Nós os saudamos no reflexo do esplendor duradouro daqueles memoráveis eventos que marcaram o bicentenário do Nascimento da Abençoada Beleza. Ao considerarmos o que aconteceu então e desde então, percebemos que a comunidade bahá’í global que conhecemos agora não é a mesma que iniciou os primeiros seis ciclos do atual Plano. Ela está mais consciente de sua missão do que jamais foi. Ela vivenciou um crescimento sem precedentes na sua capacidade de colocar amigos e conhecidos em contato com sua vida comunitária; de inspirar vizinhanças e povoados em esforços unificados; de articular de que modo verdades espirituais podem ser traduzidas em ação prática sustentada; e, acima de tudo, de conversar, não somente a respeito dos ensinamentos que construirão um novo mundo, mas a respeito d’Aquele que os ensinou: Bahá’u’lláh. Relatos de Sua vida e de Seu sofrimento, em miríades de idiomas, narrados por adultos, jovens e crianças, tocaram incontáveis corações. Alguns se mostraram preparados para explorar Sua Causa mais detidamente. Outros comprometeram-se a colaborar. E muitas almas receptivas foram motivadas a declarar sua fé.
Um claro indicador do progresso foram os numerosos lugares em que tornou-se claro que a Fé havia emergido da obscuridade em âmbito nacional. Houve líderes de governo e líderes de pensamento que afirmaram publicamente – e algumas vezes enfatizaram em privado – que o mundo tem necessidade da visão de Bahá’u’lláh e que os empreendimentos bahá’ís são admirados e deveriam ser expandidos. Ficamos encantados ao ver que não somente os bahá’ís desejaram honrar Bahá’u’lláh e celebrar Sua vida – encontros especiais foram promovidos por pessoas fora da comunidade bahá’í. Em regiões onde há hostilidade em relação à Fé, os amigos foram resolutos; mostrando maravilhosa resiliência, eles encorajaram seus compatriotas a examinarem a verdade por si mesmos, e muitos participaram jubilosamente das festividades. O bicentenário deu também ensejo a um florescimento aparentemente ilimitado de expressões artísticas, magnífico testemunho à fonte de amor da qual procedeu. O caráter de toda a abordagem da comunidade bahá’í a essa ocasião foi uma confirmação do quanto se aprendeu durante mais de duas décadas, desde que se iniciou a atual série de Planos globais. O indivíduo bahá’í tomou a iniciativa, a comunidade levantou-se em esforços coletivos e os amigos canalizaram sua energia criativa para os planos preparados pelas instituições. Um aniversário significativo, marcando a passagem de dois séculos, ofereceu um potente estímulo ao trabalho de construção de comunidades para o século vindouro. No período que nos conduz ao segundo bicentenário, que cada semente lançada tão amorosamente no primeiro seja pacientemente nutrida até sua fruição.
Aos dois anos do atual Plano, embora naturalmente o progresso não seja uniforme em todos os países, o número de programas intensivos de crescimento no mundo está se aproximando da metade dos cinco mil previstos no atual empreendimento global e o ritmo em que esse número tem crescido vem aumentando constantemente. Ao observarmos mais atentamente, há sinais promissores de como as forças e potencialidades de indivíduos, comunidades e instituições estão se manifestando. Para crentes de toda parte, a experiência da celebração do bicentenário demonstrou que muitas das suas interações do dia-a-dia com as pessoas à sua volta podem ser impregnadas com o espírito de ensino. Além disso, à medida que em milhares de povoados e vizinhanças o trabalho adquire ímpeto, uma vibrante vida comunitária está criando raízes em cada um deles. O número de agrupamentos nos quais se está estabelecendo firmemente o sistema para estender este padrão de atividade a mais e mais localidades – possibilitando assim os amigos a alcançarem o terceiro marco ao longo de um continuum de desenvolvimento – cresceu notavelmente. E é aqui, nas fronteiras da aprendizagem do mundo bahá’í, especialmente no movimento de populações rumo à visão de Bahá’u’lláh, que não só grande número de pessoas está afluindo ao crescente âmbito das atividades bahá’ís, mas os amigos estão aprendendo de que modo grupos de tamanho considerável se identificam com a comunidade do Nome Supremo. Vemos os esforços educacionais da Fé adquirirem um caráter mais formal nesses lugares, à medida que crianças passam sem interrupção de uma série a outra, ano após ano, e os níveis do programa de empoderamento espiritual de pré-jovens se sucedem com segurança um após o outro. Nesses lugares, o instituto de capacitação está aprendendo a garantir que recursos humanos suficientes estejam sendo preparados para prover o aperfeiçoamento espiritual e moral das crianças e préjovens em número cada vez maior. A participação nessas atividades fundamentais está se tornando tão inserida na cultura da população que é vista como um aspecto indispensável da vida da comunidade. Surge uma nova vitalidade no seio de uma população que se incumbe do seu próprio desenvolvimento e cria imunidade às forças sociais causadoras de passividade. As possibilidades de progresso material e espiritual tomam forma. A realidade social começa a se transformar.
