou n’Aquele que Deus fará manifesto, antes que todas as coisas fossem criadas. Nisso, em verdade, Eu Me glorifico ante todos os que estão no reino do céu e da terra.” Por Deus! Todos os átomos do universo gemem e lamentam diante da crueldade perpretada pelos intransigentes dentre o povo do Bayán. Para onde foram aqueles que estão imbuídos de discernimento e escuta? Nós suplicamos a Deus – abençoado e glorificado seja Ele – para que os convoque e os exorte àquilo que lhes será proveitoso, afastando-os do que lhes será prejudicial. Ele, em verdade, é o Forte, o Todo-Dominador, o Todo-Poderoso.

E do mesmo modo, Ele diz: “Não consintais que vos excluam de Deus, como que por um véu, depois de ter-Se Ele revelado. Pois tudo o que foi exaltado no Bayán nada mais é que um anel em Minha mão e Eu Próprio sou, em verdade, nada mais que um anel na mão d´Aquele a Quem Deus fará manifesto – glorificada seja Sua menção! Ele o gira como Lhe apraz, para o que quer que Lhe agrade, e através de tudo o que Lhe agrada. Ele, em verdade, é o Amparo no Perigo, o Altíssimo.” E do mesmo modo Ele diz: “Fosse Ele fazer de cada homem na terra um Profeta, todos, em verdade, seriam contados como Profetas aos olhos de Deus.” E do mesmo modo, Ele diz: “No dia da revelação d‘Aquele a Quem Deus fará manifesto, todos os que habitam a terra serão iguais aos Seus olhos. Todo aquele a quem Ele ordenou como Profeta, em verdade tem sido um Profeta desde o início que não tem início, e assim permanecerá até o fim que não tem fim, pois este é um ato de Deus. E todo aquele que é feito por Ele um Representante, será um Representante em todos os mundos, pois este é um ato de Deus. Pois a vontade de Deus não pode ser de modo algum revelada, exceto através de Sua vontade, nem Seu desejo ser manifestado, salvo por Seu desejo. Ele, verdadeiramente, é o Conquistador, o Todo Poderoso, o Altíssimo.”

Em suma, Ele afirmou em todas as ocasiões aquilo que conduz à conversão, ao progresso, à elevação, e à orientação dos homens. Alguns poucos injustos, contudo, tornaram-se um véu, uma barreira insuperável, e impediram o povo de voltar-se na direção das luzes de Seu Semblante. Oramos a Deus para que, com Sua soberania, os afaste e os domine com Seu poder dominador. Ele, veramente, é o Senhor de Força, o Poderoso, o Onisciente.

E do mesmo modo Ele diz: “Ele – glorificada seja a menção de Seu Nome – parece-Se ao sol. Acaso incontáveis espelhos fossem colocados diante do sol, cada um iria, de acordo com sua capacidade, refletir seu esplendor; e mesmo que nenhum espelho fosse colocado diante dele, o sol ainda continuaria a erguer-se e se pôr, e os espelhos apenas seriam velados de sua luz. Eu, em verdade, não deixei de cumprir Meu dever de admoestar aquele povo e imaginar meios pelos quais eles pudessem voltar-se para Deus, seu Senhor, e acreditar em Deus, seu Criador. Se, no dia de Sua Revelação, todos os que estão na terra prestarem-Lhe submissão, Meu mais íntimo ser rejubilar-Se-á, desde que todos tenham atingido o cume de suas existências, tenham sido levados face a face com seu Amado, e tenham reconhecido, no mais alto grau possível no mundo do ser, o esplendor d’Aquele que é o Desejo de seus corações. Do contrário, Minha alma ficará de fato entristecida. Eu, verdadeiramente, nutri todas as coisas para este propósito. Como, portanto, poderia alguém estar afastado d’Ele? Por isso roguei a Deus e continuarei a recorrer a Ele. Em verdade, Ele está ao alcance, prestes a responder.”

E do mesmo modo, Ele diz: “Chegarão mesmo a recusar àquela Árvore, que não é do Oriente nem do Ocidente, o nome de fiel, pois fossem eles assim O chamar, deixariam de entristecê-Lo.” Acaso teus ouvidos, ó mundo, ouviram com que desamparo estas palavras foram reveladas a partir da alvorada da vontade d’Aquele que é o Ponto do Alvorecer de todos os nomes? Ele disse, “Eu eduquei todos os homens para que eles pudessem reconhecer esta Revelação, e, ainda assim, o povo do Bayán se recusa sequer a conhecer o nome de fiel àquela abençoada Árvore que não pertence nem ao Oriente nem ao Ocidente” Ai de mim, ai de mim, pelas coisas que Me ocorreram! Por Deus! Ocorreu a Mim, às mãos daquele a quem nutri (Mirza Yahyá), de dia e à noite, o que fez lamentarem-se o Santo Espírito e os habitantes do Tabernáculo da Grandeza de Deus, o Senhor deste Dia miraculoso.

Do mesmo modo, refutando certos descrentes Ele diz: “Pois ninguém conhece a hora da Revelação exceto Deus. Onde quer que surja o Ponto da Verdade, todos devem reconhecê-lo e render graças à Deus.” Aqueles que se afastaram de Mim falaram tal como falavam os seguidores de João (São João Batista). Pois também eles protestaram contra Aquele que era o Espírito (Jesus), dizendo: “A dispensação de João ainda não terminou; de onde vens tu?” E também agora, os que Nos repudiaram, embora nunca Nos houvessem conhecido e tivessem sido em todos os tempos ignorantes dos pontos fundamentais desta Causa, sem saber de Quem ela procedia ou o que ela significa, falaram coisas que fizeram suspirar e lamentar-se todas as coisas criadas. Por Minha vida! O mundo nunca poderá confrontar-se com Aquele que encarna em Si Próprio o reino da elocução. Temei a Deus, ó povo, e perscrutai então a verdade que foi enunciada no oitavo Capítulo do sexto Váhid do Bayán, e não sejais dos que se afastaram. Ele, do mesmo modo, ordenou: “Uma vez a cada dezenove dias este Capítulo deve ser lido, para que não sejam velados, no tempo da revelação d’Aquele a quem Deus fará manifesto, por considerações alheias aos versos, os quais foram, e ainda são, as mais bem fundadas provas e testemunhos.”

João, filho de Zacarias, disse o que Meu Predecessor falou: “Dize, arrependei-vos, pois o Reino do céu está próximo. E, na verdade, Eu vos batizo com a água do arrependimento, mas Aquele que virá depois de Mim é mais poderoso do que Eu, e Suas sandálias Eu não sou digno de calçar.” Por isso, meu Predecessor, como sinal de submissão e humildade, disse: “Todo o Bayán é apenas uma folha dentre as folhas de Seu Paraíso. E do mesmo modo Ele disse: “Eu sou o primeiro a adorá-Lo, e orgulho-Me de Minha similaridade com Ele.” E contudo, ó homens, o povo do Bayán agiu de maneira tal que Dhi’l-Jawshan, Ibn-i-Anas e AsBahá buscaram, e ainda buscam, refúgio em Deus contra seus atos. Este Injuriado, em face de todas as religiões, ocupou-Se dia e noite com as coisas que conduzem ao enaltecimento da Causa de Deus, enquanto aqueles homens apegaram-se ao que é causa de dor e humilhação.

E do mesmo modo, Ele diz: “Reconhecei-O por Seus versos. Quanto maior Tua negligência em buscar conhecê-Lo, tão mais dolorosamente estarei vendados no fogo.” Ó vós dentre o povo do Bayán que vos afastastes de Mim! Ponderai sobre estas sublimes palavras, que procedem do manancial da elocução d’Aquele que é o Ponto do Conhecimento. Ouvi atentamente, neste momento, estas palavras. Ele diz: “Naquele Dia, o Sol da Verdade dirigir-se-á ao povo do Bayán e recitará esta Sura do Alcorão: ‘Dize: ó incrédulos! Eu não adoro o que vós adorais, e vós não adorais o que Eu adoro. Eu nunca adorarei aquilo que adorais, nem vós adorareis aquilo que eu adoro. Para vós, Tua religião; para Mim, Minha religião.’” Deus de bondade! Apesar destas lúcidas afirmações e destes sinais brilhantes e luminosos, todos se ocupam com suas vãs imaginações e estão inconscientes do Desejado, velados d’Ele. Ó vós que vos desviastes! Despertai do sono da desatenção e daí ouvidos a estas palavras de Meu Predecessor. Ele diz: “A árvore da afirmação, ao afastar-se d’Ele, é contada como a árvore da afirmação, ao afastar-se d’Ele, é contada como a árvore da negação, e a árvore da negação, ao voltar-se para Ele, é contada como a árvore da afirmação.” E do mesmo modo, Ele diz: “Caso alguém reivindique uma Revelação e deixe de produzir qualquer prova, não protesteis e não O entristeçais.” Em suma, este Injuriado, noite e dia, tem estado a pronunciar as palavras: “Dize: Ó incrédulos!”, a fim de que esse possa ser o meio de despertar o povo e adorná-lo com o ornamento da imparcialidade.

E agora, medita sobre estas palavras, que difundem o sopro do desespero, em Sua dolorosa invocação a Deus, o Senhor dos mundos. Ele diz: “Glorificado sejas Tu, ó Meu Deus! Dá-Me testemunho de que, através deste Livro, Eu faço um convênio com todas as coisas criadas a respeito da Missão d’Aquele a quem Tu farás manifesto, antes que o convênio a respeito de Minha própria Missão tenha sido estabelecido. Hábil testemunha és Tu e aqueles que acreditaram em Teus sinais. Tu, em verdade, me bastas. Em ti depus Minha confiança e Tu, veramente, controlas todas as coisas.”

Em outro contexto, Ele diz: “Ó Espelhos semelhantes ao Sol! Olhai para o Sol da Verdade. Vós, em verdade, dependeis dele, se o pudésseis perceber. Sois, todos vós, como peixes que se movem vendados nas águas do mar e contudo perguntando do quê dependeis.” E do mesmo modo Ele diz: “Queixo-Me a vós, ó Espelho de Minha generosidade, de todos os outros Espelhos. Todos eles olham para Mim através de suas próprias cores.” Estas palavras foram enviadas da Fonte da Revelação do Supremo Doador, e foram dirigidas ao Siyyid Javád, conhecido como Karbilá’í. Deus testifica, e o mundo dá-Me testemunho, de que esse Siyyid deu apoio a este Injuriado e até mesmo escreveu uma detalhada contestação contra aqueles que se afastaram de Mim. Duas comunicações, além disso, nas quais ele deu testemunho da Revelação do Verdadeiro e nas quais são claras e manifestas as evidências de seu afastamento de tudo o mais exceto d’Ele, foram enviadas por Nós a Haydar-‘Alí. A caligrafia do Siyyid é inconfundível, e de todos conhecida. Nosso propósito, com isso, era fazer com que aqueles que nos negaram pudessem alcançar as águas vivas do reconhecimento, e aqueles que se afastaram se iluminarem com a luz da conversão. Deus é Minha testemunha de que este Injuriado não teve outro propósito senão o de transmitir a Palavra de Deus. Abençoados os de mente imparcial, e infelizes os que se desviaram. Os que se afastaram de Mim conspiraram muitas vezes, e agiram fraudulentamente de modos diversos. Eles, em certa ocasião, apoderaram-se de uma fotografia desse Siyyid e a colaram numa folha, junto com as de outros, encimada pelo retrato de Mirza Yahyá. Em suma, lançaram mão de todos os meios para repudiar o Verdadeiro. Dize: “Veio o Verdadeiro, evidente como o sol fulgurante; ó, lástima Ter Ele vindo à cidade dos cegos!” O Siyyid acima mencionado advertiu os negadores e convocou-os ao Mais Sublime Horizonte, mas fracassou em impressionar aquelas pedras que não aceitam impressão. Contra ele tantas coisas disseram que ele buscou refúgio em Deus – excelsa seja Sua glória. As súplicas que ele enviou a esta Corte Sagrada estão agora em Nosso poder. Felizes são os de mente imparcial.

Pondera agora sobre a queixa do Ponto Primaz contra os Espelhos, a fim de que os homens possam ser despertados e voltarem-se da mão esquerda das fantasias e imaginações ociosas para a mão direita da fé e da certeza, e possam vir a conhecer aquilo do qual estão velados. Foi, na verdade, com o propósito de reconhecer esta Grande Causa que eles saíram do mundo da não-existência para o mundo do ser. E do mesmo modo Ele disse: “Consagra a Ele, ó meu Deus, a totalidade desta Árvore, para que dela possam ser revelados todos os frutos nela criados por Deus para Aquele através de Quem Deus desejou revelar tudo o que Lhe agrada. Por Tua glória! Eu nunca desejei que esta Árvore viesse a ter qualquer ramo, folha ou fruto que deixassem de curvar-se ante Ele, no dia de Sua Revelação, ou que se recusassem a louvar-Te através d’Ele, como convém à glória de Sua gloriosa Revelação e à sublimidade de Seu sublime Ocultamento. E se contemplares, ó meu Deus, qualquer ramo, folha ou fruto de Mim que tenha deixado de curvar-se ante Ele, no dia de Sua revelação, corta-o daquela Árvore, ó Meu Deus, pois ele não é de Mim nem a Mim retornará.

Ó povo do Bayán! Eu juro por Deus! Este Injustiçado não teve outra intenção exceto a de manifestar a Causa que Ele foi encarregado de revelar. Se volvêsseis vosso ouvido interior para Ele, ouviríeis, de cada partícula, de cada membro, de cada veia e mesmo de cada fio de cabelo deste Injustiçado, coisas que agitariam e extasiariam a Assembléia no alto e o mundo da criação.

Ó Hádí! O cego fanatismo dos tempos de antes afastou do Caminho Reto as desafortunadas criaturas. Medita sobre a seita xiita. Por mil e duzentos anos eles gritaram “Ó Qá’im!”, mas no fim todos pronunciaram Sua sentença de morte e fizeram-No sofrer o martírio, apesar de acreditarem, aceitarem e reconhecerem o Verdadeiro – excelsa seja Sua glória - , o Selo dos Profetas e os Eleitos. É agora necessário refletir um instante, para que possa descobrir o quê se interpôs entre o Verdadeiro e Suas criaturas, e tornar conhecidos os atos que foram causa de protesto e negação.

Ó Hádí! Ouvimos o lamento dos púlpitos aos quais, como testemunharam todos, os teólogos da era desta Revelação subiram e donde amaldiçoaram o Verdadeiro e fizeram ocorrer a Ele, que é a Essência do Ser, e a Seus companheiros, coisas que os olhos e os ouvidos do mundo nunca antes tinham visto ou ouvido. Tu convocaste, e ainda agora convocas o povo sob a alegação de que és Seu representante e espelho, apesar de ignorares esta Causa nunca teres estado em Nossa companhia.