Estimados amigos, este é verdadeiramente um momento de render gratidão ao BemAmado. Há inúmeras razões para nos encorajarmos. No entanto, somos bastante conscientes da imensidade da tarefa remanescente. Fundamentalmente, como indicamos anteriormente, em muitas centenas de agrupamentos deverão surgir grupos cada vez maiores de crentes que possam manter, com aqueles que estão à sua volta, um permanente foco no cultivo do crescimento e da construção de capacidade, e se distinguir por sua habilidade e disciplina em refletir sobre a ação e aprender com a experiência. Erguer e acompanhar um núcleo de indivíduos em expansão em cada lugar – não somente no âmbito de agrupamento, mas de vizinhanças e povoados – é a um só tempo um desafio colossal e uma necessidade decisiva. Porém, onde isto está ocorrendo, os resultados falam por si.
Estamos seguros em ver que as instituições da Fé mantêm esta suprema necessidade na prioridade de seus pensamentos, concebendo mecanismos efetivos que propiciem a ampla aplicação de percepções provenientes do progresso. Ao mesmo tempo, uma maior experiência está dotando todas as instituições — nacionais, regionais e locais —, de uma visão mais ampla. Elas se envolvem em todos os aspectos do desenvolvimento comunitário e se preocupam com o bem-estar das pessoas independentemente de sua afiliação formal. Conscientes das profundas implicações que o processo de instituto tem para o progresso dos povos, elas prestam atenção especial a como o instituto de capacitação pode ser fortalecido. Elas permanecem atentas à necessidade de manter o foco da comunidade nas exigências do Plano e convidam um círculo cada vez mais amplo de amigos a níveis de unidade mais e mais elevados. Preservam fielmente sua responsabilidade de aperfeiçoar seus sistemas administrativos e financeiros de modo que o trabalho de expansão e consolidação seja adequadamente mantido. Em tudo isso, estão essencialmente ocupadas em nutrir na comunidade aquelas condições que levam à liberação de poderosas forças espirituais.
À medida que o trabalho de construção de comunidade se intensifica, os amigos vão usando as novas capacidades que desenvolveram para melhorar as condições da sociedade à sua volta, com seu entusiasmo iluminado pelo estudo dos ensinamentos divinos. O número de projetos de curto duração aumentou, programas formais expandiram seu alcance e agora existem mais organizações de desenvolvimento de inspiração bahá’í dedicadas à educação, saúde, agricultura e outras áreas. Da transformação resultante, visível na vida individual e coletiva de povos, pode-se discernir o inequívoco impulso do poder de construção de sociedade que tem a Causa de Bahá’u’lláh. Portanto, não é de admirar que essas instâncias de ação social – sejam elas simples ou complexas, de duração limitada ou prolongada – estejam inspirando cada vez mais os Escritórios da Comunidade Internacional Bahá’í nos seus esforços em participar dos discursos prevalecentes na sociedade. Este é outro importante campo de trabalho da Fé que avançou bastante. Em âmbito nacional, contribuições aos discursos que são significativos para aquela sociedade – a igualdade de homens e mulheres, migração e integração, o papel da juventude na transformação social e a coexistência religiosa, entre outros – estão sendo feitas com confiança, proficiência e inspiração cada vez maiores. E onde quer que vivam, trabalhem ou estudem, crentes de todas as idades e origens estão dando valiosas contribuições a discursos específicos, levando à atenção dos que estão à sua volta uma perspectiva íntegra moldada pela vasta Revelação de Bahá’u’lláh.
Em vários espaços nos quais se desenvolvem os discursos, a reputação da Fé vem sendo bastante realçada por sua presença oficial na internet, presença que se expandiu consideravelmente através do lançamento de numerosos sites nacionais e do desenvolvimento adicional na família de sites associados ao Bahai.org. Isso tem imenso valor tanto para a propagação como para a proteção da Causa. No decorrer de apenas alguns dias, uma grande audiência global foi atraída a um conteúdo cuidadosamente concebido sobre a Fé, apresentado no site do bicentenário e simultaneamente atualizado em nove línguas, e que agora foi acrescido de páginas de países, ilustrando a diversidade das celebrações realizadas. Já há planos bastante avançados para disponibilizar no site do Bahá’í Reference Library, uma funcionalidade que permitirá que passagens ou Epístolas das Escrituras Sagradas anteriormente não traduzidas e não publicadas sejam disponibilizadas online ao longo do tempo. Igualmente, novos volumes dos Escritos de Bahá’u’lláh e ‘Abdu’l-Bahá, traduzidos para o inglês, serão disponibilizados nos próximos anos.