Cada membro deste povo sabe que Siyyid Muhammad era apenas um dentre Nossos servos. Nos dias em que, a pedido do governo do Império Otomano, dirigimo-Nos para sua capital, ele Nos acompanhou. Mais tarde ele cometeu aquilo que – Eu juro por Deus – causou o pranto da Pena do Altíssimo e os lamentos de Sua epístola. Nós, portanto, o expulsamos; ele então uniu-se a Mirza Yahyá, e fez o que nenhum tirano jamais fizera. Nós o abandonamos e lhe dissemos: “Fora, ó desatento!” Após estas palavras terem sido pronunciadas, ele uniu-se à ordem dos mawlavís e permaneceu em sua companhia até o momento em que Nós fomos intimados a partir.

Ó Hádí! Não consintas em tornar-te o instrumento para a disseminação de novas superstições, e recusa-te a formar novamente uma seita similar à dos xiitas. Reflete sobre a imensa quantidade de sangue que foi derramado. Tu entre outros, que alegam possuir conhecimentos, bem como os teólogos xiitas, têm todos amaldiçoado o Verdadeiro, no primeiro ano e nos anos seguintes, e decretado que se derrame Seu sacratíssimo sangue. Teme a Deus, ó Hádí! Não desejes que os homens sejam novamente atormentados com as vãs imaginações dos tempos passados. Teme a Deus, e não sejas dos que agem injustamente. Nestes dias, Nós ouvimos que tens te empenhado em pôr as mãos em todos os exemplares do Bayán para destruí-los. Este Injuriado te pede que abandones, em nome de Deus, tal intenção. Tua inteligência e capacidade de julgamento nunca excederam, nem agora excedem, a inteligência e a capacidade de julgamento d’Aquele que é o Príncipe do Mundo. Deus testifica e dá-Me testemunho de que este Injuriado não perscrutou o Bayán, nem se familiarizou com seu conteúdo. Isso tudo, porém, é conhecido e está claro e evidente que Ele ordenou que o Livro do Bayán seja o alicerce de Suas obras. Teme a Deus, e não te intrometas em assuntos que de longe te transcendem. Durante mil e duzentos anos, homens semelhantes a ti atormentaram os desafortunados xiitas na cova das vãs fantasias e imaginações desafortunados xiitas na cova das vãs fantasias e imaginações ociosas. Finalmente surgiram, no Dia do Julgamento, coisas contra as quais os opressores de outrora buscaram refúgio no Verdadeiro.

Percebe agora o brado d’Aquele que é o Ponto, tal como foi lançado por Sua elocução. Ele suplica a Deus que corte de imediato esta Árvore – a qual é Seu próprio Ser abençoado – se nela surgir qualquer fruto, ou folha, ou ramo que deixe de acreditar n’Ele. E do mesmo modo, Ele diz: “Se alguém vier a fazer uma declaração e deixar de apoiá-la em alguma prova, não o rejeiteis.” E ainda assim, contudo, embora apoiado por uma centena de livros, tu O rejeitaste e te rejubilaste com isso!

Mais uma vez Eu repito, e te peço para examinar cuidadosamente aquilo que foi revelado. As brisas da elocução nesta Revelação não devem ser comparadas com as das eras anteriores. Este Injuriado tem sido perpetuamente atormentado, e não encontrou local seguro onde pudesse perscrutar os escritos do Mais Excelso (o Báb) nem os de outro qualquer. Cerca de dois meses após Nossa chegada ao Iraque, segundo as ordens de Sua Majestade o Xá da Pérsia – possa Deus ajudá-lo – Mirza Yahyá uniu-se a Nós. Dissemos a ele: “De acordo com a ordem real, Nós fomos enviados a este lugar. É aconselhável que permaneças na Pérsia. Nós enviaremos Nosso irmão, Mirza Músá, a algum outro local. Como nem teu nome nem o dele foram mencionados no decreto real, podeis erguer-vos e prestar algum serviço.” Subseqüentemente, este Injuriado partiu de Bagdá e durante dois anos isolou-se do mundo. Ao Nosso retorno, Nós descobrimos que ele não se fora, que tinha postergado sua partida. Este Injuriado ficou grandemente entristecido. Deus testifica e dá-Nos testemunho de que Nós, em todos os tempos, Nos ocupamos com a propagação desta Causa. Nem cadeias nem grilhões, nem bastonadas ou prisões, conseguiram impedir-Nos de revelar Nosso Ser. Naquela terra. Nós proibimos toda discórdia e todos os atos impróprios e ímpios. Dia e noite Nós enviamos Nossas Epístolas em todas as direções. Nós não tínhamos outro propósito exceto o de edificar a alma dos homens e exaltar a Palavra abençoada.

Nós indicamos especialmente certas pessoas para coletarem os escritos do Ponto Primaz. Quando isso foi realizado, Nós convocamos Mirza Yahyá e Mirza Vahháb-i-Khurásání, conhecido como Mirza Javád, para um encontro em certo local. Conforme Nossas instruções, eles completaram a tarefa de transcrever duas cópias das obras do Ponto Primaz. Eu juro por Deus! Este Injuriado, devido à Sua constante associação com os homens, não lançou os olhos àqueles livros, nem contemplou com os olhos físicos aqueles escritos. Quando partimos, aqueles escritos estavam de posse daquelas duas pessoas. Concordou-se que Mirza Yahyá ficaria encarregado de sua guarda e seguiria para a Pérsia, e os disseminaria por toda aquela terra. Este Injuriado seguiu, e pedido dos ministros do governo otomano, para sua capital. Quando chegamos em Mossul, descobrimos que Mirza Yahyá partira antes de Nós para aquela cidade e ali Nos esperava. Em suma, os livros e escritos foram deixados em Bagdá, enquanto ele próprio rumava para Constantinopla e unia-se a estes servos. Deus dá agora testemunho das coisas que tocaram este Injuriado, pois, após Nos termos empenhado tão arduamente, ele (Mirza Yahyá) abandonou os escritos e uniu-se aos exilados. Este Injuriado foi, por um longo período, dominado por infinita tristeza até o momento em que, de acordo com medidas das quais ninguém está ciente exceto o Deus único e verdadeiro, Nós despachamos os escritos para outro local e outro país, devido ao fato de que no Iraque todos os documentos devem ser a cada mês cuidadosamente examinados a fim de não apodrecerem e se perderem. Deus, no entanto, os preservou e enviou-os a um local que Ele havia previamente determinado. Ele, em verdade, é o Protetor, o Auxiliador.

Aonde quer que este Injuriado fosse, Mirza Yahyá O seguia. Tu próprio és testemunha e bem sabes que tudo o que foi dito é a verdade. O Siyyid de Isfahán, contudo, sorrateiramente o ludibriou. Eles cometeram atos que causaram a maior consternação. Quem Me dera que tu interrogasses os funcionários do governo a respeito da conduta de Mirza Yahyá naquela terra. À parte disso tudo, Eu te suplico por Deus, o Único, o Incomparável, o Senhor de Fortaleza, o Poderosíssimo, que examines cuidadosamente as comunicações dirigidas em nome dele ao Ponto Primaz, para que possas ver, claras como o sol, as evidências d’Aquele que é a Verdade. Do mesmo modo, origina-se das palavras do Ponto do Bayán – que todas as almas, exceto a d’Ele, sejam sacrificadas em Seu nome – aquilo que véu algum pode obscurecer, e que nem os véus da glória nem os véus interpostos pelos que se desviaram podem ocultar. Os véus, em verdade, foram rompidos pelos dedos da vontade de teu Senhor, o Forte, o Dominador, o Todo-Poderoso. Sim, desesperado é o estado daqueles que Me caluniaram e invejaram-Me. Há não muito tempo, afirmou-se que tu tinhas atribuído a outrem a autoria do Kitáb-i-Íqán e de outras Epístolas. Eu juro por Deus! Esta é uma séria injustiça. Os outros são incapazes de apreender seus significados, quanto mais de revelá-los!

Hasan-i-Mázindarání era o portador de setenta Epístolas. Com sua morte, elas não foram entregues àqueles a quem se destinavam, mas sim confiadas a uma das irmãs deste Injuriado, a qual, sem razão alguma, afastou-se de Mim. Deus sabe o que ocorreu a Suas Epístolas. Essa irmã nunca tinha vivido Conosco. Eu juro pelo Sol da Verdade que, após essas coisas terem acontecido, ela não viu Mirza Yahyá e permaneceu alheia à Nossa Causa, pois naqueles dias ela havia cortado relações Conosco. Ela vivia em uma casa, e este Injuriado em outra. Contudo, como sinal de Nossa benevolência, afeição e misericórdia, poucos dias antes de Nossa partida Nós fizemos uma visita a ela e à sua mãe, a fim de que ela pudesse sorver das águas vivificadoras da fé a alcançar aquilo que neste dia a aproximaria de Deus. Deus bem o sabe e dá-Me testemunho, e ela própria o atesta, que Eu não tinha qualquer pensamento exceto este. Finalmente, ela – Deus seja louvado – alcançou-o através de Sua graça e foi adornada com o ornamento do amor. Depois que Nós fomos exilados e partimos do Iraque para Constantinopla, deixaram de chegar-Nos notícias dela.Após Nossa separação na Terra de Tá (Teerã), Nós deixamos de encontrar Mirza Ridá-Qulí, Nosso irmão, e nenhuma notícia especial chegou-Nos a respeito dela. Nos primeiros dias, vivíamos todos em uma casa, que mais tarde foi vendida em leilão por soma ínfima, e os dois irmãos, Farmán-Farmá e Hisámu’s-Saltanih, a compraram a dividiram-na entre si. Depois que isso ocorreu, Nós Nos separamos de Nosso irmão. Ele estabeleceu residência perto da entrada do Masjid-i-Sháh, enquanto Nós vivíamos perto da Porta de Shimírán. Depois disso, contudo, aquela irmã mostrou a Nosso respeito, sem qualquer razão, uma atitude hostil. Este Injuriado manteve-Se sereno sob todas as condições. Porém, a filha de Nosso finado irmão Mirza Muhammad-Hasan – sobre ele esteja a glória de Deus, Sua paz e Sua misericórdia – , que estava prometida ao Maior Ramo (‘Abdu’l-Bahá), foi levada pela irmã deste Injuriado desde Núr até sua própria casa, e dali enviada a outro local. Alguns de Nossos companheiros e amigos em vários lugares reclamaram contra isso, pois foi um ato muito sério, desaprovado por todos os bem-amados de Deus. Como é estranho que Nossa irmã a tenha levado para sua própria casa e depois providenciado sua partida para outro lugar! Apesar disso, este Injuriado permaneceu, e ainda permanece, calmo e silencioso. Uma palavra, no entanto, foi dita a fim de tranqüilizar Nossos bem-amados. Deus testifica e dá-Me testemunho de que tudo o que foi dito era a verdade, e foi dito com sinceridade. Nenhum de Nossos bem-amados, seja nestas regiões ou naquele país, poderia acreditar que Nossa irmã fosse capaz de um ato tão contrário à decência, à afeição e à amizade. Depois que tal coisa ocorreu, eles, reconhecendo que o caminho tinha sido barrado, conduziram-se da maneira bem conhecida a ti e a outros. Deve ser evidente, portanto, quão intenso foi o pesar que esse ato infligiu a este Injuriado. Mais tarde, ela associou-se aos planos de Mirza Yahyá. Chegaram-Nos agora relatos conflitantes a respeito dela, e tampouco está claro o que ela diz ou faz. Nós suplicamos a Deus – abençoado e glorificado seja – que a faça voltar-se a Ele e a ajude a arrepender-se ante a porta de Sua graça. Ele, verdadeiramente, é o Poderoso, o Perdoador; e Ele, em verdade, é o Todo-Poderoso, o Magnânimo.

Em outro contexto, Ele, do mesmo modo, diz: “Fosse Ele aparecer neste mesmo momento, Eu seria o primeiro a adorá-Lo, e o primeiro a curvar-Me diante d’Ele.” Sede justos, ó povo! O propósito do mais Excelso (o Báb) era assegurar que a proximidade da Revelação não iria afastar os homens da Lei Divina e perpétua, tal como os companheiros de João (São João Batista)não foram impedidos de reconhecer Aquele que é o Espírito (Jesus). Repetidas vezes Ele disse: “Não consintais que o Bayán e tudo o que ali foi revelado vos afaste daquela Essência do Ser e senhor do visível e invisível.” Caso alguém, considerando esta ordem compulsória, se apegue ao Bayán, tal pessoa terá, em verdade, deixado a sombra da Árvore abençoada e excelsa. Sede justos, ó povo, e não dos desatentos.

E do mesmo modo, Ele diz: “Não deixeis que os nomes vos excluam, como que por um véu, d’Aquele que é o Senhor dos nomes, mesmo o nome do Profeta, pois tal nome é apenas uma criação de Sua elocução.” E do mesmo modo, Ele, no sétimo capítulo do segundo Váhid, diz: “Ó povo do Bayán! Não ajais como agiu o povo do Alcorão, pois se o fizerdes, os frutos de Tua noite não germinarão.” E mais ainda, Ele diz – glorificada seja Sua menção: “Se tu alcanças Sua Revelação e O obedeces, terás revelado o fruto do Bayán; se não, és indigno de menção ante Deus. Apieda-te de ti mesmo. Se não ajudas Aquele que é a Manifestação do Domínio de Deus, então não sejas uma causa de tristeza para Ele.” E mais adiante Ele diz – glorificada seja Sua posição: “Se tu não chegas à Presença de Deus, então não magoes o Sinal de Deus. Vos estareis renunciando àquilo que pode ser proveitoso aos que reconhecem o Bayán, se renunciais àquilo que O pode ofender. Eu sei, contudo, que vos recusareis a fazê-lo.”

Ó Hádí! Parece-Me que é por causa destas indubitáveis elocuções que te determinaste a extinguir o Bayán. Dá ouvidos à voz deste Injuriado e renuncia a esta opressão que faz tremerem os pilares do Bayán. Eu não estive em Chihríq nem em Mákú. No momento presente, têm circulado entre teus discípulos declarações idênticas àquelas feitas pêlos xiitas, dizendo que o Alcorão está inacabado. Tais pessoas também sustentam que este Bayán não é o original. A cópia na caligrafia de Siyyid Husayn ainda existe, bem como a cópia na caligrafia de Mirza Ahmad.

Vês como um injustiçado aquele que neste mundo nunca recebeu um único golpe e esteve continuamente cercado por cinco das servas de Deus? E imputas ao Verdadeiro, que desde Seus primeiros anos até o dia de hoje esteve nas mão de Seus inimigos e foi atormentado com as piores aflições do mundo, acusações tais que nem os judeus imputaram a Cristo? Ouve atentamente a voz deste Injustiçado, e não sejas dos que estão totalmente perdidos.