Em Santiago, Chile, e Battambang, Camboja, as mais recentes Casas de Adoração do mundo estão se tornando consagrados centros de atração, faróis para as suas sociedades, de tudo o que a Fé representa. E seu número está prestes a crescer. Estamos encantados em anunciar que a cerimônia de dedicação para o Templo do Norte del Cauca, Colômbia, realizar-se-á em julho. Além disso, a construção de mais Casas de Adoração está logo por vir. Em Vanuatu está sendo obtida a licença para o início da construção. Na Índia e na República Democrática do Congo, um processo altamente complexo e rigoroso conduziu finalmente a uma bem-sucedida aquisição de terrenos. Mal se aquietara a alegria de ver o projeto do primeiro Mashriqu’l-Adhkár nacional em Papua Nova Guiné ser desvelado no Naw-Rúz, quando o projeto da Casa de Adoração local do Quênia também foi revelado. Entrementes, temos todas as expectativas de que a declaração e a compilação recentemente liberadas a respeito da instituição do Mashriqu’l-Adhkár, preparadas por nosso Departamento de Pesquisa, estimularão ainda mais a plena compreensão dos amigos sobre o sentido da adoração na vida comunitária. Pois nos seus atos de serviço, especialmente nas suas reuniões devocionais regulares, os bahá’ís em toda parte estão estabelecendo os alicerces espirituais das futuras Casa de Adoração.
Restam somente três anos para completar um quarto de século de esforços, iniciados em 1996, com foco em uma única meta: um avanço significativo no processo de entrada em tropas. No Ridvan de 2021, os seguidores de Bahá’u’lláh adentrarão um Plano de um único ano de duração. Breve, porém prenhe de prodígios, esse empreendimento de um ano dará início a uma nova onda de Planos que conduzirão a arca da Causa ao terceiro século da Era Bahá’í. Durante esse auspicioso período de doze meses, a observação, pelo mundo bahá’í, da Ascensão de
‘Abdu’l-Bahá incluirá uma reunião especial no Centro Mundial Bahá’í à qual serão convidados representantes de todas as Assembleias Espirituais Nacionais e de todos os Conselhos Regionais Bahá’ís. Isso, no entanto, será apenas o primeiro de uma sequência de eventos que prepararão os crentes para as demandas das décadas vindouras. No janeiro seguinte, a passagem dos cem anos da primeira leitura pública da Última Vontade e Testamento do Mestre dará ensejo a uma conferência na Terra Santa reunindo os Corpos Continentais de Conselheiros e todos os membros do Corpo Auxiliar para Proteção e Propagação. A energia espiritual liberada nessas duas reuniões históricas deverá então ser levada a todos os amigos de Deus em todas as terras onde residam. Para este fim, uma série de conferências será convocada mundialmente, nos meses seguintes, um catalisador para o empreendimento de múltiplos anos que sucederá o próximo Plano de Um Ano.
Assim, aproxima-se uma nova fase no desenvolvimento do Plano Divino do Mestre. Porém, uma perspectiva arrebatadora e mais imediata está diretamente adiante. Estamos agora a apenas um ano e meio do bicentenário do Nascimento do Báb. Este é um período para rememorar o extraordinário heroísmo do Arauto-Mártir de nossa Fé, Cujo dramático ministério impulsionou a humanidade em direção a uma nova era da história. Embora separada por dois séculos do nosso tempo, a sociedade em que o Báb surgiu assemelha-se ao mundo atual no que tange a opressão e o anseio de tantos por respostas que abrandem a sede da alma pelo saber. Ao considerarmos de que modo este aniversário de duzentos anos deve ser observado condignamente, reconhecemos que essas festividades terão seu próprio caráter especial. Contudo, antecipamos um florescer de atividades não menos ricas e abrangentes que as que acompanharam o bicentenário que acabou de findar. É uma ocasião que toda comunidade, toda família, todo coração indubitavelmente estará aguardando com ansiosa expectativa.
Os próximos meses também serão um período para recordar a vida dos intrépidos seguidores do Báb – heroínas e heróis cuja fé foi expressada em incomparáveis atos de sacrifício que para sempre adornarão os anais da Causa. Suas qualidades de destemor, consagração e desprendimento de tudo salvo de Deus são gravadas em quem quer que conheça suas ousadas façanhas. Quão impressionante é também a tenra juventude na qual tantos espíritos indomáveis deixaram suas indeléveis marcas na história. Durante esse período por vir, que seus exemplos deem coragem a toda a hoste de fiéis – principalmente à juventude, que é mais uma vez convocada à vanguarda de um movimento que objetiva nada menos que a transformação do mundo.
Esta é, portanto, nossa radiante, nossa muito radiante esperança. Nos seis ciclos que restam entre este Ridvan e o próximo bicentenário – na verdade, durante os três anos restantes do atual Plano –, que venha a inspirá-los para grandes feitos o mesmo amor que tudo consome e que tudo domina que instigou os discípulos do Báb à difusão da luz divina. Nossa súplica no Limiar Sagrado é que possam ser receptáculos do amparo celestial.
A CASA UNIVERSAL DE JUSTIÇA