E do mesmo modo, Ele diz: “Quantos os fogos que Deus converte em luz através d’Aquele a quem Deus fará manifesto; e quão numerosas as luzes que se tornam fogo através d’Ele! Eu contemplo Seu aparecimento tal como o sol no meio do céu, e o desaparecimento de tudo, até das estrelas noturnas durante o dia.” Possuis ouvidos, ó mundo, com os quais ouvir a voz do Verdadeiro e julgar eqüitativamente esta Revelação, a qual, tão logo surgiu, o Sinai exclamou: “Aquele que discorreu sobre Mim veio com sinais evidentes e marcas esplendorosas, apesar de cada desatento que se desviou e de cada mentiroso caluniador que desejou extinguir a luz de Deus com suas calúnias e apagar os sinais de Deus com sua malícia. Esses, em verdade, são dos que agiram injustamente no Livro de Deus, o Senhor dos mundos.”

E do mesmo modo, Ele diz: “O Bayán é do começo ao fim o repositório de todos os Seus atributos, e o tesouro de Seu fogo e Sua luz.” Deus Todo-Poderoso! A alma é transportada pela fragrância desta elocução, na medida em que Ele declara, com infinita tristeza, aquilo que Ele percebe. Do mesmo modo, Ele diz para a Letra do Vivente, o Mulá Báqir – sobre ele esteja a glória de Deus e Sua benevolência: “oxalá possas em oito anos, no dia de Sua Revelação, chegar à Sua Presença.”

Sabe tu, ó Hádí, e sê dos que ouvem atentamente. Julga com eqüidade. Os companheiros de Deus e as Testemunhas d’Aquele que é a Verdade sofreram, em sua maioria, o martírio. Tu, contudo, ainda estás vivo. Como aconteceu de teres sido poupado? Eu juro por Deus! É por causa de tua negação, enquanto que o martírio das almas abençoadas foi devido à confissão delas. Toda pessoa de mente justa e imparcial dará testemunho disso, uma vez que a causa e o motivo de ambos estão claros e evidentes como o sol.

E do mesmo modo Ele dirige-Se a Dayyán, que foi injuriado e sofreu martírio, dizendo: “Tu irás reconhecer teu valor através das palavras d’Aquele a quem Deus fará manifesto.” Ele, do mesmo modo, declarou-o a terceira Letra a acreditar n’Aquele a quem Deus fará manifesto, com estas palavras: “Ó tu que és a terceira Letra a acreditar n’Aquele a quem Deus fará manifesto!” E do mesmo modo Ele diz: “Se Deus o desejasse, contudo, Ele te tornaria conhecido através das palavras d’Aquele a quem Deus fará manifesto.” Dayyán, que de acordo com as palavras d’Aquele que é o Ponto – possam todas as almas, exceto a d’Ele, ser sacrificadas em Seu nome – é o repositório da confiança do Deus único e verdadeiro – excelsa seja Sua glória - e o tesouro das pérolas de Seu conhecimento, sofreu nas mãos deles tão cruel martírio que a Assembléia no alto chorou e lamentou-se. Foi a ele que Ele (o Báb) ensinou o conhecimento oculto e preservado, e a quem o confiou, através de Suas palavras: “Ó tu que és chamado Dayyán! Este é um Conhecimento oculto e preservado. Nós o confiamos a ti, trouxemo-lo a ti como sinal de honra de Deus, uma vez que é puro o sol de teu coração. Tu apreciarás seu valor e amarás sua excelência. Deus, verdadeiramente, dignou-Se a conceder ao Ponto do Bayán um Conhecimento oculto e preservado, semelhante ao qual não tinha enviado antes desta Revelação. Mais precioso é ele do que qualquer outro conhecimento, aos olhos de Deus – glorificado seja Ele! Verdadeiramente, Ele fez disso Seu testemunho, tal como fez dos versos Seu testemunho.” Esse oprimido, que foi o repositório do conhecimento de Deus, juntamente com Mirza Áli-Akbar, um dos parentes do Ponto Primaz – sobre ele esteja a glória de Deus e Sua misericórdia – , Abu’l-Qásim-i-Káshí e muitos outros, sofreu o martírio através de decreto pronunciado por Mirza Yahyá.

Ponto Primaz – sobre ele esteja a glória de Deus e Sua misericórdia -, Abu’l-Qásim-i-Káshí e muitos outros, sofreu o martírio através de decreto pronunciado por Mirza Yahyá.

Ó Hádí! Seu livro, que ele intitulou “Mustayqiz”, está em teu poder. Lê-o. Embora tenhas visto o livro, perscruta-o novamente, a fim de poderes obter para ti mesmo um assento elevado sob o dossel da verdade.

De maneira semelhante, Siyyid Ibrahim, a respeito de quem estas palavras fluíram da Pena do Ponto Primaz – glorificada seja Sua elocução: “Ó tu que és mencionado como Meu amigo em Minhas escrituras, e como Minha memória em Meus livros, ao lado de Minhas escrituras, e como Meu nome no Bayán” – esse, juntamente com Dayyán, foi alcunhado por ele (Mirza Yahyá) de Pai das Iniqüidades e Pai das Calamidades. Julga tu com imparcialidade quão sérios foram os tormentos desses oprimidos, e isso apesar de um deles ocupar-se em servi-lo, enquanto o outro era seu hóspede. Em suma, eu juro por Deus, os atos que ele cometeu foram tais que Nossa Pena envergonha-se de narrá-los.

Reflete um pouco sobre a desonra infligida ao Ponto Primaz. Considera o que aconteceu. Quando este Injuriado, após um retiro de dois anos durante os quais vagueou por desertos e montanhas, retornou a Bagdá devido à intervenção de alguns que por longo tempo O buscaram nos ermos, um certo Mirza Muhammad-Álí, de Rasht, veio vê-Lo e relatou, ante uma grande assembléia, o que tinha sido feito contra a honra do Báb, o que realmente acabrunhou de tristeza todas as terras. Deus Todo-Poderoso! Como puderam eles dar apoio a tão séria traição? Em suma, suplicamos a Deus que ajude o perpetrador desse ato a arrepender-se, e retornar a Ele. Verdadeiramente, Ele é o Auxiliar, o Sapientíssimo.

Quanto a Dayyán – sobre ele esteja a glória de Deus e Sua misericórdia -, ele chegou à Nossa presença de acordo com o que tinha sido revelado pela pena do Ponto Primaz. Oramos a Deus para que ajude os desatentos a voltarem a Ele, e aqueles que se afastaram a dirigirem-se para Ele, e aqueles que O negaram a reconhecerem esta Causa, a qual, tão logo surgiu, todas as coisas criadas proclamaram: “Veio aquele que estava oculto no Tesouro de Conhecimento e inscrito pela Pena do Altíssimo em Seus Livros, em Suas Escrituras, em Seus Pergaminhos e em Suas Epístolas!”

Neste contexto, julgou-se necessário mencionar aquelas tradições que foram registradas a respeito da abençoada e honrada cidade de ‘Akká, a fim de que possa, ó Hádí, buscar um caminho para a verdade e uma estrada que leve a Deus.

Em nome de Deus, o Compassivo, o Misericordioso.

O seguinte foi registrado a propósito dos méritos de ‘Akká e do mar, e de ‘Aynu’l-Baqar (A Fonte da Vaca), que fica na cidade de ‘Akká:

‘Abdu’l-‘Azíz, filho de ‘Abdu’-Salám, relatou-Nos que o Profeta – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – tinha dito: ‘Akká é uma cidade da Síria à qual Deus demonstrou Sua misericórdia especial.

Ibn-i-Mas’úd – possa Deus estar satisfeito com ele – afirmou: “O Profeta – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – disse: ‘De todas as praias a melhor é a praia de Askelon, e ‘Akká é, verdadeiramente, melhor que Askelon, e o mérito de ‘Akká acima do de Askelon e de todas as outras praias é tal como o mérito de Maomé acima do de (+ pág. 155) todos os outros Profetas. Trago-vos notícias de uma cidade entre duas montanhas da Síria, no meio de uma campina, que é chamada ‘Akká. Veramente, a quem nela entra, desejando-a e ansioso por visitá-la, Deus perdoará os pecados, tanto passados como futuros. E aquele que a deixa, sem ser como um peregrino, Deus não abençoará a partida. Há nela uma fonte chamada A Fonte da Vaca. A quem dela bebe, Deus lhe encherá de luz o coração e o protegerá do grande terror no Dia da Ressurreição.”

Anas, filho de Málik – possa Deus estar satisfeito com ele – disse: “O Apóstolo de Deus – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – disse: À beira do mar há uma cidade, suspensa sob o Trono, e chamada ‘Akká. A quem ali mora, firme e esperando um prêmio de Deus – excelso seja Ele – Deus lhe registrará, até o Dia da Ressurreição, a recompensa dos que têm sido pacientes, e se levantado, e se ajoelhado, e se prostrado diante d’Ele.”

E Ele – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – disse: “Anuncio-vos uma cidade, às margens do mar, branca, cuja brancura agrada a Deus – excelso seja Ele! Chama-se ‘Akká. Aquele que foi mordido por uma de suas pulgas é melhor, aos olhos de Deus, do que quem recebeu um sério golpe no caminho de Deus. E quem ali ergue o chamado à prece, terá sua voz elevada ao Paraíso. E aquele que ali permanece por sete dias em face do inimigo, Deus o reunirá com Khidr – que a paz esteja com Ele – e Deus o protegerá do grande terror no Dia da Ressurreição.” E Ele – que as bênçãos de Deus, excelso seja Ele, e Sua saudação estejam sobre Ele – disse: “Há reis e príncipes no Paraíso. Os pobres de ‘Akká são os reis do Paraíso, e seus príncipes. Um mês na cidade de ‘Akká é melhor que mil anos em outro lugar.”

O Apóstolo de Deus – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – teria dito: “Abençoado o homem que visitou ‘Akká, e abençoado aquele que visitou o visitante de ‘Akká. Abençoado quem Bábeu da Fonte da Vaca e banhou-se em suas águas, pois no Paraíso as donzelas de olhos negros bebem a cânfora que veio da Fonte da Vaca, da Fonte de Salván (Siloam) e do Poço de Zamzam. Feliz é aquele que bebeu dessas fontes e banhou-se em suas águas, pois Deus proibiu o fogo do inferno de tocá-lo e ao seu corpo no Dia da Ressurreição.”

O Profeta – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – teria dito: “Na cidade de ‘Akká há obras desnecessárias e atos que são benéficos, os quais Deus permitiu especialmente a quem quer que seja de Seu agrado. E a quem diz, na cidade de ‘Akká: ‘Glorificado seja Deus, e louvores sejam dados a Deus, e não há outro Deus senão Deus, e supremo é Deus, e não há poder nem força exceto em Deus, o Excelso, o Poderoso’, Deus lhe registrará mil boas ações e apagará mil de suas más ações, elevá-lo-á mil graus no Paraíso, e lhe perdoará as transgressões. E a quem diz, na cidade de ‘Akká: ‘Eu peço perdão a Deus’, Deus lhe perdoará todos os pecados. E quem lembrar de Deus na cidade de ‘Akká, de manhã e ao entardecer, nas horas da noite e ao raiar do dia, é melhor aos olhos de Deus do que quem carrega espada, lança e armamentos no caminho de Deus – excelso seja Ele!”

O Apóstolo de Deus – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – também disse: “A quem olha o mar ao entardecer e diz: ‘Deus é o Supremo!’ ao pôr do sol, Deus lhe perdoará os pecados, mesmo que acumulados como montes de areia. E a quem conta quarenta ondas, repetindo: ‘Deus é o Supremo’ – excelso seja Ele – Deus lhe perdoará os pecados, tanto passados como futuros.”

O Apóstolo de Deus – que as bênçãos de Deus e Sua saudação estejam sobre Ele – disse: “Quem olhar o mar durante toda a noite é melhor do que quem passa dois meses entre o Rukn e o Maqám. E quem foi criado junto às margens do mar é melhor do que quem foi criado em outra parte. E aquele que repousa na praia é como aquele que se mantém de pé em outra parte.”

Verdadeiramente, o Apóstolo de Deus – que as bênçãos de Deus, excelso seja Ele, e Sua saudação estejam sobre Ele – falou a verdade.

Glossário
(Organizado por George Townshend,
com a ajuda de eruditos bahá’ís persas)

‘ABÁ-BASÍR – Filho de um mártir de Zanján, foi ele próprio decapitado nessa cidade por causa de sua fé.

‘ABDU’L-‘AZÍZ – filho de ‘Abdu’l-Salám, famoso eclesiástico muçulmano da seita sunita.

ABÍ-ABDI’LLÁH – Termo árabe usado em referencia ao Imame Jaafar Sadiq, o sexto Imame xiïta (83-148 A.H.).

ABÚ-DHAR – Abú Dhar Ghifárí, um pastor analfabeto que se tornou um valoroso discípulo de Maomé.

ABÚ-‘ALÍ SÍNÁ (Avicena) – Médico e filósofo árabe nascido na Pérsia, conhecido no Ocidente como o “Hipócrates e Aristóteles árabe” (980-1037 a.C.).

ABU’L-QÁSIM-I-KÁSHÍ – Um erudito Bábí de Káshán que foi assassinado em Bagdá pelos seguidores de Mirza Yahyá.

ABÚ-JA’FAR-I-TÚSÍ e JÁBIR – Dois muçulmanos que, como Mufaddal, transmitiram as tradições do Imame Sadiq.

ABÚ-NASR – Abú-Nasr Farabi, filósofo e escritor persa que viveu por volta do século 4 A.H..

‘ÁD – Uma poderosa tribo árabe que foi destruída, como os Thamúd, por sua idolatria.

AKHTAR – “A Estrela”: jornal reformista persa, publicado em Constantinopla e influenciado pelos Azalís.

‘AKKÁ (Acca, Acre ou São João d’Acre) – A cidade-prisão para a qual Bahá’u’lláh foi finalmente exilado; ali chegou em 31 de agosto de 1868.

ARCA CARMESIM – Cada uma das Dispensações do passado era dita uma “Arca”. Esta refere-se à Causa de Bahá’u’lláh.

ASHRAF – Áqá Mirza Ashraf, de Ábádih, martirizado em Isfahán, em outubro de 188.

(+ pág. 159)

ASKELON ou Ascalon ou Ashkelon – Cidade costeira no sul da Palestina. (Ver Bíblia: Juízes 14:19)

ASSEMBLÉIA, A – Isto é, a Assembléia dos representantes dos povo; o Parlamento.

ÁYNU’L-BAQAR – Antiga fonte em ‘Akká.

‘AZÍM – Um fiel a quem o Báb revelou o nome e o advento de Bahá’u’lláh.

Báb – o Arauto da Fé (1819-1850 a.C.).
BábÍS – Os seguidores do Báb.

BADÍ – (“Maravilhoso”) Áqá Buzurg, de Khurásán, portador da Epístola ao Xá.

BALÁL (“Sín” e “Shín”) – O escravo etíope que foi uma das primeiras pessoas a converter-se ao Islamismo. O Profeta deu-lhe a tarefa de chamar os fiéis à prece e ele tornou-se o primeiro Mu’adhdin (“muezim” ou “almuadem”) do Islã. Por gaguejar e pronunciar a letra árabe “Shín” como “Sín”, ele era incapaz de fazer o chamado corretamente, mas a perfeição de seu coração compensava o defeito de sua língua.

BAYÁN – A principal obra doutrinária do Fundador da Dispensação Bábí.

CAABA – Literalmente, “um cubo”. A construção em forma de cubo no centro da Mesquita em Meca, que contém a Pedra Negra.

CARMELO – O monte em Israel onde Bahá’u’lláh ergueu sua tenda, e onde se situa o Santuário do Báb.

DAYYÁN – Título dado pelo Báb a Asadu’lláh de Khoy, um fiel devotado e ilustre. Ele foi a terceira pessoa a reconhecer a verdadeira posição de Bahá’u’lláh antes de Sua Declaração. Assassinado em Bagdá pelos seguidores de Mirza Yahyá.

DHI’L-JAWSHAN – Termo árabe que significa “envolto numa armadura”, aplicado ao Mula ‘Abdu’lláh, cruel assassino do Imame Husayn.

FARMÁN-FARMÁ – Título do príncipe Husayn ‘Alí Mirza, neto de Fath-‘Alí-Sháh.

HÁDÍ – (ver Mirza Hádí).

HADJI MUHAMMAD-RIDÁ – Um respeitado bahá’í de ‘Ishqábád, martirizado em 1889.

(+ pág. 160)

HADJI NASÍR (de Kázim) – Um dos mártires do Xeique Tabarsí. (Ver Traveller’s Narrative, p. 307).

HADJI XEIQUE MUHAMMAD’ALÍ – Um mercador bahá’í de Qasvín, Pérsia, que residia em Istambul na época da estadia de Bahá’u’lláh naquela cidade.

HÁMÁN – Primeiro-ministro do faraó.

HASAN e HUSAYN – Dois irmãos, honrados e prósperos cidadãos de Isfahán, siyyids, que foram martirizados como bahá’ís por instância de Imám-Jum’ih, daquela cidade.

HASAN-I-MÁZINDARÁNÍ – Um dos primeiros fiéis da terra natal de Bahá’u’lláh.

HAYDAR-‘ALÍ – Um devotado bahá’í que, primeiro sob as ordens de Bahá’u’lláh e posteriormente de ‘Abdu’l-Bahá, fez longas viagens a serviço da Causa e sofreu muita perseguição. Morreu em Haifa, em 1920. Autor da interessante narrativa Bahjatus Sudour (“Alegria dos Corações”).

HILL e HARAM – Haram significa “santuário”. Refere-se a duas áreas próximas a Kaaba, nas quais a vingança do sangue era proibida, bem como a quatro meses do calendário árabe aos quais aplicava-se a mesma proibição. Hill significa a área não protegida e os meses não protegidos. A citação do poema, feita aqui [p. 35], significa “o juiz condenou-me à morte tanto em Haram como em Hill”.

HISÁMU’S-SALTANIH – Título do príncipe Murad Mirza, neto de Fath-‘Alí-Sháh.

HÚD – Profeta enviado à tribo de ‘ÁD, a qual descendia de Shem e era altamente civilizada. Ele convocou o povo à adoração do Deus Único, mas foi rejeitado. (Ver Alcorão: suras 7, 63-70 e outras.)

HUSAYN (Filho de ‘Alí) – O Terceiro Imame (A.H. 61).

IBN-I-ANAS e ASBahá – Dois fanáticos árabes que tomaram parte diretamente no assassinato do Imame Husayn.

IBN-I-MAS’ÚD – ‘Abdulláh Ibn-I-Masúd, um dos primeiros muçulmanos árabes na época de Maomé.

IMAME – Título dos doze sucessores xiitas de Maomé.

IMÁM-JUM’IH de Isfahán – Mír Muhammad Husayn, “a Serpente” (sucessor nesse posto de seu irmão Mír Siyyid Muhammad, que ajudou o (+ pág. 161) Báb – ver “Os Rompedores da Alvorada”). Ele, juntamente com “o Lobo”, Xeique Muhammad Báqir, perseguiu os bahá’ís e causou a morte de Mirza Muhammad Hasan e Mirza Muhammad Husayn (“O Rei dos Mártires” e “O Bem-Amado dos Mártires”), que foram decapitados na mesma ocasião.

ISFAHÁN – Importante cidade na Pérsia central.

KAMÁL-PÁSHÁ – Um dos dignitários turcos da corte do sultão ‘Abdu’l-‘Azíz.

KÁZIM – O Mulá Kázim, martirizado em Isfahán. (Ver Traveller’s Narrative, nota à p.400)

KHIDR – Nome de um legendário santo imortal. (Ver Alcorão: sura 18:62, nota).

KHUTBIY-i-TUTUNJÍYYIH (“Palestra de Tutunjíyyih”) – Título de uma epístola, na teologia escrita pelo Imame ‘Alí.

Kitáb-I-AQDAS – “O Livro Sacratíssimo”, principal obra de Bahá’u’lláh, que contém Sua Lei e constitui a Carta de Seu Novo Mundo. (1873 a.C.).

Kitáb-I-ÍQÁN – “O Livro da Certeza”, principal obra religiosa de Bahá’u’lláh, revelado em Bagdá no ano de 1862.

LAVÁSSÁN – Distrito rural localizado a leste de Teerã.

LAWH-I-FU’ÁD – Epístola a Fu’ád Páshá, Ministro das Relações Exteriores da Turquia.

LAWH-I-RA’ÍS – Epístola de Bahá’u’lláh ao Grão-Vizir ‘Alí Pashá.

LIVRO CARMESIM – O Livro do Convênio de Bahá’u’lláh.

LIVRO DE FÁTIMIH – O livro revelado por Gabriel a Fátimih, consolando-a pela morte de seu Pai, e que, no Islã xiita, acredita-se estar de posse do Qá’ím. Identificado com “As Palavras Ocultas”.

LUQMÁN – Famosa figura legendária, conhecida por sua sabedoria. (Ver Alcorão: sura 31).

MA’ÁNÍ – Uma referência aos Imames como repositórios dos significados interiores da Palavra de Deus.

MASJID-I-SHÁH – Grande mesquita em Teerã, construída por Fath-‘Alí Sháh.

(+ pág. 162)
MÁZINDARÁN – Província no norte da Pérsia.

MESQUITA DE AQSÁ – Nome pelo qual o Templo de Salomão, em Jerusalém, é mencionado no Alcorão.

Mirza ‘ALÍ-AKBAR – Primo (pelo lado paterno) do Báb e amigo íntimo de Dayyán. Assassinado por seguidores de Mirza Yahyá.

Mirza AHMAD – Conhecido como Mulá ‘Abdu’l-Karím, de Qasvín, devotado seguidor do Báb e de Bahá’u’lláh e amanuense do Báb, que antes de Sua morte enviou através dele Seus presentes e pertences a Bahá’u’lláh.

Mirza HÁDÍ DAWLAT-ÁBÁDÍ – Renomado teólogo de Isfahán que se tornou um proeminente seguidor de Mirza Yahyá, mais tarde identificado como seu sucessor.

Mirza HUSAYN KHÁN, MUSHÍRU’D-DAWLIH – Embaixador persa junto à Sublime Porta, através de cuja influência Bahá’u’lláh foi transferido de Bagdá para Constantinopla.

Mirza MÚSÁ – Um irmão fiel de Bahá’u’lláh.

Mirza MUSTAFÁ – Um dos seguidores do Báb, executado em Tabríz por volta de 1865 (ver Memorials of the Faithful, pp. 148-150).

Mirza RIDÁ-QULÍ – Um dos irmãos de Bahá’u’lláh que não reconheceu Sua posição.

Mirza SAFÁ – o Hadji Mirza Hasan-i-Safá, cúmplice de Mirza Husayn Khán em suas ativas hostilidades contra Bahá’u’lláh em Constantinopla.

Mirza VAHHÁB-I-KHURÁSÁNÍ – Também conhecido como Mirza Javád, destacou-se entre os primeiros fiéis que viveram durante o ministério do Báb e de Bahá’u’lláh.

Mirza YAHYÁ – Meio-irmão mais moço de Bahá’u’lláh e Seu implacável inimigo.

MUFADDAL – Devotado seguidor do Imame Sadiq, transmitiu muitas tradições muçulmanas do Imám.

MULÁ ‘ALÍ JÁN – Um fiel de Mázindarán; martirizado em Teerã.

MULÁ BÁQIR – Natural de Tabríz e homem de grande erudição, tornou-se uma Letra do Vivente. Esteve com Bahá’u’lláh em Núr, Mázindarán e Badasht. Foi o último sobrevivente de todas as Letras do Vivente.

(+ pág. 163)

NAJAF-‘ALÍ – Um dos 44 sobreviventes de Zanján que foram trazidos a Teerã e executados, com exceção de Najaf-‘Alí, de quem apiedou-se um oficial. Cerca de dezessete anos mais tarde, porém, voltou a ser preso e foi decapitado em 1866.

NAYRÍZ – Cidade no sul da Pérsia, perto de Shíráz.

NÍYÁVARÁN – Aldeia na qual há uma residência real.

PAZ MENOR – A Paz externa que as nações estabelecerão por seus próprios esforços. Diferencia-se da Paz Maior.

PENA DE ABHÁ – A Pena do Mais Glorioso; isto é, o poder do Santo Espírito manifesto através dos escritos do Profeta.

POVO DE Bahá – Os seguidores de Bahá’u’lláh.

PRIMEIRA FOLHA DO PARAÍSO – A citação é de Words of Paradise, uma Epístola de Bahá’u’lláh, que tem onze seções numeradas, cada qual chamada “folha”.

PRÍNCIPE SHUJÁ’U’D-DAWLIH – Príncipe persa adido à Embaixada de seu país em Istambul durante o reinado do sultão ‘Abdu’l-‘Azíz.

QÁ’IM – Literalmente “Aquele que Se erguerá”. O Prometido do Islã.

QÁRÚN – Primo de Moisés que, tendo acreditado n’Ele, voltou-se contra Ele e foi destruido, juntamente com seus companheiros de revolta, pela ira de Deus. (Ver Bíblia: Números 16)

QAYYÚM-I-ASMÁ – Explicação da “Sura de José”: a primeira obra escrita pelo Báb.

RASHT – Cidade na Província de Gilán, no norte da Pérsia.

SÁD-I-ISFAHÁNÍ – Referência a Sadru’l-‘Ulamá, de Isfahán, um seguidor de Mirza Yahyá.

SADRAH – Referência ao Sadratu’l-Muntahá, ou Sarça Ardente: “Aquele que o ensinou”, isto é, o próprio Deus.

SÁLIH – Profeta árabe que viveu em data posterior a Húd e fez apelos similares. Também Sálih foi rejeitado pelo povo.

SALVÁN (SILOAM) – Uma fonte em Meca.

SARDÁR ‘AZÍZ KHÁN – Acompanhou as tropas do Xá que atacaram os Bábís em Zanján. (Ver Traveller’s Narrative, nota à p. 181)

SHAYKH-I-AHSÁ’Í – O Xeique Ahmad, precursor do Báb.

SHIMÍRÁN (a porta de) – Um bairro na parte norte de Teerã.

(+ pág. 164)

SINAI – O monte no qual a Lei foi revelada por Deus a Moisés.

SIYYID – Título que se dá aos descendentes do Profeta Maomé.

SIYYID (DE FINDIRISK) – Ilustre poeta e pensador persa, mais conhecido como Mír-Abu’l Qásim Findiriski, que viveu no século 16 da era cristã.

SIYYID ASHRAF-I-ZANJÁNÍ – Martirizado junto com ‘Abá Nazir.

SIYYID IBRÁHÍM – Chamado “Khalil” pelo Báb; discípulo de toda confiança do Báb, desde os primeiros dias. Mais tarde, em Bagdá, reconheceu a verdadeira posição de Bahá’u’lláh, que o protegeu dos intentos de Mirza Yahyá.

SIYYID ISMÁ’ÍL – Um fiel da época do Báb, que sacrificou sua vida por amor a Bahá’u’lláh e recebeu o título de “Zabih”.

SIYYID JAVÁD, conhecido como KARBILÁ’Í – Criado na cidade de Karbilá, discípulo de Kázim Rashti e amigo do tio-avô do Báb, conheceu o Báb quando criança e mais tarde, através do Mulá ‘Alí Bastammi, tornou-se um Bábí. Reconheceu Bahá’u’lláh antes de Sua Declaração, em Bagdá, e devido à sua santidade era conhecido como “Siyyid-i-Núr”. Faleceu em Kirmán, Pérsia.

SIYYID MUHAMMAD – “O Anticristo da Revelação Bahá’í”, que instigou as vilanias de Mirza Yahyá.

SURA DE TAWHÍD – Nome da primeira sura do Alcorão, na qual é explicada a unicidade de Deus.

SÚRATU’L-HAYKAL – Uma Epístola de Bahá’u’lláh, no fim da qual seguiram-se as Epístolas aos Reis, sendo o conjunto escrito na forma de uma estrela de cinco pontas, símbolo do homem.

TABARSÍ – Santuário localizado a 22 km a sudeste de Bárfurúsh, onde Quddús e Mulá Husayn e muitos outros líderes Bábís sofreram o martírio.

TEERÃ – Capital da Pérsia e cidade natal de Bahá’u’lláh.

THAMÚD (ou Samud) – Antiga tribo árabe, idólatra, que habitava em cavernas (Ver Alcorão, suras: 7:71 e 9:71)

TOWA – Vale sagrado no Sinai. (Ver Alcorão, sura 20; Êxodo 3 e I Reis 198)

XEIQUE, O – “O Filho do Lobo”, Xeique Muhammad Taqí, conhecido como Aqa Najafi, clérigo de Isfahán cujo pai causou a morte do Rei dos Mártires e do Bem-Amado dos Mártires.

(+ pág. 165)

XIITA – Uma das duas grandes seitas do Islã, que é a dominante na Pérsia.

ZAMZAM (poço de) – Um poço em Meca que é considerado sagrado pelos muçulmanos.

ZANJÁN – Cidade no oeste da Pérsia, palco do martírio de 1.800 Bábís liderados pelo Mulá Muhammad ‘Alí, chamado “Hujjat”.


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